Traçando um cenário negro, Cavaco Silva dirigiu uma palavra especial aos que sofreram uma redução inesperada de rendimentos, pediu que não se deixem abater pelo desânimo e sublinhou a necessidade de falar verdade aos portugueses.
«É sabendo a verdade e não com ilusões que os portugueses podem ser mobilizados para enfrentar as exigências que o futuro lhes coloca», disse o Chefe de Estado, sublinhando que «a verdade é essencial para a existência de um clima de confiança».
O Presidente da República deixou assim outro desafio aos políticos: «Os portugueses gostariam de perceber que a agenda da classe política está de facto centrada no combate à crise. As dificuldades que o país enfrenta exigem que os agentes políticos deixem de lado querelas que em nada contribuem para melhorar a vida dos que perderam o emprego, dos que não conseguem suportar os encargos da prestação das suas casas ou da educação dos seus filhos, daqueles que são obrigados a pedir ajuda para as necessidades básicas da família».
«Não é com conflitos desnecessários que se resolvem os problemas das pessoas», frisou o Chefe de Estado, pedindo por isso que se evitem «divisões inúteis».
Lembrando que há oito anos que Portugal se afasta do desenvolvimento médio europeu e alertando, mais uma vez, para o problema do endividamento externo, Cavaco Silva deixou a ressalva: diz acreditar que há um caminho - ainda que "estreito" - para sair da quase estagnação económica: «O reforço da capacidade competitiva das nossas empresas a nível internacional e o investimento nos sectores vocacionados para a exportação têm que ser uma prioridade estratégica da política nacional».
Sem isso, sublinhou, é «pura ilusão imaginar que há verdadeiro progresso económico e social» e, avisou: «As ilusões pagam-se caras».
Por isso, disse, é também preciso «enfrentar as dificuldades com visão de futuro». Daí o conselho: «Há que prestar uma atenção acrescida à relação custo-benefício dos serviços e investimentos públicos».
São recados do Presidente da República num discurso duro mas no qual também manifestou «esperança»: «Este é o tempo de resistir às dificuldades, aos obstáculos, às ameaças com que cada um pode ser confrontado. Não tenham medo!»
«O futuro está para além de 2009», fez notar o Presidente da República, que disse acreditar num «futuro melhor e mais justo para Portugal».
Bárbara Baldaia
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