domingo, 31 de outubro de 2021

Celebraram serenamente as suas Bodas de Prata


 25 anos de Matrimónio. Numa aposta no projecto matrimonial sem prazos de duração. Nos tempos que vivemos é sempre uma festa  os casais poderem celebrar 25 ou 50 anos de vida matrimonial. 

Casais que celebram estas datas não são "do outro mundo". São desta realidade humana e deste tempo. Com problemas, dificuldades, egoísmos, vazios ocasionais, desânimos, situações difíceis a vários níveis. Mas são igualmente pessoas para quem as dificuldades se transformam em oportunidades; as alegrias e êxitos são valorizados; a compreensão, perdão, compreensão do outro e ajuda mútua enraizam no quotidiano; Deus é acolhido como fonte perene de amor, graça e apoio.

Neste domingo, o Dr. Luís Sarmento e a Drª Lurdes Duarte celebraram as suas Bodas de Prata Matrimoniais.

Rodeados de familiares e alguns amigos, optaram por um cerimónia simples, enolvente, participada. Sem extravagâncias mundanistas. Centrados no importante: celebrar com gratidão o amor conjugal como dom de Deus, confiar-lhe o seu futuro e da família, partilhar com serenidade com os presentes  a beleza de uma vida a dois.

Encantador foi o gesto com sabor espontâneo das suas duas filhas, jovens universitárias, antes da refeição fraterna. Pediram que os presentes se juntassem a elas num momento de oração. Agradeceram a Deus o dom de seus pais, salientaram com gratidão a satisfação que sentiam pelos pais que tinham, manifestaram gratidão pela presença amiga de familiares e amigos, trouxeram a memoria dos falecidos, seus  familiares.

Parabéns, casal amigo. Pelas vossas Bodas de Prata, pela vossa família, pela vossa intervenção na vida paroquial e social

Parabéns, jovens filhas!  Obrigado pela experiência que tão belamente proporcionastes.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Que jovens?

 
Há vários anos diversas instituições académicas europeias lançam inquéritos aos jovens. O quadro do futuro é assustador. A juventude europeia não se pode confundir com Greta Thunberg e alguns poucos interessados no futuro do planeta. A grande maioria vive centrada em si, sem interesse pela política, como lugar da defesa do bem-comum. Os jovens vivem o dia-a-dia, com reduzido apreço pela família e sem querer ter filhos, alguma pouca ligação à religião, ligados aos que pensam como eles e escasso sentido crítico. O futuro não está nas suas preocupações, tudo é percebido a curtíssimo prazo.

Este quadro realista aumenta o medo, pois dentro de uma década quem dominará o mundo – a China - não terá na Europa resistência crítica nas novas gerações, sem mecanismos para resistir a uma manobra fácil dos tiranos das redes sociais e económicas.
Vinha para casa a perguntar-me: As Jornadas Mundiais da Juventude de que jovens se interessa? De uma pequena elite sensível? Vê o fenómeno da juventude pelo ângulo destes devotos?
Questões alarmantes devem ser debatidas. As alterações em curso não preveem se não um piorar desta sensibilidade e um crescer de desinteresse por valores perenes e humanistas.
Carlos Moreira Azevedo
Delegado Conselho Pontifício da Cultura, aqui

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Menino tenta pegar chapéu do Papa Francisco. Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" ...

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve de vez mitras, solidéus, anéis, vermelhos, báculos, batinas, cabeções...

