sábado, 30 de dezembro de 2023

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Boas Festas Natalícias! Que os "presépios" não sejam vistos só nesta altura...

Natal é quando um homem quiser... ENXERGAR!
Nesta altura do ano, é tudo muito melífluo, muito macio ... Muita paz, muita harmonia, muito afeto, muitas mensagens de Natal carregadas de boas e agradáveis palavras... Parece um campeonato para ver quem faz o melhor arranjo gráfico ou verbal.
Mas Natal é algo muito mais sério e vital. É Deus que nasce num curral de animais! É Deus que desce ao fundo da nossa miséria e limitação! É Deus que nos leva muito a sério para nós levarmos a sério a sua proposta de libertação da humanidade!
Na esperança de que as belas palavra de circunstancia desta época natalícia se transformem em compromisso sério e vivencial em prol da libertação de todas as espécies de pobreza,
desejo-lhe um Santo e Feliz Natal!

sábado, 16 de dezembro de 2023

MÁSCARAS HÁ MUITAS!


Se dúvidas houvesse… as máscaras vieram para ficar. Já não para proteger de algum coronavírus, mas para facilitar, legitimar e entronizar a hipocrisia (falsidade, cinismo, oportunismo, perfídia) que grassa na maioria das relações (humanas, sociais, eclesiais…) e aproveitar o momento/oportunidade para chular ou xingar os outros. Tudo acontece numa estratégia desenhada ao pormenor, onde cada ator desfila com a máscara mais apropriada ao lugar e ao momento, aos presentes e às conveniências.

Transparência? Há-a aos rodos a envolver e revelar corpos (pre)formados ou (de)formados em solários e salões de beleza ou em ginásios e clínicas. O que realmente importa é cuidar da montra, pavonear bugigangas e títulos, e anunciar aos quatro ventos: “Estás linda! A idade não passa por ti! Que brasa! Um corpo de comer e chorar por mais! Que pão! Adoro o teu vestido! Tem tudo no sítio! Não se vê nenhuma ruga! Que músculos e abdominais!” Fantástico!
Verdade? Coerência? Depende sempre das pessoas e circunstâncias. Uns dias convém dizer bem, outros nem tanto; uns dias somos amigos de peito, outros vendem-nos nas praças e fóruns trauliteiros; uns dias juram a pés juntos verdades eternas, noutros juram que não juraram; uns dias salpicam simpatia e cortesia, noutros empestam o ambiente de tramoias, mentiras e chungarias. Sempre assertivos no uso de frases feitas e lugares comuns, repetindo à náusea encenações de gratidão ("muito obrigado de antemão") ou pedidos de desculpa ("peço desculpa, não quero ofender"). Tão santinhos e tão educados!
Altruísmo e solidariedade? Sempre, desde que partilhado nas redes sociais ou reconhecido e divulgado por quem de direito. A preocupação com o bem alheio veste contornos de autêntica heroicidade: tudo são causas e há causas para tudo, até em favor dos ditos humanos. Do incómodo de suas poltronas ou da rudeza das banheiras de massagens ressoam vozes de desagrado pela fome, injustiça, pobreza, exploração, falta de recursos e medicamentos e tanta miséria pelo mundo fora. Fica tão bem sentir à distância a dor dos outros e mandar terceiros cheirar as próprias fraldas ou as de outrem. Querer o bem dos outros é bem diferente de fazer bem aos outros, mesmo que alertados pela sabedoria popular: “Algumas pessoas querem ver-te bem, mas nunca melhor do que elas.”
Divirto-me à brava a juntar as cenas deste pungente e pujante festival de máscaras. É incrível a ginástica na encenação de papéis, sentimentos, amizades, afinidades, concordâncias, modéstias ou compaixões. É horrível darmo-nos conta da facilidade e astúcia com que muitos fazem e desfazem amizades, usam sentimentos e momentos, dizem e se desdizem, procuram se precisam e descartam se servidos, anunciam-se os melhores amigos e lambuzam-se à mesa dos piores inimigos. E então? Máscaras há muitas!
(P. António Magalhães Sousa), in Sopro e Vida - aqui

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

13 de dezembro de 2023: COMEÇARAM AS OBRAS DA CAPELA DE SANTA APOLÓNIA


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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

 


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Esperança numa nova geração de padres

Nota: Trouxe para aqui este texto para partilhar com os amigos leitores uma reflexão - embora com base na realidade americana - sobre a importância de gerações diferentes de padres na vida da Igreja. Penso que a realidade lusa é algo diferente...
Não me identifico com tudo o que aqui é dito, embora haja muita coisa com que estou de acordo.

 

No passado mês de Outubro o The Catholic Project, que eu dirijo na Universidade Católica da América, publicou os primeiros resultados da maior sondagem sobre padres católicos americanos em mais de 50 anos, o Estudo Nacional de Padres Católicos (ENPC). O primeiro relatório olhava para várias questões, incluindo se os padres estão ou não a ser bem-sucedidos (estão) e como é que a crise dos abusos, e a resposta da Igreja a essa crise, têm afectado os níveis de confiança entre padres e bispos (tem, sim, de forma negativa).

Em Novembro a nossa equipa publicou um segundo relatório, demonstrando algumas perspectivas adicionais da ENPC, olhando mais de perto para a polarização intergeracional entre o presbiterado.

Os padres mais velhos tendem a descrever-se mais como teologicamente “progressistas” e politicamente “liberais” enquanto os mais novos tendem a descrever-se como sendo teologicamente “ortodoxos” e politicamente “conservadores”.

