terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Papa critica silêncio dos media sobre «mártires» cristãos

O Papa Francisco criticou ontem no Vaticano o silêncio dos media sobre os “mártires” cristãos da atualidade e elogiou a força espiritual das pequenas Igrejas perseguidas.

“Hoje há mais [mártires] do que nos primeiros séculos, os media não o dizem porque não dá notícia, mas muitos cristãos no mundo de hoje são bem-aventurados porque são perseguidos, insultados, presos”, disse, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
O Papa sublinhou que há “muitos” cristãos na cadeia “apenas por trazer um crucifixo” ou professar a sua fé em Jesus Cristo.
“Pensemos nestes irmãos e irmãs que hoje, num número ainda maior do que nos primeiros séculos, sofrem o martírio”, insistiu.
Francisco convidou os cristãos a fazer “memória dos mártires”, dando como exemplo a experiência que viveu em Tirana, em setembro de 2014, ao ouvir testemunhos de quem foi perseguido pelo regime comunista na Albânia.
O Papa sustentou que a maior força da Igreja Católica está hoje nas “pequenas Igrejas perseguidas”.
“Esta é a nossa glória hoje. Esta é a nossa glória e a nossa força hoje”, acrescentou.
No final da sua intervenção, Francisco convidou todos a rezar pelos mártires, que “sofrem muito” e pelas Igrejas que “não são livres de se expressar”.
“Eles, com o seu martírio, o seu testemunho, com o seu sofrimento, doando a vida, oferecendo a vida, semeiam cristãos para o futuro e noutras Igrejas. Ofereçamos esta Missa pelos nossos mártires, por aqueles que agora sofrem, pelas Igrejas que sofrem, que não têm liberdade”, concluiu.
Agência Ecclesia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

domingo, 29 de janeiro de 2017

ENCONTRO DO GASPTA NO CENTRO PAROQUIAL


Membros do GASPTA no Centro Paroquial, junto da Imagem de Santa Helena
Enquanto a saúde e a vida familiar lho permitiram, D. Hermínia foi um membro ativo e empenhado do GASPTA que não a esquece.

Espaço GASPTA no Centro Paroquial. Membros do GASPTA, com a sua Presidente Ana Guerra, em encontro que hoje teve lugar no Centro Paroquial.
Admissão e acolhimento de novos membros, situação económica do Grupo, aquisição de alguns bens móveis tendentes a ajudar quem mais precisa, definição do horário de atendimento, requisitos a  e processos a observar, foram alguns dos assuntos que o GASPTA debateu e acertou.
Ficou ainda decidido que na tarde de 12 de Março o GASPTA levará a efeito um convívio aberto ao público, a realizar no Centro Paroquial, para angariação de fundos de que o Grupo precisa para poder ajudar os mais carenciados. Poderíamos chamar-lhe "Convívio com Crepes e Música".
Marque na agenda a tarde de 12 de março e apareça.
Uma tarde diferente com fim solidário.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Que maravilhosa surpresa!


Há tempos, tive necessidade de me dirigir a determinada família para tratar de assuntos urgentes. Cheguei após o jantar e, o pai recebeu-me, dizendo:
- Olhe, já jantámos e estávamos a fazer a nossa oração em família.
Levou-me para a cozinha onde a TV estava apagada. O filho mais velho tinha a Bíblia na mão. Então a mãe explicou-me:
- Ao fim do jantar, apagámos a TV e  fazemos a leitura da Bíblia. Normalmente não demora mais de 5 minutos. Mas foi a forma que encontrámos de pôr a família toda a rezar.
Pedi que continuassem e participei com eles na oração.
Os filhos, na adolescência, afastaram-se e foram à sua vida. Fiquei com o casal e falámos sobre a sua opção de oração. Mais uma vez a mãe tomou a palavra:
- Sabe, nestas idades não é fácil pô-los a rezar pois acham que é uma "seca" repetir o Pai Nosso e a Ave Maria. Então resolvemos experimentar este tipo de oração. E olhe que tem dado um resultadão! Já nem é preciso lembrar-lhes....
Então o pai disse:
- Em alguns momentos é fácil pô-los a partilhar a mensagem lida. Nessas alturas, dizem com naturalidade o que a Palavra lida lhes disse, que desafios colocou, as dúvidas que levantou... Mas noutras alturas, não revelam essa abertura. Sabe como são os adolescentes... Então nós não forçamos, respeitamos. Guardamos apenas  um instante de silêncio para algum "ruminar" da Palavra proclamada.
Depois de tratar do assunto que me levara até àquela família, despedi-me e regressei, não sei antes os ter felicitado vivamente. Uma família que reza, que busca a melhor forma de o fazer, que motiva sem impor... E sobretudo que escolhe a MELHOR forma de orar: rezar com a Palavra de Deus!
Ao regressar, dizia para os meus botões: "Quem vê caras não vê corações!" Não me parecia uma família muito propensa a oração... quanto mais a esta excelsa forma de rezar...
E Deus graças a Deus por eta bela surpresa.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Reunindo no Centro Paroquial

