Contaram-mo. Era uma professora competentíssima, uma colega "cinco estrelas", uma profissional de estofo. Levava já largos anos de carreira, sempre com óptima relações com os alunos e encarregados de educação.
Há uns tempos para cá, manifestava amiúde a sua insatisfação com o rumo do ensino em Portugal. Ela que era a calma em pessoa, sempre serena e ponderada, aberta à mudança.
Há tempos, apareceu com a notícia: "Vou embora, abandono a carreira." Todos ficaram boquiabertos e muitos tentaram demovê-la das suas intenções. Em vão. Sabia o que queria.
"Estou farta de ser maltratada por um governo quem tinha a obrigação de me defender e estimular. Estou farta desta (des)educação governamental que não promove a formação dos alunos nem a exigência, mas não cessa de culpar os professores. Estou farta desta mudança de regras a meio do jogo, estou farta deste estatuto da carreira docente, do estatuto do aluno, deste tipo de avaliação dos docentes... E o pior ainda está para vir..."
E foi. Aproveitou uma oportunidade de emprego fora do sistema de ensino e agarrou-a.
Pelo que ouço e vejo, muitos desejariam poder fazer como esta colega. Só que empregos hoje... E a razão é sempre a mesma: a miserável política educativa deste governo. Não são os alunos, nem as escola, nem os pais.
Tantos e tantos professores, que tendo já muitos anos de serviço, anseiam por uma oportunidade de reforma para saírem do tormento em que o governo transformou o ensino!
E não fora o flagelo do desemprego, qualquer dia teríamos que importar professores, tal a carga negativa que estão a imprimir à profissão docente.
Valha-nos, ao menos, a sondagem mundial efectuada pela Gallup para o Fórum Económico Mundial (WEF), onde se vê que, em Portugal, os professores são os mais prestigiados, ao contrário dos políticos em quem quase ninguém confia, como a referida sondagem demonstra...
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