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para sempre carreirismos eclesiásticos para que fique limpo e transparente que a única importância vem do serviço.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a quintalização da Igreja para que esta se transforme em espaço de partilha de bens, agentes pastorais e comunhão entre paróquias, dioceses e demais estruturas eclesiais.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que faça desaparecer o atavismo, a indiferença/alheamento, clericalismo dos leigos e assumam de vez a sua vocação laical advinda do Batismo.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe o justicialismo mundano na Igreja e esta se torne casa e escola de misericórdia e esperança para que a “Esposa de Cristo” nunca seja fim de estrada para ninguém.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que coloque no centro do viver eclesial a Bíblia/Palavra de Deus. Acima, muito acima, absolutamente acima do Direito Canónico está a Palavra de Deus, luz dos nossos passos pessoais e eclesiais.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a Igreja como estrutura de poder e de domínio, tal como os seus símbolos, títulos e estruturas.  Palavras como “monsenhor, cónego, arcebispo, cardeal, dom, reverência, eminência. Para podermos ir à simplicidade da missão: leigos, consagrados (irmão, irmã), diáconos, padres e bispos. Todos em comunhão com o Bispo de Roma, o Papa.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça amar radicalmente a vida, toda a vida: desde a sua concepção até à morte natural. Por esta causa, a Igreja deve estar disposta a ir até à cruz.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que grave a letras de fogo no coração das pessoas e da realidade eclesial a CONVERSÃO.  “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, foram as primeiras palavras de Cristo ao aniciar a sua vida pública. Sem a conversão, persistem as acusações/recriminações entre leigos e ministros ordenados, ministros ordenados e ministros ordenados, leigos e leigos. Todos querem a mudança desde que seja para os outros. Mas por aqui, não vamos lá. A conversão é uma realidade libertadora desde que assumida por cada um e por todos.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça abraçar a Igreja como “tenda de campanha”, como enviada às “periferias existenciais”, tanto nas vertentes interna como externa. Sim, interna. Como é possível que uma diocese possa estar por tempos e tempos sem que tenha o seu bispo? Além disto, urge que o povo de Deus tenha uma palavra na escolha do seu Bispo. Isto supõe refontalização, voltando aos tempos de Santo Ambrósio, São Brás, São Martinho de Tours…

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos traga o fogo e o vento do Espírito no qual fomos baptizados. O Espírito fala onde quer e como quer. Ninguém é dono do Espírito. Auscultando os batizados podemos perceber os gemidos que o Espírito dirige à Igreja.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que devolva o dom da profecia e que retire a Igreja do castelo dos seus medos, das suas prudências, dos seus comodismos, do mundamismo de agradar a todos, tornando-a voz e vez dos que não têm voz nem vez. Urge uma Igreja pró-activa, deixando de ser apenas reactiva e condenatória. Uma Igreja que anuncia, denuncia e se compromete com a proposta do Evangelho.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que abra a Igreja ao mundo. Fechada sobre si mesma, a Igreja divide-se, polui-se, pode tornar-se autofágica. Aberta ao mundo, ela cresce, deixa de ser autorreferencial, tropeça nos sinais dos tempos que a acordam.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leva a Igreja ao âmago dos Mandamentos, libertando-a da obsessão pelos 6º e 9º Mandamentos, abrindo-a à totalidade da Mensagem, centrando-a no amor a Deus e ao próximo, onde a Justiça Social seja uma preocupação e uma urgência para que a “Casa Comum” seja um banquete para todos e não um privilégio de uns poucos, enquanto uma multidão sofre de míngua.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que desperte a Igreja que somos para a sua condição de pecadora. Se a Igreja é santa em Cristo, seu Fundamento, seu Pastor e sua Meta, ela é pecadora nos seus membros. A consciência do pecado abre para a esperança do perdão gratuito de Deus que sempre oferece nova oportunidade ao pecador, desafiando-o, pela Sua Graça, à conversão contínua.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre que os olhos estão na cara para olhar em frente. Não desloquemos os olhos para a nuca para olhar só para trás. O fundamentalismo e o ultraconservadorismo, focados como estão em tradições e costumes, em dogmatismos históricos, em aparições, actualizam muito do farisaísmo que condenou Jesus… Por outro lado, há que libertar a vivência da fé dos emparedamentos do sempre foi assim, é costume, é tradição… Uma vivência cristã que vá além do ram-ram, que se abra ao novo de Deus.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos motive a retira as pedras de tropeço e arremesso. Citemos só um caso: serão precisos e úteis os padrinhos de Batismo?

