quinta-feira, 28 de novembro de 2019

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

“Vamos dar tempo ao tempo”

PARAR PARA REFLECTIR
Resultado de imagem para Jorge Jesus ganha a libertadores
Estamos sempre a aprender!... No jogo da Taça dos Libertadores da América Latina, realizado no dia 24 de Novembro de 2019, a equipa de futebol do Flamengo (Rio de Janeiro), liderada pelo treinador português Jorge Jesus, saiu vencedora em Lima (Perú)! Foi uma ‘loucura’ para os adeptos do Flamengo e uma ‘honra’ para os portugueses pelo feito alcançado pelos jogadores do Flamengo com o seu treinador Jorge Jesus e a sua equipa técnica. Foi uma honra para todos nós, portugueses, vermos o Jorge Jesus ‘passear’ com a nossa bandeira nacional, no ambiente da festa!...
Eu assisti a uma grande parte deste evento importante, a nível desportivo mundial. E aproveitei uma grande lição que fica para a história, vinda das palavras que Jorge Jesus proferiu sobre o seu futuro: “Sobre o futuro, Jorge Jesus deixou tudo em aberto: «Estou apaixonado pelo Flamengo, mas a minha vida é esta e as paixões passam com o tempo. Vamos dar tempo ao tempo, como também diz a música da Mariza.»
Reparemos: “A minha vida é esta e as paixões passam com o tempo”... Só o Jorge Jesus é que poderá explicar o verdadeiro sentido desta expressão... Mas também nos é permitido tecer algum comentário a esta grande verdade: “as paixões passam com o tempo”... Expressão ou frase simples, mas muito rica da conteúdo... Fica ao critério de cada um pensar bem na realidade de que as ‘paixões passam com o tempo’... Aprendo a viver com os pés bem assentes na terra e centrar-me mais no que é essencial e perene na minha vida... O resto, tudo passa com o tempo!... E quem não está preparado para esta realidade, pode vir a sofrer desgostos mortíferos!... Aprendamos a viver felizes com o que o dia a dia nos presenteia, preparando o futuro que desconhecemos...
E “vamos dar tempo ao tempo”, disse de seguida o Jorge Jesus. Pois é: a frase também tem muito que se lhe diga, pois não somos nós que damos tempo ao tempo... O tempo ‘encarrega-se’ do tempo presente e futuro... E nós, envolvidos no tempo presente, nem sempre tempo temos para pensar no tempo futuro... Diz o nosso povo, ou o aforismo clássico, que “o tempo a Deus pertence”! Vivamos felizes o momento (tempo presente) pois nisso reside a felicidade! A felicidade, já o disse várias vezes, consiste em vivermos intensamente o momento (tempo presente) ou o ‘hoje’ de que nos fala a Sagrada Escritura!... Assim sendo, aprendamos a ‘contornar’ todas as situações adversas e dolorosas que o tempo nos presenteia!...

João A Bezerra, Facebook

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

STOP, VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

25 de novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
STOP, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!!!
Este ano já morreram mais de 30 mulheres vítimas de violência doméstica.
Esta data serve para alertar a sociedade para os vários casos de violência contra as mulheres, nomeadamente casos de abuso ou assédio sexual, maus tratos físicos e psicológicos.
A violência doméstica contra as mulheres é transversal a todas as condições e a todos os estratos sociais e económicos.
É tempo de não permitirmos mais que este horror continue! Não se cale, denuncie!

sábado, 23 de novembro de 2019

O padrinho do noivo

Resultado de imagem para noivos de costas
Era o padrinho do noivo. Era a pessoa que se encontrava mais perto do noivo na hora da comunhão que distribuí nas duas espécies, a espécie do pão e a espécie do vinho. Eh lá, não mames tudo, disse, que é como dizer ‘não bebas tudo’. Não me recordo se também disse para deixar para os outros. Talvez tivesse dito. É comum a observação. Mas distraí-me nas palavras. Era o padrinho do noivo. Típico padrinho que é apenas um amigo dos copos. Serve bem como testemunha, é certo. Os padrinhos de casamento são apenas testemunhas do casamento. Assinam como testemunhas. Não têm, portanto, senão que testemunhar que o acto aconteceu. Não precisam requisitos especiais. Mas dizer isso no meio da cerimónia de casamento, em voz audível o suficiente para que alguns se deixassem rir, e enquanto o noivo comunga o Sangue do Senhor, é o mesmo que banalizar toda a cerimónia ou transformá-la num acto de aparência e de adorno de festa. Por mais engraçado que tenha sido. Por mais cool que tenha sido. É transformar a comunhão do Senhor, na espécie do vinho, em mais um copo numa noite de copos. É transformar a Última Ceia numa Tainada à boa maneira do norte.
Fonte: aqui