Após um tempinho de distensão, compreensível depois da azáfama inerente à preparação e realização da inauguração do Centro Paroquial,  reuniu o Conselho Económico em 20 de janeiro.
Foi um momento compreensivelmente festivo, mas igualmente de trabalho. 
Analisou-se o modo como decorreu a inauguração do Centro e da Imagem de Santa Helena e fez-se a o ponto da situação quanto às intervenções próximas no edifício: grades em falta, cortinas, cadeiras, cobertura da mesa do palco, melhoramentos no tocante ao som, câmaras, etc. Todos estes assuntos já estão em andamento, só que demoram o seu tempo...
Falou-se ainda no restauro da Imagem de Santa Helena que está na Capela, lá na Serra e da necessidade da implantação de uma pequena cabine elétrica no espaço do Santuário tendo em vista as aspectos legais e operacionais.
Estiveram connosco os senhores Presidentes da Câmara e da Junta. O Conselho Económico quis, desta maneira, agradecer toda a ajuda recebida para a construção do Centro e projetar com eles alguns melhoramentos na Serra de Santa Helena, como o da referida cabine e outros que o Presidente da Câmara apresentou e que receberam do Conselho Económico apoio.
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Em 26 de janeiro, reuniu o Grupo de Catequistas da Paróquia.
Projetou-se o Encontro com os Pais, que terá lugar em 12 de fevereiro no Centro Paroquial. Havia um grupo de trabalho, saído do Conselho Pastoral, com a missão de organizar este Encontro de Pais. Um dos elementos desse grupo, presente na reunião, deu conta do andamento dos trabalhos, merecendo a concordância dos presentes.
Analisou-se a Festa da Catequese, realizada no dia da inauguração do Centro Paroquial, e concluiu-se que a mesma tinha atingido os objetivos propostos, estando de parabéns catequizandos e catequistas.
Tendo em conta o programa pastoral para a Quaresma/Páscoa "JESUS É COMPANHIA NA CRUZ DE CADA DIA",  calendarizou-se a intervenção dos grupos ao longo dos domingos da Quaresma e a temática a abordar na dinamização litúrgica.
Assim:
1º domingo - Pecado (7º ano)
2º domingo - Solidão (8º ano)
3º domingo - São José, Dia do Pai, Fome no mundo (9º ano)
4º domingo - Limitações físicas e mentais (6º ano)
5º domingo - Morte e mortes (5º ano)
6º domingo - Ingratidão (10º ano)
Este ano, este trabalho tem uma novidade. Cada grupo não executará apenas um guião, porque cada grupo fará o seu próprio guião.
Reviu-se o Programa da catequese que só teve duas precisões:
- Crisma e Profissão de Fé terão lugar em 15 de junho, no Centro Paroquial, realizando-se seguidamente a Procissão do Santíssimo Sacramento para a Igreja onde se concluirão as cerimónias.
- Em 19 de Fevereiro haverá um convívio de catequistas tendente a fomentar maior união e entrosamento entre o grupo.
Teve igualmente lugar um momento de oração, sempre fundamental, com a recitação de Completas.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Miau

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

SÓ TENHO 58 ANOS!

Veja aqui o video.

A fala do rosto

És Tu quem nos espera
nas esquinas da cidade
e ergue lampiões de aviso
mal o dia se veste
de sombra

Teu é o nome que dizemos
se o vento nos fere de temor
e o nosso olhar oscila
pela solidão
dos abismos

Por Ti é que lançamos as sementes
e esperamos o fruto das searas
que se estendem
nas colinas

Por ti a nossa face se descobre
em alegria
e os nossos olhos parecem feitos
de risos

É verdade que recolhes nossos dias
quando é outono
mas a Tua palavra
é o fio de prata
que guia as folhas
por entre o vento
José Tolentino Mendonça

Só há grandes encontros quando há gratidão


Só há grandes encontros quando há gratidão por aquilo que o outro é. E é uma coisa que precisamos aprender, ganhar consciência, agradecer aquilo que o outro é, agradecer a sua presença, agradecer o seu esforço, agradecer o estar aqui, o estar ao meu lado, agradecer a abertura do seu coração. Porque essa gratidão é a garantia de um encontro em Deus, de um encontro maior, de um encontro em que eu sou sensível àquilo que de maravilhoso pode acontecer na troca, pode acontecer na relação. Se eu me deixo ficar no piloto automático nos contactos mecânicos, perco o espanto, perco a abertura de olhos para aquilo que o outro é. É como se fizéssemos parte da mobília da casa uns dos outros e verdadeiramente já não nos enxergássemos.
( José Tolentino Mendonça)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Brigar por política no Facebook não serve para quase nada

As discussões que questionam convicções políticas desencadeiam reações neurológicas semelhantes a situações ameaçadoras
Brigar por política no Facebook não serve para quase nada
Um novo estudo conduzido pelo Instituto de estudos cerebrais e de criatividade da Universidade do Sul da Califórnia confirma o que muitos já suspeitavam: que a troca de farpas políticas no Facebook – ou, de fato, em quase qualquer cenário, online ou offline – provoca uma reação neural semelhante à que experimentamos em outras situações ameaçadoras, o que na verdade faz com que defendamos nossas crenças com o dobro de força.
Os centros emocionais e de identidade no cérebro são ativados quando são questionadas as crenças políticas que temos mais profundamente enraizadas em nossos sistemas de valores, mesmo que nos apresentem evidências convincentes que, em outras condições, mudaria nossas mentes. Ao contrário, o que ocorre é uma reação defensiva no lugar de uma abertura que pareça razoável.
Jonas Kaplan, professor assistente de pesquisa de psicologia no Instituto do Cérebro e Criatividade da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC, que está liderando o projeto, explica que, em geral, as pessoas sentem que “há mais em jogo quando são discutidas crenças políticas do que quando são questionadas crenças não políticas. As crenças políticas estão ligadas a nossa identidade, ao sentido de quem somos”.
O estudo envolveu estudar as reações de 40 pessoas que se consideravam mais liberais usando ressonância magnética para observar as reações neurológicas provocadas pelo questionamento de suas crenças. Foram expostas aos participantes oito declarações políticas e oito não-políticas onde deveriam expressar a sua concordância ou discordância. Em questões não-políticas (por exemplo, que Edison não inventou a lâmpada elétrica), os indivíduos mudaram suas posições em percentagens relativamente significativas, mas não havia praticamente nenhuma mudança de mentalidade quando se referia a temas políticos.
As ressonâncias magnéticas indicaram que os participantes que não mudaram suas crenças experimentaram um aumento da atividade cerebral em áreas como a amígdala e o córtex insular: “acreditamos que a amígdala e o córtex insular, neste caso, estão refletindo a natureza emocional do fato de sentirmos desafiados. Quando alguém desafia nossas crenças mais importantes, não nos sentimos bem, e tomamos medidas para atenuar esses sentimentos negativos”, explicou Kaplan, segundo o artigo escrito por Emily Glover para Paste Magazine. “Descobrimos que as pessoas ativaram estas estruturas cerebrais mais intensamente ao serem desafiadas, e seriam menos propensas a mudar de opinião”.
Fonte: aqui

sábado, 21 de janeiro de 2017

Matteo Baño, ontem foste o meu herói!

Peço que veja  aqui as fotos e o texto.