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino “que nos devolva a beleza e a grandeza dos Sacramentos como tempo e espaço da Graça de Deus. Se a Igreja é para todos, não é para tudo. A celebração dos Sacramentos não pode ser um mero acontecimento social e mundano.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que conceda um olhar límpido e sereno que nos leve  a descobrir o que o Espírito inspira em questões como celibato sacerdotal, serviço ordenado para as mulheres, os vários tipos de “família” hodiernos, organização paroquial, formação dos vocacionados ao sacerdócio (Seminários? Que Seminários? Outra forma de formação…)

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre o fundamental: uma Igreja centrada e recentrada em Cristo. A Igreja existe por causa de Cristo, Cristo é a razão de ser da existência da Igreja. Fora de Cristo ou nas margens de Cristo, a Igreja resume-se a uma ONG.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Diocese siciliana proíbe padrinhos de batismo e crisma

Diocese siciliana proíbe padrinhos de batismo e crisma: Durante os próximos três anos a arquidiocese de Catânia, segunda maior cidade da Sicília, Itália, administrará os sacramentos do batismo e da crisma sem padrinhos. A medida é um teste e entra em vigor ainda no mês de outubro. A justificativa do arcebispo, dom Salvatore Gristina, a secularização que é comum a todos os países que já foram católicos tirou, na prática, o sentido religioso da figura dos padrinhos.

Uma garantia: faria jejum e abstinência durante dias se tivéssemos a mesma coragem em Portugal!!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Aristides de Sousa Mendes

