Para vencer a injustiça é preciso,
acima de tudo, vencer o medo. E preciso, com feito, vencer o medo de perder o
lugar, o medo de perder o prestígio, o medo de perder o aplauso.
Muita gente me tem dito, certamente com o melhor propósito,
que não vale a pena incomodarmo-nos com o mundo. Primeiro, porque somos poucos
e pequenos para tarefa tão grande. E, depois, porque tudo acabará por melhorar.
Acontece que este é um grande equívoco. A injustiça não
acaba por inércia. E preciso fazer muito para que ela termine. Já para que a
injustiça continue, basta uma coisa: não fazer nada.
Nunca é demais lembrar a severa admoestação de Edmund
Burke: «Tudo o que é preciso para que o mal triunfe é que as pessoas de bem
nada façam».
Como referia Luther Kmg, o que dói não é só o grito dos
maus; é também — e bastante — o silêncio dos bons, das pessoas de bem.
Para vencer a injustiça é preciso vencer o medo. O medo de
falar, o medo de sofrer, o medo de ser criticado. Ninguém, por si, é capaz de
acabar com a injustiça. Mas todos podemos contribuir, pelo menos, para que ela
não fique no esquecimento.
Pertinente é, pois, o apelo de Shirin Ebadi: «Se não podeis
eliminar a injustiça, pelo menos contai-a a todos».
A injustiça gosta do silêncio, da cumplicidade. Calar diante
da injustiça é ser conivente com ela. Ergamos a voz contra a injustiça. Ergamos
a voz pela justiça. E pelas vítimas da injustiça!
In “Sempre em Mudança”
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