domingo, 20 de janeiro de 2008

200.000 aplaudem o Papa, após anulação da visita à La Sapienza

Cerca de 200.000 pessoas aplaudiram hoje o Papa Bento XVI na Praça de S. Pedro, no Vaticano, ao meio-dia, por ocasião do Angelus.

Esta foi uma resposta a um apelo da Diocese de Roma em "desagravo" de Bento XVI, depois deste ter anulado a sua visita à Universidade La Sapienza, em virtude de uma contestação assinada por 67 professores e estudantes anti-clericais.

Segundo dados do Vaticano, a praça duplicou a sua capacidade, na hora da oração do Angelus.
"Livres para escutar", "Se o Papa não vai à Sapienza, a Sapienza vem ao Papa" e "Basta de intolerância anti-católica" eram algumas das frases que se liam nos cartazes que os fiéis empunhavam.

Entre os que responderam ao apelo do vigário de Roma cardeal Camillo Ruin em "desagravo" do Sumo Pontífice, encontravam-se representantes de todas as forças políticas do Centro-Direita e também da ala católica do Partido Democrático, apesar de assegurarem que não se tratava de uma manifestação política e como tal não levaram qualquer bandeira dos seus partidos.

Entre estes, encontrava-se o ex-ministro da Justiça, Clemente Mastella, (...), e o vice-primeiro-ministro e ministro da Cultura, Francesco Rutelli.

Em Milão (Norte), 10.000 pessoas, segundo a Polícia, seguiram a oração do Angelus num ecrã gigante colocado na praça da catedral.

"Obrigado a todos pela vossa presença. Avancemos num espírito de fraternidade e amor pela liberdade e a verdade num compromisso comum por uma sociedade fraterna e tolerante", disse o Papa.

Referindo-se ao cancelamento, sem precedentes, da sua visita à La Sapienza, o chefe da Igreja Católica explicou: "O clima que se criou tornou inoportuna a minha presença".

Bento XVI, antigo professor de Teologia na Universidade, encorajou os universitários presentes "a serem sempre respeitosos das opiniões dos outros e a procurar, com um espírito livre e responsável, a verdade e o bem".

A contestação na La Sapienza, a maior universidade italiana com 130.000 estudantes, surgiu a partir de um grupo de professores do departamento de Física que considera "incongruente", em nome da laicidade, a decisão do reitor de convidar o Papa para a inauguração do ano académico.

Em seguida, vários grupos de estudantes organizaram uma "semana anti-clerical" criticando as posições do Papa sobre o aborto e a homossexualidade.

Durante toda a semana, a classe política quase na sua totalidade solidarizou-se com o Papa e condenou "a intolerância" dos contestatários.

O Presidente da República Giorgio Napolitano, ex-comunista, enviou uma carta a Bento XVI onde exprimiu o seu "profundo pesar" pela anulação da vista. (...)

NL.
Lusa/Fim

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