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

SIMÃO PEDRO, Testemunho e memória do discípulo de Jesus Cristo

O presente livro da autoria de Mons. Arnaldo Pinto Cardoso, é, antes de mais, um testemunho, fruto de uma meditação sobre o testemunho de vida do Apóstolo. Ao longo dos vários anos de estadia romana, o “facto de Pedro” impôs-se ao autor quase quotidianamente, sob as mais diversas manifestações: história, arte, religião, cultura, teologia, exegese, liturgia, arqueologia, vida eclesial.


Pelas 15.30h do dia 8 de dezembro de 2019,  este Livro será apresentado ao Público na Igreja Paroquial de Tarouca.
Com a presença do autor, Mons. Arnaldo Cardoso, do Bispo de Lamego, D. António Couto, da Dr.a Zita Seabra e da Editora. Contará também com a atuação do Coro Benedictus.
É um momento cultural do maior interesse.
S. Pedro é uma figura incontornável da nossa fé, da nossa cultura, da nossa identidade.
Venha conhecer melhor o GRANDE APÓSTOLO.
Venha viver um bom momento cultural que o vai fazer sentir-se bem.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Morreu José Mário Branco


Morreu José Mário Branco, uma das vozes maiores da música de intervenção. "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" é um dos seus maiores êxitos.
Tinha 77 anos e era um dos ícones da canção da intervenção no ante e pós 25 de Abril de 1974.
Foi forçado a exilar-se em França em 1963 por força das perseguições que lhe moveu a polícia política, tendo regressado depois da revolução dos cravos.
(Armando Rica)


José Mário Branco, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais, o grande Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros mais…
Músicas que rondaram a minha juventude e a puxaram para o sonho. Mesmo que ideologicamente divergisse deles.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

No encerramento da Semana dos Seminários, celebra-se o III Dia Mundial dos Pobres

Resultado de imagem para D. Helder Câmara
D. Hélder Câmara
D. Manuel Martins
Padre Américo, fundador do Gaiato
Padre Pio de Pietrelcina
Papa João XXIII
Papa Francisco
Padre Aníbal Rebelo Bastos
P.e Daniel Comboni
Etc, etc, etc
Apenas um grupinho entre o infindável número de sacerdotes apaixonados pelos pobres e sofredores. Lute-se sem cessar contra a pobreza e a miséria, mas salve-se sempre o pobre.
Uma homenagem justa e grata a tantos e tantos sacerdotes que fizeram da dignidade humana um lema da vida, lutando por ela onde é especialmente espezinhada: pobres, doentes, marginalizados…
Neste Mês das Almas, é sempre bom recordar a cada homem e a cada mulher: "Desta vida, só levamos o que damos, nunca o que temos."

terça-feira, 12 de novembro de 2019

"Só é feliz quem segue a sua vocação"