Um menino filipino de nove anos leva o irmão mais novo para a escola todos os dias porque não o quer deixar sozinho em casa. Imagens de Matteo Baño com o irmão de dois anos sentado ao colo na sala de aula tornaram-se virais esta semana, após terem sido publicadas no Facebook pela professora de Matteo.
Shyla Blasico, professora primária da escola J. Blanco em Cotabato do Sul, nas Filipinas, contou a história do aluno  Matteo e do irmão numa publicação esta quarta-feira.
Blasico explicou que a mãe dos meninos morreu no ano passado devido a complicações na gravidez. A mulher tinha uma gravidez ectópica, isto é, o embrião estava a desenvolver-se fora do útero, e acabou por deixar três meninos pequenos.
Como o pai de Mattteo trabalha como carpinteiro e não há ninguém que possa ficar com o menino durante o dia, Matteo e o irmão mais velho fazem turnos para cuidar do menino de dois anos, conforme contou a professora ao jornal local ABS CBN.
Matteo não quer faltar à escola e, por isso, leva o irmão mais novo.
As imagens dos irmãos foram partilhadas mais de 18 mil vezes no Facebook, criando uma onda de solidariedade de pessoas que querem ajudar os meninos.
Shyla Blasico agradeceu esta sexta-feira a todos aqueles que doaram roupa ou comida e publicou fotografias da casa onde os irmãos vivem.
*** 
Comovi-me com as imagens e o relato que a professora de Matteo faz da situação.
Senti uma admiração profunda por esta criança de 9 anos que não quer faltar à escola nem abandonar o irmãozinho de 2 anos.
Pensei em como é injusta esta sociedade que permite cenas destas.
Senti como tem toda a razão o Papa Francisco quando continuamente nos fala dos pobres.
Indignei-me com este mundo que permite que alguns tenham tudo enquanto a outros falta tudo. Reparem na casa (casa???) onde moram estas crianças...
Experimentei quão egoístas somos quando pensamos a vida a queixarmo-nos disto e daquilo quando há gente (de 9 anos!!!) que carrega o manito e a sacola para ir à escola.
Agradeci ao Matteo a lição viva de amor, ternura e abertura aos outros que ele oferece. Num mundo fétido de egoísmo, a vida deste pequeno é uma primavera de aromas novas que enche o coração de esperança.
Ficou-me na alma a imagem do pequenino sentado ao colo do irmão enquanto este trabalha na escola. Que doçura naqueles olhitos sofredores!
Quando voltará a ser a PESSOA HUMANA o centro da vida das pessoas?
Então esta criança de 2 anos não valerá infinitamente mais do que toda a fortuna do Trump e de outros multimilionários?
Não é mais importante do que todo o dinheiro, todo o prestígio, toda a fama, todos os cães e gatos?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O meu 'vizinho'

Amanhã, 20 de janeiro, é Dia do meu Vizinho.

Provérbios:
* Deus nos livre  dos maus vizinhos ao pé da porta.
* Cada um de nós só é bom enquanto os vizinhos quiserem.
* Má vizinhança à porta é pior que lagarta na horta.

À luz destes provérbios, eu tenho o melhor vizinho do mundo.
Aliás somos velhos conhecidos. Nasci numa paróquia em que São Sebastião é o padroeiro. Sou de uma diocese em que o padroeiro principal é São Sebastião. Passei por uma paróquia onde o padroeiro é  São Sebastião. Há 25 anos que São Sebastião é meu vizinho.
Damo-nos maravilhosamente bem. É discreto, compreensível, não faz barulho em casa que incomode, sempre disposto a ajudar, não é embirrento, bom conselheiro, com uma história de vida que nem lhes digo nem lhes conto!... Marcada pela inteligência, pela coragem, pelo testemunho. Fantástica!
Como não é de muitas falas, não sei o que ele pensa de mim como vizinho. Mas sabe que sou seu amigo e o admiro.
Peço-te mais uma vez que intercedas por mim junto d'AQUELE de quem deste tão belo testemunho durante a tua passagem por este mundo.
E porque testemunhaste tão belamente uma vivência comunitária, peço, amigo mártir Sebastião,  por esta paróquia, pela minha família e amigos, pela Igreja e pelas pessoas de todo o mundo.

“Os jornalistas só têm poder se nunca se vergarem aos poderes”


O enunciado em epígrafe é do Presidente da República Rebelo de Sousa e foi proferido no 4.º Congresso dos Jornalistas, que decorreu em Lisboa, no Cinema São Jorge, de 12 a 15 de janeiro.

Os 700 congressistas denunciaram os crescentes atropelos à deontologia sob os cliques e audiências, as discutíveis opções editoriais na hierarquização da informação, a falta de cultura nas redações e a cedência à perspetiva empresarial na gestão editorial.

Na verdade, há crise no jornalismo e com várias causas. Algumas são exógenas à profissão, sendo as mais invocadas: o contexto económico em que atuam os grupos de comunicação social, as fortes quebras publicitárias e as radicais mudanças de hábitos dos consumidores. Porém, o Congresso serviu também para colocar na rota do debate as culpas dos próprios profissionais. Com efeito, apesar do reconhecimento de que há bom jornalismo em Portugal, em boa parte das redações desvanecem alguns dos princípios mais elementares a que os jornalistas estão obrigados no plano ético e no deontológico. E não cumprem porque não conseguem, não querem ou não sabem. A este respeito, José Pedro Castanheira considerou:

“Acossados pela lógica desumana da concorrência, vergados à ditadura do direto, apanhados no ciclo infernal da informação-espetáculo, sujeitos à pressão dos cliques, dos likes, das visualizações e das audiências, os media não quiseram (não querem) saber de conceitos ultrapassados como o decoro, o respeito, o bom senso ou a decência”.

Crendo haver “sempre lugar para o verdadeiro jornalismo”, Castanheira (presidiu há 19 anos à comissão organizadora do 3.º Congresso) lamenta que os jornalistas se transformem em “simples pé de microfone” e que as chefias se demitam da função de editar – trabalho que parece haver cada vez menos nos nossos media, sobretudo no online, nas rádios e televisões, onde o que mais importa é ser o primeiro, mesmo que à margem das regras mais elementares”.

E António Marujo debruçou-se sobre alguns “suicídios do jornalismo”, usando a sobre-exposição do futebol na agenda como exemplo de erros que a classe tem alimentado. A este propósito, adiantou:

“Já dei conta de noticiários na rádio ou na televisão abrirem, dois dias antes dos jogos – dois dias antes! –, com as declarações dos treinadores sobre as suas expectativas, que são sempre iguais e sempre as mesmas”.

