Cada vez há mais famílias que não conseguem pagar as prestações. Segundo a DECO, há cada vez mais famílias sobreendividadas. Mais de 750 pediram ajuda desde Janeiro. Um número recorde.
O Ministro das Finanças avisa que o nível de endividamento dos portugueses atingiu o limite. Teixeira dos Santos diz, por isso, que as dívidas das famílias não podem continuar a subir ao ritmo dos últimos anos.
Os portugueses devem aos bancos mais de 122 mil milhões de euros. A maior parte, 98 mil milhões, em crédito habitação. As famílias aproveitaram os juros baixos. Só que agora, as taxas estão a subir. Mesmo assim, no último ano, o total de dívidas aos bancos disparou 8%.
O crédito mal parado, isto é, os empréstimos incobráveis ultrapassam 2 mil e 200 milhões de euros. Estão a aumentar. Mais 2% do que há um ano.
Não se tem estipulado a poupança, pelo contrário, estimula-se o consumismo. Perante uma máquina aguerrida de propaganda que nos cerca por todos os lados, que defesas têm os consumidores? Onde está a educação para o auto-controle, para a moderação, para a simplicidade de vida?
Aliado a um aventureirismo congénito, estilo "desenrasca-te", que não mede devidamente as consequências, está a célebre inveja mesquinha: "Se o meu vizinho tem, eu não sou menos do que ele."
Por outro lado, as rendas das casas estão pela "hora da morte". Claro, para quem tem ordenados médios como os nossos. O que aliado à crise crónica que se vive, ao interminável desemprego ou à precaridade do mesmo, tornam o endividamento perigoso.
Penso que as famílias têm que se auto-proteger, educando-se para o sentido da realidade, assumindo que não podem dar um passo maior do que a perna, deitando fora preconceitos de inveja e de superioridade/inferioridade, motivando para a poupança e sabendo conviver por cima com as garras tentaculares do consumismo. E há, felizmente, experiências bonitas neste campo.
Vivemos num tempo de exigência. E falta a educação para a exigência. Vinda de cima e a começar por cima. Certa ostentação dos governantes é desprezível num país com tantas carências.
Exigência no trabalho, no estudo, na formação, no querer ser mais, na qualidade, na melhor produção, na rentabilização das capacidades.
Ao fim e ao cabo, como tantas vezes o tenho dito, também a questão do endividamento das famílias é uma questão de valores. E estes vão escasseando...
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