sábado, 13 de dezembro de 2008

VAIDADE DAS VAIDADES TUDO É VAIDADE

O senhor Dr. Carlos Simão, natural desta freguesia, ~mas a viver fora há muitos anos, costuma partilhar connosco, através do Sopé da Montanha, recordações, reflexões, desafios...
Enviou esta reflexão que a quadra natalícia propicia. Aqui a deixo, com a devida vénia.

"Esta afirmação atribuída ao Rei Salomão, é bem exemplificativa das manifestações externas de superioridade desde o vestuário às casas e sobranceria diante do próximo. A propósito, lembro-me de uma pequenina cena relatada na “Vida do Arcebispo” de Frei Luís de Sousa sobre Frei Bartolomeu dos Mártires, o célebre Arcebispo de Braga, no século XVI. O bom do Arcebispo deslocou-se a Roma por alturas do Concílio de Trento. O Papa da altura, cujo nome não me recordo agora, convidou Frei Bartolomeu para a sua mesa por curiosidade, já que o Arcebispo era tido como um santo homem. Estando sentados à mesa e vendo o Papa o ar de espanto do Arcebispo diante da baixela de ouro a prata onde eram servidos, perguntou ironicamente:
- Então D. Frei Bartolomeu, lá na tua Braga também sois servido numa baixela semelhante!
O santo Arcebispo respondeu:
- Saiba Vossa Santidade que lá na minha Braga somos servidos em simples pratos e tigelas de barro.
Esta lição de humildade e pobreza evangélicas não devia ter passado despercebida ao Papa.
Desde então até hoje, parece que muitos dignitários da Igreja não aprenderam a lição e continuam a vestir-se ricamente e a frequentarem os palácios e casas dos grandes deste mundo. O nosso Mestre, Jesus Cristo, a primeira vez que entrou num palácio foi quando o conduziram a Herodes como um pobre condenado. A primeira vez que entrou em casa do representante do dono do mundo, César, foi no Pretório de Pilatos, mas para ser condenado à morte.
Então isto não dirá nada àqueles que se vestem de púrpura e usam crucifixos de ouro? E como o Padre António Vieira dou a minha opinião: “Não louvo nem condeno, admiro-me com as turbas”.
Talvez isto nada tenha a ver com a tal ganga que desfeia a Igreja, antes com a falta de coragem para, paulatinamente, serem expurgados estes excessos para não escandalizar os mais fracos.
Nesta época natalícia, a mensagem de profunda humildade do Presépio, não dirá nada aos altos dignitários da Igreja? Talvez as suas palavras tivessem outra força se fossem acompanhadas da simplicidade do Evangelho e do testemunho da pobreza. "
Boas Festas!
Carlos A.Borges Simão

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