Semana dos Seminários. Entrava numa das capelas da paróquia para a celebração da Eucaristia. Num dos bancos vi uma avó ajoelhada diante do sacrário. A seu lado, um netinho ajoelhava também. A mesma postura, a mesma elevação, a mesma serenidade. Encantador.
Hoje os avôs são "louquinhos" pelos netos. Ainda bem.
Resultado de imagem para avó e neto a rezar na Igreja
Levam-nos à escola, ficam com eles em casa na ausência dos pais, mimam-nos, dão-lhes prendinhas, fazem-lhes as comidas de que gostam, passeiam com eles, brincam, contam histórias… Tudo bonito.
Só que para muitos avós cristãos isso não chega. Falta o melhor. Falta Deus.
Os pais, refugiam-se nos muitos trabalhos. Andam muitas vezes demasiado ocupados com o mundanismo, esquecendo o importante: a educação cristã dos filhos, que passa, em primeiro lugar, pelo testemunho.
É nestas circunstâncias que os avós - pais duas vezes - devem levar muito a sério a educação cristã dos netos, que passa, desde o berço, pela abertura ao transcendente. Pela experiência de admiração e contemplação do divino. Pela oração. Pelo elementar conhecimento da História da Salvação.
Uma avó, que costumava ficar algumas noites com um netinho seu, contou-me que, ao adormecer o pequeno, lhe contava uma história bíblica. O miúdo ficava fascinado e queria sempre mais uma, afirmando: "Vovó, as tuas histórias são muito mais giras do que as do papá e da mamã!"
A voz de Deus escuta-se no coração. Como se pode ouvi-l'O  se não estamos habituados à sua voz? Se a voz de Deus é pura e simplesmente desconhecida? A habituação à voz de Deus começa a partir do berço.
"Só é feliz quem segue a sua vocação", diz o povo. Então se os pais e os avós querem filhos e netos felizes, habituem-nos a escutar a voz do Senhor, entusiasmem-nos a segui-la, ajudem-nos, seja qual for o caminho a que os Senhor os chame e não aquele que gostavam que seguisse.
E se Deus chamar o seu filho/neto ao sacerdócio e ele não escutar porque você não soube ser despertador?
Pense nisso.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Crise vocacional na Igreja

Há falta de vocações sacerdotais e de consagração em muitos locais do mundo. É o caso de Portugal.
Cada vez mais paróquia a cargo do mesmo pároco. Mosteiros e conventos que fecham. Casas religiosas que encerram.
Perante a crise, muitos pugnam pelo regresso de velhas e bafientas receitas que a História guarda no baú. Como se fosse possível o "tempo voltar atrás" ou como se quisessem guardar "vinho novo em odres velhos".
A mensagem bíblica aponta noutra direção. Para tempos novos, respostas novas. Ouçamos Cristo: «Quando vedes uma nuvem levantar-se do poente, dizeis logo: 'Vem lá a chuva'; e assim sucede. E quando sopra o vento sul, dizeis: 'Vai haver muito calor'; e assim acontece. Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis reconhecer o tempo presente?» (Mt 16,1-4)
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas…" (Ap 2,7)


 Há sinais que apontam para respostas novas. O último Sínodo sobre a Amazónia propôs ao Papa que, para aquela zona do mundo, pudessem ser ordenados padres diáconos casados. O Papa anunciou em finais de outubro a reabertura de comissão para debater diaconado feminino.
A meu ver, falta ainda que a Igreja como um todo, valorize mais e mais a missão dos leigos e que estes queiram assumir o seu serviço na comunidade eclesial e no mundo. Nisso o Concílio Vaticano II foi claro. Penso que passará muito por este campo a Igreja dos tempos atuais e futuros.
Numa família, quando um familiar está doente, incapacitado, ausente, os outros membros, na medida do possível e sempre que possível, procuram supri-lo.
Leigos, que são Igreja pelo batismo, têm um enorme e belo desafio pela frente. Que tenham todo o apoio, confiança e incentivo da hierarquia. Que despertem para a sua nobre missão! Menos clericalização e mais comunidade.
Nesta Semana dos Seminários, temos consciência de que todos somos Igreja?
Se as vocações sacerdotais e de consagração são indispensáveis, também é indispensável a vocação laical.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