Por outro lado, mata-se o jornalismo quando não se querer saber da vida das pessoas, pois “saúde, educação ou justiça, por exemplo, interessam, na maior parte dos casos, mais pelas decisões políticas do que pelos efeitos para cidadãos e utentes”, prosseguiu Marujo, criticando a “forma como abdicamos de ser jornalistas e entregamos esse papel a comentadores que mais não são que políticos ou economistas com interesses a defender”.

Frederico Duarte de Carvalho chamou ao palco outro problema da profissão: o da falta de cultura geral dos jornalistas e das redações – para o que citou o jornalista britânico Nick Davies, no livro Flat Earth News:

“Historicamente, sempre houve um elemento de ignorância no jornalismo, apenas porque tenta registar a verdade à medida que esta acontece. Agora, isso é ainda pior. É endémico. A ética da honestidade foi ultrapassada pela produção massiva de ignorância.”.

A partir daqui, Duarte de Carvalho sugeriu que a atual falta de cultura geral

“Faz com que pessoas que estudaram jornalismo, formaram-se depois em jornalismo, cumpriram o estágio e obtiveram a carteira profissional de jornalista e assinam como sendo jornalistas, não façam depois jornalismo”.

E concluiu:

“O problema é ainda mais sério e grave quando essas pessoas acreditam honestamente que fazem jornalismo e não sabem que não o fazem”.

Por seu turno, José Manuel Mestre constatou que “o jornalismo, enquanto jornalismo, parece condenado e vive um imenso pesadelo face à evidente erosão do modelo empresarial que o suporta”. É problema que origina sucessivos cortes em busca de equilíbrios financeiros que têm efeito de dominó: chutam a profissão para o “low cost journalism”, que induz “uma imparável degradação da oferta que há de condenar de vez o verdadeiro jornalismo”. Assim, a profissão “ou morre do mal, ou da cura”. Mestre sugere, por isso, a reflexão na viabilidade de criar “uma nova geração de meios de comunicação sem fins lucrativos”, rigorosamente independentes e profissionais, “orientados para os novos suportes de jornalismo digital” – com suporte em associações cívicas, universidades, fundações, empresas, entidades sem fins lucrativos ou movimentos locais e regionais. E insta os jornalistas mais jovens e os estudantes de jornalismo a não terem medo, sublinhando:

“O futuro do jornalismo começa na vossa independência e na coragem para exercê-la. Trabalhar 10 ou 12 horas por dia como 'porta-microfone', 'fazedor de leads', 'embrulhador de fait-divers' ou 'publicador multimédia' a troco de 600 euros por mês, sem condições para ter vida própria ou qualidade de vida, amedrontado e sem se questionar… não é ser jornalista”.

Augusto Freitas de Sousa apontou como um dos males da profissão “o crescente peso da perspetiva empresarial no exercício jornalismo e a aceitação dessa realidade por parte dos jornalistas”. Assim, os jornalistas já nem se atrevem a propor trabalhos que, por muito meritórios que fossem, “são considerados não vendáveis”, sendo “forçados a tratar assuntos apenas pela perceção, tantas vezes errada, de que aquela matéria vende”.

Segundo Freitas de Sousa, outra consequência desta deriva empresarial nas redações é o facto de, “em detrimento de quem trabalha a sério nas redações”, o número de “generais” ter passado “a ser muito próximo dos soldados, quando não são mais”. Mais: os atuais “decisores” – diretores ou editores – tornam-se cada vez mais parecidos com “o público, leitores, espectadores e ouvintes”. Dantes, o jornalista era quase um intelectual ou, pelo menos, uma pessoa de cultura e academia acima da média; hoje praticamente faz a leitura do que os consumidores mais gostam para lhes apresentar “um leque de possibilidades que até podem ser medíocres ou não notícias”, mas “é disso que eles gostam”.

***

A precariedade foi um dos temas em evidência. Maria Flor Pedroso, presidente do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, disse na sessão de abertura perante uma sala cheia:

“Em cada 10 jornalistas no ativo, 6 ganham menos de mil euros, 5 têm vínculo precário, 4 têm recibos verdes, 4 têm medo de perder emprego e só um tem mais de 55 anos. E morremos cedo, e muitos de nós morreram demasiado cedo.”.

Também o Presidente da República, ex-jornalista, esteve na abertura do Congresso, o primeiro desde 1998, e falou da precariedade, afirmando que “a precariedade enfraquece a vossa situação”. Referia-se ao grupo profissional a que pertenceu e que (números seus) conta com cerca de 7750 profissionais. Apontou a imprensa regional, que foi morrendo; o esvaziamento da imprensa nacional; e o que sofrem televisões e rádios com a rarefação da publicidade. E aludiu à exposição que viu no cinema São Jorge: 16 fotografias de 16 fotógrafos portugueses que entraram numa situação precária nos últimos três anos – que “são os primeiros a ser atingidos”. E Marcelo deixou aos jornalistas um enunciado desafiante:

“Os jornalistas só têm poder se nunca se vergarem aos poderes”.

Os jornalistas são o retrato duma classe em que metade das pessoas tem um vínculo precário. Um estudo realizado na Universidade de Coimbra, liderado por João Miranda, a partir dum inquérito a 806 jornalistas, de 2015, explicado no 2.º dia do Congresso, refere que, dos inquiridos, 25% têm contratos de prestação de serviços [com recibo verde], 80 são finalistas de cursos de Jornalismo e Comunicação de 10 universidades, orientados por 20 professores.

A seguir à explicação do predito estudo (apresentado pela primeira vez em dezembro de 2016), houve um debate sobre o estado do jornalismo com Alexandre Afonso, Anabela Neves, Carlos Rodrigues, Carlos Rodrigues Lima, João Pedro Pereira, José Pedro Castanheira, Nicolau Santos e Sebastião Bugalho. E seguiu-se um painel com os diretores de 20 meios de comunicação portugueses.

As conclusões do predito estudo coincidem com os dados a que aludiu Maria Flor Pedroso na abertura do Congresso. João Miranda diz que o jornalismo “é uma profissão jovem, que se abandona relativamente cedo” – tendência que vem de 2006, pois, “até aí, desde os anos 30, o número de jornalistas sempre aumentou”. Sofia Branco, presidente do SJ (Sindicato dos Jornalistas), frisou que é uma profissão de baixos salários, pois “1/3 ganha menos de 700 euros líquidos”. E, segundo Goulart Machado, presidente da Casa da Imprensa (na organização com o SJ e o Clube dos Jornalistas), “dois mil abandonaram a profissão” desde o 3.º Congresso.

