quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

não se perde aquilo que já está perdido nem se afasta aquilo que já está afastado

 A nossa sociedade fomenta clientelismos e compadrios ao ponto de que qualquer cidadão se habituou a conseguir atingir os seus objectivos, contornando esquemas com base em cunhas, jeitos e compras. Quando não consegue por estes meios, usa-se o sistema pressing ou o sistema comparison. O primeiro usa-se sobretudo com ameaças de que se não for assim, acontece assado, se não for deste modo, eu vou dizer. O segundo usa-se para tentar rebaixar o alvo em comparação com aqueles que são permissivos e que, como tal, são os designadamente bondosos. O senhor não faz, mas eu sei quem faz. O senhor é que não quer, porque outros fazem. O problema é que aqueles que estão habituados a estes sistemas para satisfazerem os seus desejos e necessidades são os mesmo que vão à Igreja pedir coisas com o mesmo tipo de vontade e hábitos. Cansa. Cansa mesmo. Mas a gente vai amadurecendo. E quando me dizem que vão fazer, tal como querem, a outro lado, porque o padre tal é que é bom porque faz as vontades, eu sou o primeiro a dizer-lhes que vão e que aproveitem. Ou quando me dizem que assim é que a Igreja perde as pessoas ou que assim é que as pessoas se afastam, eu recordo-lhes que não se perde aquilo que já está perdido nem se afasta aquilo que já está afastado.

Fonte: aqui

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Em 2025, já morreram 4 mulheres!


Todos os anos morrem mulheres às mãos dos maridos, namorados ou ex-companheiros, vítimas de violência doméstica. Mas morrem também às mãos dos filhos e de outros familiares. E os homens também não escapam a estas estatísticas negras

Fonte: aqui

QUE ESTÁ A SER FEITO PARA ACABAR COM ESTE FLAGELO QUE NOS ENVERGONHA E NOS ACUSA A TODOS?
A nível político não se vê nada de impactante. À esquerda, ao centro, à direita, parece que anda tudo a dormir, sem ideias, sem projetos, sem decisões. Falta ver ao longe e ao largo. Mais do que reagir, é preciso pró-agir. Às vezes os nossos políticos parecem tão ocupados com o "sexo dos anjos" que o importante e dramático lhes passa ao lado... Ui, se fosse para fazer passar causas fraturantes, andavam muitos deles numa roda viva.  Assim, como se trata da dignidade da vida humana...
A comunicação social  parece alinhar com a posição dos políticos. Vai denunciando os factos mas fica quase sempre por aqui.  Falta uma vaga de fundo, uma campanha que toque e mobilize as pessoas do nosso tempo. 
As famílias - seja que tipo de família for -precisam de se questionar, séria a frontalmente, que valores vivem e transmitem.
A  sociedade lusa preciosa de parar de ser superficial e centrar-se nas grandes causas: DONDE VIMOS? O QUE FAZEMOS AQUIU? PARA ONDE VAMOS?
A  sociedade lusa preciosa de parar de ser superficial e centrar-se nas grandes causas: DONDE VIMOS? O QUE FAZEMOS
Uma sociedade com metas que alavanquem a esperança. Uma sociedade que emigre do individualismo egocêntrico e padre de materialismo rumo ao Homem Total, onde a dignidade da pessoa humana assenta arraiais e tem Deus como construtor.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

É uma opinião...

 Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais.

Ia para escrever que tudo se resume à implementação (muito se implementa hoje em dia) dos conselhos pastorais paroquias e diocesanos. Mas escrevo antes:

Quase tudo se resume à implementação dos conselhos pastorais paroquias e diocesanos.

É tão pouco.

Fonte: aqui

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

D. AMÉRICO AGUIAR INCENTIVA JOVENS DE TAROUCA A FAZEREM A DIFERENÇA


A EB2,3/S Dr. José Leite Vasconcelos recebeu hoje a visita do Cardeal D. Américo Aguiar, que participou numa Palestra Sobre os Direitos Humanos, onde incentivou os jovens presentes a “Pensar o Futuro com Esperança”.
Numa intervenção marcada pela proximidade aos jovens, D. Américo Aguiar sublinhou a importância das relações humanas, alertando para a necessidade de equilibrar o mundo digital com a realidade, referindo que “o mais importante são as pessoas, cada uma das pessoas. Quando nos sentimos desconfortáveis, encontramos conforto na rede de quem nos suporta, nos nossos pais, irmãos, amigos”.
A abordagem cativante do Cardeal despertou grande interesse junto dos estudantes, que escutaram atentamente os desafios deixados para refletirem sobre o que os torna verdadeiramente felizes e o impacto positivo que podem ter na sociedade.
A sessão contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tarouca, José Damião Melo, e da Vereadora da Educação, Susana Gouveia. O Vice-Presidente destacou a relevância deste tipo de encontros para o crescimento pessoal dos jovens, sublinhando que “é fundamental proporcionar aos nossos jovens momentos como este, que os ajudam a refletir sobre os seus valores e o papel que podem ter na construção de um futuro melhor”.
Município  de Tarouca, Facebook

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Autoestradas para o Céu? Não, obrigado!