III DIA MUNDIAL DOS POBRES

17 DE NOVEMBRO DE 2019
«A esperança dos pobres jamais se frustrará»
Resultado de imagem para dia mundial dos pobres
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O III DIA MUNDIAL DOS POBRES
1. «A esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sal 9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da vida será restabelecida.
O salmista descreve a condição do pobre e a arrogância de quem o oprime (cf. Sal 10, 1-10). Invoca o juízo de Deus, para que seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade (cf. Sal 10, 14-15). Parece ecoar nas suas palavras uma questão que atravessa o decurso dos séculos até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigualdade? Como pode permitir que o pobre seja humilhado, sem intervir em sua ajuda? Por que consente que o opressor tenha vida feliz, enquanto o seu comportamento haveria de ser condenado precisamente devido ao sofrimento do pobre?
No período da redação do Salmo, assistia-se a um grande desenvolvimento económico, que acabou também – como acontece frequentemente – por gerar fortes desequilíbrios sociais. A desigualdade gerou um grupo considerável de indigentes, cuja condição aparecia ainda mais dramática quando comparada com a riqueza alcançada por poucos privilegiados. Observando esta situação, o autor sagrado pinta um quadro realista e muito verdadeiro.
Era o tempo em que pessoas arrogantes e sem qualquer sentido de Deus espiavam os pobres para se apoderar até do pouco que tinham, reduzindo-os à escravidão. A realidade, hoje, não é muito diferente! A numerosos grupos de pessoas, a crise económica não lhes impediu um enriquecimento tanto mais anómalo quando confrontado com o número imenso de pobres que vemos pelas nossas estradas e a quem falta o necessário, acabando por vezes humilhados e explorados. Acodem à mente estas palavras do Apocalipse: «Porque dizes: “sou rico, enriqueci e nada me falta”, e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu?» (3, 17). Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem respeito ao passado, mas ao nosso presente submetido ao juízo de Deus.
2. Também hoje devemos elencar muitas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças.
Todos os dias encontramos famílias obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; órfãos que perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração brutal; jovens em busca duma realização profissional, cujo acesso lhes é impedido por míopes políticas económicas; vítimas de tantas formas de violência, desde a prostituição à droga, e humilhadas no seu íntimo. Além disso, como esquecer os milhões de migrantes vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e a igualdade? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas das nossas cidades?
Quantas vezes vemos os pobres nas lixeiras a catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou vestir! Tendo-se tornado, eles próprios, parte duma lixeira humana, são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo. Aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desânimo: simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou incapazes.
Drama dentro do drama, não lhes é consentido ver o fim do túnel da miséria. Chegou-se ao ponto de teorizar e realizar uma arquitetura hostil para desembaraçar-se da sua presença mesmo nas estradas, os últimos espaços de acolhimento. Vagueiam duma parte para outra da cidade, esperando obter um emprego, uma casa, um afeto… Qualquer possibilidade que eventualmente lhes seja oferecida, torna-se um vislumbre de luz; e mesmo nos lugares onde deveria haver pelo menos justiça, até lá muitas vezes se abate sobre eles violentamente a prepotência. Constrangidos durante horas infinitas sob um sol abrasador para recolher a fruta da época, são recompensados com um ordenado irrisório; não têm segurança no trabalho, nem condições humanas que lhes permitam sentir-se iguais aos outros. Para eles, não existe fundo de desemprego, liquidação nem sequer a possibilidade de adoecer.
Com vivo realismo, o salmista descreve o comportamento dos ricos que roubam os pobres: «Arma ciladas para assaltar o pobre e (…) arrasta-o na sua rede» (cf. Sal 10, 9). Para eles, é como se se tratasse duma caçada, na qual os pobres são perseguidos, presos e feitos escravos. Numa condição assim, fecha-se o coração de muitos, e leva a melhor o desejo de desaparecer. Em suma, reconhecemos uma multidão de pobres, muitas vezes tratados com retórica e suportados com fastídio. Como que se tornam invisíveis, e a sua voz já não tem força nem consistência na sociedade. Homens e mulheres cada vez mais estranhos entre as nossas casas e marginalizados entre os nossos bairros.
3. O contexto descrito pelo salmo tinge-se de tristeza, devido à injustiça, ao sofrimento e à amargura que fere os pobres. Apesar disso, dá uma bela definição do pobre: é aquele que «confia no Senhor» (cf. 9, 11), pois tem a certeza de que nunca será abandonado. Na Escritura, o pobre é o homem da confiança! E o autor sagrado indica também o motivo desta confiança: ele «conhece o seu Senhor» (cf. 9, 11) e, na linguagem bíblica, este «conhecer» indica uma relação pessoal de afeto e de amor.
Encontramo-nos perante uma descrição verdadeiramente impressionante, que nunca esperaríamos. Assim faz sobressair a grandeza de Deus, quando Se encontra diante dum pobre. A sua força criadora supera toda a expetativa humana e concretiza-se na «recordação» que Ele tem daquela pessoa concreta (cf. 9, 13). É precisamente esta confiança no Senhor, esta certeza de não ser abandonado, que convida o pobre à esperança. Sabe que Deus não o pode abandonar; por isso, vive sempre na presença daquele Deus que Se recorda dele. A sua ajuda estende-se para além da condição atual de sofrimento, a fim de delinear um caminho de libertação que transforma o coração, porque o sustenta no mais profundo do seu ser.
4. Constitui um refrão permanente da Sagrada Escritura a descrição da ação de Deus em favor dos pobres. É Aquele que «escuta», «intervém», «protege», «defende», «resgata», «salva»… Em suma, um pobre não poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração. É Aquele que faz justiça e não esquece (cf. Sal 40, 18; 70, 6); mais, constitui um refúgio para o pobre e não cessa de vir em sua ajuda (cf. Sal 10, 14).
Podem-se construir muitos muros e obstruir as entradas, iludindo-se assim de sentir-se a seguro com as suas riquezas em prejuízo dos que ficam do lado de fora. Mas não será assim para sempre. O «dia do Senhor», descrito pelos profetas (cf. Am 5, 18; Is 2 – 5; Jl 1 – 3), destruirá as barreiras criadas entre países e substituirá a arrogância de poucos com a solidariedade de muitos. A condição de marginalização, em que vivem acabrunhadas milhões de pessoas, não poderá durar por muito tempo. O seu clamor aumenta e abraça a terra inteira. Como escrevia o Padre Primo Mazzolari: «O pobre é um contínuo protesto contra as nossas injustiças; o pobre é um paiol. Se lhe ateias o fogo, o mundo vai pelo ar».
