quinta-feira, 6 de novembro de 2008

"Velho do Restelo" ou realista?

Crise Indisfarçável
Já há muito se levantam vozes a denunciar preocupante crise económica, mais ou menos encoberta e afanosamente negada pela solícita máquina publicitaria do Governo. Exemplo recentíssimo, a afirmação categórica de alto responsável político a declarar que não há qualquer sombra de descontentamento no seio da família militar! É o que se chama ‘tentar tapar o sol com uma peneira’. Mas é indisfarçável a constante falência de empresas, o desemprego galopante, as preocupantes incertezas da Banca, a pobreza que aumenta.
Os menos jovens não saberao o que se passou a seguir ao 25 de Abril, com contas bancárias congeladas, etc. Muito menos terão conhecimento da situação posterior à 2.” Guerra Mundial, com a carestia de bens da primeira necessidade. Foi o período duro do ‘racionamento', das ‘senhas’, das ‘bichas’ para se conseguirem alguns escassos bens alimentares. Nós sofremos em cheio essa situação! Mas, nessa altura, as famílias rurais ainda tinham algumas defesas: - cultivavam a terra, tinham a sua horta, produziam milho, batata, feijão, vinho, azeite, fruta; havia o galinheiro, a salgadeira, a coelheira, umas ovelhas ou cabras que forneciam o precioso leitinho, etc. E, assim, com muito trabalho e boa gestão, a crise foi sendo superada. Todo o agregado familiar trabalhava, de sol a sol. Até a miudagem, depois do horário escolar. E isso não foi desprimor para ninguém. Pela nossa parte, também demos o nosso contributo. E não nos sentimos inferiorizados, pelo contrário, por termos arregaçado as calças e sujado os pés na terra, na lama ou no estrume.
Mas agora não é assim. Por isso, as perspectivas são bem diferentes. A insensatez e mesmo a criminosa política de sucessivos governos (dizem-nos que com incentivos de Bruxelas) contribuíram para asfixiar, gradualmente, a pequena agricultura, dita de subsistência. Hoje, quase ninguém produz coisa alguma. Mas consome-se... Os trabalhadores rurais desapareceram; os campos estão desertos; as casas, em ruína; e a cidade foi invadida por ondas de gente em fuga. Ideia reinante é a de que, ‘no mercado, há de tudo'. Por isso, não vale a pena trabalhar, produzir (até fica mais caro ...), sujar as mãos e as botas.
Mas ninguém vai alimentar-se com computadores! E quando no mercado não houver géneros para comprar? Nem dinheiro para pagar?
Foi isto que tivemos oportunidade de constatar na ex-Jugoslávia, na ex-Checoslováquia, em Cuba: - grandes espaços comerciais, mas...prateleiras vazias.
Sem pretendermos reincarnar o ‘velho do Restelo', afigura-se-nos que dias difíceis teremos de enfrentar, especialmente duros para quem tem menos meios. E, como consequência inevitável, ainda mais desemprego, mais fome, mais roubos, mais assaltos, mais droga, mais prostituição, mais crimes, numa palavra, mais miséria.
E culpada não é só a situação internacional. Há que assacar responsabilidades também aos que, prenhes de balofa megalomania e de arrogância, nos vão governando e...empobrecendo.
J. d’Oliveira

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