quarta-feira, 24 de outubro de 2007

ONDE ESTÃO OS LEIGOS NA VIDA DA IGREJA?

Estão muitos, felizmente. Na catequese, na acção sócio-caritativa, nos grupos jovens, nos movimentos, nas irmandades e associações, nos conselhos pastorais e económicos, na liturgia...
Mas não estão todos. Muito longe disso. Mesmo muito!
Há tantos cristãos que continuam a fazer da Igreja "um supermercado de sacramentos!" Só aparecem para baptizar, casar e nos momentos fúnebres.
Há tantos leigos que são apenas "consumidores", nunca dinamizadores. Logo que "faça as minhas orações e assista à missa, já está tudo bem". Participar? Assumir? Dar "o corpo ao manifesto"? Tá quieto!...
Há tantos cristãos que se pelam por procissões com muitos andores e muitos anjinhos, mas que na hora da Eucaristia ficam em casa ou no café.
Há os cristãos "fatimitas". Vão a Fátima - muitas vezes em longas caminhadas a pé -, fazem promessas, acendem velas, participam na procissão de velas, alguns até se confessam, mas regressam à sua terra vazios de compromisso cristão. Não participam, nada fazem pela comunidade, nem na Eucaristia dominical estão...
Há ainda muitos cristãos que participam na vida da Igreja, dão o seu contributo, mas revelam ausência de critérios evangélicos. Estão aqui como numa assembleia de freguesia ou numa associação civil.
Há muitos cristãos que movem montanhas para poderem ter mais uma imagem no seu povo, mas que nunca aceitam um convite para uma acção de formação, como um curso bíblico...
Não serão os leigos muito mais capacitados para cuidar, preservar e melhorar o património cristão? Não estarão mais preparados para levar em frentes as obras materiais de que a comunidade precisa? Por que razão não assumem e estão sempre "dependurados" no padre? Mas foi para ser construtor e gestor que o sacerdote estudou e se preparou?

Reconheço que muitos padres estarão ainda agarrados a um estilo clerical que tudo quer controlar. O que, na minha humilde opinião, não é nada salutar nem eclesial.
Mas é interessante. Quando o padre é controlador, aqui-del-rei que ele quer abarcar tudo, não dá espaço a ninguém. Mas se procura que os leigos participem e assumem, então ou já não querem ou ... o padre não quer fazer nada, só quer que os outros trabalhem...

Isto para não falar que é próprio dos leigos a secularidade, levar Jesus Cristo ao mundo onde se movem. Estão por evangelizar tantos ambientes! A começar pela família, continuando pelo mundo do trabalho, do divertimento, da cultura, da política, da comunicação social.
Há um oceano a separar a fé que se diz professar e o testemunho dessa mesma fé.
Em Portugal, a percentagem de católicos é de 89,9% - 9,35 milhões de católicos para uma população de 10,4 milhões de pessoas. Então como se pode compreender que o SIM ao aborto tenha sido vencedor no último referendo? Não será este dado um claro testemunho de uma fé sem compromissos???

Acredito e espero que, com determinação e serenidade, havemos de conseguir alargar o âmbito da missão a todos.

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