5. Não é possível jamais iludir o premente apelo que a Sagrada Escritura confia aos pobres. Para onde quer que se volte o olhar, a Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário para viver, dependem dos outros. São o oprimido, o humilde, aquele que está prostrado por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus não teve medo de Se identificar com cada um deles: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a revelação. O Deus que Jesus quis revelar é este: um Pai generoso, misericordioso, inexaurível na sua bondade e graça, que dá esperança sobretudo a quantos estão desiludidos e privados de futuro.
Como não assinalar que as Bem-aventuranças, com que Jesus inaugurou a pregação do Reino de Deus, começam por esta expressão: «Felizes vós, os pobres» (Lc 6, 20)? O sentido deste anúncio paradoxal é precisamente que o Reino de Deus pertence aos pobres, porque estão na condição de o receber. Encontramos tantos pobres cada dia! Às vezes parece que o transcorrer do tempo e as conquistas da civilização, em vez de diminuir o seu número, aumentam-no. Passam os séculos, e aquela Bem-aventurança evangélica apresenta-se cada vez mais paradoxal: os pobres são sempre mais pobres, e hoje são-no ainda mais. Mas, colocando no centro os pobres ao inaugurar o seu Reino, Jesus quer-nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou-nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos.
6. Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de salvação. A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização. A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que os seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma intimidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 183).
Recentemente, choramos a perda dum grande apóstolo dos pobres, Jean Vanier, o qual, com a sua dedicação, abriu novos caminhos à partilha promotora das pessoas marginalizadas. Jean Vanier recebeu de Deus o dom de dedicar toda a sua vida aos irmãos com deficiências profundas, que muitas vezes a sociedade tende a excluir. Foi um «santo da porta ao lado» da nossa; com o seu entusiasmo, soube reunir à sua volta muitos jovens, homens e mulheres, que, com o seu empenho diário, deram amor e devolveram o sorriso a tantas pessoas vulneráveis e frágeis, oferecendo-lhes uma verdadeira «arca» de salvação contra a marginalização e a solidão. Este seu testemunho mudou a vida de muitas pessoas e ajudou o mundo a olhar com olhos diferentes para as pessoas mais frágeis e vulneráveis. O clamor dos pobres foi ouvido e gerou uma esperança inabalável, criando sinais visíveis e palpáveis dum amor concreto, que podemos constatar até ao dia de hoje.
7. «A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora» (ibid., 195), é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho.
O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia Mundial e sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em iniciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias, devem tender a aumentar em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se encontra em dificuldade. «Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação» (ibid., 199) pelos pobres, buscando o seu verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a aumentar um bem-estar superficial e efémero. Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus.
A esperança comunica-se também através da consolação que se implementa acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um compromisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos concedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um ato de amor gratuito que não procura recompensa.
8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos pobres, peço para crescerem na sua dedicação. Queridos irmãos e irmãs, exorto-vos a procurar, em cada pobre que encontrais, aquilo de que ele tem verdadeiramente necessidade; a não vos deter na primeira necessidade material, mas a descobrir a bondade que se esconde no seu coração, tornando-vos atentos à sua cultura e modos de se exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diálogo fraterno. Coloquemos de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas, fixemos o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual» (ibid., 200).
Antes de tudo, os pobres precisam de Deus, do seu amor tornado visível por pessoas santas que vivem ao lado deles e que, na simplicidade da sua vida, exprimem e fazem emergir a força do amor cristão. Deus serve-se de tantos caminhos e de infinitos instrumentos para alcançar o coração das pessoas. É certo que os pobres também se aproximam de nós porque estamos a distribuir-lhes o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor...
9. Por vezes, basta pouco para restabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.
Aos olhos do mundo, é irracional pensar que a pobreza e a indigência possam ter uma força salvífica; e, todavia, é o que ensina o Apóstolo quando diz: «Humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus» (1 Cor 1, 26-29). Com os olhos humanos, não se consegue ver esta força salvífica; mas, com os olhos da fé, é possível vê-la em ação e experimentá-la pessoalmente. No coração do Povo de Deus em caminho, palpita esta força salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa verdadeira peregrinação de conversão para reconhecer os pobres e amá-los.
10. O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos O invocam; «não esquece o clamor dos pobres» (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza não lhe tira a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma ser-lhe-á restabelecida plenamente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente à sorte dos seus filhos mais frágeis; pelo contrário, observa as suas fadigas e sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá-lhes força e coragem (cf. Sal 10, 14). A esperança do pobre torna-se forte com a certeza de que é acolhido pelo Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica revigorado no coração para continuar a amar (cf. Sal 10, 17).
Aos discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes impõe para serem evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de esperança. A todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança e conforto aos pobres, peço que se empenhem para que este Dia Mundial possa reforçar em muitos a vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade. Acompanhem-nos as palavras do profeta que anuncia um futuro diferente: «Para vós, que respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios» (Ml 3, 20).
Vaticano, na Memória litúrgica de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2019.
Francisco

