É um benfeitor. Ninguém se apercebe e ele faz questão que assim seja. Já algumas vezes se apercebeu que se lhe referem como pessoa egoísta, que só pensa em si próprio. E como a injustiça magoa como faca afiada, fica a sofrer, mas não esmorece. Deus sabe. E isso bonda.
Como a crise afecta a todos, este ano, por mais que tente, não consegue ajudar tanto como noutras alturas. E isso aflige-o, sobretudo porque a crise fere mais quem é mais carenciado.
Há tempos apercebeu-me de uma família a quem a crise tinha deixado de rastos. Havia muita necessidade, mas a vergonha abafava aquela gente. É a tal pobreza envergonhada. Não descansou enquanto se não aproximou. Sem ninguém se aperceber, com total discrição, porque não se deve magoar quem precisa. Tem feito tudo o que pode para ajudar, estimular, ultrapassar a difícil situação.
Há dias recebeu um telefonema de alguém dessa família. Agradecia como sempre, mas acrescentava que neste Natal não se preocupasse com eles. Uma outra pessoa tinha-lhes oferecido um vasto cabaz de Natal. Já tinham o suficiente.
Os verdadeiros pobres são assim. Aceitam, agradecem, colaboram, não exploram.
Ele voltará a ajudar quando outras consciências acharem que podem ficar descansadas por um cabaz... É que não se come, não se veste, não se tem só necessidade no Natal...
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