 Estes dias, mediante algumas leituras e conversas informais, despertaram-me atenção e causaram-me perplexidade os modos como, em ambientes eclesiais, se apresenta a vida do jovem Carlo Acutis, que, em breve, será canonizado. Na verdade, evitando mal-entendidos, não duvido da santidade deste jovem que viveu, com bondade imensa, a sua curta vida. Todavia, tal não invalida que nos possamos interrogar acerca do modo como apresentamos a santidade ao jovem hodierno.

Autoestradas para o Céu?

Na página oficial deste jovem, destacam-se recursos sobre algumas mostras itinerantes sobre Os apelos da Virgem, aparições e santuários marianos no mundoAnjos e Demónios e Inferno, Purgatório e Paraíso. De imediato, interroguei-me: serão estes temas os mais atrativos e reconhecidos como críveis de sentido para os jovens de hoje? Na verdade, não estou a negar a importância destes temas para a vida cristã, apenas me interrogo sob a forma como os apresentamos como conditio sine qua non para a santidade. A minha reflexão não se detém no caminho de seguimento de Jesus Cristo percorrido por este jovem, mas naquilo que se anuncia em determinados meios eclesiais acerca da sua vida.

Quando se afirma que a eucaristia é a autoestrada para o céu ou que vamos diretos para o Céu se nela participarmos todos os dias, mediante a comunhão e adoração, não se estará a resvalar para uma visão redutora ou simplista? Não é também a eucaristia o sacramento da comunidade humana que estamos chamados a construir? Não se nega o que é dito, mas não nos estará a escapar que o pão eucarístico se parte para que, pelo dom de nós próprios, isto é, eucaristizando-nos, seja repartido por todos? 

Da missa à missão

Folhagem

“A eucaristia – encontro dos fiéis com Jesus Cristo, percetível pelos sentidos -, enquanto mistério da salvação de toda a Humanidade, é o modo como essa dádiva divina incarna no nosso mundo, originando o corpo eclesial como sua mediação.” Foto © Joaquim Félix

A eucaristia – encontro dos fiéis com Jesus Cristo, percetível pelos sentidos -, enquanto mistério da salvação de toda a Humanidade, é o modo como essa dádiva divina incarna no nosso mundo, originando o corpo eclesial como sua mediação. A eucaristia é uma ação em favor da humanidade na medida em que é a atualização da ação salvadora de Deus em favor da humanidade. Quando nos deixarmos atravessar por tão desarmante dádiva patente no gesto pascal de Jesus, germinará em nós a atenção generosa, a resposta responsável, a fecundidade criadora, a inteligência sensível e a simplicidade de uma vida elementar.

Portanto, quando afirmamos que, se participarmos e comungarmos, todos os dias, na Eucarsitia vamos diretos para o Céu, não nos estará a escapar que a eucaristia é sacramento da comunidade humana a construir. Na ação celebrativa não somos transfigurados em pão para que todos nos tornemos dom? Aliás, como patenteia Alexandre Freire Duarte os sacramentos recordam-nos que nada na vida cristã é somente para nós. Na eucaristia, os frutos objetivos são comunicados na celebração, mas a sua fruição subjetiva implica a vivência eucarística, porque este sacramento torna-se fecundo quando nos entregamos eucaristicamente aos demais.

Na eucaristia, dá-se o reconhecimento atualizador de Deus que salva em Jesus Cristo, dando-se em alimento para nos unir a Ele, unindo-nos aos outros. Enquanto Ele se dá na pequenez do pão das nossas dores e no vinho nas nossas alegrias, abre tempos e espaços para as palavras que haveremos de dizer, para os gestos que haveremos de fazer, para as obras que haveremos de criar e para as relações que haveremos de ser, no concreto do nosso quotidiano, como indivíduos e como comunidade de crentes (cf. José Frazão). 

