Se não valorizar, tudo acaba...
quarta-feira, 26 de abril de 2023
Valorize para que não acabe...
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terça-feira, 25 de abril de 2023
25.Abril.23 - 49 ANOS DE DEMOCRACIA EM PORTUGAL
segunda-feira, 24 de abril de 2023
Para quando a ordenação de mulheres?
É interessante ler nos Evangelhos o protagonismo que têm as mulheres na ressurreição de Jesus. São elas que dão a cara, ainda banhadas em lágrimas, e vão prestar todo o cuidado e zelo ao corpo do seu mestre e Senhor, carregadas de uma pura afetividade, e eis que se confrontam com um acontecimento inédito e original: Jesus dava sinais de que estava vivo. Coube-lhes a elas dar a grande notícia que iria fundar o Cristianismo e mudar a história da humanidade, sendo Maria Madalena denominada apóstola dos apóstolos, como sabemos. Já na paixão as mulheres marcam presença, uma limpa-lhe o rosto e outras choram a violência e a injustiça que cai sobre um inocente, um homem bom e santo. Onde estão os homens? Fico sempre a pensar como é que a Igreja cometeu a proeza de afastar as mulheres de Cristo, quando elas revelaram sempre por Jesus uma bondade e uma afetividade desmedidas.
Refiro-me, certamente, ao acesso ao sacerdócio pelas mulheres, que ainda hoje, por mais justificações que ouça, muitas sem qualquer consistência e razoabilidade, me deixam sempre tomado pela perplexidade. Infelizmente a Igreja transportou para dentro de si a mentalidade e a configuração cultural e social que se impôs na história, esse sim um autêntico pecado “original”: o predomínio do homem e a subalternização da mulher. Que mal terão feito as mulheres ao mundo e aos homens para serem, de longe, o género humano mais enxovalhado, explorado, violentado, discriminado e desvalorizado na história da humanidade! Jostein Gaarder escreve assim no seu livro O Mundo de Sofia: “Aristóteles pensava que algo faltava à mulher. Ela é um “homem incompleto”. Na reprodução, a mulher é passiva e recetora, enquanto o homem é ativo e dador. Por isso, segundo Aristóteles, a criança herdava apenas as características do homem. Todas as características da criança estavam contidas no sémen do homem. A mulher é como o terreno que recebe e conserva a semente, enquanto o homem é o próprio “semeador”. Ou, dito de uma forma verdadeiramente aristotélica: o homem dá a forma, a mulher dá a matéria. É surpreendente e lamentável que um homem tão perspicaz como Aristóteles se pudesse enganar de tal forma no que diz respeito à relação entre os sexos. A conceção aristotélica da mulher é particularmente grave porque se tornou predominante durante a Idade Média, e não a de Platão. Deste modo, também a Igreja herdou uma conceção da mulher para a qual não há justificação nenhuma na Bíblia. Jesus não era de modo algum inimigo das mulheres!”. Já agora vale a pena lembrar o que pensava Platão: “Segundo Platão, as mulheres tinham tanta racionalidade como os homens, se recebessem a mesma formação, e se fossem ainda libertadas do cuidado das crianças e das tarefas domésticas. Um estado que não educa e forma mulheres é como um homem que apenas exercita o seu braço direito.”.
Não sei se o autor está a ser rigoroso com o pensamento dos dois proeminentes filósofos, mas as suas visões são facilmente detetáveis na Igreja e na sociedade. Chegou o tempo de a Igreja remover esta pedra e acabar com a injustiça histórica que foi cometida contra as mulheres. E não lhe falta substrato evangélico para o fazer. Aliás, perdura a sensação de que a Igreja interrompeu o progresso do Evangelho. Jesus Cristo, no seu tempo, contribuiu para a promoção da mulher. Falava com elas abertamente na praça pública, teve discípulas e partilhava refeições em casa de amigas, o que para o seu tempo era subversivo. Não vejo que dom a menos tenham do que os homens para não poderem ter um papel mais interveniente e decisivo na vida da Igreja. São, atualmente, a força da Igreja: dão catequese na sua maioria, são zeladoras, integram em grande número os coros paroquiais, presidem ao terço, fazem parte das comissões, entre tantos outros serviços. É do mais elementar respeito pela dignidade da mulher que se promova o seu acesso ao sacerdócio, como afirma Phyllis Zagano: «Não preciso tornar o mundo todo cristão, mas gostaria de mostrar ao mundo que as mulheres são valiosas. Em particular para os crentes em Deus, que as mulheres são valiosas, são preciosas, não são um bem para possuir, não servem apenas para cozinhar e limpar. É muito importante fazer estas coisas, mas as mulheres têm um cérebro. E as mulheres são pessoas, humanas, totalmente humanas».
