terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Parece-me ser um grave erro antropológico equiparar uma união homossexual ao casamento e à família."

A possibilidade de vir a ser permitido em Portugal o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo deverá ser um dos assuntos da próxima reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse à lusa o seu porta-voz.
Segundo o padre Manuel Morujão, a agenda da reunião marcada para 10 de Fevereiro ainda não está definida, mas normalmente há sempre um ponto sobre questões actuais da sociedade portuguesa.
"É natural que seja programado esse ponto", disse.

O primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates, afirmou domingo que chegou agora o momento de se fazer o debate e a discussão com a sociedade portuguesa sobre casamentos homossexuais.
Para o líder socialista, trata-se de "eliminar uma discriminação histórica, que não honra nenhuma sociedade aberta". José Sócrates lembrou que vários países já deram o passo de legalizar os matrimónios entre pessoas do mesmo sexo, dando como exemplos o Canadá, a Espanha ou a Bélgica e a Holanda.

Sobre esta questão, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa considerou "desproporcionado que o partido do governo se fixe neste assunto dos casamentos homossexuais, quando há tantos problemas graves e gritantes" na sociedade, como a crise financeira e económica "que afecta gravemente as famílias e as empresas".
Na opinião do padre Manuel Morujão, esta iniciativa, em vez de unir os portugueses para resolver os reais problemas do país, será "seguramente um forte factor de divisão".
"Dá, pois, a impressão de que se trata de uma distracção dos reais e mesmo clamorosos problemas que atingem algumas faixas sociais mais desfavorecidas", disse.

Segundo o porta-voz da CEP, todos, pelo facto de serem pessoas, merecem o integral respeito e atenção da igreja, independentemente da orientação sexual, da raça, da ideologia ou do credo.
Mas, acrescenta, "a justíssima causa de abolir as discriminações não pode justificar tudo".

"Parece-me ser um grave erro antropológico equiparar uma união homossexual ao casamento e à família. A família é um património fundamental da humanidade que não pode ficar à mercê das disposições de qualquer campanha ocasional, em consonância com modas que pisam as fronteiras de algo que não é substituível por qualquer outro tipo de relacionamento e união", frisou o padre Manuel Morujão.
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/de656cc0fbedd71fc7cf78.html

1 comentário:

  1. Evidentemente, senhor e rico abade-arcipreste de Tarouca, tem toda a razão. Não devemos confundir tolerância para com a situação sexual de outrem (Duvido que se possa chamar de orientação sexual!) com a institucionalização de situação excepcional a respeitar, arvorando-a a estado civil de vida ou apontando-a como exemplo.
    E família é família: comunidade de vida, amor, serviço, crescimento, diferença. O seu núcleo fundamental é homem mais mulher em complementaridade recíproca, em diálogo que, pelo menos, não exclua a hipótese proliferente. Mesmo a família dita monoparental deve merecer atenção,apoio e ajuda. Todavia, não deve ser apresentada como arquétipo, o que ela também nunca pretendeu.
    Uma lei fundamental, como é a Constituição, ou uma lei estruturante, como é um código civil, não deveriam nunca consagrar estados civis ditados ao sabor da moda.
    Já agora, mais uma achega: Não está em causa o casamento de homossexuais. Sejamos claros, o que está em causa é o casamento de pessoas do mesmo sexo. De resto, as autoridades civis ou as eclesiásticas nunca inquiriram se os pares heterossexuais, quando avançam para o casamento, têm tendências de outra ordem; o que se tem como razoável, é a observância dos cânones de realização conjugal, harmonia e fidelidade, na certeza d eque a vida em comum acarreta alegrias a par de algumas paciências

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