terça-feira, 9 de outubro de 2007

O "NUNCAESTÁ"

Havia numa terra um cavalheiro conhecido pelo "Nuncaestá".
Realmente nunca estava bem onde estava e queria sempre estar onde não estava.
Quis ser presidente do clube de futebol. Foi eleito, mas passado pouco tempo, já não se sentia bem. As pessoas criticavam, tinha dissabores, aquilo era complicado. Saiu.
Foi preciso alguém que chefiasse o clube desportivo da terra vizinha. Então ofereceu-se, "agora é que vai ser, os da minha terra não valem nada." Um tempo depois, debandou, porque era chato, não se sentia bem, as pessoas só criavam problemas...
Pediram-lhe que integrasse a Comissão da Igreja. Ficou feliz, aderiu com toda a garra, parecia que agora é que ia ser... Logo a seguir deixou de aparecer, desistiu, "não estou para aturar os outros, aquilo tira-me muito tempo, tenho mais que fazer".
Abriu-se uma vaga para trabalhar na Câmara. Concorreu e ficou. "Era isto mesmo que eu queria." Nos primeiros dias parecia a pessoa certa para o lugar certo, tal o empenho e acerto com que executava as suas funções. Sol de pouca dura. Logo depois, chateou-se. "Não estou para aturar as manias dos políticos... os colegas são mexeriqueiros, vou-me embora."
Já bem trintão apaixonou-se. "Esta é que é a mulher da minha vida. Com ela vou ser feliz, pois é a parceira com quem sempre sonhei." Durou pouco a lua-de-mel. "Não me devia ter casado, não tenho vocação para aturar uma mulher. Solteiro é que eu estava bem"

Não é muito parecida a situação de muitas pessoas, nossas conhecidas? Só estão bem onde não estão, só querem o que não querem.
Esta instabilidade leva a algum lado? Algum dia esta gente pode ser feliz e fazer alguém feliz?
Penso que o actual quadro educativo, quer no âmbito familiar, quer no que concerne à escola e à sociedade, contribui muito para este vazio de alma. destituído de valores sedimentados, deixa a pessoa ao sabor dos seus caprichos, do seu relativismo, dos seus humores.
Então em vez de termos pessoas que sabem o que querem, temos borboletas, saltitando de flor em flor à procura de um néctar mais forte, capaz de lhes fazer esquecer o fracasso anterior.

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