“Saber mandar é um dom. Nem todos o possuem” – costumava dizer-me um velho amigo que há pouco partiu para os braços do Pai.
O meu amigo afirmava que havia muita gente eleita ou nomeada para este ou aquele cargo de responsabilidade e para o qual não tinha “jeitinho nenhum”, porque não sabia mandar. Realmente há gente que não tem uma relação fácil com o poder. Ou se torna arrogante e opressivo ou é “um deixa andar” ou é um manipulador ou um fugitivo dos problemas.
E um antigo mestre meu, afirmava que, às vezes, se obedece melhor dizendo não do que dizendo sim. Também aqui se requer a humildade de nos reconhecermos e termos a coragem de nos assumirmos.
No tocante à vivência eclesial é preciso estar atento. Há tantos leigos e sacerdotes que eram formidáveis no que faziam e se revelavam felizes. Depois, um convite, um empurrãozinho e aí vão eles para funções de maior responsabilidade. Foram incapazes de dizer não, quando porventura o deveriam ter feito, pois reconhecer os nossos limites só nos engrandece.
Penso que várias vezes, para nos apaziguarmos, usamos e abusamos da “ vontade de Deus”. Ele não nos pede o impossível. Logo não nos convidará para missões para as quais não estamos capacitados, porque d’Ele não recebemos os dons conformes a essa missão.
Há muito tempo, contaram-me ( não sei se realmente aconteceu, porque estas coisas giram no sigilo) que certo sacerdote terá sido abordado com insistência para o múnus episcopal. Homem humilde, mas frontal, terá dito não. Exactamente porque reconhecia não possuir os dons necessários para essa missão.
Caso seja verdade, não terá este sacerdote prestado enorme acto de obediência e de respeito para com os irmãos?
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