A SIC acaba de transmitir uma entrevista com o Primeiro-Ministro. Procurei estar atento.
Aspectos que me ficaram:
1. Alguma irritabilidade visível quando contrariado pelos entrevistadores.
2. O refúgio na "cartilha". Repete até à saturação o mesmo de sempre: redução do deficit. novas tecnologias, apoio às famílias (Qual? Não percebi) e às empresas, combate ao desemprego, pluralismo no espaço PS, reforma na administração pública, avaliação dos professores, etc, etc.
3. Uma intervenção com "cheiro a comício", laudatório e exultante da acção do seu governo, procurando inculcar na mente dos portugueses a heroicidade da obra feita, como se estes não pensassem e não sentissem.
4. Sublinhou e defendeu com "unhas e dentes" a acção do seu governo, mas prospectivou pouco, muito pouco. O que fez, já o sabemos e sentimos na pele. O que pretende fazer, temos direito a sabê-lo.
5. Nem uma palavra sobre a insegurança reinante, sobre os 2 milhões de portugueses com reformas abaixo do ordenado mínimo, a pobreza e a crescente desigualdade social, o abandono do interior (Ah! Para caçar mais uns votinhos, e à falta de outra coisa, massacra-nos com a auto-estrada para Bragança e algumas vias no Douro interior!)...
6. Continua a repetir que esta macabra avaliação dos professores é absolutamente necessária para melhorar o sistema de ensino. Mas nunca explicou os motivos. Lança "umas bocas" para tentar enganar os papalvos...
7. Tirando alguns aspectos económicos em que os entrevistadores estiveram à altura, noutras ou foram ausentes ou demasiado macios.
8. Mais do que ouvir as perguntas formuladas, o entrevistado parecia apostado em "despejar o saco".
9. O fim da entrevista deixou-me confuso: não percebi se ele estava ali como Primeiro-Ministro, se como Secretário Geral do PS.
10. Causou-me algum engodo que uma ou outra vez tenha respondido ao jornalista que "essa é a sua opinião, não a minha". Mas um Primeiro-Ministro situa-se ao nível da opinião ou da convicção esclarecida e esclarecedora?
11. A nível das relações com o Presidente da República, penso que não esteve mal. Delimitou os campos. Derrubou futuros revanchismos (como, por exemplo, a revisão da Constituição, caso o Tribunal Constitucional declare inconstitucionais os tais 2 artigos polémicos do Estatuto dos Açores.
12. Espalhafatoso na forma de comunicar para incutir a ideia de que todas as medidas tomadas são as melhores, mas não as explicou, como era seu dever, limitando-se quase sempre e elencá-las. apoiado aqui e ali com estatísticas quando estas lhe serviam.
Pediu claramente uma nova maioria absoluta. Espero que os portugueses não percam a memória e que conservem os genes gloriosos de seus antepassados. E quem nos tratou como este senhor, decididamente não a merece. Pelo contrário.
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