sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Prof. João César das Neves em Lamego

O economista e professor universitário, Prof. João César das Neves, esteve esteve no Seminário de Lamego nesta noite. Veio falar do tema: "Porque é que não conseguimos comunicar? As dificuldades da Igreja com a linguagem".
Felicito o Seminário, na pessoa do sr. Reitor, pelo momento que possibilitou a todos ao abrir a casa à comunidade. Mesmo neste noite gélida de Janeiro, estava um grupo interessante. Sinal que as pessoas estão disponíveis e receptivas.
O conferente é um comunicador nato, que revela convicções. Fá-lo com leveza sem retirar alguma profundidade. Consegue com facilidade prender o auditório, onde a "graça" surge espontaneamente.
Gostei do que disse, embora não concorde com tudo. Quando me preparava para intervir, olhei para o relógio e eram 23 horas. Na cara de alguns via já alguma saturação e ... fiquei calado.
Mas não era disto que estava à espera. O tema sugeria mais, muito mais. A coragem de pôr o dedo na ferida, de enfrentar os problemas. A Igreja - eu também - não sabe comunicar, usa mal os meios de comunicação que me pareceu que ele não valorizou devidamente. Não lhes chamou Paulo VI o púlpito dos tempos modernos? Não os usou Cristo no seu tempo? Os que havia, claro! Os imensos discursos que dirigiu às multidões, o que eram? Claro que a fé é a adesão pessoal a a uma pessoa - CRISTO. Claro que ELE soube valorizar esse meio de comunicação pessoal - basta ver a conversa com Nicodemos, mas nunca prescindiu da comunicação social da altura e usava-a com a mestria de que só Ele era capaz.
Mesmo os encontros e experiências pessoais se realizam em comunidade e na comunidade - experiências de Tomé e da pecadora...
Depois ninguém disse claramente que os leigos comunicam melhor na comunicação social do que os ordenados, tirando D. Manuel Martins e poucos mais.
Não se falou disto: enquanto as multidões abandonam os templos, os padres quase só usam o púlpito dos templos...Não se focou a qualidade das homilias, das mensagens dos bispos, etc, etc...
Eu sei que esse contacto pessoal é importante, hoje muito mesmo - até dada a solidão das pessoas na multidão, onde ninguém ouve ninguém. Que se está a fazer neste campo?
Gostei do aspecto que focou e que traduz uma realidade com que nos deparamos. Uma religião à medida do século, de consolos e de imediatismos, sem conversão, que nada nos exija pessoalmente. Basta ver os grandes encontros dos jovens com o Papa. Enorme vibração, pouca mudança de vida ...
Mas em Portugal as coisas actuam ao retardador. Desvalorizar o papel da maçonaria não me pareceu acertado. E bem sabemos como ela age, oculta mas terrivelmente eficaz.

1 comentário:

  1. Não é fácil um conferencista satisfazer o auditório quando a fasquia das expectativas é demasiado elevada.
    Por outro lado, é preciso dizer que o acto de comunicação é complexo, quando se trata de personagens que representam instituições, embora se torne simples, quando as pessoas singulares se dão com naturalidade ao diálogo no dia a dia.
    Quanto à Igreja e seus servidores, o problema não está na capacidade ou incapacidade de comunicar: está nos conteúdos, que a mentalidade hipercriticista não absorve (E alegam, depois, que a linguagem das Igrejas é fechada, ultrapassada, etc.!).
    A alegada falta de habilidade dos eclesiáticos é superável e a falta de formação dos cristãos exige trabalho, tempo, recursos e apoios.
    Não sei se Jeus Cristo usou todos os meios de comunicação disponíveis ao tempo ou se deixou isso para os apóstolos e seus sucessores. Quantas vezes falou nas praças? E na sinagoga e no templo, parece que uma vez em cada! Livros, cartas, papiros,pergaminhos...Nada. Contacto humano, sim. Linguagem simples, afável, mas considerada dura, agressiva para alguns.

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