As maiores nem sempre defendem posições eticamente correctas. As maiorias nem sempre têm razão.
No último referendo sobre o aborto, a maioria disse "sim". Não é por o placeat da maioria que o aborto passou a ser eticamente defensável. Continua a ser um atentado contra a vida.
Hitler foi eleito por uma maioria de eleitores. A história demonstrou à saciedade como a referida maioria não tinha razão. Além de se ter tornado um ditador, veio a desencadear a 2ª Guerra Mundial com o seu cortejo de horrores, com milhões de mortos.
Foram publicadas recentemente duas sondagens de opinião. Uma que dá o PS à beira da maioria absoluta; outra em que mais de 50 por cento dos portugueses apoiam a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, para continuar com o actual modelo de avaliação de professores.
A "libanização" do PSD e as questiúnculas internas, as guerrilhas permanentes entre facções, a ausência de um líder forte e carismático e de um projecto claro para o país, afugentam-no de aparacer aos olhos do povo como uma alternativa credível de momento (pessoas desse partido defendem isto mesmo).
Mesmo aqueles que não se revêem nos partidos mais à direita ou mais à esquerda do "bloco central" têm uma solução para exercer o seu direito de cidadania. O voto em branco. É uma forma democraticamente legítima de exercer a cidadania. Além disso, uma grande votação em branco obrigaria os políticos à reflexão, à mudança de métodos e de processos.
Continuar a apostar na actual maioria é querer mais do do mesmo. Mais autismo, mais prepotência, mais arrogância, mais desigualdade social, mais desemprego, mais propaganda, mais questões fracturantes, mais reformas de papel...
Quanto ao apoio dado na sondagem à ministra da Educação, sinceramente não percebo. Pergunto-me se ainda somos os descendentes dos bravos Lusitanos ou se ainda possuímos algum cromossoma dos denodados e valentes descobridores. Parece que somos um povo que "se vende por um prato de lentilhas". Uns computadores "Magalhães", uma escola transformada em "armazém de meninos" onde a violência, a indisciplina e o facilitismo campeiam, umas estatísticas "Novas Oportunidades", o espezinhar contínuo dos professores, tudo acompanhado de uma máquina de propaganda impecável, são suficientes para colocar a maioria dos portugueses de chapéu na mão perante a ministra...
Pobre Portugal!
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