Aparecera decidida. Queria baptizar o filho. Respondi que, na Paróquia, quem tratava dos assuntos do Baptismo era o Diácono Amorim. Disse que sabia disso, mas que queria primeiro falar comigo.
Afirmou que não era casada catolicamente, que era casada civilmente e que tanto ela como o companheiro não queriam casar pela Igreja. "E olhe somos tanto ou mais católicos do que os que se casam pela Igreja!" Procurei ouvir e perceber motivos. Foi repetindo que se dava bem com o homem com quem vivia, que era o homem da sua vida e que ele também a amava muito. Mas o Sacramento do Matrimónio estava fora de hipótese. Ah! Não havia nada que impedisse a celebração do Sacramento do Matrimónio. Simplesmente não queriam.
Mas o filho tinha que ser baptizado, nem que tivesse que ir ao Papa! A rir, fui-lhe dizendo que até poderia aproveitar para fazer uma bela viagem turística. Motivos para tal sobram em Itália...
Disse-lhe que o Evangelho é um todo. Ou se aceita ou não se aceita. Que aceitar só o que nos interessa não é nada. É interesseirismo e mesquinhês puros. É brincar ao "té-té" com Deus. E Deus leva-nos demasiado. E nós? Na perspectiva da fé católica, um homem e uma mulher devem viver juntos após a celebração do seu matrimónio. Que não senhor, que isso era antigamente, que agora não é nada assim. Perguntei-lhe se era ela a autora do Evangelho para o interpretar conforme as suas manias. Encolheu os ombros.
Disse-lhe que Deus não condena crianças, mas que os adultos teriam que responder pelas suas opções de vida. Portanto, e na perspectiva da verdade, devia primeiro procurar viver conforme a Igreja indica e só depois "meter" na Igreja o seu rebento. Não mostrou qualquer receptividade. Estava comodamente instalada nos seus preconceitos e manias. Ela era o absoluto, a deusinha de si mesma.
Sugeri-lhe que fosse pensar um bocadinho com o seu companheiro. Que questionassem a sua atitude perante o Evangelho, perante a Igreja, perante o filho e perante a verdade. Bastante contrariada, lá me disse que sim. Mas que queria baptizá-lo no mês tal. Tinha que ser. É que vinham parentes e amigos e desejava juntar toda a família. Disse-lhe que, se era para fazer uma festa, não precisavam do baptizado. Não faltariam outros motivos... Nem sequer é uma razão para baptizar. O Baptismo é muitíssimo mais que isso e muitíssimo para além disso. É só para quem tem fé e a quer viver na comunhão da Igreja.
Depois, fui buscar o ritual e pedi-lhe para ler a pergunta que o ministro faz aos pais no momento do Baptismo: "Que pedis à Igreja para o vosso filho?" Olhe que quem pede não exige... Ficou mais murcha, que não convencida.
Mudou de assunto. Falou dos padrinhos. Que tinha que ser um irmão e uma sobrinha. Apresentei-lhe o Boletim Paroquial do Natal e o da Páscoa que falavam exactamente das condições requeridas pela Igreja para exercício do múnus de padrinho/madrinha. Disse que os recebera, mas nem os lera. Meu Deus, tanto trabalho para informar e formar e depois dá nisto!!!
Nenhum dos dois possuia as condições exigidas. Ele, casado civilmente, nem sequer fora crismado; ela só tinha 13 anos e, claro, ainda não recebera o Sacramento da Confirmação. Disse-lhe quer nem pensar. Até espumejava! Que os padres deitavam a religião abaixo, que quem mandava era ela, que tinha que ser conforme pretendia. Respondi-lhe que, se quem mandava era ela, então que baptizasse ela o filho na "sua religião"! Confesso que fiz um esforço sobre-humano para conservar alguma calma. A arrogância e a prepotência, aliadas à ignorância e à perversidade tornam-se insuportáveis!
"- Olhe, minha senhora, a Igreja é para todos, mas não é para tudo!"
Caso único? Infelizmente não. Muitos. Mas felizmente aparecem com outro estofo, outra educação, outra humildade. Quase sempre.
Que mundo é este!! O que é a Igreja para esta gente? Supermercado de sacramentos? Bota de elástico para todo o serviço? Porreirismo barato e charlatão?
E Cristo? Onde fica? O que conta? Para muitos, um desprezível criado dos seus caprichos.
"SEJA FEITA, Ó DEUS, A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERA COMO NO CÉU." Mas o que muita gente exige é que Deus lhe faça a sua vontade. Sempre! Que contra-Evangelho!
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