O Papa falava aos jornalistas presentes no Boeing 777 da Alitalia, que partiu esta manhã de Roma pelas 09h08 (menos uma em Lisboa). A chegada a São Paulo está marcada para as 16h30 (20h30 em Lisboa).
Da Canonização de Frei Galvão, "homem de reconciliação e de paz", Bento XVI passou para o compromisso da Igreja contra a violência, por causa da fé num Deus de "reconciliação", que não é violento e ajuda os outros a não serem violentos.
Em relação à teologia da libertação, Bento XVI lembrou que "hoje a situação mudou profundamente e a Igreja está fortemente empenhada na justiça, mas opera um discernimento, ao mesmo tempo, para evitar falsos milenarismos que pensam poder realizar a revolução num sistema social perfeito".
O Papa falou ainda de Oscar Romero, Arcebispo de São Salvador assassinado em 1980, que classificou como "grande testemunha da fé", pedindo que a sua figura seja libertada de todos aqueles que "dela se tentaram apropriar por motivos políticos".
A principal finalidade da viagem, assinalou o Papa, é a abertura dos trabalhos da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, pelo que esta visita tem um carácter predominantemente "religioso".
A missão eclesial, acrescentou, não deixa de "procurar soluções para os grandes problemas sociais da América Latina", apesar de a Igreja não "fazer política, mas respeitar a lacidade".
Bento XVI falou, a este respeito, da recente legalização do aborto no Estado da Cidade do México e da reacção dos Bispos locais: "A morte de uma criança é incompatível com o alimentar-se do corpo de Cristo. Os Bispos não fizeram nada de arbtirário e apenas destacaram aquilo que está previsto no direito da Igreja". O Papa lembrou que a Igreja anuncia "o Evangelho da Vida" e exige coerência aos cristãos, neste campo.
O director da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, desmentiu, posteriormente, que o Papa tenha falado em "excomungar" os políticos que apoiam a legalização do aborto. "A acção legislativa favorável ao aborto não é compatível com a participação na Eucaristia", referiu, mas precisou que são as pessoas que legislam em favor do aborto quem "se autoexclui da comunhão".
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