sexta-feira, 31 de agosto de 2007

QUE FAZEMOS DE JESUS CRISTO???

Três situações me marcaram ontem. Aliás, fiz sobre elas uma reflexão com os catequistas, ressaltando a enorme importância da catequese.

Entrei na Basílica, em Fátima. Muita gente. Uma fila enorme para visitar os túmulos dos pastorinhos. Também muita gente nos bancos a rezar. Bastante gente nova, felizmente. O que me impressiomou é que as pessoas, ao ir de um túmulo para outro, tinham de passar diante do Santíssimo Sacramento. Nem um gesto, genuflexão, inclinação, nada...Penso que muitos nem terão reparado na presença do Santíssimo!!! E pensei para os meus botões: "Como os pastorinhos estarão tristes! Passaram a vida a voltar-nos para Cristo, a chamar-nos para Cristo... E o resultado!? Uma religião sem Cristo!

Mas o pior foi na Nazaré. Entrei na bela Igreja de Santo António. Durante o tempo que lá estive, só eu na Capela do Santíssimo. Entretanto, uma multidão subia as escadas por trás do altar-mor para ir passar diante da imagem que lá estava e colocar a mão. Confesso que aqui, além de uma enorme tristeza, não escapei a uma certa revolta. Como é possível?? Que religião é esta? Cristianismo não é certamente!

Tem toda a razão o bispo D. Carlos Azevedo quando afirma que a santa com mais devotos em Portugal é a santa ignorância!
E o problema é que as pessoas não têm vontade de sair disto. Também me parece que a hierarquia, sobretudo nos santuários, deveria fazer um esforço muito maior para esclarecer, motivar e dinamizar a fé.

Estava na Capelinha das Aparições. Muita gente a rezar. No interior e exterior da capelinha, gente cumpria promessas, andando de joelhos. Alguns faziam-no desde a Cruz Alta. Claro que compreendo esta atitude, mas não concordo. Não é isto que Deus quer de nós! O que a Senhora nos pediu foi a conversão de vida, a emenda de vida.
Mas incomodou-me o barulho. Tive de fazer um grande esforço para me concentrar. É por isso que gosto de estar na Capelinha durante a noite. O silêncio interior e exterior é indispensável para existir intimidade com Deus.

A liberdade

A liberdade ou a falta dela foi tema de conversa nas férias. E por vezes acalorada. Passaram-se coisas este ano na política que todos pensávamos arrumadas de vez. E muitos criticam e com razão.

Claro que há sempre quem defenda a situação. O nosso partido e o nosso chefe estão sempre acima de toda a crítica, julgam alguns.

Vários casos que se passaram lembram o antigo regime. O de Salazar e de Marcelo Caetano.

Quem pense que, naquele tempo, todos eram sujeitos à vigilância dos "bufos" está enganado. Grande parte das pessoas nem dava por nada nem queria saber. O que preocupava era o custo de vida e a falta de dinheiro. Ou a ida dos filhos para a guerra ou para o estrangeiro para fugir à mesma. Segurança até havia, ao contrário de hoje. E quanto à liberdade só davam pela falta dela os funcionários públicos e os que tinham uma missão de formar ou informar. Muitos dos que trabalhavam na comunicação social, os políticos da oposição e poucos mais já tinham sentido na pele o que era ter ideias contrárias ao chefe e sobretudo aos seus lacaios.

Em conversas com pessoas de diversos sectores fui-me dando conta do medo que se apossou de muita gente: professores, militares, funcionários de repartições, etc.. O caso do professor Charrua foi o que iniciou o ciclo do medo. Mas outros se seguiram. E as pessoas têm medo porque o seu emprego pode estar em risco e não é fácil arranjar outro.

Foi também o medo que construiu o antigo regime. Hoje estamos em democracia e as pessoas que estão à frente do país estão a prazo. Mas há sempre o perigo de os "saneados" de hoje serem os "saneadores" de amanhã. A mentalidade autoritária vai-se formando assim. E há mais gente no país contra a liberdade do que muitos pensam. Se um partido como o Partido Socialista se cala e até consente que alguns dos seus apaniguados dêem este espectáculo de favorecimento do medo, há que temer pelo futuro da liberdade. Vemos como mau augúrio o silêncio dos que noutras ocasiões menos graves nunca se calaram.
In Amigo do Povo

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Catequistas rezam, partilham, reflectem e projectam

Seis horas da manhã. Um grupo de catequistas - infelizmente nem todos puderam participar por motivos válidos - parte em direcção à praia da Nazaré.
Pelas 8.30 horas, fez-se a oração da manhã e tomou-se o pequeno almoço.
Passámos por Fátima para um momento de intimidade com Deus, através d'Aquela que é a "humilde Serva do Senhor".
Seguimos para a Nazaré, onde almoçámos num agradável parque, partilhando o lanche que cada um levou. Descemos depois até à avenida contígua ao mar e aí tomámos café. Passeámos junto à praia até ao elevador. Para algumas foi o cabo das tormentas. Tinham cá um medo! Aquela subida a pique meteu-lhes imensa confusão. Mas o entusiasmo e a risota de dos outros ajudou-as.
Uma vez cá em cima, observámos aquela majestosa paisagem. Água, areia, verde dos montes e azul do céu conjugam-se admiravelmente, fornenco um espectáculo bem agradável aos nossos olhos. Depois visitámos a Igreja de Santo António e a pequena ermida da Senhora da Nazaré.
Depois de um tempo de viagem, parámos para lanchar e para reflectir. Fez-se uma análise partilhado ao último ano catequético e projectou-se o novo ano, com início no próximo dia 6 de Outubro. Foi um tempo fantástico. Sentiu-se o pulsar empenhado dos nossos catequistas e a vontade enorme de fazer mais e melhor.
Já no regresso, houve um bom momento de alegria e de boa disposição. E não faltou a célebre e costumada sabatina sobre temas catequéticos. Na cidade de Viseu um geladito refrescou-nos. Aqui todos jogámos no euromilhões com esta ideia: Centro Paroquial!!!
Estávamos no fim. Terminámos da melhor maneira, rezando o terço, pondo os catequistas, em cada mistério, as intenções que lhes saíam do coração.
Na despedida, uma catequista dizia: "Já sentimos saudades deste belo dia"!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Jogadores que morrem em pleno relvado...

Há muitos anos, era então um jovem, faleceu em pleno relvado aquele que era o jogador que mais admirava no meu clube: Fernando Pascoal das Neves, o conhecido "Pavão".
Outros casos se sucederam, como Miklos Feher, Rui Baião, Paulo Pinto e os recentes Antonio Puerta e um jogador israelita.
Penso que algo tem que ser feito. A alta competição não pode transformar-se em cemitério da nossa juventude.

O Reino é para todos. Mas não é para tudo.

O Reino é para todos. Mas não é para tudo. Não há um Deus à nossa medida. Há um Deus, sim, à nossa disposição. Em Jesus.

http://padrejoaoantonio.blogs.sapo.pt/

Casos lacinantes de pobreza

A cada passo me chegam casos lacinantes de pobreza. Que me tocam e me marcam profundamente. Porque "o bem não faz barulho e o barulho não faz bem", não devo citar aqui situações humanas aflitivas. Mas elas existem, garanto!!!
Jovens que querem a todo o custo tirar o seu curso e não possuem meios para o fazer; ausência de emprego a empurrar pessoas para a fome; famílias arruinadas porque lhes bateu à porta a droga; idosos a passarem mesmo mal porque a reforma fica quase por inteiro nas farmácias; subida imparável do custo de vida a contrastar com ordenados baixíssimos e empregos precários; agricultura de subsistência, onde os meios de produção são cada vez mais caros e o produto final embaratece cada vez mais - e quando tem saída!; a subida das taxas de juro; etc, etc

Penso em dois tipos de pobreza:

1º A pobreza provocada por falta de tino para a pessoa se governar. Do estilo, quanto ganha quanto gasta. Quando há, fartura e extravagância; quando não há ...
Esta é a pobreza mais difícil de combater e afecta pessoas e famílias desorganizadas, com baixa auto-estima, sem projecto de vida. Gente muito susceptível de cair nas malhas do vício.
Penso que uma parte das pessoas abrangidas pelo "ordenado mínimo garantido" - actualmente tem outro nome - se enquadra neste tipo.

2º A pobreza "envergonhada". Algumas das situações deste tipo de pobreza enumerei-as acima.
Em geral, esta gente precisa apenas de um "empurrãozinho" para se poder integrar na marcha da vida. Depois caminham pelos seus próprios meios.
A crise económica que se vive desde há demasiado tempo é a principal causa desta pobreza que normalmente não dá nas vistas, é envergonhada.

Os cristãos e todas as pessoas de bem são chamados a colocar a pobreza em cima da mesa das suas preocupações, desenvolvendo a "fantasia da caridade".
Passa sobretudo por aqui o testemunho da nossa adesão a Jesus Cristo, já que "onde houver caridade e amor, aí habita Deus".
Penso numa Igreja mais "agressiva" na caridade, mais afoita, mais decidida, mais comprometida. Com discrição, sem alardes, serena.
Ajude-se o pobre, não se exponha o pobre.
Uma areia não faz a praia, mas sem cada uma das areias, não existiria praia.

Livros, bons companheiros

Este Verão, têm-me feito companhia alguns livros.

- "O DIA EM QUE SÓCRATES VESTIU JEANS", de Lucy Eyre
- "FOI ASSIM", de Zita Seabra
- "CÂNTICO DO HOMEM", de Miguel Torga

Há dois escritores que gosto de ler ou reler em cada Verão: Miguel Torga ou Aquilino Ribeiro. Sinto pela sua escrita especial empatia.

