Conhecia muito bem aqueles dois anciãos. Homens de alma limpa.
Um encanto conversar com eles. Simpáticos, acolhedores, eram uma memória vida da sua terra. O que eu aprendi ouvindo-os!
Todas as tardes davam o seu passeio pelas ruas da terra e arredores, saudando respeitosamente as pessoas com quem se cruzavam. Se alguém lhes dava um pouco de atenção, ficavam ali a falar, a ouvir. Tinham uma palavra de optimismo e de esperança perante o sofrimento alheio; discorriam apaixonadamente das coisas de outros tempos; usavam a história e a graçola para aquecer o ambiente empático.
Certo dia, sugeri-lhes que participassem na Missa da semana. Afinal eram crentes e gostavam de falar da sua fé. Um deles, olhando-me frontalmente, disse com o ar mais convicto deste mundo:
- Olhe que aqui a Missa da semana é só para as mulheres!
Bem tentei explicar, desmontar preconceitos, aplanar caminhos. Mas qual quê!
- Não, não! A Missa da semana é para as mulheres. Domingo lá estaremos, se Deus quiser!
Realmente o preconceito agarra-se como lapa à vida das pessoas. Em tudo, mas especialmente no tocante à vivência da fé.
Muita gente mete a inteligência e a clarividência na gaveta e gere-se pela máscara do preconceito, do sempre foi assim, do que diriam os outros se me vissem...
Ainda não nos deixamos libertar por Cristo.
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