Portugal curva-se, eternamente grato, hoje e para sempre, perante Aristides

Veja aqui


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

NÃO HÁ FÉ SEM EUCARISTIA

O cada vez maior afastamento (desprezo, relativização) da Eucaristia é um sintoma óbvio da perda e/ou morte da fé. Diz o Catecismo da Igreja Católica: «O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na nossa vida espiritual. A comunhão da carne de Cristo Ressuscitado, “vivificada pelo Espírito Santo e vivificante”, conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. Este crescimento da vida cristã precisa de ser alimentado pela Comunhão eucarística, pão da nossa peregrinação, até à hora da morte, em que nos será dado como viático.» (CIC 1392) Quem não se alimenta, acaba por morrer, também na vida espiritual = fé.
O mesmo documento lembra ainda que a prática da caridade depende da Eucaristia: «Tal como o alimento corporal serve para restaurar as forças perdidas, assim também a Eucaristia fortifica a caridade que, na vida quotidiana, tende a enfraquecer-se; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais. Dando-Se a nós, Cristo reaviva o nosso amor e torna-nos capazes de quebrar as ligações desordenadas às criaturas e de nos radicarmos n'Ele.» (CIC 1394)
Além disso, a Eucaristia – sobretudo a dominical – é o “ponto de encontro maior” (em alguns casos único) das famílias cristãs: à volta da Mesa da Palavra ouvem o Senhor, pedem perdão e auxílio, apre(e)ndem a sabedoria; sobre a Mesa do Pão ofertam as suas vidas (alegrias e tristezas, vitórias e fracassos, esperanças e desventuras) e alimentam a sua fé ao abeirar-se da Sagrada Comunhão. Sem a Eucaristia a fé morre e a própria comunidade acaba reduzida a uma agência de serviços, onde alguns hão de sempre acorrer, mais não seja para satisfazer interesses materiais, terrenos e mundanos.
O tão aplaudido (pouco seguido) Papa Francisco, na Exortação Apostólica pós-sinodal “Alegria do Amor”, lembrava às famílias cristãs a importância (necessidade) de participar na Eucaristia: «O caminho comunitário de oração atinge o seu ponto culminante ao participarem juntos na Eucaristia, sobretudo no contexto do descanso dominical. Jesus bate à porta da família, para partilhar com ela a Ceia Eucarística. Aqui, os esposos podem voltar incessantemente a selar a aliança pascal que os uniu e reflete a Aliança que Deus selou com a humanidade na Cruz. A Eucaristia é o sacramento da Nova Aliança, em que se atualiza a ação redentora de Cristo. Constatamos, assim, os laços íntimos que existem entre a vida conjugal e a Eucaristia. O alimento da Eucaristia é força e estímulo para viver cada dia a aliança matrimonial como “igreja doméstica”.» (AL 318)
Hoje, ainda há quem pense que “ir à Missa” é fazer a vontade ao(s) padre(s)! De facto, o sacerdote tem por dever celebrar diariamente a Eucaristia, mas não precisa de muita assembleia, um fiel basta: «Os sacerdotes, tendo sempre presente que no mistério do Sacrifício eucarístico se realiza continuamente a obra da redenção, celebrem com frequência; mais, recomenda-se-lhes instantemente a celebração quotidiana, a qual, ainda quando não possa haver a presença de fiéis, é um ato de Cristo e da Igreja, em que os sacerdotes desempenham o seu múnus principal. […] A não ser por causa justa e razoável, o sacerdote não celebre Sacrifício eucarístico sem a participação ao menos de algum fiel.» (CDC 904 e 906)
Além disso, ao padre só é permitido celebrar mais que uma Missa diária se razões pastorais o justificarem: «Excetuados os casos em que, segundo as normas do direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia várias vezes no mesmo dia, não é lícito ao sacerdote celebrar mais que uma vez por dia. Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário do lugar pode permitir que, por justa causa, os sacerdotes celebrem duas vezes ao dia, ou mesmo, se as necessidades pastorais o exigirem, três vezes nos domingos e festas de preceito.» (CDC 905) E já contando as Missas vespertinas…
Outro “pormenor” triste e frequente é a instrumentalização (comércio) que muitos fazem da Eucaristia, sobretudo nas negociadas “intenções de missa”: só vão à igreja quando nas “queridas intenções” estão anunciados os seus familiares e amigos falecidos. Como explicar a estes devotos incréus que procurar Cristo só por interesse próprio se chama oportunismo? Se a Eucaristia é “memorial da Páscoa de Cristo” (torna presente a sua entrega de amor por nós) e “Mistério da Fé” (“anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição”), não participar não será ofensa grave, além de ingratidão? Se o lugar por excelência onde se reúnem os filhos é à volta da(s) Mesa(s), não estar presente não será romper os laços de comunhão e pertença à família de Deus? Se na Eucaristia acontece comunhão entre as igrejas Peregrina (Terrena), Purgante (Purgatório) e Triunfante (Céu), sempre que faltamos não estamos a desperdiçar a melhor oportunidade de estar mais próximos uns dos outros (vi-vos e defuntos) e mais próximos de Deus?
«Não há verdadeiramente nada mais útil para a nossa salvação do que este sacramento no qual se purificam os pecados, as virtudes aumentam e se encontra com abundância todos os carismas espirituais. Na Igreja, Ele é oferecido para benefício de todos, vivos e mortos, porque foi instituído para a salvação de todos os homens.» (São Tomás de Aquino)
(P. António Magalhães Sousa), aqui

Os 3 verbos do Sínodo

 




domingo, 17 de outubro de 2021

Quilómetro zero!

 
Usando uma expressão do nosso Secretariado Diocesano das Vocações, eis-nos no Km 0.

Hoje, em todas as dioceses, tem lugar a celebração inaugural do Sínodo sobre a sinodalidade (não, não é redundante!).

Espera-se que o próprio caminho, que culminará na Assembleia dos Bispos em outubro de 2023, seja ele mesmo exercício sinodal, sínodo ao vivo, sínodo em ação, pela prática de uma escuta recíproca de todos, pela procura comum de um caminho novo, pela exercitação do discernimento à luz do Espírito Santo, na fidelidade ao Evangelho.

Ouvir todo o Povo de Deus, mesmo os que não gostamos de ouvir, ouvir mesmo os que achamos que não têm direito ou autoridade para falar, porque os colocamos do «lado de fora»..., ouvir a totalidade dos fiéis, que, em matéria de fé, não pode enganar-se, porque todo o Santo Povo de Deus é assistido pelo Espírito Santo... é decisivo, porque ouvindo-nos, vamos encontrando juntos o caminho, refazendo posições, acolhendo novidades, alargando horizontes, deixando cair bandeiras...