Há Ratoeiras!

Quando vierem, como feiticeiros,
Tirar-te o espírito do corpo,
Obstina-te, irmão!
Não,
Não
E não,
Seja qual for a habilidade
E a humanidade
Da encantação.

Lembra-te dum cortiço!
O que ferve lá dentro e dá favos de mel,
É que presta.

Mas se querem a festa
Da tua morte,
Então,
Que levem tudo no caixão:
A alma e o suporte!

Miguel Torga, in Cântico do Homem

terça-feira, 28 de agosto de 2007

SEGURO AUTOMÓVEL PODERÁ SOFRER AGRAVAMENTO

... Apesar de lucros superiores a 700 milhões de euros e a um crescimento de 55 por cento...
Apesar dos 'brutais’ lucros registados e do substancial aumento de segurados, o seguro automóvel pode aumentar já este ano. As empresas defendem-se com uma directiva comunitária que obriga as companhias a alterar os valores mínimos a segurar, com reflexos negativos para os segurados, relativamente ao prémio pago.
Actualmente, as companhias de seguros são obrigadas a cobrir prejuízos no valor mínimo de 600 mil euros, em caso de acidente. Mas a União Europeia quer ver o consumidor mais protegido. Para o efeito, emitiu directiva que obriga as seguradoras a aumentar esta verba de responsabilidade civil. O valor mínimo a segurar, em danos corporais, aumenta para um milhão e 200 mil euros, enquanto a cobertura de prejuízos materiais se mantém nos 600 mil. Porém, as seguradoras vão chamando, desde já, a atenção para o facto de, em 2012, estes valores serem muito mais elevados.
Os custos acrescidos das seguradoras poderão reflectir-se este ano nas apólices a pagar pelos consumidores. As grandes companhias estão a evitar aumentar os preços, mas, se a sinistralidade crescer... o cliente é que paga.
A tendência de agravamento nos seguros de vida vai manter-se.

PARA ABORTOS DINHEIRO A RODOS!...

O nosso Governo vai disponibilizar, até 15 de Julho de 2008, 11,2 milhões de Euros, para liquidar nascituros! Prevendo que cada aborto custará, em média, 450 Euros, o Ministério da Saúde afirma que isso é uma despesa “pouco significativa”! Esclarece-se ainda que esta verba não engloba despesas, que o Governo também cobre, de deslocação e estadia das abortantes, se provenientes da Madeira ou Açores. Privilégio ímpar! É farra continuada!
Para matar, não faltam nem dinheiro, nem apoios. Para mulheres que querem levar até ao fim a sua gravidez, que há? E os doentes comuns, sem culpa própria? Esses pagam ‘taxas moderadoras’ e aguardam horas, nos corredores das “urgências”.
E cada vez mais bebés nascem nas ambulâncias, a caminho não se sabe de onde, porque encerram maternidades. Mas amanhã seremos incluídos na lista dos países avançados, porque aqui se praticaram 25. 000 abortos legais, num só ano!
Progresso? Ou loucura inqualificável, num país cada dia mais ‘coutada’ de idosos?!...

Portugal: um dos píses mais seguros do mundo

Portugal acaba de ser considerado o 9.° país mais pacífico do mundo. Estudo da revista britânica The Economist, denominado Global Peace Index, refere que a criminalidade registada em território nacional, mesmo tendo mais de 391 mil participações criminais num só ano (2006), é das mais irrisórias num universo de 121 países alvo de análise.
A tendência registada em Portugal é seguida por diversos outros países europeus. O estudo, que compreende 24 factores de critérios de avaliação (crime organizado, verbas destinadas às Forças Armadas, rendimentos dos cidadãos ou nível de educação, entre outros), indica que entre os 10 países mais seguros do mundo sete são da Europa.
No primeiro lugar da lista mundial surge a Noruega, seguida da Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Japão, Finlândia, Suécia, Canadá, Portugal e a Áustria.
Em Portugal, mais de 50% da criminalidade, que anualmente é participada às diversas entidades policiais e judiciais, reporta-se, quase só, a delitos punidos com penas menores. A ofensa à integridade física simples, a ameaça e coacção, os maus tratos do cônjuge, os furtos de e em veículos, os furtos em instalações comerciais e industriais, a condução sobre o efeito de álcool e a condução sem habilitação (falta de carta) são dominantes no sistema judicial nacional.
Os números nacionais relativos a 2006 reflectem, ainda assim, um acréscimo da criminalidade participada, na ordem dos dois por cento (mais 7832 casos do que em relação a 2005).
Por outro lado, a criminalidade violenta grave em Portugal cifrou-se em 5,5% do total registado. E, desta, cerca de 80 por cento (5.378 casos, segundo enuncia o Relatório de Segurança Interna de 2006), refere-se a roubos por esticão, praticados na via pública. Este crime (juridicamente considerado como roubo, porque implica violência) é, de resto, o de maior incidência nacional. Entre os crimes de violência grave, contabilizaram-se, no ano transacto, em Portugal, 194 casos de homicídio voluntário consumado, 673 relativos à ofensa à integridade física de forma grave, 341 de violação e 556 relativos a raptos, sequestros e tomada de reféns.
Os grandes centros urbanos do litoral foram os locais onde a criminalidade grave teve maior incidência.

Se cá chega a "moda"...

Um iraniano, condenado por adultério, foi apedrejado até à morte, no Irão, e a mulher com quem manteve uma relação extramatrimonial corre o risco de sofrer a mesma pena.
Jafari Kiani e Mokarameh Ebrahimi tinham sido condenados à morte por lapidação no mês passado, mas a aplicação da sentença foi suspensa devido a protestos.
A lapidação de Kiani ocorre na mesma semana em que outras 20 pessoas foram condenadas à morte por adultério ou homossexualidade.

Partilha

Hoje à tardinha presidi à Eucaristia na capela das Irmãs.
São sempre momentos muito intensos de fé. A serenidade, a partilha da Palavra e o silêncio são marcas destes encontros com Deus e em Deus. A paróquia e os paroquianos estão sempre muito presentes nestes encontros de oração.
Depois partilhámos o pão que alimenta o corpo e reforça a amizade. Falámos de aspectos do próximo plano pastoral e das férias. Separámo-nos agradecidos por este momento que a todos enlevou.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Tempo que a natureza precisa para absorver materiais


Coisas que me saltaram à vista

Quando vou de férias, procuro estar atento aos comportamentos sociais das pessoas, mormente no âmbito familiar.
Este ano, chamou-me a atenção um facto que não havia observado consistentemente nos anos anteriores. Vi muitos irmãos mais velhos a brincar e a cuidar dos irmãos mais novos.
Será a redescoberta do espírito familiar, tão abespinhado por uma certa “cultura reinante”?

Observei bastantes vezes que aqueles que deviam fazer da sua forma de estar na estrada um exemplo e um modelo de civismo estão muitas vezes longe desse ideal. Refiro-me aos que fazem do carro o seu modo de vida. Realmente, durante estes dias, não me apercebi de gestos de simpatia e de cortesia por parte dos taxistas, sempre incapazes de dar uma folguinha para entrar um carro nos espaços de maior congestionamento.

Quando me apareceu a conjuntivite, tive que recorrer ao médico. Como era sábado e o hospital ficava bastante longe, dirigi-me a uma clínica particular.
O atendimento foi correcto, mas os não mais de 5 minutos que o médico gastou comigo saíram-me bem caros: 85 euros!!!
Quando me dirigi à farmácia para comprar os medicamentos, a pessoa que me atendeu disse-me que estes não eram comparticipados. Paguei tudo do meu bolso. O senhor não resistiu e comentou: “Qualquer dia as pessoas têm que morrer à força! O governo está a cortar cada vez na comparticipação!”
Claro que eu tive quem me transportasse de graça. Se além dos remédios e da clínica tivesse que pagar o táxi, cem euros não chegariam. E se fosse um reformado, daqueles que recebem uma pensão de miséria? Teria que passar fome o resto do mês!
Realmente a medicina está pela hora da morte. O serviço público não dá vazão e não pára de fazer subir as comparticipações dos cidadãos; o serviço privado é super-caro. Não se compreende que num país com tão baixos salários as clínicas e os privados pratiquem preços desta ordem!!! É um absurdo.

Repugna-me o capitalismo selvagem, mas tenho que admitir que há pessoas que merecem ganhar mais. Porque investem, são perspicazes, arriscam, criam riqueza para a comunidade.
Informaram-me que, quando o actual proprietário comprou a Herdade do Esporão, mandou vir da Austrália técnicos entendidos na plantação, tratamento e fabrico do vinho, segundo modelos modernos.
O mimo que é hoje aquela herdade em expansão tem muito a ver com o carácter empreendedor e ousado do seu proprietário.
Venham muitos destes!

Quando posso usar 'desorganizante'?

