Acompanho alguns espaços virtuais onde se fala, se debate e se analisa os jogos do Futebol Clube do Porto. Nem sempre concordo. Algumas intervenções tiram-me do sério, pelo sectarismo, pela clubite fundamentalista e pela visão de inimigos em todos os lados.
Não sou daqueles portistas que vêm nos árbitros a origem das desgraças do Porto. Sou daqueles portistas que alinham na crítica contundente à comunicação social, mormente a do sul, pela sua parcialidade, ausência de independência e desigualdade no tratamento dos assuntos dos clubes. Basta ver a antena dada ao Benfica e a dada ao Porto... É gritante a desigualdade. Também acho desprezíveis a insinuação, a suspeita, verborreia bélica, etc.
As duas últimas épocas futebolísticas do FCP foram horríveis, embora a última fosse de gritar aos céus...
Pelos projetos apresentados, os reforços adquiridos, a limpeza de balneário efetuada, a a eficácia na saudável construção da realidade económica, pelas orientações apontadas, esperava vivamente uma melhor época.
Não conhecia o treinador quando ele aqui chegou. Felizmente pôde realizar a pré-época de forma serena, com a maioria dos reforços. Confesso que me surpreendeu. Desde os amigáveis até aos primeiros jogos a sério, o Porto foi uma agradável surpresa. Equipa unida, determinada, pressão alta, segurança defensiva, vitórias. Estava de volta o bom e velho Porto. O coração escancarava-se à esperança de uma bom época. O título parecia estar mais perto do que suposto.
Apareceu o Benfica... Para um portista é sempre um jogo em que o empate sabe a derrota. É um jogo especial.
Pela primeira vez, o treinador Francesco Farioli me desiludiu.
A gente está sempre a aprender, até no futebol onde a emoção quer andar à frende da razão. Na hora certa, no momento único para o portismo, o novo técnico demonstrou que ainda não é um grande treinador, é um razoável treinador. A sua conferência de imprensa no fim do jogo confirma isso mesmo. Vale que ele é um jovem treinador e certamente vai crescer muito. Parecia que ele já interiorizara o "ser porto", mas ontem revelou que não. Com o Benfica só pode ser: ganhar, ganhar e ganhar. Não soube responder à postura defensiva da equipa de Mourinho, não soube arranjar um plano diferente... Deixou de fora o nosso mais virtuoso atleta - o Mora - que teria que jogar muito mais para tentar abrir aquela defesa compacta encarnada. E o Porto empatou. Dizem alguns: "ai, tivemos mais oportunidades do que o Benfica!" Pudera, não jogámos em casa? Outros: "Mas em 6 dias fizemos seis jogos!" Verdade. Mas tivemos mais tempo para a pré-epoca do que eles e não fizemos tantos jogos como eles tiveram que fazer. Além disso, não mudámos de treinador.
O que mais me aborrece no mundo portista são as desculpas. Ele é o árbitro, ele á Federação, ele é a Liga, ele é os clubes da segunda circular, ele é a comunicação. É verdade, há fatores externos adversos. Mas nem por um instante podemos deixar de ser exigentes com a nossa equipa, o nosso treinador, a nossa estrutura. É que só assim progredimos.
Este jogo foi um banho de humildade e de realismo para todos nós, portistas. Não temos tão bom treinador como pensávamos; a nossa equipa não tem a categoria que julgávamos, faltam bons jogadores; as coisas precisam de tempo. Depois das últimas 2 épocas, não se pode ter tudo de um momento para outro...Vamos com calma, chegaremos lá!!!
Mas será bom que Farioli, acima de tudo, aprenda - e muito - com o jogo de ontem!!!
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