Depois da entrevista de Sócrates à SIC, procurei ler e ouvir comentários de pessoas que me pudessem fornecer chaves de leitura e ressituassem o que disse o primeiro-ministro no contexto da verdade histórica.
Confesso alguma desilusão com o que ouvi e li. O nosso jornalismo e os comentadores de serviço são geralmente pouco críticos em relação a este governo. Mesmo o actual Marcelo Rebelo de Sousa. Mas encontrei hoje um comentário que me satisfez pela objectividade, pela clareza da posição, pelo desassombro com que pôs o dedo na ferida.
Quero partilhar com os meus amigos esse longo texto. Vale a pena.
# Berluzconilingus
http://sol.sapo.pt/blogs/jas/archive/2009/01/10/A-gravata-vermelha.aspx#comments
Venerável irmão!
ResponderEliminarGuiado pela tua informação, fui ler o blogue em referência e também gostei. Uma boa apreciação, bastante rica em objectividade e com pertinentes interrogações.
Todavia, a tua caridade cristã permite-me uma pequena achega: O governante faz exactamente esse papel de governante que Sócrates fez (o seu). Compete às oposições fazer o delas. E estas têm sido muito frouxas, não desmontando a arquitectura do discurso governativo demasiado orientado para a autojustificação e bastante hipócrita. Depois, a opinião pública, construída por jornalistas pouco audazes naquilo que é essencial, levanta muito pouco o véu das inépcias governativas e do seu eleitoralismo, a não ser em pormenores que dêem para vender papel ou para atrair audiências.
Quanto ao Orçamento de Estado, por mais inconsequente que tenha sido (e foi-o pela gritante desactualização), ele não pode ser alterado entre a aprovação parlamentar e a promulgação presidencial. E Cavaco fez bem em promulgá-lo. Não pode, entretanto, o governo esperar mais tempo para sujeitar à discussão parlamentar um orçamento suplementar desde há semanas necessário e promover todas as revisões que a crise exigir.
Quanto ao estatuto dos Açores, gostava de dizer que as normas da fiscalização preventiva da constitucionalidade das leis deviam ser mudadas. O Tribunal Constitucional deveria apreciar, na íntegra, os diplomas que o Presidente da República lhe submete e não só os artigos sobre os quais recaem dúvidas de constitucionmalidade da parte do Presidente. No caso, não teríamos tido todo este pé de ferro político entre órgãos de soberania.