Por uma questão de saúde, tenho de fazer praia, independentemente de gostar ou não.
Acabo de regressar de uns dias de férias, passados na companhia de alguns dos meus familiares. Os irmãos Jacinta e Nuno, os cunhados Ana Maria e Armando e os sobrinhos Rita, Inês e André.
Foram uns tempinhos simpáticos, não só pelo bom tempo que se fez sentir por terras algarvias, mas sobretudo pela companhia. Senti-me num ambiente muito agradável, onde a empatia, o acolhimento, a atenção e o carinho reinaram. Para quem a solidão é tantas vezes abocanhante, estes dias souberam que nem rebuçados.
Brinquei imenso com os meus sobrinhos que raramente vejo durante o ano. É tão bom soltar a criança que dorme em nós!
Depois há aquelas cenas giríssimas que só as crianças são capazes de proporcionar. Certa dia, em plena praia, o André, 8 anos, pergunta muito sério à mãe:
- Mãe, quando é que tenho idade para usar "desorganizante"?
Ele queria dizer desodorizante. Foi uma gargalhada geral e deu origem a um quase romance. O pai disse-lhe que podia colocar Factor 24. Só que me encarreguei de lhe fazer a cabeça. Convenci-o que esse Factor 24 era muito kota e que se o usasse jamais conseguiria atrair a atenção da Mariana. A Mariana é uma coleguinha de escola de quem ele gosta muito. Ficou completamente confuso...
O André gosta bué de animais, como costuma dizer. Não perde programas sobre animais na TV, pede toda a literatura sobre animais que vislumbre e tem a casa cheia das mais diversas figuras de animais. Um dia, durante um passeio nocturno, discutia com as primas sobre dinossauros. Nisto, dá um passo em frente, agarra-me no braço e pergunta:
- Tio, quem é mais velho, Jesus ou os dinossauros?
E conversamos longamente.
No último dia de férias, por decisão democrática, resolvemos dar um passeio pelo Alentejo. Visitamos a Sé e o Castelo de Beja, almoçámos num simpático restaurantezinho em S. Manços- o Chico. Que maravilha de comida! Que limpeza! Que atendimento! Quero lá voltar.
Passámos depois por Reguengos e fomos até à Herdade do Esporão, pertença do Dr José Roquette. Que espectáculo! Não esqueceremos mais aqueles momentos. Merece uma visita. Chegámos a Évora, Os monumentos já estavam encerrados. Mas Évora é um monumento vivo. Vale a pena deambular por ali.
Felizmente, embora estivesse calor, o dia estava meio encoberto, o que tornou a viagem mais agradável.
O Alentejo é um portento. Os alentejanos com quem contactámos mostraram-se simpáticos, afáveis e atenciosos. Aquelas paisagens alentejanas, a perder de vista, espicaçam o sonho e a imaginação. Ofereçam uma sensação de liberdade única. Fazem-nos descobrir, ao mesmo tempo, a nossa pequenez e a nossa grandeza. Por isso gosto tanto do Alentejo.
Bom, como não bela sem senão, no sábado passado, quando trovejou e choveu no Algarve, acordo com uma conjuntivite. E toca para o médico. Não perdi a praia, porque o tempo não a permitia, mas que foi bem desagradável, lá isso foi.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A violância e a morte sem férias...

41 mortos nas estradas de Portugal só neste mês de Agosto (são, já, mais de 500 desde o início do ano).

Seis homens de nacionalidade italiana foram assassinados, na noite de terça para quarta-feira, na cidade alemã de Duisburgo, numa acção que o governo italiano confirmou estar ligada à máfia calabresa.

Uma série de quatro atentados contra uma minoria religiosa resultou na morte de pelo menos 200 pessoas. Este atentado que teve por alvo a comunidade yézidi, do norte do Iraque, foi um dos mais sangrentos desde a queda de Saddam Hussein.

Quatro portugueses foram raptados no domingo à tarde na Venezuela, numa zona próxima da fronteira com a Colômbia.

A evasão de seis homens da sobrelotada cadeia de Guimarães levou à transferência da sua directora. Zélia Fernandes vai agora trabalhar em Viana do Castelo. A Prisão de Guimarães Tem um único tecnico de reeducação em funções e 39 guardas prisionais. É um estabelecimento prisional de classificação de segurança Misto e depende do Tribunal de Execução de Penas do Porto. No EP de Guimarães estão detidas 91 pessoas apesar da sua lotação oficial ser apenas para 48 detidos.

Menina de seis anos morre electrocutada num recinto de carrinhos de choque.

Nove condutores foram apanhados a conduzir sob o efeito de drogas durante a operação nacional «Viver 2007», que decorreu entre as 0:00 e as 4:00 desta quarta-feira e que marcou o início da aplicação das novas regras de fiscalização na condução.

Vinte e oito anos!


Faz hoje 28 anos que fui ordenado sacerdote.
E quero agradecer a Deus por tantas manifestações da sua bondade.
Senhor, como és Santo, como és bom!
Apesar da minha fragilidade, da minha pequenez e da minha limitação, continuo, Deus todo-poderoso, a experimentar todo o amor com que me envolveis.
Peço-Te, perdão, Senhor, pelos meus pecados;
Agradeço tudo - e tanto- que da Vossa Misericórdia tenho recebido.

Gestos de meus irmãos na fé. Tantos e bonitos.
Ontem um casalinho disse-me que queria que fosse eu a presidir ao seu matrimónio. E senti quanta sinceridade e amizade havia naquelas palavras!
Mais tarde, um jovem telefona a pedir ajuda. Vai mais uma vez integrar a equipa dirigente de um Convívio Fraterno na sua diocese. Queria preparar bem o testemunho que lhe foi indicado. Umas horas de trabalho. Mas não é uma maravilha poder ajudar alguém a preparar-se para testemunhar a sua fé?
Hoje, nas Eucaristias, as pessoas cantaram os parabéns e tiveram uma palavrinha amiga de de apoio e de amizade.
O sr. presidente da Junta de Almofala veio trazer-me um livro sobre aquela freguesia que acaba de ser publicado. Sempre simpática e carinhosa, a gente de Almofala.


Daqui a pouco partirei para Santa Helena, para a Eucaristia mensal. Irei mais cedo para rezar o terço. Porque hoje é dia da Mãe do Céu.



Senhor, ajuda-me a conservar sempre o entusiasmo da primeira hora!
Mãe do Céu, a Ti me consagro. Ajuda-me a ser padre segundo o Coração do Salvador.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

"Pascoa" de Maria Santíssima

A Maria, Mãe da esperança e da consolação, dirijamos confiadamente a nossa súplica, neste dia em que toda a Igreja celebra a sua gloriosa Assunção. Àquela que foi elevada ao Céu em corpo e alma, entreguemos o futuro da Igreja, sobretudo na Europa e o de todas as mulheres e homens deste continente:

1. Maria, Mãe da esperança,
caminhai connosco!
Ensinai-nos a anunciar o Deus vivo;
ajudai-nos a dar testemunho de Jesus,
o único Salvador;
tornai-nos serviçais com o próximo,
acolhedores com os necessitados,
obreiros de justiça,
construtores apaixonados
dum mundo mais justo;
intercedei por nós que agimos na história
certos de que o desígnio do Pai se realizará.
2. Maria, Aurora dum mundo novo,
mostrai-Vos Mãe da esperança e velai por nós!
Velai pela Igreja na Europa:
que ela seja transparência do Evangelho;
seja autêntico espaço de comunhão;
viva a sua missãode anunciar, celebrar e servir
o Evangelho da esperança
para a paz e a alegria de todos.
3. Maria, Rainha da paz,
protegei a humanidade do terceiro milénio!
Velai por todos os cristãos:
que eles prossigam cheios de confiançano caminho da unidade,
como fermento para a concórdiado continente.
Velai pelos jovens,esperança do futuro:
que eles respondam generosamenteao chamamento de Jesus.
Velai pelos responsáveis das nações:
que eles se empenhem na construção
duma casa comum,
onde sejam respeitados a dignidade
e o direito de cada um.
4. Maria, dai-nos Jesus!
Fazei que O sigamos e amemos!
Ele é a esperança da Igreja,da Europa e da humanidade.
Ele vive connosco, entre nós, na sua Igreja.
Convosco dizemos:
«Vem, Senhor Jesus» (Ap 22, 20)!
Que a esperança da glória,
por Ele infundida nos nossos corações,
produza frutos de justiça e de paz!

João Paulo II, Ecclesia in Europa, n. 125

Como descreve a geração que está no poder?


"É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel." - Disse António Arnaut, fundador do PS, ex-Ministro dos Assuntos Sociais.

Leia toda a entrevista em:

http://visao.clix.pt/default.asp?CpContentId=334030

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Recentrar mais para descentrar melhor

A Igreja existe por causa de Cristo, para testemunhar e anunciar ao mundo Jesus Cristo e o seu Reino.
Logo a Igreja, comunidade dos que acreditam em Cristo e n'Ele foram baptizados, é chamada continuamente a abrir-se a Cristo, a converter-se a Cristo, a cristificar-se. Como São Paulo, cada cristã só pode dizer: "Para mim viver é Cristo."
Urge recentrar toda a vida na pessoa de Jesus Cristo.

Será isto que acontece?
Quantas vezes as pessoas entram nas Igrejas e parecem umas "bailarinas" de imagem para imagem e esquecem o Sacrário?
Para quantos, que se dizem cristãos, valem mais as tradições, os costumes humanos do que a Palavra do Evangelho?
Para muitos, carregados de devoções, de peregrinações, de penitências, Cristo é algo de vago, de indistinto, de diáfano?
Quantos ficam nos santos e nunca chegam até Cristo?

Por outro lado, a Igreja é chamada a viver, nun esforço sempre renovado, o mistério da comunhão (comum união). Uma Igreja clericalizada, completamente centrada no padre, penso não ser fiel ao Concílio Vaticano II. Uma Igreja onde o padre controla tudo, desde os cânticos, às toalhas do altar, à pintura da Igreja, não será a Igreja-comunhão.