***

Na sessão de encerramento do congresso, foi aprovada unanimemente esta resolução final:


1. O 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses concluiu que as condições em que se exerce hoje o jornalismo, pilar da democracia, comprometem o direito constitucional à informação, indispensável para o exercício pleno da cidadania.

2. As condições de trabalho – dimensão reduzida das redações com os despedimentos, precariedade, baixos salários e falta de tempo – estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas.

3. A profunda mudança no enquadramento do setor está a afetar a credibilidade do jornalismo. O contributo dos jornalistas é determinante para ultrapassar as ameaças e desafios que se colocam à viabilidade da informação de qualidade.

4. A legislação laboral tem de ser cumprida em Portugal no setor do jornalismo, sendo urgente uma ação rápida e eficaz da Autoridade para as Condições de Trabalho para acabar com os falsos estágios, os falsos recibos verdes e os falsos contratos de prestação de serviço.

5. A autorregulação tem de ser reforçada e a regulação tem de ser eficaz.

6. Os jornalistas têm de ter maior peso e presença nas entidades reguladoras. É necessário iniciar um processo de revisão legislativa que torne essas entidades mais eficazes e mais participadas pelos jornalistas.

7. Os princípios éticos e deontológicos têm de ser reforçados, têm de abranger todos os jornalistas e têm de ser aplicados com eficácia.

8. Os conselhos de redação têm de ter um papel ativo, o que exige a proteção legal dos jornalistas que neles participam. Os pareceres dos conselhos de redação têm de ser vinculativos, nomeadamente para os cargos de direção e chefias.

9. É crucial que os jornalistas reforcem as estruturas próprias da classe, desde logo o Sindicato dos Jornalistas e a sua presença nas redações com uma agenda própria, para a defesa dos direitos dos jornalistas e a afirmação do jornalismo.

10. É fundamental avaliar, melhorar e fortalecer a relação do setor com as instituições de ensino superior e outras entidades formativas devidamente credenciadas.

11. É urgente promover a literacia mediática, com iniciativas no domínio da educação pré-universitária e junto da população em geral.

12. Os jornalistas, reunidos no 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, assumem o compromisso de cumprir os deveres e as responsabilidades decorrentes dos princípios ético-deontológicos do jornalismo e das melhores práticas do exercício e regulação da profissão.

***

Um congressista considera, em artigo de imprensa, que o 4.º Congresso dos Jornalistas “nasce de um equívoco”. A sua realização era uma promessa da campanha eleitoral da atual direção do Sindicato. E esta, com a preocupação de alargar o Congresso a todos os jornalistas, delegou essa tarefa numa organização externa à direção do Sindicato. A comissão executiva da comissão organizadora não contou com as entidades promotoras da realização do Congresso: o Sindicato, Casa da Imprensa e Clube dos Jornalistas. E, sendo preocupação inicial que o Congresso não fosse apenas dos sindicalizados, o Congresso ficou quase sem orientação sindical.

Na opinião do aludido congressista, o Congresso deveria ter sido um congresso sindical, com longos debates sobre o estado da arte, em que se ouvissem e se discutissem soluções. Mas foi “uma mistura entre conferência sobre o jornalismo e um congresso académico, onde se ouvem comunicações (umas dezenas) e em que se deixa pouco tempo para os jornalistas falar”. Tendo-lhes sido reservadas, na melhor das hipóteses, 7 horas em 22 horas nas sessões do Congresso, “os congressistas foram, na prática, sentados como público”.  

Sinais desta ausência de orientação sindical são, entre outros:

- Só na terceira sessão, a organização decidiu abrir aos congressistas o debate, em prejuízo dos convidados;

- O Congresso fechou com uma mesa redonda com os patrões do setor (poder económico) e com a ERC (poder político);

- As 7 sessões do congresso dispersam-se por muitos assuntos, sem tempo para se aprofundar nenhum deles: “O Estado do Jornalismo”, “O jornalismo de proximidade e a profissão fora dos grandes centros”, “Afirmar o jornalismo – independência e credibilidade”, “Ensino, acesso à profissão e formação profissional” e “Regulação, Ética e Deontologia” ou “Viabilidade económica e os desafios do jornalismoque é, aliás, um tema de fronteiras ténues entre os profissionais e as administrações...;

- As condições de trabalho e de produção de informação – que deveria ter sido o tema nobre do congresso – foram assunto remetido para duas horas do dia 14.

Ora, apesar de haver fatores exógenos à profissão e o império dos grandes grupos económicos, é certo que os jornalistas são responsáveis por as coisas terem atingido o estado a que chegaram. Porém, há jornalistas mais responsáveis do que outros. E, pelos vistos, entre esses dois mundos, a organização não teve em conta o estado de espírito das redações – em que todos querem fazer ouvir a sua voz e denunciar o que se vive. Deu muito mais espaço – quase sem contraditório – a quem, dia após dia, contribui para o aprofundamento da crise atual do jornalismo.

Serão os jornalistas capazes de fazer a inversão do que denunciam nos pontos 1, 2, 3, 5 e 6 da resolução que aprovaram por unanimidade? Conseguirão levar a cabo o que prometem nos restantes 7 pontos da resolução? Se “sim”, há jornalistas!

2016.01.16 – Louro de Carvalho

 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

"Sempre se esmorrou, sempre se há-de esmorrar"

Conta-se que em determinada paróquia havia o hábito de as pessoas, ao fim de um funeral ou de uma procissão, ao chegarem à sacristia, apagarem as velas esmurrando-as contra a parede.
Quando chegou àquela terra um novo pároco e vendo a sacristia imunda, informou-se das causas daquele estado miserável das paredes.
Procurou o sacerdote com toda a paciência e persistência convencer os paroquianos da nocividade de tal prática.
Quando tempos depois se realizou um funeral, o pároco assistiu consternado à repetição do mesmo acto. Com a paciência disponível, procurou ali mesmo chamar à atenção dos prevaricadores. Eis que ouve a resposta que o deixou prostrado:
- Ó senhor abade, aqui sempre se esmurrou, sempre se há-de esmurrar!

