"O cardeal entendeu exprimir-se dessa maneira. É uma opção que poderá ter alguns custos na relação mas as palavras poderão ser também a verdade da relação", comentou o jornalista Manuel Villas-Boas, especialista em assuntos religiosos.
Falando na tertúlia "125 minutos com Fátima Campos Ferreira", que decorreu no Casino da Figueira da Foz, D. José Policarpo deixou um conselho às jovens portuguesas quanto a eventuais relações amorosas com muçulmanos, afirmando: "Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam."
Questionado sobre se não estava a ser intolerante perante a questão do casamento das jovens com muçulmanos, D. José Policarpo disse que não.
"Se eu sei que uma jovem europeia de formação cristã, a primeira vez que vai para o país deles é sujeita ao regime das mulheres muçulmanas, imagine-se lá", ripostou D. José Policarpo à jornalista e anfitriã da tertúlia, manifestando conhecer "casos dramáticos" que, no entanto, não especificou.
Na sua intervenção, o Cardeal Patriarca de Lisboa considerou "muito difícil" o diálogo com os muçulmanos em Portugal, observando que o diálogo serve para a comunidade muçulmana demarcar os seus espaços num país maioritariamente católico.
"Só é possível dialogar com quem quer dialogar, por exemplo com os nossos irmãos muçulmanos o diálogo é muito difícil", disse D. José Policarpo durante a tertúlia. http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/f16392a1f098f5901fbfea.html
Já estou a ouvir os zeladores do secularismo e os que fazem do anti-catolicismo o seu modo de respirar a deitar lume pelos olhos. Que tal e que coisa, que o cardeal é fundamentalista, anti-diálogo inter-religioso, fomentador da divisão... Como se fosse possível o diálogo sem verdade, como se dialogar fosse apenas cedência, passar um pano sobre a realidade. O senhor Patriarca não foi politicamente correcto, mas disse claramente a verdade e isso é maravilhoso. Só dialoga quem é capaz de convicções. Parabéns, senhor Patriarca!
O Patriarca centrou as suas referências nos muçulmanos por duas ordens de razões: a condução da tertúlia pela joranlista ia, de momento, nesse sentido; e a relação cristãos - muçulmanos não se cinge unicamente ao campo religioso.
ResponderEliminarAquilo que o Patriarca disse aplica-se, "positis ponendis", a toda a relação e a todo o diálogo entre religiões, nações, culturas, civilizações e raças - mormente se num caso se acumulam vários factores de diferenciação.
O casamento entre pessoas de diferentes contextos implica "a priori" comhecimento mútuo, boa vontade bilateral e algumas cautelas de parte a parte, o que não implica, de si, nem mentalidade nem atitude discriminatória. Em certa medida, análogas precauções devem ser tomadas a quando de outras situações relaciomais e dialogais, havendo que contar com possíveis surpresas.
No caso dos muçulmanos e cristãos, coincidem factores de diferenciação religiosa, cultural e civilizacional. Nós, do lado de cá, nem sempre somos mais recomendáveis. No entanto, habitualmente não há um esforço vivencial (excepto alguns de academismo) por conhecer o outro lado. E sabemos que do lado de lá surgem problemas atinentes à poligenia, estatuto de inferioridade da mulher e mais frequentes manifestações de fundamentalismo religioso, diverso conceito de liberdade, diferente refinamento civilizacional e um certo culturalismo desviante.
Eventualmente, como noutros contextos específicos, surgem casos dramáticos, muitas vezes sem solução por impossibilidade de referncia ou retorno à cultura de origem.
Para dialogar, é necessário não prescindir, com facilidade, das nossas posições doutrinais e culturais, mas respeitar e compreender a verdade do outro - o que torna o diálogo difícil, mas proveitoso, se efectivo e construtivo.
A intervenção do cardeal patriarca foi muito SENSATA...Não vejo razão para se designar como uma declaração polémica!!!
ResponderEliminar:)