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Bodas de Prata Matrimoniais

5 de novembro. Capela dos Esporões. O Miguel e a Daniela celebraram os seus 25 anos de Matrimónio.
Havíamos conversado. Não queriam nada de espectacular. Tudo muito simples, familiar, próximo. Na missa semanal na capela dos Esporões. "Mas se não der, vamos a outro lado onde haja Eucaristia nesse dia", afirmaram.
Assim foi. Com a presença dos familiares que puderam marcar presença e com as pessoas que foram à Eucaristia.
A coordenadora do Coral das 11h, com um grupinho de pessoas, apareceram. Uma surpresa para o casal. A mãe do "noivo" proclamou a Leitura.
Na breve homilia, o pároco falou da beleza do namoro na vida de todo o casal; da importância do serviço de todos para o bem da família onde não há senhores nem servos, mas a dignidade da pessoa humana que o amor conjugal enleva; da fundamentalidade de Deus origem e fonte de todo o amor. Amor conjugal sem Deus e sem serviço à comunidade transforma-se em charco de água estagnada que apodrece…
No final, todos cumprimentaram o casal em Bodas de Prata e entoou-se o Parabéns a Você, que se veio a repetir em relação ao Armindo, presente na celebração, e que fazia anos de nascimento.
Cerimónia simples, acolhedora, bonita.
Parabéns a este casal. Que nunca se esqueça de lutar por ser feliz.
Como é bom celebrar um amor sem prazos de duração!

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Na Igreja: OS ULTRA-CONSERVADORES E OS FUNDAMENTALISTAS


Resultado de imagem para liturgia antiga
Não é só a Religião Islâmica que tem fundamentalistas. No Catolicismo também os há. Com uma diferença: os fundamentalistas católicos não usarão  armas nem o terrorismo dos atentados e das guerras… Refiro-me a católicos.
É um dos assuntos que mais me preocupa nos tempos atuais. A existência de grupos ultraconservadores e, pior ainda, fundamentalistas. Julgam-se os "os bons católicos". Os outros são hereges, comunistas, marxistas, maçons, mundanos, infiéis. São grupos aguerridos e que fazem das novas tecnologias o seu campo de batalha. Grupos pequenos, mas que querem fazer passar a mensagem de que são a maioria.
Perdoem-me a impressão. Mas tudo aquilo que Jesus condenou nos fariseus do seu tempo, revejo na atuação destes pequenos grupos.
Com a devida vénia, transcrevo um texto que aborda este tema, de premente atualidade. Peço a sua leitura.