A Igreja tem de deixar de ser uma instituição que alimenta e favorece a inferioridade, a desvalorização e a discriminação da mulher. Ultimamente, já foram dados alguns passos importantes, como o acesso ao acolitado e leitorado, mais presença da mulher em setores nevrálgicos da vida da Igreja, mas ainda é preciso deixar as ligaduras e o sudário com que envolvemos a mulher e não a deixamos caminhar com a dignidade que Deus lhe deu. Um manto de desconfiança permanece sobre a condição da mulher, que hoje não tem qualquer sentido. Quando se trata de subir à capela-mor, alto lá que aqui é para homens. Sei que não é fácil mexer em dois mil anos de história, mas a história não é sagrada. Também é preciso corrigi-la. Quantas injustiças, abusos, violências e incorreções já não se corrigiram, apesar da força da história. É uma pena ver a Igreja a desperdiçar o talento intelectual, o valor humano e afetivo de tantas mulheres, que dariam um contributo decisivo para o enriquecimento da vida da Igreja, na liturgia e na obra da evangelização, e contribuiriam para uma melhor e mais equilibrada presença da Igreja no mundo, no cumprimento da sua missão. Para uma Igreja que se considera conduzida pelo Espírito Santo (em hebraico, Ruah – espírito, sopro – é uma palavra feminina), esperemos a coragem de se romper com a história e de se dar à mulher a devida promoção, que nunca lhe deveria ter sido negada.
Mas não foi esta a vontade de Jesus? Não vejo nenhum gesto ou dito significativo de Jesus que nos permita epilogar que o sacerdócio é um privilégio dos homens. Mas então Jesus não escolheu só homens? Pudera, num tempo de total irrelevância social e descrédito da mulher, seria um suicídio deixar uma missão nas mãos das mulheres. Hoje sabemos fazer uma releitura mais correta das opções de Jesus. E pergunto também: como sustentar que Deus só chama homens para o sacerdócio? Por que é que Deus embirra com as mulheres? O problema não está em Deus, está na Igreja. Será consensual afirmar que Jesus deixou o sacerdócio à Igreja, não aos homens. Estes é que se apropriaram do sacerdócio, por algumas razões que já invoquei.
Mas é a tradição, dirão muitos. Como muito bem já disse o Papa Francisco, a tradição não é repetição perpetuada no tempo. A tradição também deve adaptar-se e evoluir. A Igreja reclama para si que gosta de ser pedagógica, então faça, quanto antes, por promover como deve ser a dignidade da mulher. O batismo concede o mesmo Espírito e a mesma dignidade de filhos de Deus a homens e a mulheres, mas depois os homens têm acesso a sete sacramentos e as mulheres apenas a seis. Os sete sacramentos representam a plenitude da vida cristã. Qual o fundamento divino, doutrinal, humano e religioso para esta diferenciação? O que é que uma mulher tem a menos como ser humano, ou como cristã filha de Deus?
Diz-nos o Evangelho de Marcos, que depois do sábado, as mulheres compraram aromas para irem ungir o corpo de Jesus. Pelo caminho perguntaram: quem nos irá rolar a pedra da entrada do sepulcro? Eis a pergunta que perdura: para quando faremos rolar a pedra que impede as mulheres de acederem, por chamamento de Deus e da Igreja, ao sacerdócio?
Padre Vítor Pereira, Diocese de Vila Real, aqui
quinta-feira, 20 de abril de 2023
Bragança e Setúbal: mais de um ano à espera - Cinco padres recusaram convite para serem bispos – mas há quem culpe o núncio
A responsabilidade é do núncio do Vaticano em Lisboa, dizem algumas vozes. O problema está nos cinco padres (ou seis, segundo outras fontes) que já recusaram o convite, acrescentam outras. As dioceses de Bragança-Miranda e de Setúbal estão sem bispo há mais de um ano (Bragança passou agora os 500 dias) e não há maneira de haver nomeação de um novo bispo. O 7MARGENS perguntou ao núncio (embaixador) da Santa Sé em Lisboa, antes da Páscoa, se haveria novidades em breve, mas o bispo Ivo Scapolo deu instruções para que a carta enviada por correio electrónico não tivesse qualquer resposta.
Tudo isto ocorre num quadro em que mais cinco dioceses estão à beira de ficar sem bispo: Manuel Felício (Guarda), por limite de idade, e João Marcos (Beja), por razões de saúde, já pediram para sair. O cardeal Manuel Clemente (Lisboa), Antonino Dias (Portalegre) e Manuel Quintas (Algarve) atingirão os 75 anos ainda este ano e no início do próximo.