É preciso confiar nos leigos, estimulá-los, ajudá-los a crescer para que possam assumir as suas responsabilidades na comunidade crente. É preciso fazê-los sentir responsáveis.
O padre será o elo da unidade, o centro dinamizador, o amortecedor de conflitos, o que trabalha e apoia as lideranças.

O sacerdote que assim trabalha dará menos nas vistas, mas trabalha bastante mais. E na minha opinião, melhor! É um trabalho lento, difícil tanta vez, mas o único que me parece com futuro.
Nesta comunidade, tem-se procurado seguir este caminho. O padre não aparece em tudo, muitas vezes nem se vê. Mas está!

Claro que muitas vezes são os leigos que criticam tanto os padres que, chamados assumir responsabilidades, ficam nas covas. É mais fácil "dar à língua" do que "dar o corpo ao manifesto"!

E vejam lá! Em tantas paróquias onde os padres são mais directivistas, intervêm em tudo e nada, os leigos esforçam-se, trabalham, andam, querem. Noutras, onde os padres escancaram as portas à participação, a acolhem e estimulam... os leigos não querem nada ou muito pouco!
Vá lá a gente entender!...
Contudo, não desistirei de uma Igreja descentrada na participação.

Paróquias não podem ser trampolins de interesses pessoais

O Bispo, D. Antonino Dias, , que presidiu à Peregrinação Arciprestal a Nossa Senhora do Rosário do Monte da Franqueira, em Barcelos, salientou que, nas comunidades, ninguém é investido em autoridade para dominar, mas sim para servir. «Ninguém é investido em autoridade para se sentir patrão, senhor e dono dos outros, dominando e enfraquecendo o entusiasmo e a esperança da comunidade no Senhor que vem», disse.
Para D. Antonino Dias, todos os agentes da pastoral, sejam sacerdotes, comissões, catequistas, escuteiros, confrarias, membros dos grupos corais, zeladores ou membros das associações, têm de fazer um sério exame de consciência. Uma reflexão, acrescentou, para «avaliar o trabalho que fazemos, como o fazemos, com que conteúdos, com que persistência, com que ardor e métodos, como convencemos e somos capazes de envolver os outros na construção dum mundo mais cristão, mais solidário e participativo, testemunhando com alegria e dando razões da nossa esperança em Cristo Senhor».
Nesta ordem de ideias, D. Antonino Dias realçou que «as nossas paróquias não podem ser trampolim para satisfazer intenções e interesses de pessoas em busca de promoção política e social, empoleirando- se no escadote das suas ambições pessoais ou colocando- se em bicos de pés, tornando difícil dobrar o pensamento e as costas perante a humildade cristã, atar a toalha à cinta e lavar os pés às dores do mundo, agindo como Cristo agiu, com discrição e amor sincero».
Por outro lado, salientou ainda, as comunidades não deveriam ser espaços de mera reivindicação de prestação de serviços eclesiais «onde tantas vezes, de braço dado com a falta de cultura na fé, surge a indelicadeza no trato, a fazer provocar, infelizmente também, mal acolhimento em quem recebe, pela arrogância que se nota e navega na ignorância obstinada de quem pensa que sabe tudo, de quem não quer e pensa que não precisa de saber mais, de quem julga que a Igreja não tem normas nem leis, que qualquer coisa serve ou tem de servir porque ele quer, tem direito, tem de ser excepção».
In ecclesia

Dia de Acção de Graças

Eu hoje acordei
Com os lábios a cantar.
Alegria no coração,
Com amor a transbordar.

Obrigado, Senhor, por me teres chamado à vida.
Obrigado pelo dom maravilhoso da Fé.
Obrigado pelos infindo carinho com que me envolves.
Obrigado, Senhor! Mil vezes te agradeço.

Obrigado, pais, pela vida que me destes e que acolhestes com amor, com dedicação ilimitada, com doação total.
Obrigado, irmãos e cunhados, pela vossa amizade, pela vossa deferência, pela empatia que temos sabido contriur entre nós.
Obrigado, sobrinhos, pela vossa alegria e carinho.
Obrigado, familiares, pela vossa amizade.

Obrigado à Igreja, minha mãe e minha Casa, por tanto que me deu e dá nos Bispos, no Seminários, nos mestres, nos irmãos.
Obrigado aos meus irmãos sacerdotes, a começar pelos do meu arciprestado.
Obrigado a todas as paróquias por onde passei, com todas aprendi e amadureci.
Obrigado aos meus alunos e a todos os colegas professores.

Obrigado à querida paróquia de São Pedro de Tarouca. Amo-te!
E porque te amo, quero-te mais comunidade de fé, esperança e caridade.
Mais centrada em Cristo.
Mais dinâmica e empenhda apostolicamente.
Mais solidária e fraterna.
Mais!

Obrigado a todas as amigas e amigos.
Sois o perfume da minha existência.
Bem-hajam por existirem.

É assim que me quero sentir. Agradecido. Sempre. Mas particularmente neste dia.

domingo, 12 de agosto de 2007

Papa diz que o mundo deve ajudar as vítimas das inundações no Sul da Ásia


O Papa Bento XVI pressionou hoje a comunidade internacional a prestar assistência imediata aos milhões de desalojados pelas inundações no Sul do continente asiático.

“Que não haja falta de ajuda generosa da comunidade internacional para os nossos irmãos e irmãs”, disse o Papa em Castel Gandolfo, residência de férias.

“Nestes últimos dias, as graves inundações devastaram vários países do sudeste asiático, fazendo numerosas vítimas e milhões de sem abrigo”, declarou o Papa, na oração Angelus.

Os sobreviventes das inundações denunciam que a ajuda ainda não chegou até eles, enquanto as autoridades locais foram apanhadas a roubar os armazéns com alimentos.

In Público

Comemora-se hoje o centenário de Miguel Torga

O escritor de “Os Bichos” ou “Pão Ázimo” nunca escondeu a pouca importância que dava aos prémios. Mesmo sem estar presente nenhum membro do governo, o seu país agradece-lhe hoje o legado humano e literário.

Nascido há precisamente um século em São Martinho de Anta no distrito de Vila Real, com o nome Adolfo Correia Rocha, o jovem transmontano foi criado no seio de uma família humilde de gente ligada à terra.

Ainda antes de se tornar no escritor Miguel Torga, o rapaz Adolfo Rocha passou oito anos no Brasil a trabalhar na fazenda de um tio, onde cultivou café. Em 1928 regressou a Portugal e com o apoio monetário do tio, que se havia apercebido da invulgar inteligência do sobrinho, matricula-se na universidade Coimbra onde se licencia em Medicina.

Amor a Coimbra
É precisamente na cidade dos estudantes que o médico escreve “Ansiedade”, o seu primeiro livro. O escritor passa assim a conciliar a profissão médica com a escrita e adopta o pseudónimo Miguel Torga numa homenagem aos escritores Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. O nome “Torga” deve-se a uma urze típica da sua região natal.

Hoje a cidade que adoptou como sua, que amou e onde viveu até à sua morte em 1995 presta-lhe uma merecida homenagem que se desdobrará em várias iniciativas. Um dos pontos altos vai ser a inauguração da casa-museu em que todo o espólio foi doado pela filha do escritor e contém preciosidades como móveis, objectos pessoais, quadros e livros do escritor.

Segundo referiu Clara Rocha, filha de Torga, ao jornal “Público” constam ainda deste espólio raríssimos manuscritos guardados pelo poeta e “alguns dactiloscritos emendados à mão de contos e prefácios das primeiras edições dos livros que o autor assinou ainda com o nome Adolfo Rocha”.

Aversão aos prémios
A aparência sisuda e o rosto pétreo de Miguel Torga são desvalorizados por alguns amigos mais chegados que sempre conviveram com o escritor/poeta e que ao longo da vida conheceram um homem afável e preocupado com os outros, longe da imagem pouco simpática que quem nunca privou com Torga fazia dele.

Dono de uma vasta obra literária dividida entre a poesia e a prosa, o escritor transmontano foi várias vezes um dos nomes falados para o Nobel da Literatura.Contudo a importância dada aos prémios era quase nula. Para o escritor que raramente dava entrevistas e se recusava a autografar as obras, quem o quisesse conhecer tinha obrigatoriamente de ler os seus livros.