"O substantivo ou adjectivo, como lhe quiserem chamar, não é da minha autoria. Chamam-se ultras àquelas pessoas que, por algum motivo e em determinado aspecto, são extremistas ou radicais. Ouso chamar ultras àqueles católicos de uma ala extremamente conservadora e que têm atacado veementemente o Papa Francisco e grande parte das suas opções, posturas, discursos e documentos, indiciando que estão contra a doutrina e contra a Igreja. 
Os ultras são, na sua maioria, gente que gosta de se pensar como uma elite. Cardeais, ou parecidos, que adoram longas caudas e longas vénias, vestes bordadas e de marca, autênticos príncipes e princesas da Igreja instituição. Padres e quase padres, ou leigos que parecem mais que padres, e citam de cor o catecismo, Tomás de Aquino, documentos e papas de séculos passados. Os argumentos são quase sempre citações ou passagens da história caducada. Também citam a Bíblia, como arma de arremesso, porque a Bíblia diz assim e assado. Porém, apenas utilizam passagens e versículos que justificam, literalmente, as suas investidas. Parece gente formada. Mas é mais enformada que formada. Mais manipulada que formada. Aliás, utiliza muito esse estratagema da manipulação. E segue líderes interesseiros que não estão dispostos a perder o seu status quo. Gente que se acha dona do Espírito Santo e sabe a vontade de Deus, em primeira mão. 
Arrogam-se o direito de atacar quem quer que tenha opinião diferente da sua ou que ponha em causa a pretensa doutrina ou as normas morais. Nem que seja o Sumo Pontífice. Ou seja, o responsável máximo da mesma Igreja que tanto defendem. São integristas, donos da verdade, e veem inimigos em tudo e em todos. Porque todos os outros são impuros. Não fazem parte do grupo dos puros. Vade retro. 
São católicos que estagnaram numa fase da história da Igreja que já lá vai, mas que querem ressuscitar. Na esperança de que haja uma nova ressurreição. Não a de Jesus. Mas a da Igreja que desfaleceu. Gente que não quer ver os sinais dos tempos e se sente ofendida que alguém o faça. Gente que se acha a mais católica do mundo e que faz juras de fidelidade à mãe Igreja. Na sua boca, fica-se, muitas vezes com a sensação de que é Deus que serve a Igreja e não a Igreja a Deus. 
Gente que me faz lembrar os fariseus hipócritas do tempo de Jesus que viviam para cumprir coisas, rituais, preceitos, sem que isso interferisse realmente no mais íntimo das suas vidas, o coração. Conjunto de gentes que gostam de se chamar comunidades, embora sejam mais guetos fechados sobre si mesmos, que vivem mais para manter as crenças dogmáticas do que a simplicidade da fé e do amor salvador e misericordioso de Deus. Gente que é capaz de adorar a Deus, mas não tenho a certeza de que O amem."
Fonte: aqui

sábado, 2 de novembro de 2019

COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS

A imagem pode conter: planta, flor, ar livre e natureza
Há pessoas que "habitam" sempre dentro de nós, porque hoje somos. Outras há, que passaram por nós e que sempre " vão ficar".
 
Que é morrer
senão erguer-se nu ao vento...

e fundir-se com o sol?
Que é deixar de respirar
senão libertar o sopro
das incessantes marés
para poder elevar-se e expandir-se
e buscar Deus sem barreiras.
Se verdadeiramente quereis contemplar
o espírito da morte,
abri de par em par o vosso coração
ao corpo da Vida.
Porque a vida e a morte
são uma só coisa,
como são uma só coisa
o rio e o mar.
E como as sementes
que sonham debaixo da neve
o vosso coração sonha com a primavera.
confiai nos sonhos,
porque neles se oculta
a porta da eternidade.

 
Khalil Gibran, in O Profeta