quinta-feira, 13 de março de 2008

Os preconceitos das nossas terras

Conhecia muito bem aqueles dois anciãos. Homens de alma limpa.
Um encanto conversar com eles. Simpáticos, acolhedores, eram uma memória vida da sua terra. O que eu aprendi ouvindo-os!
Todas as tardes davam o seu passeio pelas ruas da terra e arredores, saudando respeitosamente as pessoas com quem se cruzavam. Se alguém lhes dava um pouco de atenção, ficavam ali a falar, a ouvir. Tinham uma palavra de optimismo e de esperança perante o sofrimento alheio; discorriam apaixonadamente das coisas de outros tempos; usavam a história e a graçola para aquecer o ambiente empático.
Certo dia, sugeri-lhes que participassem na Missa da semana. Afinal eram crentes e gostavam de falar da sua fé. Um deles, olhando-me frontalmente, disse com o ar mais convicto deste mundo:
- Olhe que aqui a Missa da semana é só para as mulheres!
Bem tentei explicar, desmontar preconceitos, aplanar caminhos. Mas qual quê!
- Não, não! A Missa da semana é para as mulheres. Domingo lá estaremos, se Deus quiser!

Realmente o preconceito agarra-se como lapa à vida das pessoas. Em tudo, mas especialmente no tocante à vivência da fé.
Muita gente mete a inteligência e a clarividência na gaveta e gere-se pela máscara do preconceito, do sempre foi assim, do que diriam os outros se me vissem...
Ainda não nos deixamos libertar por Cristo.

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