No caso de Bragança-Miranda, a primeira a ficar sem bispo, a diocese conta já mais de 500 dias (502 nesta quarta-feira, 19 de Abril) sem titular, desde que José Cordeiro foi nomeado arcebispo de Braga, em 3 de Dezembro de 2021 – há 16 meses.
O padre José Ribeiro, 61 anos, que trabalhou onze anos na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em Roma (entre 2010-2021), diz que o não haver bispo nomeado significa que “alguém não faz o trabalho de casa – e quem não o faz é a nunciatura”.
Vários clérigos de Bragança atestam, no entanto, que seis padres já recusaram o convite para o cargo de bispo de Bragança. Esta semana, o 7MARGENS soube que um padre da diocese de Lamego recusou essa possibilidade. E, nas dioceses a norte de Leiria e Santarém, há mais dois nomes identificados que enjeitaram a possibilidade de nomeação para bispo. Outros dois, cujo nome não nos foi referido, terão dado a mesma resposta.
O próprio cardeal Marc Ouellet, que até há dias era o prefeito do Dicastério para os Bispos, do Vaticano, confidenciou há meses que, em todo o mundo, há cerca de 30 por cento de padres que recusam o convite para bispo.
Confrontado com estes dados, o padre José Ribeiro insiste em que “a nunciatura tem toda a responsabilidade”. No seu trabalho no Vaticano contactava com bispos de todo o mundo e compara: o Brasil tem 278 dioceses e a nomeação de bispos “funciona como um relógio: não sai um sem se nomear outro”, só muitos poucos casos são excepção.
Perguntas para não responder
Nas perguntas dirigidas ao núncio apostólico, o 7MARGENS questionou o bispo Scapolo com este “longo atraso” na nomeação dos novos bispos, “sobretudo agora, quando se avizinha a JMJ e no momento de preocupação que a Igreja está a viver em Portugal, com a divulgação do relatório sobre os abusos sexuais”. Ao mesmo tempo, sobre este último tema, perguntava-se também se o Papa tomou conhecimento do referido relatório, através da Nunciatura. E se, “comparando a situação de Portugal com o que se passou no Chile, a solução para o momento difícil que a Conferência Episcopal atravessa poderia passar pela colocação dos lugares de bispo à disposição do Santo Padre, para que ele possa decidir o futuro de cada diocese”. O núncio, no entanto, prefere não acusar sequer a recepção do correio de jornalistas, como já antes tinha feito, conforme informou uma funcionária da Nunciatura.
Alberto Pais, 40 anos, professor do ensino secundário e teólogo em Bragança, diz sentir que as pessoas que conhecem estes processos ficam “incomodadas por estarem há tanto tempo sem bispo” e ainda “por terem ido dois membros do presbitério diocesano para Braga”.
Uma referência ao facto de Bragança ter “perdido” dois clérigos para Braga: quer o agora arcebispo da cidade minhota quer o padre Delfim Gomes, que foi pouco depois nomeado para seu bispo auxiliar, são oriundos do clero brigantino. Em Outubro, na altura desta nomeação, vários padres de Bragança, Setúbal e Angra (que também esteve 14 meses sem bispo, como já tinha acontecido com Viana do Castelo) manifestaram estranheza e incredulidade.
José Cordeiro, o agora arcebispo de Braga, admite que “gostaria que em breve fosse anunciado um novo nome” como seu sucessor. Mas em relação ao facto de ter visto o seu pedido de um auxiliar para Braga satisfeito quase imediatamente diz apenas que “não ousava esperar” essa brevidade “e também pensava que fosse mais rápida a sucessão” em Bragança.
E mais perguntas
“O trabalho fundamental de um núncio” é preparar os dossiês, diz o padre José Ribeiro. “E o pior é o que se passou com a nomeação” do novo bispo auxiliar de Braga, acrescenta, com o núncio a aceitar nomear primeiro o auxiliar em vez do sucessor para Bragança.
O padre José Carlos Martins, capelão da Misericórdia de Bragança e responsável de nove paróquias, critica também a nomeação de um bispo auxiliar para Braga antes de haver um para Bragança. “Como se tem essa ousadia?”, pergunta. “Cada dia que passa a situação degrada-se”, diz, apesar do papel positivo do administrador apostólico, padre Adelino Paes. “No terreno é que se sente.”
Adelino Paes, no cargo desde a saída de José Cordeiro para Braga, desconhece as razões de tanta demora. “Presumo que o processo está a decorrer com normalidade, ainda que não com brevidade. Estamos a aguardar ansiosamente”, afirma, acrescentando que não tem “conhecimento de recusas”.
Na Missa Crismal de Quinta-Feira Santa, que presidiu na presença de todo o clero da diocese, o bispo emérito de Bragança, António Montes Moreira, começou a sua homilia por afirmar que continua a rezar com a diocese para que Deus “remova as dúvidas e hesitações dos homens e em breve conceda” um novo bispo a Bragança-Miranda.