Penso que aquilo que está em causa nesta situação é a fé supersticiosa em que vivemos e que nos faz confundir tudo, até sujidade com limpeza. Ou como alguém diz, muita religiosidade e pouco cristianismo.
Muitas vezes, nos podemos perguntar: Onde fica Cristo no meio desta confusão de tradições e costumes, superstições, procissões, velas, promessas?
 
Para alguns, o seu "deus" são as tradições e as leis
Para os fariseus do tempo de Jesus, a lei, os costumes e tradições, estavam acima de tudo. De tal maneira que o acusam frequentemente de violar a lei do sábado (era o dia santo dos judeus e nada se podia fazer, nem milagres de cura).
Jesus disse que Ele era superior ao sábado, era o Senhor do sábado. Acusou os legalistas de terem um coração duro, de pedra.
Quando Jesus curou um doente em dia de sábado na presença de fariseus, estes, em vez de se alegraram por aquela pessoa ter saúde, estar livre da doença, saíram logo cá para fora a procurar aliados para acabar com Jesus.
Motivo?
Violara a lei do sábado!

E hoje?
Grupos fundamentalistas católicos, em nome da lei e das tradições, atacam sem qualquer pudor a linha de abertura do Papa Francisco, opõem-se ou torcem o nariz ao Concílio Vaticano II, às reformas.
Não são só os islâmicos que têm fundamentalistas, extremistas. Também existem no mundo católico. Só com uma diferença: os fundamentalistas católicos não usam armas nem bombas.
O FUNDAMENTALISMO CRISTÃO É O farisaísmo do SEC. XXI.
 
Mais...
Nas nossas comunidades há muita gente  mais preocupada com leis, costumes e tradições do que com Jesus Cristo.
"Porque sempre foi assim..."
"Porque é tradição..."
"Porque é costume..."
"Porque os padres mudam tudo e acabam com a religião..."
"Porque é lei..."
E sabem uma coisa?
Nesta questão de tradições, costumes e leis, os chamados "não-praticantes" são normalmente mais fundamentalistas do que aqueles que praticam! Sobretudo quando estão em causa as suas conveniências....
CRISTO ACIMA DE TUDO, TUDO, TUDO!
Só a ELE adoramos! Nunca adoremos as leis, tradições, costumes!

Dia internacional do Riso




segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Uma manhã cheia...

Foto de Carlos Lopes.
 Desloquei-me a Santa Helena com o sr. Jaime Vitorino (Comissão da Igreja) e o sr. Presidente da Câmara, para resolver problemas referentes a espaços e equipamentos. É a festa que se prepara de longe, é aquele local a merecer sempre a nossa atenção e preocupação. Mas Santa Helena merece tudo!
Ainda com o sr. Jaime, passei pelo Centro Paroquial para resolver alguns problemazinhos.
Depois, ambos fomos ao Castanheiro do Ouro para a escolhe e compra de material ...para o Centro (sempre o Centro....)
Por coincidência, falei com alguém ligado à comissão pró-capela (uma das minhas paixões a construção da capela...) sobre a situação do processo.
De volta a casa, uma série de telefonemas para resolver situações pendentes.
É assim a vida. Um Sol quentinho embalava a esperança e as esperanças. Então na nossa Serra, que delícia de tempo! Que elevação de espírito! Que amplitude de paisagem! Que silêncio falante! Que leveza!
Mas Santa Helena é um privilégio que a natureza nos oferece.

domingo, 15 de janeiro de 2017

O MAIOR PROBLEMA DOS CATÓLICOS PORTUGUESES CHAMA-SE I G N O R Â N C I A R E L I G I O S A!


Precisamos urgentemente de passar de uma fé de mera convenção para uma de entra­nhada convicção.
Ninguém ama aquilo que não conhece!
E é na medida em que conhece que é capaz de amar e de testemunhar, tornando-se missioná­rio, dando “razões da sua esperança” e sendo fermento e luz num tempo em que Jesus Cristo vai perdendo visibilidade.
Por outro lado, a IGNORÂNCIA é sempre muito atrevida!
Basta ver e ouvir o que se diz nos cafés, na praça pública, nas esperas nos Centros de Saúde, etc, da fé, da doutrina, de Cristo, da Igreja. Coisas de arrepiar tal a ignorância revelada!
Não há maior cego do que aquele que não quer ver.
Então vamos combater com unhas e dentes a ignorância religiosa.
Mas para isto é preciso que cada um, repito, cada um queira!
Depende de si.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Canonização de Madre Teresa de Calcutá marcou a Igreja e o Mundo


Do meu ponto de vista, a canonização de Santa Teresa de Calcutá, a 4 de setembro de 2016, poderá ter sido o facto mais marcante da Igreja Católica do ano de 2016. Obviamente não o será do ponto de vista da teologia pura ou mesmo da pastoral. No entanto, vem consagrar a vertente da opção preferencial pelos pobres em que a Igreja melhor se revê no seu ser e na sua missão; e, por outro lado, salienta o impacto que a ação de alguém que se dedique ao cuidado dos mais pobres, doentes, oprimidos e descartados – aliada à profunda vivência cristã – tem na dinâmica da luta não violenta pela justiça, pedindo a todos o contributo segundo as suas posses para acorrer a cada um segundo as suas necessidades. É claro que a sua elevação à honra universal dos altares não desprega nem da vida religiosa na dimensão contemplativa nem na dimensão ativa (Madre Teresa corporiza as duas dimensões) nem do dinamismo do Ano Jubilar da Misericórdia. Aliás, o Francisco, na linha dos seus predecessores mais próximos, considerou-a um ícone da misericórdia; e a sua canonização ocorreu no último trimestre do Ano Jubilar por ocasião do Jubileu dos operadores e dos voluntários da misericórdia.

A seguir a este jubileu, foram-se celebrando, no âmbito do Ano Jubilar da Misericórdia, outros jubileus emblemáticos, sem conotação com a hierarquia: o jubileu dos catequistas, de 23 a 25 de setembro; o jubileu mariano, de 7 a 9 de outubro; o jubileu dos encarcerados, a 5 e 6 de novembro; e o jubileu das pessoas socialmente excluídas, de 11 a 13 de novembro.

