No fim da Eucaristia é o habitual. Esperam por mim cá fora. Cunprimentamo-nos, falamos, partilhamos, brincamos. E descemos depois juntos até que os ramais da vida nos separem.
- Então, Nadita, tem frio?
Ela anda pelos oitenta. Vive sozinha. Houve tempos em que não apreciava as minhas brincadeiras, mas agora é diferente. Pode ser sempre diferente quando somos capazes de ver para além das aparências ou quando tiramos dos nossos olhos as talas dos preconceitos...
Está um frio intenso que o nevoeiro torna mais esmagante.
- Nandita, toca para a lareira!
- Não tenho - respondeu-me.
- Ah! Mas tem o aquecedor a gás ou a electricidade... - acrescentou uma das companheiras.
- Não. A corrente não aguenta o aquecedor. E a gás não tenho.
- Ah!??
- Embrulho um cobertor nos pés e lá passo.
Não me saem estas palavras da alma. Uma pessoa com oitenta anos e não tem com que se aquecer? Só um cobertor? Pode lá ser!! A família, a Câmara, a sociedade... Algo tem que ser feito. Não vou calar esta situação.
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