Não é fácil, não vai ser pêra doce, para uma Igreja tão incrustada de sinais poderosos, tão apegada a hábitos eclesiásticos, tão enraízada em práticas e procedimentos mundanos e "des-evangélicos", cheia de esplendores e resplendores, de graus e degraus desadequados e até contraditórios daquele caminho de humildade e de serviço, que o Senhor nos propõe.

Como ferem e contradizem a nossa condição de "servos" tantos títulos, honrarias, mordomias, carreiras, senhorias, reverências, que só atrapalham, tentam e traem a nossa identidade de discípulos de Cristo.

Não faria mal que começássemos por dar um sinal no tipo de vestimentas que usamos... nos ornamentos e outras quinquilharias sacras com que nos expomos. Aos olhos do povo, assemelham-nos a peças de arte ambulantes, a palhacinhos de Deus, e assim nos desaproximam daquela simplicidade evangélica a que urge voltarmos. Mas talvez isso venha mais por consequência do que no e por princípio...

Tenho viva esperança que se venha a dizer deste Sínodo que será um marco histórico, o maior acontecimento da Igreja, desde o II Concílio do Vaticano, o ponto de viragem no caminho da Igreja, que assim desenvolve e aplica, acelerando até ao fundo, as grandes intuições e propostas do ensinamento conciliar.

Comecemos todos, cada um, por uma verdadeira conversão no nosso modo de pensar, de falar, de agir, o que obrigará, por certo, a "reinstalar" um novo software, mental, espiritual e pastoral, de uma Igreja de discípulos missionários, de povo peregrino, e não de estádios e degraus.

Estamos no Km 0. Que o conta-quilómetros avance. Não nos falte depósito para o combustível do Espírito Santo, que não sofre de inflações. Rezemos e trabalhemos por um Sínodo que renove o coração e o rosto da Igreja. 

Amaro Gonçalo Ferreira Lopes, aqui



Vinde, Espírito Santo!

Vinde, Espírito Santo!

Vós que suscitais línguas novas

e colocais nos lábios palavras de vida,

livrai-nos de nos tornarmos uma Igreja de museu,

bela mas muda, com tanto passado e pouco futuro.

   

Vinde estar connosco,

para que, na experiência sinodal,

não nos deixemos dominar pelo desencanto,

não debilitemos a profecia,

não acabemos por reduzir tudo

a discussões estéreis.

   

Vinde, Espírito Santo de Amor,

e abri os nossos corações para a escuta.

Vinde, Espírito de santidade,

e renovai o santo povo fiel de Deus.

Vinde, Espírito Criador,

e renovai a face da Terra. 

  

Ámen.

(Oração de invocação do Espírito Santo, rezada pelo Papa Francisco, na conclusão da sua reflexão para o início do processo sinodal)

sábado, 16 de outubro de 2021

A sinodalidade como “o caminho da Igreja que Deus espera no terceiro milénio”

Já temos ouvido falar em “sinodalidade”. Se Deus quiser, ouviremos muito mais, pois o Santo Padre convocou um Sínodo sobre este tema e quis que se desenvolvesse numa dupla dimensão: uma ampla escuta e consulta em todo o mundo, porventura até em âmbitos que não se identificam com a Igreja; e um posterior encontro, em Roma, dos representantes das Igrejas locais.
O Papa Francisco já definiu a sinodalidade como “o caminho da Igreja que Deus espera no terceiro milénio”. E os teólogos acentuam alguns dados que começam a fazer mentalidade eclesial: que esta é uma dimensão constitutiva da Igreja e não uma moda ou um apêndice; que se há de tornar vida ou estilo habitual de entender, participar, atuar e anunciar a comunidade da fé; que é critério para passar de uma lógica piramidal (bispos e padres) a uma da necessidade recíproca entre ministros ordenados e fiéis leigos; enfim, que é, porventura, o acontecimento mais determinante para a receção do Concílio Vaticano II (1962 a 1965), o grande marco recente para a refontalização/atualização (o célebre “aggiornamento”, do Papa S. João XXIII) que os tempos e as circunstâncias impõem à Igreja.
(D. Manuel Linda)

 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Pedofilia na Igreja – a propósito e a despropósito

 Como membro desta Igreja e instituição e seu sacerdote (presbítero) sinto-me envergonhado e magoado por tanta indignidade. Mas não basta lamentar. É preciso tirar consequências. É preciso saber quais.