Sobre Santa Teresa de Calcutá e do desafio que para nós constitui a sua vida, declarou Francisco na homilia de 4 de setembro:

“Estamos chamados a pôr em prática o que pedimos na oração e professamos na fé. Não existe alternativa para a caridade: quem se põe ao serviço dos irmãos, embora não o saibamos, são aqueles que amam a Deus (cf 1 Jo 3,16-18; Tg 2,14-18). A vida cristã, no entanto, não é uma simples ajuda oferecida nos momentos de necessidade. Se assim fosse, certamente seria um belo sentimento de solidariedade humana, que provoca um benefício imediato, mas seria estéril, porque careceria de raízes. O compromisso que o Senhor pede, pelo contrário, é o de uma vocação para a caridade com que cada discípulo de Cristo põe ao seu serviço a própria vida, para crescer no amor todos os dias.”.

E, no momento da recitação do Angelus, disse aos voluntários e agentes da misericórdia:

“É com carinho que saúdo todos vós, estimados voluntários e agentes de misericórdia. Confio-vos à proteção de Madre Teresa: ela vos ensine a contemplar e adorar todos os dias Jesus Crucificado, para o reconhecer e servir nos irmãos em necessidade. Peçamos esta graça também para aqueles que estão unidos a nós através dos mass media, de todas as partes do mundo.”

Mas, se com a canonização de Madre Teresa o Papa conseguiu alertar para a síntese que os voluntários da misericórdia têm de fazer entre a contemplação e adoração de Cristo crucificado e o reconhecimento do mesmo nos irmãos em necessidade a quem é preciso servir, a 16 de novembro, na canonização de sete beatos, enalteceu todos aqueles que “permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel”. Vale a pena recordar daquela homilia de 16 de outubro o que Francisco disse destes espelhos da misericórdia divina posta em ação:

“Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também estas sete testemunhas, que hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da fé e do amor através da oração. Por isso permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel. Que Deus nos conceda também a nós, pelo exemplo e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar a Deus dia e noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós, e orar apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até que vença a Misericórdia Divina.

***

 

Madre Teresa ficou conhecida como a “Santa das Sarjetas”, mas é acusada por críticos de promover a pobreza. Era o que faltava não se levantarem os picuinhas da benemerência. Na verdade, enquanto naquela manhã de domingo Francisco proclamava a santidade de vida da benemérita freira católica e todo mundo comemorava o faustoso evento, alguns distorciam a realidade segundo as suas categorias mentais, sociais, ideológicas e económicas.

Diante de milhares de pessoas na praça de São Pedro, o Papa engrandecia Teresa, que se ajoelhava “diante dos que foram deixados para morrer nas margens das estradas, enxergando neles a dignidade dada por Deus”. Reconheceu que a Madre “se fez ouvir pelas potências do mundo, para que elas reconheçam a sua culpa pelos crimes da pobreza que criaram”. Porém, os críticos questionam a comprovação dos ‘milagres’ reconhecidos pela Igreja e consideram a sua canonização como símbolo dum “triunfo da fé religiosa sobre a razão e a ciência”. Esquecem que os ditos milagres – que apenas confirmam a veridicidade da santidade de vida e devem ser atribuídos a Deus, que tudo pode – não são o móbil mais importante das canonizações, pois ignoram o instituto da canonização equipolente. E, sobretudo, ignoram a cumplicidade normal entre fé e razão, entre fé e ciência – tantas vezes afirmada neste mundo dos séculos XX e XXI.

Teresa foi galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1979. E não parece que a Academia se tenha vergado alguma vez à falta de ciência ou à pseudociência. Afinal, o que é a ciência? Será que os críticos ainda estão apegados ao conceito redutor de ciência instaurado pelo positivismo?

Conhecida pela construção de hospitais, casas de repouso, cozinhas, escolas, colónias de leprosos e orfanatos, era chamada a “Santa das Sarjetas” pelo seu trabalho nas regiões mais pobres de Calcutá. E a sua ação estendeu-se praticamente a todo o mundo, sendo que a Congregação das Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa, reúne atualmente mais de 3 500 religiosas no mundo inteiro e tem um grande número de missionários da caridade.

Todavia, apesar da legião de fiéis e admiradores, existe um sério número de detratores.

O falecido autor britânico Christopher Hitchens, um dos principais, descreveu Teresa como “uma fundamentalista religiosa, uma agente política, uma pregadora primitiva e uma cúmplice dos poderes seculares mundanos”. No seu livro “A Posição Missionária: Madre Teresa em teoria e prática, lançado em 1995, e no documentário “O Anjo do Inferno”, critica o que denomina de “cultura de sofrimento” e afirma que ela criou um imaginário de “buraco do inferno” da cidade que a acolheu, além de se ter tornado “amiga de ditadores”.

Também o físico londrino Aroup Chatterjee publicou, em 2003, uma crítica a Teresa depois de ter feito pelo menos 100 entrevistas com pessoas envolvidas com a congregação criada por ela, apontando o dedo à alegada “espantosa falta de higiene” nos centros de saúde administrados pelas Missionárias de Caridade – onde se reutilizavam agulhas, por exemplo – e descrevendo os locais em que o grupo cuidava de doentes como “confusos e mal organizados”. E considera os milagres “baratos e infantis demais até para questionar”.

E o cubano Hemley Gonzalez tornou-se crítico depois de sair de Miami para trabalhar como voluntário numa das casas de Teresa em Calcutá por 2 meses, em 2008. Diz-se chocado com o modo “terrivelmente negligente como esta missão de caridade opera e as contradições entre a realidade e a forma como ela é percebida pelo público”. Hoje, através da sua organização de caridade humanista, sem ligação à Igreja Católica, critica os alegados pensamentos retrógrados:

“Ser contra o controlo da natalidade e o planeamento familiar, a modernização de equipamentos e uma miríade de iniciativas que solucionam problemas causados pela pobreza são coisas que fazem Madre Teresa não ser 'amiga dos pobres', como dizem, mas uma pessoa que promove a pobreza”.

Também o indiano Sanal Edamaruku questionou os milagres que levaram Teresa à canonização. De facto, para ser considerado santo ou santa pelo Vaticano, ordinariamente, a pessoa precisa de ter alguns “milagres” atribuídos a ela, após a sua morte, por conta de preces que foram feitas em seu nome. Quando situações como essa acontecem, elas são “verificadas” por meio de provas exigidas pela Igreja antes de serem aceites como milagres. Normalmente, os casos são de curas ou recuperações de doenças que acontecem sem aparente explicação médica.

