sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As fracturas da esquerda

Não vejo a esquerda do lado em que penso que devia estar. Na primeira linha do combate à pobreza, lutando por mais igualdade social, trabalhando por humanizar a sociedade, no respeito pela liberdade plural.
Vejo a esquerda agarrada a questões fracturantes, empenhada em destruir os valores que tecem e entretecem esta nação. O ataque à família parece não ter limites. Tudo vale - e lhe parece pouco - para atentar contra a família. Aborto, divórcio, casamentos homossexuais...
Vem sempre a questão da modernidade e apontam-se os exemplos de outros países, claro, naquilo que lhe convém! No resto, permanece calada como ratos... Por exemplo, conforme foi publicado neste blog, temos a França a sair do "inverno demográfico", graças às medidas que as autoridades daquele país têm tomado em relação à família. E aqui??? Temos a Holanda preocupada com as consequências sociais da liberalização da droga e da prostituição e, por isso, a tomar medidas restritivas. E aqui? Aqui quer-se legalizar aquilo que outros países já reconheceram que não dá... E chamam a isso modernidade!!! Que vergonha!
Então se é uma questão de modernidade, por que razão não se equipara o ordenado mínimo ao de outros países modernos, não se reduz a pobreza à percentagem de outros países modernos, não se implantam os sistemos de saúde, educação e justiça semelhantes aos de outros países modernos?
Por outro lado, querem liberdade para todos menos para a Igreja. Para muita esquerda a Igreja que desejam é a Igreja do silêncio, enfiada dentro dos templos, sem interferir em nada da vida social... Basta ver a chusma de críticas que caíram sobre a Patriarca a propósito das suas declarações sobre casamentos com muçulmanos. Sempre que a Igreja toma posição sobre algum assunto, são toneladas de comentários nas páginas dos jornais a denegrir, a amesquinhar e a deformar a mensagem. Normalmente com a pergunta tola: "Que tem a Igreja a ver com isto?"
Dir-me-ão que não sei donde vieram as críticas "deita-abaixo" que aparecem nos jornais. Bem, basta confrontá-las com alguns comentaristas ditos de esquerda e a conclusão não é difícil.
Não me considero um homem de direita. Há muita coisa no ideário da esquerda que me seduz, sobretudo o que se relaciona com a liberdade e a justiça social.
Com esta esquerda híbrida que nos governa, sem estofo humanista, variando de posição conforme os interesses eleitorais de momento, meramente burocrática e tecnocrática, arrogante e prepottente, com essa não me identifico de certeza absoluta.

4 comentários:

  1. A propósito do voto dos deputados dos professores do PS contra o projecto de lei do CDS/PP para a suspensão do modelo de avaliação de docentes, enviei um "agradecimento" aos deputados professores do PS do meu círculo eleitoral com o seguinte texto:
    "Muito obrigado. Até Junho, Setembro e Outubro.
    Pensava poder votar PS".

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  2. essa da sedução do ideário de esquerda é uma santa ingenuidade. depois queixe-se de que querem a igreja dentro da sacristia. claro, com amigos e ajudas destas!!! ao fim e ao cabo a esquerda e ainda mais esta que por aí pulula quer apenas e pura e simplesmente o fim da igreja e da religião. dê uma volta pela bloga moderna e muito esquerdalha para ter só uma amostra. qualquer dia ainda o vamos ver a elogiar a câncio. a esquerda pensa que tem a justiça. a direita, a liberdade. mas eu cá não confiava nem nuns nem noutros. ia mais pelo que me parece. "ideário de esquerda": não queira aderir ao politicamente correcto só para parecer modernaço. quem tem ouvidos que ouça. pelos vistos gosta de fazer "hara-kiri". sem ofensa.
    António

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  3. Tenho muita pena, se alguém não percebeu a minha irónica indignação contra os deputados do PS que são professores (Viseu, donde sou, tem 3; Aveiro, onde resido, tem 2.
    Quem é que pensa que elogio a esquerda?!

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  4. peço desculpa se fui mal entendido. eu só estava a comentar o post e não o seu comentário. por norma não comento comentários porque respeito a opinião de cada um, mesmo que discorde dela.

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