Na semana passada, pela própria Igreja, foi tornado público um relatório de uma comissão independente que investigou as acusações e suspeitas de actos de pedofilia sobre crianças e jovens, por membros de instituições ligadas a Igreja Católica, em França, nos últimos 20 anos.

A conclusão é devastadora e vergonhosa: cerca de 200 mil crianças e jovens foram abusados por cerca de 2900 a 3200 “religiosos” (isto é, membros do clero e de ordens e congregações religiosas) e colaboradores variados das suas instituições.

Numa Igreja que se considera defensora e promotora das pessoas, dos jovens e da dignidade humana, é quase inacreditável!…

Como membro desta Igreja e instituição e seu sacerdote (presbítero) sinto-me envergonhado e magoado por tanta indignidade.

Mas não basta lamentar. É preciso tirar consequências. Quais?

  1. Antes de mais, pôr as vitimas no “centro do problema”, começando por ouvi-las e na (fraca) medida do possível, compensá-las. No centro, repito, pôr as vitimas e não as instituições, por mais sagradas que sejam. A verdade acima dos interesses e da aparência.
  2. Acabar com a política de ocultação e segredo e de “paninhos quentes” que permitiu e potenciou os abusos e os abusadores…
  3. Promover e acompanhar uma melhor e mais cuidada formação (religiosa, psicológica e afectiva) dos educadores, religiosos e colaboradores leigos.
  4. Punir, severamente, também na ordem civil, os culpados de tais desvios, abusos, aberrações e ocultamentos.

Este o modo como vejo os factos e modo como proponho que sejam combatidos.

Mas estes mesmo factos, inegáveis e vergonhosos, tem dado lugar a algumas ilações inaceitáveis, algumas chegando ao ridículo.

  1. Indigna-se alguém com responsabilidade (director do jornal “o Público”) declarando que “o silêncio da Igreja Católica Portuguesa é inexplicável”. Será? A Igreja Católica portuguesa tem procurado pôr em ação todos os mecanismos propostos e promovidos pela Igreja Universal (sobretudo a partir do actual Papa e do seu antecessor). Conhece o autor do artigo outros casos que escapam ao filtro e à justiça? Deverão as dioceses acusar mais pessoas para satisfazerem as estatísticas? Se conhece mais casos, ocultos, por favor e com pressa, denuncie-os aos bispos e à justiça civil.
  2. 4% a 6% de “religiosos” estarão envolvidos nestes escandalosos abusos. É imenso. Isso faz ressaltar que a 94% a 96% de “religiosos”, nada foi apontado. Não será de referenciar esse facto?
  3. Outro articulista relaciona a pedofilia dos religiosos com a obrigação do celibato sacerdotal. É caricata uma afirmação destas! Muitos dos chamados religiosos não são sacerdotes e não estão obrigados ao celibato sacerdotal. Por outro lado, segundo os estudos sociológicos mais recentes, os ambientes sociais onde se verificam mais abusos são, por ordem de grandeza: primeiro, a família; segundo, os amigos; terceiro, finalmente, a Igreja… Que eu saiba a família das vítimas e os amigos não tem votos de castidade ou de celibato sacerdotal.

Convém que antes de se escrever, se pense no que se diz!

