terça-feira, 25 de março de 2008

No Centro de Deficientes Profundos

Um grupo de jovens ( grupo de jovens, escuteiros, coral, acólitos, crismandos), e alguns catequistas da Paróquia dirigiram-se na tarde deste dia a Viseu, ao Centro de Deficientes Profundos, situado na Quinta de Santo Estêvão, que é propriedade da União das Misericórdias Portuguesas.
Os cinquenta tarouquenes foram gentilmente recebidos pelo Provedor Lucílio Teixeira, nosso conterrâneo e igualmente Provedor da nossa Santa Casa da Misericórdia.
Depois, divididos em 2 grupos e tendo como guias duas técnicas superiores da instituição, fomos ao encontro dos irmãos deficientes profundos. Foi uma visita demorada e enriquecedora. As palavras tornam-se menos relevantes quando os casos, na sua flagrante realidade, invadem os nossos olhos e se aninham na alma.
Após uns instantes iniciais de algum retraimento, a nossa gente aproximou-se dos doentes, fez festinhas, sorriu, falou. Como alguém dizia, os nossos olhos são educados para admirar o belo. Por isso, ali é preciso despertar o olhar do coração, porque só esse é capaz de captar a beleza que foge ao olhar do corpo.
Contactámos com o mais fundo da pequenez humana. Gente que nasceu com deficiências profundas, que ficou assim em virtude de uma grave doença infantil, que sofreu um desastre de automóvel, que foi atropelada, que foi vítima de uma queda (telhado, árvore...), que ficou assim após uma intervenção cirúrgica, etc.
As situações são as mais diversas. Pessoas que têm alguma mobilidade - uma delas agarrou-se a gente do nosso grupo e fez a visita connosco - pessoas que dizem umas palavras, pessoas que não falam nada. Pessoas totalmente dependentes para tudo, pessoas ligadas a máquinas, pessoas sem qualquer capacidade de mobilidade...
Como muitos deles apreciam uma carícia, uma festinha! Parecia que um sol lhe inundava a alma e se reflectia no rosto. "- São ciumentos, dizia a guia. - Se fazemos um carinho a um, temos que fazer a todos."
Calou fundo em todos a excelência das condições físicas e humanas que envolvem estes deficientes. Sentia-se um carinho enorme de todos os funcionários por aqueles doentes. Admirámos a sua dedicação e competência.
O Provedor teve a amabilidade de nos receber depois no salão nobre onde deu explicações referentes ao funcionamento da Casa e nos falou dos doentes. Ofereceu-nos um bonito quadro pintado por uma deficiente que será colocado na sala de jovens no futuro Centro Paroquial. Espontaneamente, muitos jovens pediram para irem dar um beijinho de agradecimento à autora do quadro. Bonito. O Pároco, em nome do grupo, agradeceu ao Provedor, técnicas e demais funcionários.
Após um lanche, que simpaticamente o Provedor quis oferecer aos seus conterrâneos, dirigimo-nos ao Centro de Actividades Ocupacionais que visa prestar apoio no âmbito da reabilitação aos deficientes. Espaço moderníssimo, com os mais actualizados meios de recuperação. Os jovens, até para aliviar a pesada sensação da visita aos deficientes, divertiram-se um pouco. Num departamento, havia uma mini-piscina em que a água eram umas bolinhas macias. Já estão a ver a cena. Os mais pequenitos descalçaram-se e toca a "mergulhar", felicíssimos. Bom, e eu que estava a delirar com as brincadeiras dos miúdos, quando dei conta estava lá dentro também. Os bons patifes dos jovens agarram-me e... catrapuz!
Após a despedida, passámos pelo Fórum de Viseu. Visitaram-no e ofereci-lhes um gelado.
Regressámos então à nossa terra, num ambiente de boa disposição e alegria como só os jovens são capazes.

Parabéns às pessoas que foram pelo porte que tiveram. Fantástico!
Obrigado ao Provedor, técnicas superiores e demais funcionários que tudo fizeram para nos sentirmos integrados. Não esqueceremos tanta fidalguia no trato.

Entre as pessoas que ali prestam voluntariado, estava um grupo de jovens de uma paróquia que ali foi passar uns dias.
Ficou o desafio aos nossos.

5 comentários:

  1. Estou sem palavras...a sua descrição...parece que tambem estive com vocês...estou realmente comovida.
    Este tipo de visitas/actividades são sempre muito educativas. Bem haja ao Sr. Lucilio e ao nosso Kota, por terem possibilitado aos nossos jovens uma vivênçia desta envergadura.
    Quanto ao desafio de voluntariado, não caiu em "saco roto"
    Arlete Ribeiro

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  2. Olá Sr. padre.
    Já estou como a Arlete, pela sua discrição até parece que vivi tudo o k eles viveram nesse ambiente. Acho muito bom essas iniciativas promovidas por vós, são deveras muito, mas muito importante para nós jovens e através delas podemos tirar muita experiencia e acima de tudo lições para a nossa própria vida.
    Quanto ao Voluntariado, achei muito interessante a ideia e desde já pedia-lhe, se possivel, um contacto do centro para podermos entrar em contacto com eles.
    Mais uma vez parabéns pela vossa iniciativa.

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  3. Olá! :)
    Já leu A Saga de Um Pensador de Augusto Cury? Se tiver oportunidade e disponibilidade, não hesite! Leia e dê a ler aos seus jovens...Uma leitura e uma interpretação completamente diferente daqueles que a sociedade designa de deficientes. A sensação que fica é a de que se há deficientes, não são os seres humanos fechados em casas com tal denominação...são os que andam à solta sem rótulos de tal!!!

    Beijinho sereno

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  4. Amigos, obrigado pela vossa colaboração e reflexão.
    Aqui deixo o endereço, conforme o Fleky solicitou:

    Sede: UMP – Centro de Santo Estêvão
    Apartado 4040
    Quinta de Santo Estêvão (Atrás do quartel novo da GNR)
    3516-909 Viseu

    Muita paz para todos

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  5. Foi uma viagem muito marcante para mim, gostei muito.......mas ao ver aquelas pessoas em sofrimento deixou-me triste muita gente la eram pessoas como nós e agora estão presos as camas, cadeiras de rodas etc como a vida é muito injusta.........devemos aproveitar a vida!!!!!!!!
    Muita gente que foi visitar o lar saiu de lá com aquelas pessoas em pensamento!!!!!!!!
    Aprendemos muitas lições de vida!!!!!!
    Obrigado pela viagem!!!!!!!!!

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