Ainda que fosse afoito a este tipo de acontecimentos foram muitas as homenagens feitas em vida e os galardões recebidos, entre eles o Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist e o primeiro Prémio Camões, atribuído em 1989.
In Expresso

Torga: o seminarista e o ateu que não passava sem Deus
Faz amanhã hoje cem anos que nasceu Miguel Torga. Foi, com efeito, a 12 de Agosto de 1907 que o escritor viu a luz do dia.
Se S. Martinho de Anta foi (palavras suas) o lugar onde e o lugar donde, o Seminário de Lamego acabou por ser (dedução minha) uma espécie de lugar por onde.
De facto, não ocupa mais de um ano na sua vida. Não terá deixado, talvez, grandes marcas na sua personalidade. Mas também não foi totalmente apagado da sua memória.
Jorge Marinho teve a arte de imortalizar, num expressivo quadro, a despedida da terra natal. Ao fundo, vê-se a Igreja. O adolescente, com ar sério, vai num pequeno jumento. Atrás seguem os pais: o progenitor leva os ferros da cama às costas, a mãe transporta, à cabeça, lençóis e cobertores.
Infelizmente, perderam-se os registos da sua matrícula e os termos dos seus exames. Todavia, em A Criação do Mundo alude-se a essa passagem e o Padre Valentim Marques, seu amigo e confidente, testemunha uma viagem em que o escritor fez questão de mostrar «a casa que lhe serviu de Seminário».
Não seria, pois, despropositado que o roteiro torguiano incluísse, além de S. Martinho de Anta e de Coimbra, uma visita a esta cidade por onde Adolfo Correia Rocha passou entre 1919 e 1920.
Nessa altura, o arciprestado de Sabrosa e outros da margem direita do Douro pertenciam à diocese de Lamego.
Numa época em que os Seminários surgem como casas sem gente, é com alguma nostalgia que somos transportados para um tempo em que os Seminários eram gente sem casa. Ou, melhor, gente em várias casas.
Depois de se ver privada do seu Seminário (transformada em messe dos oficiais) e antes de adquirir a Casa do Poço (e muito antes de edificar um novo Seminário de raiz), a diocese espalhou os seminaristas por várias residências da cidade.
O pequeno Adolfo não ficou longe da Sé, num segundo andar com o número 42, cuja varanda ficava em frente da famosa (e ainda hoje existente) Casa das Brolhas. Aí dormia. Aí estudava. A Missa era na Capela particular do Cónego Freitas. E as aulas eram recebidas na casa dos próprios professores.
As notas eram boas, mas o entusiasmo revelava-se reduzido, apesar da alegria da mãe ao vê-lo fazer figura no altar. No final das férias grandes, comunica ao pai a decisão de que não queria ser padre.
Deixa, então, o Seminário, vai-se afastando da Igreja, mas não se furta a um permanente (e, quase sempre, tormentoso) encontro com Deus. Muitos anos mais tarde, viria mesmo a confidenciar: «Deus. O tormento dos meus dias. Tive sempre a coragem de O negar, mas nunca a força de O esquecer».
Julgo que radica aqui o nervo do pensamento torguiano, a sua bússola, a sua densidade e o seu dramatismo. Inclassificável do ponto de vista religioso, nem ele mesmo conseguia definir-se. Por um lado, sentia um impulso para se assumir como ateu mas, por outro lado, ressalvava ser um ateu «a conviver com divindades desde a pia baptismal». Daí o impasse: «Ateu! Quem o poderá ser no meio de uma cultura onde noventa e nove por cento do oxigénio que se respira é de natureza celeste?»
Ao Padre Valentim declarou-se, um dia, «ateu cristão», expressão paradoxal que ilustra eloquentemente a intensidade da sua procura e a abertura do seu ser. O século XX teve muitos «cristãos ateus» que, como Dietrich Bonhoeffer, intentaram uma interpretação ateia do cristianismo. Ao invés, Miguel Torga alimenta uma intrigante presença cristã no seio do seu próprio ateísmo!
É que, como ele mesmo confessa, «ser incréu custa muito». Por isso, «o que dava para me levantar cedo, ir à Missa e voltar da Igreja com a cara que trazia o meu vizinho»! Em dia de Páscoa, não oculta «o gosto que teria de beijar também o Senhor, se acreditasse!».
No fundo, subsiste a impressão de que é um ateu que não consegue viver sem Deus! Um ateu assim será mesmo ateu? Ou não será Deus o indeclinável lugar para onde de Torga?
http://padrejoaoantonio.blogs.sapo.pt/

sábado, 11 de agosto de 2007

Supertaça

Por trabalho pastoral, não pude ver o jogo todo. Do que vi e dos comentários que ouvi, foi um jogo de fraca qualidade, muito táctico.
Valeu pelo extraordinário golo de Izmailov.

Como desportista, apresento os meus parabéns ao Sporting.

Como portista, fico triste. O FCP jogou pouco. Aquele meio-campo revelou uma mediania confrangedora. A equipa adoptou uma postura calculista e medrosa, bem à imagem do seu técnico, infelizmente.

Jesualdo Ferreira nunca me convenceu. Basta ver os sustos que a equipa passou na 2ª volta do passado campeonato.

Oxalá eu tenha que dar a mão à palmatória!

Bom, penso que foi um desafio geralmente correcto, com um público civilizado. Só tenho pena que não tenha sido marcada aquela grande penalidade contra o Sporting. Por amor à verdade desportiva.

Não acha que ELE tem razão?

xoyri
«Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino."



"Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus,onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."



(Lc 12, 32-33)

Família: santuário de vida, amor e identidade

Mensagem do Papa Bento XVI para o 93º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado (2007)

DEUS PRESENTE NO CORAÇÃO DE CADA FAMÍLIA HUMANA

"Por ocasião do próximo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, ao olhar para a Sagrada Família de Nazaré - ícone de todas as famílias - gostaria de convidar-vos a reflectir sobre a condição da família migrante. O evangelista Mateus narra que, pouco tempo depois do nascimento de Jesus, José foi obrigado a partir, de noite, para o Egipto levando consigo o menino e sua mãe para fugir à perseguição do rei Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Comentando esta página evangélica, o meu venerável predecessor, o Servo de Deus, Papa Pio XII, escreveu em 1952: «A família de Nazaré no exílio - Jesus, Maria e José - emigrantes no Egipto e lá refugiados para se subtraírem à ira de um ímpio rei, são o modelo, exemplo e apoio para todos os migrantes e itinerantes de qualquer idade, origem ou condição que, ameaçados pela perseguição ou pelas necessidades, se vêem obrigados a abandonar a pátria, os parentes queridos, os vizinhos, o afecto dos amigos, deslocando-se para terras estrangeiras» (Exsul familia, AAS 44, 1952, 649). No drama da família de Nazaré, obrigada a refugiar-se no Egipto, vemos a dolorosa condição de todos os migrantes, especialmente dos refugiados, exilados, deslocados, prófugos e perseguidos. Entrevemos as dificuldades de cada família migrante: as privações, as humilhações, as limitações e a fragilidade de milhões e milhões de migrantes, prófugos e refugiados. A família de Nazaré reflecte a imagem de Deus conservada no coração de cada família humana, mesmo se desfigurada e debilitada pela migração. "


Vale a prena! Veja toda a Mensagem de Bento XVI para o 93º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado em:


«Construir Família em Terra Estrangeira» .


“Parece ser um dado adquirido que a pessoa humana precisa da família para nascer, crescer integralmente e viver. Sem esta relação primordial dificilmente teremos pessoas com auto-estima e estabilidade interior suficientes para enfrentar as crises de crescimento e integrar-se harmoniosamente nas respectivas sociedades.

Por isso, é de todo o interesse para a sociedade, em geral, que se ponha em prática a Convenção Internacional para a protecção do direitos de todos os trabalhadores migrantes e dos membros das suas famílias, que entrou em vigor a 1 de Julho de 2003, como refere Bento XVI na mensagem.

É necessário salvaguardar o direito humano à reunião dos membros da família dos migrantes e refugiados e dar-lhes condições de inclusão na sociedade de trânsito ou de residência, para evitar graves crises afectivas, geracionais e sociais. A memória e trajectória das nossas Comunidades Portuguesas estão repletas de crises familiares.

De facto, por falta do devido cuidado pastoral, ou mesmo por se ter dificultado – através de leis políticas alimentadas por atitudes securitárias – a unificação e reagrupamento familiar dos migrantes, têm surgido muitos desajustamentos nos membros da primeira geração de emigrantes portugueses, assim como de imigrantes em Portugal. Constatam-se “mecanismos de defesa” que impedem uma maturação dos jovens da segunda geração, o que pode provocar graves perturbações da vida social, como ultimamente se verificou em algumas cidades e bairros de países da União Europeia.

Reafirmo o apelo a todos os cristãos, estruturas eclesiais e homens de boa vontade, seja qual for a religião, mas apaixonados - como nós - pela beleza da dignidade humana, para que não adormeçam na indiferença e, com a fantasia da caridade, inspirados pelo direito a viver em família, tudo façam para a reunificação e coesão das famílias migrantes e refugiadas.

Que as famílias portuguesas, movimentos de espiritualidade familiar e centros de apoio à família continuem a dar também o seu precioso e solidário testemunho de vida!”

D. António Vitalino, Bispo de Beja e Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

De 12 a 19 de Agosto - 35ª SEMANA DE MIGRAÇÕES

Mensagem de Bento XVI para Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2007:
Família:
Santuário de
vida,
Amor
e Identidade
FÁTIMA: Dias 12 e 13 de Agosto - Peregrinação Internacional do Migrante e Refugiado.
Toda a Programação desta Peregrinação em:

Vaticano valoriza uso da Internet

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, defendeu o uso da Internet como mecanismo "para chegar aos jovens".

Este responsável fez referência ao músico Elton John, que recentemente defendeu o encerramento da Internet como forma de retomar as relações humanas.

"Não aprovo a proposta de uma certa estrela de suspender a Internet por cinco anos", respondeu o Cardeal Bertone aos jornalistas, que o questionavam sobre o site do Vaticano e sobre o uso da Internet para a comunicação.

Para este Salesiano é claro que "se Dom Bosco estivesse aqui hoje, teria escolhido os melhores meios para chegar aos jovens".

Por isso, refere o Cardeal Bertone, mais do que fechar a Internet "é necessário valorizá-la e enchê-la de conteúdo".

Redacção/ACI

“É preciso menos arrogância” no Governo


(...) Há um mal-estar na sociedade portuguesa que não deve ser ignorado. Há que dar razões às pessoas para acreditarem no Governo. As pessoas não protestam só porque os sindicatos as empurram. Vêm para a rua porque sentem os seus postos de trabalho em causa ou porque a saúde, a educação, a justiça ou as reformas os preocupam. São problemas sérios. Chegou a hora de tranquilizar as pessoas quanto a eles."