O resultado em si não é especialmente surpreendente. Temos visto sinais a apontar nesta direcção há décadas, e estudos recentes sobre padres americanos têm demonstrado uma tendência conservadora semelhante entre jovens padres. É de notar que recentemente tanto o Papa Francisco como o Cardeal Christophe Pierre indicaram que Roma está inquieta com aquilo que considera ser uma tendência conservadora entre o clero americano mais novo.

Resumindo, o nosso estudo demonstra com provas concretas aquilo que já todos sabiam: os padres jovens americanos tendem a ser mais conservadores que os seus pares mais velhos. Mas há mais. Parece que a narrativa de que o presbiterado americano está a ser tomado de assalto por jovens conservadores não é tão simples como possa parecer à primeira vista.

Em primeiro lugar, mais do que um dilúvio triunfante de vocações conservadoras, o que os nossos dados demonstram é um colapso quase total de vocações sacerdotais entre homens que se consideram teologicamente progressistas ou politicamente liberais. Mais, esse colapso não é repentino ou recente, mas parece ser constante e contínuo, radicando nas coortes que foram ordenadas logo a seguir ao Concílio Vaticano II. Se eu fosse bispo, ou director vocacional, quereria muito poder compreender melhor este colapso.

Uma possível explicação pode ser encontrada numa homilia feita pelo já falecido Cardeal Francis George. Um quarto de século mais tarde, as suas palavras mantêm uma relevância surpreendente:

O Catolicismo Liberal é um projecto cansado. Essencialmente uma crítica, uma crítica até necessária em dada altura da nossa história, tornou-se agora parasítica de uma substância que já não existe. Revelou-se incapaz de passar a fé na sua integridade, e por isso desadequada para fomentar a entrega alegre que é pedida no casamento cristão, na vida consagrada e no sacerdócio ordenado. Já não vivifica.

Note-se que o Cardeal George disse “cansado” e não “morto”. Justamente, pode-se dizer que os anos recentes demonstraram que as notícias da morte do catolicismo liberal têm sido muito exageradas. Não obstante, se o cansaço do catolicismo liberal explica, pelo menos em parte, a quebra de vocações de certas alas na Igreja, o aviso que o Cardeal George faz sobre certo tipo de “Catolicismo conservador” é igualmente pertinente. “A resposta, porém, não se encontra num tupo de catolicismo conservador obcecado com práticas particulares e tão sectária na sua mundivisão que não pode servir de sinal de unidade para todos os povos em Cristo”.

Jesuítas americanos ordenados em 2023

Aqui, o nosso estudo revela um desvio significativo (e, penso eu, encorajador) da narrativa comum do colapso liberal e avanço conservador entre o clero. Enquanto que os padres mais novos têm muito mais tendência para se verem como politicamente conservadores do que os seus pares mais velhos, a coorte mais nova de padres americanos é também a que tem mais probabilidade de se descrever como politicamente moderada. Se a política fosse uma força motriz significativa por detrás das vocações sacerdotais “conservadoras”, então esperar-se-ia que os dados fossem bastante diferentes.

Junte-se a isto o facto de a coorte mais nova de padres ser também a mais diversa, étnica e racialmente, de todas as que sondámos e aquilo que emerge é um retrato de jovens padres americanos que contradiz muitos estereótipos persistentes. Os jovens padres americanos são mais teologicamente ortodoxos, politicamente moderados e etnicamente diversos do que qualquer coorte de padres desde antes do Concílio Vaticano II.

Se estivéssemos à procura de padres que pudessem evitar o “cansaço do catolicismo liberal” e ao mesmo tempo evitar formas de conservadorismo “obsessivo” e “sectário” – se estivéssemos com esperança de encontrar padres que fossem “sinal de unidade de todos os povos em Cristo” – então provavelmente procuraríamos uma geração de padres que, pelo menos no papel, fosse muito semelhante à geração de padres mais novos que temos hoje nos Estados Unidos.

Mas o sacerdócio, como todas as vocações, não se desenrola no papel. Tem de ser vivido por entre todas as armadilhas do mundo. Contudo, o Cardeal George também tinha algo a dizer sobre isso na sua homilia:

A resposta é, simplesmente, o Catolicismo, em toda a sua plenitude e profundidade, uma fé capaz de se distinguir de qualquer cultura e de se envolver com todas, transformando-as, uma fé alegre em todos os dons que Cristo nos quer dar e aberta a todo o mundo que ele morreu para salvar. A fé católica molda uma Igreja com muito espaço para diferentes abordagens pastorais, para discussão e debate, para iniciativas tão variadas como os povos que Deus ama. Mas, mais profundamente, uma Igreja capaz de distinguir entre aquilo que encaixa na tradição que a une a Cristo e o que é uma falsa partida ou uma tese distorcida, uma Igreja unida aqui e agora, porque é sempre una com a Igreja pelos séculos e com os santos no Céu.

O Cardeal Francis George viu claramente o que significa ser fiel, mas também unido em tempos de conflito e divisão. Os nossos jovens padres – bem como o resto de nós todos – devem ter em conta a sabedoria das suas palavras.


Stephen P. White é investigador em Estudos Católicos no Centro de Ética e de Política Pública em Washington.

(Publicado em The Catholic Thing na Quinta-feira, 30 de Novembro de 2023)

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Fonte: aqui