Évora – 8 de Outubro de 2021

António Vaz Pinto, aqui

terça-feira, 12 de outubro de 2021

A CATEQUESE COMO EXEMPLO: “SÊ A MUDANÇA QUE QUERES”

Em vez de bramir por mudança nos outros, não seria oportuno pensar em mudança pessoal? Não seria evangélico arrastar os outros pelo exemplo e sinais claros de mudança pessoal e familiar?
Que renovação (mudança) querem aqueles que a pedem/exigem à Igreja? A que Igreja se referem? Entre as razões continua entranhada a ideia da Igreja ser o clero (papa, bispos e padres) e o resto “paisagem”. Por isso, quando pedem mudança exigem-na unicamente a pensar no clero. São públicas as mudanças (re)queridas, espelhadas e criticadas, sobretudo nas redes sociais. O Sínodo – pelos sinais e modos já evidentes – arrisca-se a embarcar na mesma onda: falar para fora, apontar para os outros.

A renovação “católica” (universal) só faz sentido se abraçada por todos os batizados, leigos e clero. Caso contrário, não passará de mais uma farsa (encenação), sempre usada como pedra de arremesso se querida/exigida por uns ou só para uns. Há muito clero a precisar de “eminentíssima reforma”? Sim. Precisa a maioria dos leigos de urgentíssima mudança? Sim. Enquanto persistir a falácia de pensar e falar sempre para o outro lado da barricada não há renovação ou Sínodo que nos valham. Tem de começar pelos padres e bispos? Por que razão não podem os leigos “obrigá-los” à mudança através do seu compromisso sério e testemunho audaz? “Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha”…

A catequese continua a ser para a maioria dos encarregados de educação uma “escola/escala de sacramentos”: levar os filhos à catequese para fazer a primeira comunhão ou a comunhão solene e obrigá-los a continuar até ao 10º ano para fazer o Crisma, senão “não podem ser padrinhos”. Quando procuram os catequistas não é (tanto) para conversar sobre o crescimento espiritual e humano dos seus mas para saber a data da festa (“temos de mandar convites”) e como deve ser (roupa, lugar, intervenientes). Passado o dia, passou a romaria: fezadas e festinhas.

Estes pais – primeiros educadores dos filhos – são os primeiros a reclamar e a fazer a vida negra aos catequistas se o horário ou o lugar da catequese não lhes convém: “não temos tempo”, “não vamos andar sempre a correr para a igreja”, “no meu tempo não era assim”, “quem me paga o gasóleo?”. Os mesmos pais que, pródigos de (in)coerência, não regateiam esforços e fazem semanalmente dezenas de quilómetros para levarem os filhos ao futebol, à música ou, pasme-se, à discoteca, aniversários e convívios de várias ordens…

Estes pais – primeiros educadores dos filhos – exigem uma mudança na Igreja, mas não querem participar na Eucaristia dominical (mesa/refeição da família cristã) e levar os filhos consigo: “não posso obrigá-lo”; “ao fim de semana precisa descansar”; “aproveito para dar um passeio com eles”; “vão quando lhes apetecer”; “a Missa é para as beatas”. Estes pais que seriam, porventura, bons educadores pelo exemplo e verdade, não têm problemas em mentir ao padre e aos catequistas (ou arranjar desculpas falsas) afiançadas e assinadas, sem pejo, pelos próprios filhos. A verdade usa-se como adereço, a pôr de parte quando não serve ou não dá jeito.

Estes pais – primeiros educadores dos filhos – reivindicam mudança, mas não têm tempo (vontade, disponibilidade, generosidade) para colaborar como catequistas, leitores, coralistas, visitadores ou membros de grupos de formação e evangelização. No entanto, são os mesmos que semanalmente levam o/a menino/a ao futebol (ronaldite aguda e sistémica) e ficam por lá horas a fio a pressionar e insultar treinadores, árbitros, colegas, entre outros.

Estes pais – primeiros educadores dos filhos – sem tempo/vontade para colaborar na catequese, não se coíbem de exigir a catequese para os filhos, à hora e dia que lhes convém, fazendo dos catequistas escravos dos seus interesses e caprichos, esquecendo (talvez por caridade) que a maioria deles são pais e mães, têm emprego e encargos familiares e ainda têm de gramar com exigências e malcriadez de quem não contribui para nada.

