quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Investir maciçamente na agricultura alimentar

Diante da progressão da fome no mundo, as organizações especializadas insistem na necessidade de se investir maciçamente na agricultura alimentar, por ocasião da comemoração, nesta quinta-feira, do Dia Mundial da Alimentação, que este ano acontece em plena crise financeira mundial.

Em meados de setembro, o diretor-geral da Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, anunciou diversos dados alarmantes sobre a fome no mundo, que afeta de 923 a 925 milhões de pessoas contra 850 milhões antes da escalada dos preços e das revoltas que a seguiram.
Diouf acusou os dirigentes mundiais de terem ignorado as advertências lançadas por sua agência sobre a crise alimentar, considerando que o que havia faltado para conter a crise tinha sido vontade política.

Segundo a FAO, os investimentos em agricultura entre 1980 e 2006 caíram de 17% para 3%, enquanto a população mundial ganhou durante esse tempo mais 78,9 milhões pessoas por ano. Paralelamente, os biocombustíveis privaram o mundo de 100 milhões de toneladas de cereais como o milho ou o trigo, que poderiam servir para alimentar seres humanos, ressaltou.
"O fato de a fome atingir quase um bilhão de pessoas no mundo obriga todos os proprietários de terras a reverem sua orientação e a se voltarem novamente para a agricultura alimentar que havia sido um pouco negligenciada nos últimos anos, em benefício dos setores de saúde e educação", ressaltou Stéphane Delpierre do Serviço de Ajuda Humanitária da União Européia (ECHO).
"Relançar a atividade dos pequenos agricultores e lutar com programas coordenados contra a desnutrição, que ameaça de morte 19 milhões de crianças, são as duas prioridades atualmente frente à crise alimentar", afirmou Erika Wagner da Fundação Clinton.
"Durante anos, nós insistimos na falta de apoio ao desenvolvimento da agricultura do sul que tornou a crise atual amplamente previsível", ressaltou Catherine Gaudard, diretora do Comitê Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento-Terra Solidária (CCFD).
Para Caroline Wilkinson, da Ação contra a Fome, "mesmo que os programas de retoma agrícola sejam extremamente importantes, a urgência hoje é tratar as 55 milhões de crianças que sofrem de desnutrição".
Em agosto, o Programa Alimentar Mundial anunciou a realização de um programa de ajuda para lutar contra a crise alimentar de 142 milhões de euros em 16 países assolados pela fome, dentre eles Afeganistão, Haiti, Libéria, Moçambique, Etiópia e Somália. Mas segundo a agência da ONU, a ajuda alimentar internacional caiu em 2008 a seu nível mais baixo em 40 anos.
http://afp.google.com/article/ALeqM5gl7ufp5F7sPLB9kDNzP2I8YAQX0A

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