Em virtude de uma viagem longa, com imprevistos vários pelo meio, aquele casal não teve oportunidade de participar na Eucaristia dominical. Procuraram-me, porque para eles "um domingo sem Missa não é domingo."
- Senhor padre, fizemos tudo para assistir à missa, mas não nos foi mesmo possível!
- Assistir? - perguntei enfaticamente.
- Sim, não conseguimos ir à Missa no domingo...
Então falei com eles, procurando perceber o seu "assistir", ao mesmo tempo que o casal entendesse o meu "participar".
De facto, não assistimos à Missa. Ela não é nenhum concerto, peça teatral ou cinema a que se assiste. Na Missa, não há actores e assistência, somos todos actores. Não há motores e carroçaria. Somos todos motores. Somos comunidade celebrante.
Claro que o Ministro do sacramento da Eucaristia é o bispo ou o sacerdote. O seu lugar único e insubstituível, não retira protagonismo à assembleia, pelo contrário, une-a e reforça a sua coesão.
Daqui a responsabilidade de toda a comunidade na celebração da Eucaristia. Uma comunidade amorfa, que não responde, não canta, não ouve, não acata o silêncio prejudica gravemente a vivência da Eucaristia.
Os sacerdotes sabem por experiência como é bom celebrar a Eucaristia com certas comunidades onde a participação e o envolvimento humano e cristão é grande. Onde a fé se vive! E como custa bem mais celebrá-la com comunidades amorfas, que se arrastam, sem alegria, sem participação, mortinhas que "aquilo acabe".
Há duas situações difíceis: a de "túmulos" e a de "carnaval". A primeira refere-se àquelas assembleias que lembram a paz dos cemitérios. As pessoas estão com cara de "sexta-feira santa", só um punhadito é que responde a medo, cantam meia dúzia de pessoas, desgastam a vista a olhar para o relógio, esgotam o ar de tanto abrirem a boca. A segunda não é menos simpática. A igreja é um espaço de falatório, de conversa pegada, de risada, de mascar chiclets, de dar até uma olhadela pelas mensagens de telemóvel...
O sacerdote explica, favorece por todos os meios disponíveis a participação, só que as pessoas não querem e quando não querem...
Mas o mais engraçado nisto tudo é que depois leio em alguns blogues e ouço pessoas a dizer que a culpa é do sacerdote! Como se a Missa fosse só dele, como se ele fosse o artista a cujo concerto se vai assistir... Gente a dizer que as pessoas não vão à Eucaristia por culpa do padre ou que vão porque o padre é "porreiro". Meu Deus! Mas a fé é nas pessoas ou em Cristo? Somos cristãos por causa das pessoas ou por causa de Cristo? Se sou cristão por causa da pessoa tal ou tal, é melhor pôr os bigodes de molho, mais tarde ou mais cedo me decepcionarei. Só CRISTO é o SENHOR! Só Cristo nunca desilude!
As pessoas não vão, não querem PARTICIPAR, não testemunham a sua fé, não assumem a sua condição de celebrantes, e depois a culpa é do padre!!! Haja pachorra para tanto desaforo!
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