Em vez de bramir por mudança nos outros, não seria oportuno pensar em mudança pessoal? Não seria evangélico arrastar os outros pelo exemplo e sinais claros de mudança pessoal e familiar? Se a sabedoria do povo diz (e bem) que “pimenta no cu dos outros é refresco”, Ghandi também pedia para “sermos a mudança que queremos ver no mundo”. Da minha parte, tenho pensado e cada vez levad
o mais a sério: “quem não estiver bem que se mude”…


(P. António Magalhães Sousa), aqui

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

"Um Santo triste é um triste santo". Por isso, saudamos a alegria de São João XXIII!

10 anedotas envolvendo o Papa mais engraçado de todos os tempos

aqui 

Sínodo/2023. E o Papa enunciou 3 riscos...


Segundo o Papa Francisco, ao mesmo tempo que o Sínodo nos proporciona uma "grande oportunidade para a conversão pastoral em chave missionária e também ecuménica, não está isento de alguns riscos". E mencionou três riscos.
"O primeiro é o risco do FORMALISMO", de reduzir "um Sínodo a um evento extraordinário, mas de fachada. Como se alguém ficasse a olhar a bela fachada de uma igreja sem nunca entrar nela". Pelo contrário, o Sínodo é um percurso de efetivo discernimento espiritual, que não empreendemos para dar uma bela imagem de nós mesmos, mas a fim de colaborar melhor para a obra de Deus na história. Assim, quando falamos de uma Igreja sinodal, não podemos contentar-nos com a forma, mas temos necessidade também de substância, instrumentos e estruturas que favoreçam o diálogo e a interação no Povo de Deus, sobretudo entre sacerdotes e leigos.
O segundo risco é o do "INTELECTUALISMO: "Transformar o Sínodo numa espécie de grupo de estudo, com intervenções cultas, mas alheias aos problemas da Igreja e aos males do mundo; uma espécie de “falar por falar”, onde se pensa de maneira superficial e mundana, alheando-se da realidade do santo Povo de Deus, da vida concreta das comunidades espalhadas pelo mundo."
O último risco é o da tentação do IMOBILISMO. Dado que «se fez sempre assim» é melhor não mudar. Quem se move neste horizonte, mesmo sem se dar conta, cai no erro de não levar a sério o tempo que vivemos. O risco é que, no fim, se adotem soluções velhas para problemas novos". “Por isso, é importante que o caminho sinodal seja um processo em desenvolvimento; envolva, em diferentes fases e a partir da base, as Igrejas locais, num trabalho apaixonado e encarnado, que imprima um estilo de comunhão e participação orientado para a missão.”
Fonte: aqui

sábado, 9 de outubro de 2021

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

De pé diante dos Homens

Há pessoas que, ao ver a missa pela Televisão, se ajoelham no momento da elevação da hóstia consagrada.
Fiz o mesmo quando vi, em 27.03.2020, o Papa atravessar a Praça de São Pedro em plena pandemia, para um momento especial de oração. Não me contive de emoção e caí de joelhos, em oração... em plena transmissão.
Hoje estava a ver a SIC e levantei-me do sofá para me associar à entrega dos Globos de Ouro, na categoria de mérito e excelência, ao Vice Almirante Gouveia e Melo.
Sempre que vejo e oiço aquele homem dá-se dentro de mim uma agitação do coração, um estremeção de gratidão.
Hoje o pequeno filme de homenagem e a presença em palco deste Homem só me podiam fazer levantar do sofá.
Que grande homem... que homem grande!
Deus o abençoe e a todos os enfermeiros e a todas as pessoas envolvidas no processo de vacinação. Ponhamo-nos de pé!
"De joelhos diante de Deus,
de pé diante dos Homens"!

(Dom António Ferreira Gomes)

Amaro Gonçalo Ferreira Lopes, aqui

JMJ Lisboa 2023 realiza-se de 1 e 6 de agosto

A Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa, vai realizar-se entre os dias 1 e 6 de agosto, anunciou esta segunda-feira o Patriarcado de Lisboa.

domingo, 3 de outubro de 2021