sábado, 20 de outubro de 2007

INGRATIDÃO II

Realizou-se hoje o funeral da senhora D. Preciosa, esposa do falecido Eng. Octávio Reis Duarte. Este engenheiro dedicou-se ao longo da vida a várias causas públicas, servindo o bem comum.
Fiquei triste por ver tão pouca gente da terra no funeral deste senhora. E era sábado, portanto, um dia em que as pessoas não se podem escusar com trabalhos. Ao menos apareceram 3 pessoas para levar a cruz e as alenternas.
Uma SENHORA com letra mesmo maiúscula. De uma enorme finura de trato, atenciosa, delicada, pacífica e pacificadora. Uma pessoa de fé e de enorme piedade. Fora durante décadas a farmacêutica desta localidade. Contou-me ela, com ar de quem se sente com o dever cumprido, que acorrera sempre que solicitada, fosse qual fosse a hora. Num tempo em que a ciência estava menos desenvolvida, muitos medicamentos tinham que ser manuseados.
Sei que a gratidão não é uma virtude que abunde por esse mundo fora.
Ouvi gente que também estranhara esta ausência da população que ela tão exemplarmente servira. Ouvi gente a queixar-se da ausência sistemática da gente nova em funerais, excepto quando se trata de familiares. Ouvi gente a lastimar esta decadência dos laços de solidariedade, gratidão e complacência.
Muitos, mesmo cristãos, já arrumaram na prateleira a obra de misericórdia que diz: "Enterrar os mortos."
Fechados sobre nós mesmos, a rebentar de individualismo, indiferentes aos valores sociais, para onde vamos? O que queremos?

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