- Leia a entrevista de Mário Soares ao Diário Económico em:

http://de.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/1025113.html

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!

2.
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus.
3.
Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos.
4.
Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes:
5.
Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?
6.
Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.
7.
Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.
8.
Rebanhos e gados, e até os animais bravios,
9.
pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano.
10.
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!
~
(salmo 8)

Novo blogue

Uma pessoa amiga acaba de me comunicar o nascimento de um novo blogger.
Como se chama?

http://jovens-em-movimento.blogspot.com/

Felicito vivamente o seu autor e desejo longa vida a este novo ponto de encontro.
Parabéns!

A Volta passou por aqui

Veja o vídeo em:

http://blogmiradouro.blogs.sapo.pt/

Batalha entre búfalos e leões

Este vídeo amador com imagens de um confronto de animais, na savana africana, está a tornar-se um ‘hit’ e é um dos mais vistos do YouTube

Veja esse vídeo em:

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=49684

Vale a pena passear pela nossa Serra

O P.e José dos Santos Guedes e eu demos, na tarde de ontem, um agradável passeio pela nossa Serra. Subimos até Santa Helena, onde alguns carros estavam estacionados e várias pessoas cirandavam por aquele espaço. Pequenos grupos, pousados em cima dos calhaus, observavam a inigualável paisagem que dali se desfruta. As pessoas falavam baixo, como que com receio de deixar de ouvir a voz do silêncio que ali fala de uma maneira única.
Também nós deambulámos por aquele espaço. O P.e Guedes ia recordando histórias de outros tempos - os tempos em que ali havia colónias de férias que ele frequentava. Fizeram-se comparações entre outros tempos e a actualidade, procurando não perder nada do belo de cada tempo.
Depois, partimos para Cristo Rei pela estrada da Serra, em bom estado depois da beneficiação de que foi alvo. Oxalá não tarde a ser alcatroada, pois o Inverno ali é inclemente e certamente a esburacará fortemente. Que maravilha! Apetecia a parar em cada metro para saborear cada novo e diferente ângulo da paisagem.
Chegámos a Cristo Rei, subimos o novo escadario, fizemos um pequenino desvio para nos deliciarmos com a água pura e cristalina que jorra das bicas, continuámos a subir até junto da Imagem. Esplêndido! A Paisagem não tem aqui a amplitude de Santa Helena, mas sente-se mais perto, parece que nos envolve mais.
Também por aqui circulava uma ou outra pessoa. Retenho no ouvido o comentário que um cavalheiro fazia para a sua acompanhante: "O que isto era e o que isto é!"

Aproveite. Ganhe algum tempo para usufrir de momentos mágicos, percorrendo a nossa serra. Vá com calma. Páre frequentemente. Deixe-se possuir possuir pela beleza inigualável da paisagem. Respire o silêncio eloquente da Serra.
Sentir-se-á outro por dentro.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Trapalhadas e mais trapalhadas

Ministério da Saúde. É o que se vê. Descontentamento por todos os lados. Uma política de saúde que ningém percebe e que nem o próprio ministério é capaz de explicar. Medidas avulsas, um dia avançadas, depois retiradas. Injustiça. Querem um exemplo? Se sofre um AVC tem que pagar; se quer fazer um aborto, tudo gratis.
Estes senhores já deviam ter percebido que com a saúde dos portugueses não se brinca. Um povo doente é um povo improdutivo e infeliz.

Ministério das Obras Públicas. Um desastre. Desde declarações infelizes do seu titular (noutro país democraticamente digno, este senhor já teria há muito pedido a demissão), passando pela questão do novo aeroporto que agora é aqui, depois fazem-se novos estudos, em seguida já pode ser ali...

Ministério da Educação. Uma calamidade. É a guerrilha institucionalizada. Ele é guerra continuada e gratuita contra os professores, contra alunos, contra populações. Ele são os resultados dos exames cada vez menos abonatórios desta política (des)educariva; ele são as trapalhadas com a eleboração dos exames; ele são os avanços e recuos no tocante à nova terminologia gramatical; enfim, um nunca mais acabar de questões, numa área que mexe exactamente com a alma do futuro lusitano.

Sem falarmos já no clima tenso que este governo tem mantido com a função pública, apresentada por aquele como o maior drama nacional e raiz de todos os problemas nacionais.
A propósito, quantas pessoas foram metidas na função pública pelos vários interesses partidários quando estes tomaram conta do poder?

E que dizer do clima de intimidação que se vive no seio desta democracia? Quantas pessoas afastadas do seu posto por terem ousado discordar da linha governamental?

E a vergonha. Quantas pessoas foram obrigadas a morrer no seu posto de trabalho, porque lhes foi recusada a passagem à reforma pelas juntas médicas????

Que o descontentamente é enorme até um insensível o topa. Está por todos os lados e em todas as esquinas. Como nunca. Até a própria hierarquia da Igreja Católica, sempre tão cautelosa e prudente em relação a esta maioria governamental, há dias ousou manifestar publicamente o seu mal estar perante uma série de questões.
Infelizmente, não temos oposição à altura. Por isso a oposição é tão responsável como a maioria pelo actual estado de coisas.

Muitas vezes tenho a impressão que os políticos portugueses não sabem lidar com maiorias absolutas. Quando as alcançam, tornam-se insuportáveis. Ou será porque ainda não superaram o "complexo salazarista"?

"Perplexo" e "preocupado"

"Não posso deixar de aferir situações que se me afiguram de flagrante injustiça no quadro legal do concurso, relativamente às quais entrevejo possibilidades de actuação que deixem intocadas as expectativas de todos os docentes opositores ao presente concurso", afirma o Provedor de Justiça.

Num parecer enviado sexta-feira ao ME (Ministério da Educação) e aos sindicatos, que pediram o documento, o Provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, manifestou-se "perplexo" e "preocupado" com as regras do primeiro concurso de acesso a professor titular, apontando mesmo a existência de situações de "flagrante injustiça".

Como reagiu o Ministério da Educação? Com silêncio.

O parecer do Provedor de Justiça sobre o concurso de acesso a professor titular não deixa dúvidas. "Perplexo e preocupado". Está tudo dito sobre mais uma trapalhada deste Ministério.

Não acham que já chega de trapalhadas?

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Amigos, amigos do nosso, amigos de ocasião, amigos postiços...

É um casal jovem. Enquanto os seus miúdos saltaricavam no jardim, os três conversávamos. Faláva-se então sobre amigos e alguns decepções surgidas com amizades. Partilhámos experiências e reflexões sobre amigos verdadeiros, amigos do que é nosso, amigos de ocasião e falsos amigos. Nisto, o marido diz:
- E por falar em amigos, já telefonaste à dona...?
Então esclareceram-me que todas as semanas comunicam com os seus amigos. Para os mais novos, uma mensagem, que é mais barato e a vida está difícil; para os mais velhos, como normalmente lidam mal com as novas tecnologias, um telefonemazito.
- Sabe, até ao momento, e graças a Deus, não há nenhuma pessoa para quem não falemos. Sempre me ensinaram que a salvação não se nega a ninguém - afirma ela com convicção. - Mas amigos, amigos, são aqueles que caem nas malhas do coração. Não quer dizer que não haja chatices, conflitos, choques. Mas sempre se ultrapassam, pois a amizade é mais forte.

E contaram então um caso acontecido há dois anos.
- Como as posses não são muitas, resolvemos fazer uma semana de campismo ao pé da praia. Fomos com outro casal amigo e seus filhos.
Tudo corria muito bem, até que um dia, por causa da comida, começa uma pequena discussão. E como palavra puxa palavra e os nervos nem sempre se controlam, fomos às do cabo. Foi uma vergonha. Só faltou batermos. E ninguém almoçou...
Meu marido, completamente perdido, fez logo questão de regressar a casa. Já sei como ele actua. Se o contrariasse seria pior. Era preciso ajudá-lo a acalmar, a entrar dentro de si. Disse que sim, senhor, que poderíamos regressar. Só lhe pedi que nos acompanhasse ao café para os miúdos comerem alguma coisa. Meio contrariado, lá foi. Enquanto eu e os pequenos comemos, ele saíu, foi dar uma volta junto ao mar. Quando regressou, os pequenos pediram para brincar um pouquinho na areia. Disse logo que não. Com jeitinho, disse-lhe ao ouvido que seria bom os garotos brincarem e que nós os dois ficaríamos nas pedras, ao pé da areia, a ver o mar. A contragosto, cedeu.
Estivemos os dois algum tempo calados a olhar para o mar. Muito subrepticiamente, fui-lhe agarrando a mão e pouco depois começámos uma conversa de monossílabos. Os miúdos estavam a ajudar. Completamente entretidos, não nos incomodavam. A conversa agora era fluente. Ele estava claramente mais sereno.
Quando vi que era a altura própria, disse-lhe: "Eu conheço-te bem. Quando és amigo, és mesmo a sério. Achas que por causa de uma discussão "besta" vamos estragar as nossas férias, as dos nossos filhos e as dos nossos amigos?"
"Mas eu tenho razão", insistiu ele.
"Ninguém diz que não tens a tua razão. Só penso que amizade que não supera crises não é digna deste nome. É nestas ocasiões que se prova a verdadeira amizade e se conhecem os amigos a sério."
Ficou calado. Depois perguntou-me o que sugeria. Disse-lhe para irmos com calma, que na hora certa falaria mais alto a voz da amizade.
Quando chegámos ao parque de campismo, o outro casal também estava sorumbático. Parecia que ninguém se queria olhar de frente. Meti o meu braço no braço do meu marido e fiz questão de caminhar em direcção ao outro casal. Mas aqueles pés pareciam de chumbo. Sorri para ele e puxei. Quando nos aproximámos, já frente a frente, olhei para o meu homem. Então este vai em direcção ao amigo e abraça-o. Eu faço o mesmo com a minha amiga. Todos balbuciámos uma palavra de desculpa. E naquele abraço que todos demos, estava fortalecida a amizade.