Vários membros do clero leram estas palavras como uma referência ao papel do núncio e às recusas de vários padres em aceitarem os convites que lhes são dirigidos.
Alberto Pais, o único não-clérigo ouvido pelo 7MARGENS, admite que não sabe “a quem compete acelerar o processo”, mas faz várias perguntas a propósito das recusas: “O episcopado é visto como uma carreira? Será por ser esta diocese? Ou pelos desafios a enfrentar de um território vasto e população reduzida? Espantam-me as recusas, os padres têm de ter um espírito de missão.” E conclui, com uma nota lateral: “Os leigos deveriam ter mais participação nestes processos.”
Setúbal: núncio sorri e pede para esperar
Em Setúbal, a diocese está vaga desde 28 de Janeiro do ano passado – há quase 15 meses –, quando o bispo José Ornelas foi nomeado para Leiria-Fátima. São 446 dias, completados nessa quarta, 19.
“O núncio sorri e vai dizendo para esperar”, diz o padre José João Lobato, administrador apostólico desde então. “Há duas possibilidades para explicar o facto: ou Setúbal não é uma diocese fácil; ou os convidados não aceitam porque são livres de o fazer ou não.”
A maior parte do clero da diocese está ansioso, diz ainda o responsável interino. Setúbal iniciou um sínodo diocesano para assinalar os 50 anos da diocese em 2025, mas agora há muita coisa “parada, ninguém pode decidir nada”. Sobre a atitude dos católicos, diz que “as pessoas se vão habituando”, o que “também é problemático”. E acresce a este quadro “a dificuldade da situação presente”, com vários padres a serem “atacados, a viver situações difíceis” por causa dos abusos sexuais.
Um outro clérigo da diocese diz que se tem falado, nos últimos tempos, de um padre da diocese de Beja mas que trabalha na zona litoral, e do bispo auxiliar de Braga, Nuno Almeida, como hipóteses para a nomeação. “É uma grande nebulosa e uma situação complicada para o novo bispo”, até pela relevância que tem em Setúbal um grupo de padres ligados ao movimento Comunhão e Libertação, olhado como mais “conservador”.
“É quase um não assunto, as pessoas já se acostumaram”, refere um terceiro clérigo ouvido pelo 7MARGENS. A mesma ideia é referida pelo padre Daniel Nascimento que, sendo parte do clero da diocese, está actualmente a fazer doutoramento em Jerusalém, na área da Bíblia. “Tenho uma perspectiva muito limitada: dou aulas, não tenho paróquia, não tenho contacto contínuo com comunidades concretas. Mas, mais do que queixas, sinto estranheza: as pessoas não percebem esta demora, mas já pouco falam disso.”
A situação tem “um efeito negativo entre o clero e as comunidades, pela falta do bispo que reúna e trace uma linha unificadora”. O padre Daniel ouve comentários de quem tem a ideia “de que está cada um para seu lado” e que, com a Jornada Mundial da Juventude à porta, a situação não se devia ter arrastado. “O padre Lobato tem feito o que pode, mas um administrador não pode fazer tudo.”
De qualquer modo, Daniel Nascimento também não responsabiliza o núncio: “Não sei dizer. Culpar o núncio é muito fácil, mas a pressão recente por causa dos abusos exigirá muito mais cuidado na escolha e também torna compreensível que haja mais recusas.” E conclui: “Um processo pouco ágil, com as recusas e o momento que estamos a viver, dá nisto.”
Voltando a Bragança, mas olhando para o mundo que também ficou a conhecer nos 11 anos em que trabalhou no Vaticano, o padre José Ribeiro nota: “Há tempos, cruzei-me com um político português que me disse que o nível dos bispos está a baixar consideravelmente. Não admira que, quando são solicitadas pessoas, algumas sejam sensatas suficientemente para recusar.”
António Marujo | 19 Abr 2023, aqui
quinta-feira, 13 de abril de 2023
quarta-feira, 12 de abril de 2023
sábado, 8 de abril de 2023
Dia do jogo - "Não havia necessidade!..."
Pois, o Porto foi ganhar à Luz onde normalmente é feliz. Pelo que vi e ouvi, mereceu completamente a vitória e o treinador do Porto "deu um banho táctico ao do Benfica".
Claro que gostei imenso que o meu Clube tivesse ganho merecidamente!
Tal facto, contudo, não me distrai do mais importante. O jogo foi disputado na tarde de Sexta-Feira Santa que não é um dia qualquer nem qualquer dia para muitos e muitos cristãos. Haveria necessidade de o jogo se ter disputado em tal dia???
Concordo em absoluto com o texto que a seguir transcrevo:
"Jogos