Telefonou-me hoje. Feliz. Dos seus cinco filhos, um não lhe falava há sete anos! Nem uma telefonema, nem uma carta, nem uma visita...
Quando vinha à terra- e fazia-o frequentemente - nem aos filhos autorizava que visitassem a avó. Hospedava-se em casa dos sogros, até visitava os irmãos, mas a mãe... Nem vê-la.
Há sete anos, fizera rodeios à mãe para que lhe cedesse um terreno para construir uma casa. Que tal e que coisa, que ele era o que estava mais longe, que era o mais velho, que tinha ajudado a criar os irmãos, que a mãe, ao dar-lhe o terreno pretendido, não fazia mais do que a sua obrigação. Mas era uma mulher justa. Nunca se permitiria prejudicar um filho em favor de outro, por mais que aquele coração gostasse de contentar o primogénito. E lá disse o não que mais lhe custou na vida.
Começou aí o seu calvário maternal. Que se agudizava quando, nas grandes festas do ano, todos se reuniam à sua volta, felizes e contentes. Mas ninguém ocupava no seu coração o lugar do filho fugitivo. Então as lágrimas, que lhe regavam o rosto, eram o seu meio de comunicar a dor sentida.
Quantas vezes, ao saber da estada por cá do filho, procurou aproximar-se dele!
- Então meu filho!...
- Não me chateie! Meta-se na sua vida!
Neste Natal não foi diferente. Mal soube que estava por cá com a esposa e os filhos, rondou, procurou aproximar-se, mesmo sentindo que a evasão do filho era notória e agressiva.
No dia de Natal, ela surgiu-lhe de repente em local onde ele não pôde fugir.
- Então meu filho!
Ainda procurou desviar a cara. Mas de repente, soltou um tímida "atão". Não precisou de mais nada, correu, abraçou o filho, feliz, mesmo sentindo um monte de gelo nos braços. Depois, aquele coração empedernido, como que aquecido pela enorme ternura maternal, lá emanou uma seca ordem aos filhos:
- Cumprimentem a vossa avó.
Delírio. Então pegar no netinho mais novo que nunca havia tido ao colo, deixou-a noutra galáxia.
À noite, jantaram todos em casa de um dos irmãos e ele marcou presença. Não falou quase nada para a mãe, mas pelo menos não a varava com o olhar nem lhe fugiu.
Hoje regressou a Lisboa, não sei antes regressar à casa de onde fugira há sete anos. Para se despedir da mãe.
- Foi um calvário de sete anos. Mas nunca perdi a esperança de reencontrar o meu filho. Deus seja louvado! Este foi o Natal mais feliz da minha vida.
Bela e comovente história! :)
ResponderEliminarBeijinho sereno***
Bela mensagem de amor e amôr de mãe é assim mãe há só uma.
ResponderEliminarÓ minha mãe minha mãe
Ó minha mãe minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe não tem nada.
Esta quadra é muito antiga mas será sempre actual.
Antonio Assunção---Voz do Goulinho