Há experiências que marcam

De pessoas que têm familiares ou amigos que foram aos Açores tenho ouvido com insistência:
- Parece que ficaram enfeitiçados! Passam a vida a ligar para lá. Ele são telefonemas, ele são mensagens por telemóvel, ele são mensagens pela internet...

Bom sinal. Se a experiência tivesse sido negativa, certamente queriam era esquecer. Como foi muito agradável, há que a manter viva.

Confesso que também sinto alguma nostalgia desses dias maravilhosos. Do silêncio activo, das paisagens deslumbrantes, das experiências realizadas e, sobretudo, das pessoas, dos nossos e dessas pessoas maravilhosas que nos acolheram.

Num mundo com tantas frustrações, desenganados, ingratidões, é bom conservar no coração estes dias como óasis a refrescar a vida, tanta vezes deserto.

Volta a Portugal

A Volta a Portugal vai passar pelos nossos lados.

Veja em:

http://blogmiradouro.blogs.sapo.pt/

domingo, 5 de agosto de 2007

Um seminarista passou por aqui

Acabou agora de partir o seminarista Zé Ricardo. Veio visitar-me. Chegou a seguir ao almoço e falámos muito da sua vocação, do seminário, da faculdade, de colegas que desistiram e de outros que venceram crises, da Igreja, também de futebol. Demos uma voltinha rápida por Santa Helena, já que ele tinha de regressar devido a compromissos.
Foi com imensa satisfação que me falou das suas notas. Acabou o 2º ano de Teologia com uma média de 17. Foi com imensa paz que me falou da sua vocação e de quanto se sente bem trilhando o caminho que o Senhor lhe indica.
Foi com entusiasmo que me falou do seu Bispo, D. Manuel Clemente. Chegou nas vésperas da Páscoa à Diocese do Porto e já falou com cada seminarista várias vezes.

Fico aqui, sonhando com o dia em que esta comunidade paroquial dê à Igreja mais vocações sacerdotais. Temos 3 sacerdotes naturais desta paróquia. Mas sei que o Senhor continua a chamar. Também aqui.

Que todos nós, cristãos, rezemos pelas vocações, ajudemos a despertar vocações, acompanhemos com carinho e empenho as vocações.

TER MAIS, GOZAR MAIS, SEMPRE MAIS

Dois deuses sanguinários abocanham hoje a sociedade ocidental. O deus PRAZER e o deu TER.

Qual passarito encantado pelo olhar da cobra que o quer deborar, os ocidentais rondam, encantados, a bocarra destes dois deuses.

"Gozar a vida". É a expressão que mais se ouve hoje, dita de mil formas e feitios. É o prazer a todo o custo, e tantas vezes, à custa da vida toda!
O prazer! Não interessa à custa de quê nem de quem.
"Gozar a vida", mesmo esvaziando-a, sujando-a, tornando-a apenas um vício a alimentar.
O prazer pelo prazer, até ao fundo de si mesmo, até ao vazio total...

Ter! Ter muito, ter mais, sempre mais. Mais dinheiro, mais prestígio, mais computadores, mais telemóveis, mais móveis, mais carros, mais contas bancárias, mais dinheiro na bolsa, mais roupas da moda, mais, mais, mais...
Tantas pessoas lembram um saco de batatas. É preciso deitar sempre mais batatas para o saco ficar direitinho...

O TER e o PRAZER. Ou a actualização da queda do Império Romano???

"Tornai-vos ricos aos olhos de Deus" - Jesus Cristo

O REPOUSO DO GUERREIRO

O nosso conterrâneo, P.e José dos Santos Guedes, está entre nós para um mais que merecido período de descanso.
De três em três anos, este missionário da Boa Nova vem lá da Zâmbia (África) onde trabalha, para descansar uns dias.

Não é um pessoa muito extrovertida, mas de grande profundidade interior, de enorme dedicação à causa missionária, com ideias claras e análise lúcida e profunda.

Sê bem-vindo, amigo! Oxalá descanses tanto como mereces.

sábado, 4 de agosto de 2007

SEMPRE HUMANO

Um padre é um ser humano.
Deus quer que ele seja humano.
Deus está na humanidade do padre.

http://padrejoaoantonio.blogs.sapo.pt

Férias à luz da Palavra do 18º Domingo Comum - C


Férias...

Não seja este o tempo da insensatez, do homem terreno, regalado na fartura de comida e bebida, numa avareza desmedida de ter e de comer o mundo com os olhos. A gastar, em promoções de Verão, depósito acumulados ou créditos mal parados. Quem se der a gozar os frutos da colheita, sem os dar a saborear, colhe a desgraça de morrer antes do fim.
O homem novo aspira às coisas do alto, e, por isso, jamais “renuncia à poesia, ao amor e à santidade”…

Convido as pessoas a ler parte deste conto de Sophia. Tem a ironia do Eclesiastes, a sabedoria do salmista, a ética do apóstolo. E é exemplar, como a parábola do evangelho!

"Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta. Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.

De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.

Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista». Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos. Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos.

Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande.

Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a um cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.

O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.

É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também. Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum.

E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve. Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.

Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisto não há evidentemente, nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto. Não é o desejo do amor que os une. O que os une e justamente uma vontade sem amor. E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio; mais firme fundamento do seu poder.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Contos Exemplares
Porto, Figueirinhas, 1996 (29ª ed.).

Ouvi, ouvi, ouvi...

É preciso saber ouvir. Muitas vezes não é nada fácil, mas é preciso. Mas do que de bons falantes a sociedade actual tem necessidade de bons ouvidores. Hoje ninguém escuta ninguém, ou melhor, raramente o faz. Quando muito, as pessoas estão caladas, mas escutando-se a si mesmas.

Hoje estive com muita gente. E lá iam surgindo, de uma forma ou de outra, as queixas e as lamentações. Três foram as referências dos desabafos: a saúde, o custo de vida e a segurança.

A saúde, cada vez mais cara, menos rápida e menos acessível. E os casos jorram. Tanta vez com a marca do desenlace infeliz! As pessoas não clamam tanto contra o Centro de Saúde local. O problema é que muitas situações de sofrimento não se podem resolver aqui. E quando é preciso sair, começam os cabos das tormentas...

Não houve uma única das muitas comissões de festas desta comunidade que não me referisse isto: " Pessoas que em tempos davam 5/6 contos para a festa, agora para darem 15/20 euros é o bom e o bonito!" E iam acrescentando: "O povo está descapitalizado..."
Os ordenados mal sobem, o desemprego aumenta, o emprego precário alastra, o preço das coisas não pára de subir, as necessidades não cessam de crescer, educar hoje um filho custa muito mais do que antigamente, as reformas desta gente roçam a vergonha, os remédios encarecem...

A segurança é outro problema. Alguns roubos vão retirando confiança e serenidade às pessoas. Conforme se diz por aí, muitos dos assaltos são realizados por adolecentes. Caso seja verdade, quem estará a aproveitar-se dos adolecentes? Quem os manobrará na sombra? É que pode haver gente para tudo. Para não ter problemas com a justiça, é capaz de lançar mão de adolescentes. Claro que também é possível que ajam por livre iniciativa. Não esqueçamos que famílias desestruturadsas geram frequentemente crianças e jovens desestruturados.
As pessoas queixam-se que sentem pouca protecção policial. O Posto da GNR tem pouca gente e, como tal, a autoridade não pode estar onde era necessário que estivesse. Só me pergunto que têm feito a sociedade civil e as autarquias para que o Posto tenha os agentes que o Concelho precisa. Sem segurança nenhuma comunidade progride.

Quase dois em cada dez portugueses têm excesso de peso

16,5 por cento da população adulta é obesa, e quase dois em cada dez portugueses têm excesso de peso, segundo dados do Inquérito Nacional de Saúde referentes a 2005-2006.

A população com obesidade aumentou quase três pontos percentuais em sete anos, quando comparado o período 2005/2006 com 1998/1999.

Considera-se que uma pessoa tem excesso de peso quando o seu índice de massa corporal - relação entre o peso e a altura - se situa entre 27 e 30 quilos por metro quadrado e torna-se obesa quando o mesmo índice ultrapassa os 30 kg/m2.

O excesso de peso afecta mais os homens, com uma percentagem de 21 por cento contra os 17 por cento da população feminina, enquanto a obesidade está mais presente em mulheres, embora as diferenças não sejam significativas (16,9 contra 16 por cento).

É a partir dos 45 anos que começam a aparecer mais portugueses afectados pelos problemas de peso.

A nível das doenças crónicas, a tensão arterial alta foi a que mais afectou os portugueses (20 por cento da população do Continente) e que motivou um maior consumo de medicamentos.

Seguem-se as doenças reumáticas e a dor crónica (cada uma a afectar 16,3 por cento), a depressão (8,3 por cento), a diabetes (6,5 por cento), a osteoporose (6,3 por cento) e a asma (5,5 por cento).

Em todas as doenças crónicas, as mulheres apresentam uma prevalência superior à dos homens.

Lusa/SOL

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Lei da poupança

1º Quem tem um e come dois, nada lhe fica para depois.