Assim, 5 anos após a morte de Madre Teresa, o Papa João Paulo II aceitou o que seria o seu primeiro milagre – a cura duma mulher de uma tribo de Bangladesh, Monica Besra, que tinha um tumor abdominal, cura que teria sucedido devido a intervenção sobrenatural. Isto abriu caminho para a beatificação da Madre em 2003. Em 2015, o Papa Francisco reconheceu um segundo milagre, que envolveu a cura dum brasileiro com tumores no cérebro em 2008.

Ora, Edamaruku questionou o primeiro milagre, questionando como pode uma mulher ser curada por foto de freira colocada sobre o seu estômago quando há provas de que recebeu tratamento médico contra a doença. Porém, alegando que hoje “a maioria das pessoas não quer mais negar os feitos de Madre Teresa porque ela tem uma imagem de alguém que sempre trabalhou para os pobres”, declara que não tem nada contra ela e que não é “antipobre” (como temem ser chamados os opositores da Santa), mas sustenta que “dizer que alguém faz milagres não é científico”.

A iniciativa mais significativa proveio de alguns académicos e trabalhadores sociais indianos, que pediram ao Ministro das Relações Exteriores, Sushma Swaraj, que reconsiderasse a decisão de ir ao Vaticano para prestigiar a cerimónia de canonização de Madre Teresa, pois aduziam que se tornava espantoso que “o ministro dum país cuja Constituição pede aos seus cidadãos para terem um pensamento científico aprove uma canonização baseada em milagres”,

No entanto, alguns contestam tal argumento no pressuposto de que “provas científicas e fé são coisas diferentes”.

***

Quanto a milagre, basta dizer que a Igreja apenas aceita como tal o que os médicos atestam não decorrer da ciência (apesar da aplicação da terapêutica possível) e que só a fé permite aceitar o milagre, o que a razão podia acolher, ao menos, quando não tem outra explicação.

No respeitante à alegada falta de condições, os críticos mostram nunca terem trabalhado em hospitais de campanha nem esterilizado material cirúrgico, optando pelo descarte, e que a deficiência de condições se colmata pela correção e não pelo encerramento de unidades de cuidados de saúde e/ou de educação.

Acresce apontar a hipocrisia iníqua dos que pensam reduzir a pobreza com a aplicação das teses neomalthusianas. Controlar a natalidade pela pílula (com efeitos cancerígenos, antinidificadores ou mesmo abortivos) traz mais consequências para a saúde que vantagens; e fazê-lo pela via do preservativo pode levar à ineficácia. Mas ambos os recursos engrossam a indústria e o comércio. E os grandes interesses não criam só a pobreza, cavam a miséria para nutrir os grandes.

***

Assim, é de incrementar a dinâmica de Madre Tereza até que os poderes se abram à Justiça e à equidade, pois todos somos filhos de Deus e irmãos universais! Que sejam estes os propósitos para 1 de janeiro, Dia Mundial da Paz e da fraternidade universal, com a Santa Mãe de Deus!

2016.12.31 – Louro de Carvalho

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Escolha ser um ser humano consciente, livre e inteligente


Que seja um grande empreendedor. Quando empreender, não tenha medo de falhar. Quando falhar, não tenha receio de chorar. Quando chorar, repense a sua vida, mas não recue. Dê sempre uma nova chance a si mesmo.

Encontre um oásis no seu deserto. Os perdedores vêem os raios. Os vencedores vêem a chuva e a oportunidade de cultivar. Os perdedores paralisam-se diante das perdas e dos fracassos. Os vencedores começam tudo de novo.

Saiba que o maior carrasco do ser humano é ele mesmo. Não seja escravo dos seus pensamentos negativos. Liberte-se da pior prisão do mundo: o cárcere da emoção. O destino raramente é inevitável, mas sim uma escolha. Escolha ser um ser humano consciente, livre e inteligente.

Sua vida é mais importante do que todo o ouro do mundo. Mais bela que as estrelas: obra-prima do Autor da vida. Apesar dos seus defeitos, não é um número na multidão. Ninguém é igual a si no palco da vida. É um ser humano insubstituível.

Jamais desista das pessoas que ama. Jamais desista de ser feliz. Lute sempre pelos seus sonhos. Seja profundamente apaixonado pela vida. Pois a vida é um espetáculo imperdível.

Augusto Cury

Portugal afetado por frente fria a partir de quinta-feira

Como pode ver na coluna ao lado da pág, in  TEMPO EM TAROUCA", as temperaturas não são para brincadeiras...
Acautele-se!


5* Feira
Nuvens com abertas
-1°

Nuvens com abertas

  • 6* Feira

    Céu geralmente limpo
    -3°

    Céu geralmente limpo

  • Sábado

    Céu geralmente limpo
    -2°

    Céu geralmente limpo

  • Domingo

    Céu limpo com poucas nuvens
    -2°

    Céu limpo

  • quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

    "Demorou tanto como uma Missa de domingo, mas nem dei conta do tempo passar..."

    9 de janeiro, Festa do Batismo do Senhor.
    Missa em Cravaz. Capela bela, mas pequena, que a generosidade dos proprietários nunca negou ao culto, pelo contrário.
    Na homilia, após a explicação do celebrante, um momento de diálogo com os participantes. Seguiu-se a recitação do Credo e  a oração dos fiéis participada.
    Após a Eucaristia, um tempo para falar sobre o Batismo. Belo, entusiasmante. As pessoas expuseram as suas dúvidas com uma naturalidade cativante. Um autêntico diálogo em família. E não é isso que somos? A família de Deus?
    No fim, alguém dizia: "demorou tanto como uma Missa de domingo, mas nem dei conta do tempo passar..."
    Gosto muito destes diálogos. E nas missas da semana, sempre que oportuno, utilizo-os. São sempre momentos belos em que me sinto mais enriquecido para participação dos meus irmãos na fé.
    Sinto que as pessoas também gostam. Sentem-se povo de Deus, Igreja de Cristo, construtores da comunhão eclesial.
    Tempos novos, respostas novas. Quanto menos passivas as pessoas se sentirem, mais se sentem Igreja.