Um kit para a santidade

capa livro carlo acutis LeYa / ASA

“Queres ser santo de modo rápido, fácil e barato? Nós temos o kit ideal!” Foto: Capa do livro Carlo Acutis LeYa / ASA

 No referido site, há um kit para a santidade, formulado para adolescentes e jovens, que propõe, por exemplo, participar na eucaristia e comungar a sagrada comunhão todos os dias, rezar o santo rosário todos os diasa adoração ao Santíssimo em frente ao sacrário onde Jesus está realmente presente. E, assim, cumprindo tudo o que se indica, o nosso nível de santidade aumentará prodigiosamente. Não estou a duvidar dos conteúdos expostos, mas do modo como se afirma – de modo rápido e mercantilista – que, se cumprirmos tudo, o nosso nível de santidade aumentará prodigiosamente. Queres ser santo de modo rápido, fácil e barato? Nós temos o kit ideal!

Quando me deparei com este kit para a santidade, recordei-me das aulas de Teologia Espiritual do professor Alexandre Freire Duarte. No decorrer da lecionação, com acerto, insistência e clarividência, explicava que, na vida espiritual, as promessas de rapidez são sempre de desconfiar, porque a configuração com Jesus acontece progressivamente. E, continuava ele, tudo o que não é progressivo, lento, adaptável é de evitar, porque o processo de seguimento de Jesus é belo e dador de felicidade, mas nunca é fácil ou rápido, porque, pelo menos, custa o nosso egoísmo.

Portanto, creio que não há um kit ideal para aceitar a ação do Espírito de Cristo, porque há uma variedade de percursos próprios de cada pessoa, vividos em comunidade como graça para todo o Corpo de Cristo e para o mundo. A configuração com Cristo é progressiva e dinâmica, vivida em Igreja e no embate com os acontecimentos quotidianos da sociedade.

O caminho de configuração com Jesus não é uma linha reta ou uma progressão constante, mas tece-se de continuidades e ruturas, onde os períodos de purificação, de iluminação e de comunhão no amor se sucedem em espiral. Deus não é apressado, e não lhe importa o tempo que demora a Sua ação a ser eficaz em nós, mas a qualidade do amor, da obra que realiza em nós com o nosso consentimento.

Ao amor de Deus corresponde o empenho da nossa liberdade, num processo lento e gradual. É a relação viva entre quem recebe um dom e procura corresponder-lhe. O processo de conversão não é cronológico, mas relacional, contínuo e obra de uma vida; não se dá no espaço de uma quaresma ou recorrendo a qualquer kit

Pedro Sousa, aqui
Pedro Sousa é padre da diocese de Braga e assistente do CNE na Região de Braga.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

SOMOS AS NOSSAS ESCOLHAS E PRIORIDADES (Cultura é diferente de soltura. E também há “concertos” sem conserto.)

 Diz a sabedoria popular que “uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto”. Talvez seja uma referência a uma espécie de troca de favores necessária à existência humana; não era tanto, como nos nossos dias, uma alusão à concessão ilegítima de favores, mas uma admissão de que nenhum ser humano poderia viver sem os demais. Hoje, nas práticas “modernas” significa algo como "tu fazes-me um favorzinho, e eu faço-te outro em troca”; “tu alinhas connosco (aparas os nossos interesses) e nós deixamos-te em paz = a vida corre-te bem”. Não vou por aí. Corrupção conjuga-se de vários modos… Prefiro falar com os meus atos. Não vivo de demagogia, populismo ou meias-verdades. Serei senhor das minhas decisões. Sempre.

