O aniversário do Nascimento de Jesus Cristo ocorre, este ano, num cenário de dificuldades sem conta. O presépio, mesmo o mais modernizado, é memória da marginalização de pessoas e do insucesso do desenvolvimento.
O sinal de Deus é o Menino (…) Ele faz-se pequeno por nós. Não vem com poder. Vem como menino. Não nos quer dominar com a força (Papa Bento XVI, Homilia da missa da noite de Natal de 2006).
Tornou-se próximo para solucionar distâncias. Mostrou-se humano para contrariar desumanidades. Fez de todos os abandonados a sua companhia, para revelar critérios.
O domínio dos bem pensantes, a acumulação dos bens, o farisaísmo de comportamentos, as meras legalidades do exterior, os furores religiosos, os vazios do coração, sempre foram contrariados por um buscador da Justiça, da mansidão da coragem e do Testemunho da Paz. A Sua condição de Deus fê-Lo ainda mais humano e irmão de todos, sobretudo de quem repudiado, não tinha espaço entre civilizados.
Passava noites em oração e despediu-se dos seus à mesa da Eucaristia, recebendo como prémio o abandono.
Ressuscitado da morte, só nos pede que, em nome da liberdade, da inteligência e da transformação do Mundo, lhe demos uma nesga de atenção e de entusiasmo, tais crianças, jovens e adultos na senda de si próprios. A sua efígie é, hoje, para muitos, um “Pai Natal” (ou uma Mãe-Natal). E até o presépio se viu substituído por excessos de consumo, num tempo em que uma grave crise financeira vai revelando as caras da nascente do dinheiro: injustiças, diversões, roubos, armas, tráfico de mulheres e crianças, fastígio de mundanismo e de poder…
E, em vez da Paz, muitos O invocam como detonador de truculências e de fanatismos.
O Seu fascínio reside em energias fraternas, tão pouco comuns: a luta pela justiça e igualdade de oportunidades; a erradicação de ideologias da miséria e da pobreza; a defesa dos direitos; a denúncia dos responsáveis pelos muros sociais; a oferta de uma espiritualidade que fundamenta a comunhão e a responsabilidade do dar a cada um o que a cada um pertence.
(...) Connosco estão os mortos e os vivos, os doentes e os sãos, os felizes e os angustiados, os cheios de esperança e os desconfiados do amanhã, os que estão longe e os que estão na nossa unidade, na nossa casa de família e no nosso mundo social.
Se Jesus Cristo “perdeu tempo connosco” (Bento XVI), a cada um de nós a missão de construir a História, cumprindo a Esperança.
Feliz Natal de 2008 para todos!
Mensagem de Natal de D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança
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