2º Quem tem dois e come três, nada lhe fica para a outra vez.

3º Quem tem três e come quatro, não precisa de bolsa nem saco.

4º Quem tem quatro e come cinco, vive sempre muito faminto.

5º Quem tem cinco e come seis, nada lhe fica para Dia de Reis.

6º Quem tem seis e come sete, veja lá no que se mete.

7º Quem tem sete e come oito, vive sempre muito afoito.

8º Quem tem oito e come nove, por mais que faça é sempre pobre.

9º Quem tem nove e come dez, no fim da vida não tem que ponha nos pés.

Plantas tóxicas

Estão em abundância um pouco por todo o lado. As pessoas adultas sabem que não são para comer ou fazer chás. Embora às vezes as possam confundir com outras parecidas e que são medicinais. As crianças podem deitá-las na boca e trincá-las ou engoli-las. E algumas são muito perigosas.
Muitas das plantas decorativas, tão acessíveis às crianças, são altamente tóxicas. Mais preocupante é o facto de estarem em casas com crianças, sem os adultos saberem que são venenosas.

Por outro lado há sempre o perigo de confundir uma planta com propriedades medicinais com outras parecidas mas tóxicas.

E até o uso em quantidades inadequadas pode ser perigoso.
Está neste caso o cacto chamado aloé vera. Tem boas propriedades medicinais mas há que distingui-lo de outras plantas parecidas e que são venenosas e prepará-lo devidamente. A mistura com mel pode ser fonte de bactérias perigosas, se não se consumir logo. Pô-lo no frigorífico não chega. A pele das folhas não deve ser consumida, mas apenas o gel. E há mesmo pessoas que são alérgicas ao seu uso.
A preparação adequada deve ser feita por gente que sabe tirar-lhe a aloína, que é uma matéria tóxica que pode provocar cólicas intestinais.

O cacto da foto não é o aloé vera, mas outro parecido e tóxico.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Há mesmo casos de fome!

Há dois meses, uma senhora contava-me que na sua terra (deste distrito de Viseu), a Junta de Freguesia havia organizado um convívio popular a propósito da inauguração de um melhoramento há muito desejado pela população. Havia vinho, fevras e frango assados e demais iguarias inerentes a festividades deste jaez. Até aqui tudo normal. A sua estranheza foi quando viu muita gente, que à socapa, procura arrebanhar para dentro de sacos o mais que podia. E deu-se conta que, ao fim do repasto, uma e outra pessoa pedia à autoridade autárquica se podia levar as coisas que sobraram. Viu ainda muita gente comer desalmadamente como se não comesse há semanas.
E perguntou-se a si mesma: "Será só gulodice? Oportunismo? Ou fome mesmo?" E começou a investigar, ouvindo aqui e ali, fez contactos... Concluiu que há mesmo casos de fome. A chamada "pobreza envergonhada."
Há muito pouco tempo, uns amigos contaram-me um episódio semelhante ocorrido entre nós.

Quando regressava dos Açores e enquanto espera pela chegada da bagagem, fui fumar um cigarrito na zona destinada para o efeito. Qual não foi o meu espanto quando vi um indivíduo bem engravatado parar por ali, olhar discretamente para todos os lados, e pegar fugitivamente num resto de cigarro por consumir, acendê-lo e largar.

São casos de pobreza envergonada que surgem com muita frequência e a que nem sempre damos a devida importância. Ou, como dizia alguém, é o capitalismo selvagem no seu esplendor.

Não me importava

Já há anos, quando visitei a ilha de São Miguel, gostei muito. Agora que estive em São Jorge, Pico e Faial, gostei ainda mais.

Claro que a ilha de São Miguel está para os açoreamos como Lisboa para os continentais. É mais cosmopolita, mais desenvolvida, mais turística. Também, dizem eles, com mais manias de superioridade.

Nas ilhas que visitei, ainda com um desenvolvimento turístico incipiente, as pessoas são maravilhosas, como já referi noutro post.

Tenho pensado muito. E acho que, com a minha maneira de ser, me sentiria muito bem a trabalhar nos Açores, particularmente no Pico ou Faial. E de repente, dou comigo a pensar: "E se quem manda te enviasse para os Açores? Como reagirias?" A resposta escorre rápida: "Iria todo satisfeito." Pode ser uma sensação aquecida pelas emoções que vivi. Mas penso que não será.

Então mas isso quer dizer alguma insatisfação com o local, o tipo de trabalho ou as pessoas? De modo nenhum. Apenas o gosto de novos experiências, novos desafios, nova motivação. Falo como pessoa, como padre e como professor. Para mim é válido o provérbio: "Quem se muda, Deus ajuda", aliás muito dentro da perspectiva abraâmica: "Parte da tua terra, Abraão."

Eu sei que não é fácil. Por um lado, há o meu Bispo e o Bispo dos Açores; por outro lado existe o facto de ser professor efectivo e a colocação poder ser difícil... Enfim, mas sonhar significa que estamos vivos e não acomodados.

Senhor, faça-se em mim a Tua Vontade Santa. Vontade do meu Deus, garantia da minha liberdade.

Jovens e carentes

Quem contacta frequentemente com os adolescentes apercebe-se desta realidade: uma parte enorme deles revela fortes carências afectivas. E quem lhes dá atenção, carinho, afecto conquista-os com facilidade. Alguns agarram-se como lapas a quem os tenta compreender, e lhes da afeição.

Têm pizas, hamburgers, francesinhas, telemóveis, roupas de marca, consolas, moda... mas o nível do afecto está quase a zero. Por isso se manifestam, são reguilas, insolentes, refilões. Que interessa um carro com estofos de luxo se o motor gripou por falta de óleo?
Pais, é preciso dar mais afecto, mais carinho, mais amor, mais tempo aos vossos filhos crianças e adolescentes. Talvez precisem de menos coisas, mas necessitam urgentemente do óleo do amor.
Todos os pais e educadores têm de aprender a amar os adolescentes, ouvindo-os, acarinhando-os, estimulando-os, compreendendo-os. Nem sempre é fácil, mas é indispensável.

Os jovens de hoje não gostam muito de ordens, mas aceitam muito bem a autoridade de quem os ama e compreende. Apreciam imenso que os ouçam e que a sua opinião também conte.

Claro, falamos no geral, pois tada a gente sabe que cada caso é um caso.

Mas penso que devemos parar e reflectir que a educação dos adolescentes passa muito pelo coração. Ora se tivermos um coração de pedra, eles fogem.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

É andaço, é andaço!

Não li jornais, não vi televisão, não acessei à internet durante os dias que estive nos Açores. Por opção, mas também por indisponibilidade de meios e de tempo. Procurei hoje "actualizar-me" na medida do possível. E até gostei de saber das vitórias do meu FCP nos jogos de preparação.

Das conversas que fui tendo com os açorianos, nas poucas vezes em que a política veio à tona, apercebi-me do mesmo descontentamento, da mesma desilusão, da mesma insatisfação que reina acerca do "socratismo" que nos (des)governa. Nem o facto de o Presidente do Governo Regional dos Açores ser socialista lhes atenua o desencanto.

Um senhor já entradote na idade, desabafa a determinada altura: " É demais. Nem oposição existe em condições! Parece que estão todos feitos uns com os outros e o povo que se lixe." Ao lado, outro cavalheiro destila, convicto: " Um Sá Carneiro dos tempos actuais chamava a isto um figo! Dava cá uma corrida a estes politiquitos nas urnas que até sumiam de vergonha! E olhem que até votei nestes...."
Numa das casas de banho de uma determinada estação de serviço, estava escrito a letras garrafais: "O Sócrates pôs-nos a todos na..." E em noutro lado do mesmo cubículo: "Sócrates nunca mais!"
Em todo o lado, das mais diversas maneiras, o mesmo descontentamento, a mesma revolta, a mesma insatisfação. Claro, em surdina, não vá o diabo tecê-las. É que está bem viva na memória de todos aquela cena do professor que trabalhava na Direcção-Geral da Educação do Norte...

Gostei

Gostei de acompanhar os nossos escuteiros aos Açores. Eles são muito, mesmo muito interessantes.
Gostei de estar também com as outras pessoas.
Muito obrigado pela vossa companhia e amizade.
Desculpem por alguma coisa menos boa.
Aquele abraço para todos.

Mons. Júlio da Rosa

Em cada dia, antes da oração da manhã, repetíamos o pensamento: "Não queremos férias de Deus, mas queremos férias com Deus."
No domingo passado, participámos na Eucaristia na Igreja de Nossa Senhora das Angústias, paroquial da cidade da Horta. Por gentileza do Pároco, Monsenhor Júlio da Rosa, presidi à Eucaristia, enquanto a nossa gente tomou parte activa, especialmente nas leituras.

Mons. Júlio tem 83 anos e está em pleno exercício das suas funções paroquiais, que exerce nesta paróquia há 58 anos.
É uma figura simpatiquíssima. Deu-nos as boas vindas e fez questão de tirar uma fotografia connosco.
Disse-me que, apesar da idade, se sentia bem e entusiasmado, acrescentando:
"- Tenho aqui leigos maravilhosos que fazem quase tudo. Na caridade, na catequese, com os jovens, na liturgia eles são muito trabalhadores."
E acrescentou:
"- Há tempos um colega disse-me que estava na hora de descansar".
Respondi que ainda tinha umas coisas para fazer. Ao que ele me respondeu:
"- Ó júlio, deixa alguma coisa para os outros fazerem..."
E riu largamente.
Disse depois que era difícil a substituição dado não haver padres.