Há gente que continua a pensar que o padre é o parente pobre (bobo da festa) das suas arruadas sociais, estratégias políticas ou exibições religiosas. Àqueles que se desdobram por todos os poros em iniciativas ditas culturais poderia sempre contrapor que a primeira e principal “iniciativa cultural” para os católicos (desde antanho, milenar) é celebrar a fé que, demagoga e cinicamente, continuam a dizer professar, mas nada lhes diz = Eucaristia dominical. Uma coisa são as palavras (“leva-as o vento”) outra, bem diferente, são as ações, que confirmam de modo evidente o oportunismo (cinismo, populismo) vigente.
Há quem não tenha tempo (vontade) para cumprir o dever mínimo dos católicos, ou seja, participar ao Domingo na Missa (“Santificar Domingos e festas de guarda”), mas tenha tempo a rodos para participar em concertos e cantorias esganiçadas (e até as partilhar eufóricos nas redes sociais), afoitos em preservar as tradições profanas (fazendo-as passar por religiosas! = fezadas mundanas), passeatas pedonais, regabofes culturais, atividades desportivas, corridas temáticas ou festivais de gosto muito duvidoso.
O povo diz que “quem dá a noite não dá o dia”. Não tenho dúvidas. Desdobram-se em esforços para o que lhes interessa (dá jeito), atolam-se em razões para desculpar as ausências colossais e capitais. Quem não é capaz do essencial e se orgulha do acessório é, como diz o sábio das Escrituras, um insensato (néscio, leviano) ou, então, prima pela ilusão e/ou absurdo existencial: «Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade». (Ecl 1,2)
Felizmente, sempre tive prioridades e não alinho em fantochadas, estratagemas pérfidos ou oportunismos bacocos. Onde quero estar, estou; onde não quero estar, não arranjo desculpas. Sempre fiz questão de assumir as rédeas da minha vida e não andar ao sabor de interesses pacóvios sejam de que ordem for. Cultura é muito mais que estar num lugar. Falta de cultura (analfabeto, inculto) é não saber discernir o essencial do acessório, as obrigações das paixões, as modas das negociatas.
Quem se vangloria do secundário e se desculpa do principal terá talvez/apenas a credibilidade das suas palavras rotas e gastas. Porque aquilo que vou vendo em muita gente que se diz culta revela bem mais soltura da língua que propriamente bagagem cultural. E quem acha que me come de cebolada com as suas cantilenas vãs ou “provocações parolas” apenas se dá ao desplante de atestar as suas limitações, porque há muito eu sei que "ao ‘amigo’ que não é certo, com um olho fechado e outro aberto".
(P. António Magalhães Sousa), aqui

Era previsível...

"Previsões só no fim" - dizia o  antigo capitão do FCPorto, João Pinto. Agora é fácil passar por ter razão antes do tempo.
Noite de 19 para 20 de janeiro, Vítor Bruno é demitido pela direção portista, após a 3ª derrota consecutiva a que se junta um futebol miserável.
Talvez por influência do caso Vítor Pereira, o antigo adjunto que sucedeu ao treinador principal que saiu para o estrangeiro e que veio a ter sucesso no Dragão, com um bicampeonato,  concordei com a promoção de Vítor Bruno a treinador principal. 
Não tardou muito a achar que não ia dar. Aliás, a propósito do último jogo com o Benfica, escrevi neste Blog a minha deceção com este treinador. E hoje penso que, se o despedimento tivesse sido realizado nesse momento, talvez o Porto estivesse atualmente  à frente do campeonato. 
Do que se viu até agora e do que se leu e ouviu:
- Vítor Bruno não conseguiu impor um fio de jogo;
- Não foram corrigidos os falhanços que se iam mantendo, alguns cheirando mesmo a amadorismo: 
- A equipa perdeu aquilo que a caracterizava: intensidade, determinação, não desistir, força do grupo; recuperação da bola...
- Com o problema do Pepê, ficou claro que Vítor Bruno tinha perdido o balneário e, quando tal acontece, nada há a fazer...
- As conferência de imprensa foram sempre uma nulidade.
Toda a sorte do mundo para a pessoa e cidadão Vítor Bruno.  Não deu no Porto, dará noutro lugar.
Venha o novo treinador que corresponda às necessidades reais do Porto neste momento. Um líder. Um disciplinador. Um insaciável vencedor.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Novo Livro do Papa Francisco. Veja um cheirinho aqui....

O livro Esperança, escrito na primeira pessoa em colaboração com Carlos Musso, chega às livrarias, esta terça-feira, para assinalar o Jubileu da Igreja Católica, dedicado ao mesmo tema.

Na sua autobiografia Esperança, Francisco avisa para o risco do populismo em que vários países estão mergulhados: “as promessas que se baseiam no medo, acima de tudo, o medo do outro são a censura habitual dos populismos e o início das ditaduras e das guerras. Pois para o outro, o outro és tu”.
Francisco recusa ainda regresso ao tradicionalismo.

“Atualmente, existem 59 guerras em curso no mundo: conflitos declarados entre nações ou grupos organizados, étnicos, sociais”, entre outros, envolvendo quase um terço das nações, elencou o Papa.

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Isto “deveria bastar para desmascarar a insensatez da guerra como instrumento de resolução dos problemas: é apenas uma loucura que enriquece os mercadores de morte e que os inocentes pagam."

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“Os pecados sexuais são aqueles que a alguns causam mais rebuliço”, mas “não são, de facto, os mais graves”, ao contrário de outros como “a soberba, o ódio, a mentira, a fraude ou a prepotência”.

Fonte: aqui

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

E TANTOS A VIVER SEM O DOMINGO!


