sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Aí estão as vindimas...

Como em tudo. Uns afiançam que têm melhor produção, outros que esta piorou em relação ao último ano.
O que mais tenho ouvido é que no presente ano, por estas zonas, as uvas têm pouco açúcar, o que quer dizer que o vinho terá menos grau.
A este respeito, um amigo, que está sempre na galhofa, aconselha os taberneiros a duplicar os WCs, pois, segundo ele, com o vinho aguado, a corrida aos ditos será mais intensa por parte dos amantes do fruto da videira...

Alexandre Dumas, escritor francês do século XIX, dizia que as refeições têm uma parte material e uma parte intelectual... E a parte intelectual é o vinho.
Outro escritor, escocês de nascimento, e que andou aqui, por Portugal, no início do século XIX, a apreciar os nossos melhores vinhos, chamado Lord Byron, afirmou que "o vinho consola os tristes, rejuvenesce os velhos, inspira os jovens e alivia os deprimidos do peso das suas preocupações".
A sagrada Escritura, no livro do Eclesiastes, capítulo 9, diz: "Vai, come o teu pão com alegria e bebe contente o teu vinho". Mas o Eclesiástico, no capítulo 19, a admoesta: "que o trabalhador dado ao vinho não enriquecerá".

Nisto como em tudo sobressai a moderação. Nem oito nem oitenta. Alguns abusam, escravizam-se à bebida, infernizando, tanta vez, a sua vida e a dos outros. Outros, os puritanos, acham que o vinho faz mal a tudo, prejudica tudo... diabolizam-no.

A gente nova, sobretudo, não vai com o vinho. Mas, no espaços da night, consumem bebidas bem mais potentes e prejudiciais do que o vinho. Sem falar já no vulgar consumo de cerveja, coca-cola, sumos não-naturais e quejandos que julgo muito mais prejudiciais à saúde.
Nisto de bebidas, há muito de modas... E parece que, na actualidade, o pobre do vinho cai fora das modas juvenis...

Preocupante é a situação dos pequenos produtores. Se fazem o vinho em casa, não têm quem lho compre, ou então os preços são demasiado baixos em relação ao custo da produção; se vendem as uvas para as cooperativas, o dinheiro (pouco) demora uma eternidade a chegar; se as vendem a particulares, embora recebam normalmente mais cedo, os preços também são cá por baixo...

Um bom vinho caseiro é uma maravilha, um verdadeiro néctar dos deuses. Infelizmente, mesmo naqueles lugares onde a natureza se esmerou em produzir um vinho excelente, a ganância de alguns, a ignorância, a moda de colocar determinados produtos, vão deteriorando cada vez mais a bebida. E hoje encontrar um vinho caseiro de boa qualidade já não é tão vulgar como noutros tempos.

Por outro lado, quantos jovens se interessam hoje pela arte de produzir vinho? É certo que, ao contrário de outros tempos, vemos hoje mulheres ligadas à produção vinícola. Oxalá que também aqui se revele "o génio feminino"!

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