 “Sem o domingo não podemos viver!” Esta foi a resposta de Emérito, diante do procônsul de Cartago, no ano 304, quando interpelado por estarem a celebrar a Eucaristia apesar das proibições do imperador Diocleciano. Ele e outros 48 cristãos de Abitene, na atual Tunísia, foram torturados e mortos, por quererem celebrar a sua fé: «No início do século IV, quando o culto cristão era ainda proibido pelas autoridades imperiais, alguns cristãos do norte da África, que se sentiam obrigados a celebrar o dia do Senhor, desafiaram tal proibição. Foram martirizados enquanto declaravam que não lhes era possível viver sem a Eucaristia, alimento do Senhor: “Sine dominico non possumus” – sem o domingo, não podemos viver» (Sacramentum Caritatis 95).

Diz-se que SÃO TARCÍSIO, um jovem que frequentava as Catacumbas de São Calisto, em Roma, era muito fiel aos compromissos cristãos. Amava muito a Eucaristia. Segundo a tradição, seria acólito. Eram anos em que o imperador Valeriano perseguia duramente os cristãos, obrigados a reunir-se escondidos nas casas particulares ou, às vezes, até mesmo nas Catacumbas, para ouvir a Palavra de Deus, rezar e celebrar a Santa Missa. Também o hábito de levar a Eucaristia aos prisioneiros e aos enfermos se tornava perigoso.
Certo dia, quando o sacerdote perguntou sobre quem estava disposto a levar a Eucaristia aos outros irmãos e irmãs que a esperavam, Tarcísio ergueu-se e disse: "Envie-me a mim!". “És demasiado jovem para um serviço tão exigente“, disse. "A minha juventude – retorquiu Tarcísio – será a melhor salvaguarda para a Eucaristia". Persuadido, o sacerdote confiou-lhe, então, o Pão Sagrado, dizendo-lhe: "Tarcísio, recorda-te que um tesouro celestial está a ser confiado aos teus frágeis cuidados. Evita os caminhos frequentados e não te esqueças de que as coisas santas não devem ser lançadas aos cães, nem as joias aos porcos. Conservarás com fidelidade e segurança os Sagrados Mistérios?". "Morrerei – respondeu com determinação Tarcísio – antes de os ceder!".
Ao longo do caminho, encontrou alguns amigos que, aproximando-se, lhe pediram para se juntar a eles. Dando uma resposta negativa, eles – que eram pagãos – começaram a suspeitar e a insistir, e observaram que apertava ao peito algo que parecia defender. Em vão procuraram arrancar-lhe o que trazia; a luta fez-se cada vez mais furiosa, sobretudo quando vieram a saber que Tarcísio era cristão; começaram a dar-lhe pontapés e lançaram-lhe pedras, mas não cedeu. Em agonia, foi levado ao sacerdote por um oficial pretoriano chamado Quadrato que, ocultamente, também viria a tornar-se cristão. Chegou ali sem vida, mas apertando ao peito ainda conservava um pequeno pedaço de linho com a Eucaristia. Foi sepultado imediatamente nas Catacumbas de São Calisto.
Dois milénios depois, a maioria dos católicos VIVE BEM SEM O DOMINGO. Há tanta coisa mais importante a fazer que reservar uma hora para estar com Jesus na Eucaristia (Santa Missa): descansar, passear, praticar desporto, trabalhar (para satisfazer luxos, prazeres e necessidades mundanas), organizar caminhadas, promover atividades lúdicas e recreativas, repousar dos excessos da noite...
Este desprezo pelo Domingo também se verifica em católicos com algum compromisso assumido na comunidade: ACÓLITOS que, "não estando ao serviço", não se veem na igreja; CATEQUISTAS e CATEQUIZANDOS que ainda são capazes de ir à Missa se a catequese for antes ou depois (nas férias ninguém os vê!); LEITORES e CORALISTAS que facilmente trocam a Eucaristia por iniciativas e propostas banais; FIÉIS que, não havendo Missa na paróquia, usam-na imediatamente como desculpa!
FALTAR À MISSA AO DOMINGO, sem motivo grave, é pecado mortal: «A Eucaristia dominical fundamenta e sanciona toda a prática cristã. É por isso que os fiéis têm obrigação de participar na Eucaristia nos dias de preceito, a menos que estejam justificados, por motivo sério (por exemplo, doença, obrigação de cuidar de crianças de peito) ou dispensados pelo seu pastor. Os que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem um pecado grave.» (CIC 2181)
«São muitos os homens e as mulheres que um dia foram batizados pelos seus pais e hoje não saberiam definir exatamente qual é a sua postura diante da fé. Talvez a primeira pergunta que surge no seu interior seja muito simples: Para que crer? A vida muda alguma coisa pelo facto de crer ou não crer? Serve a fé realmente para alguma coisa? Estas perguntas nascem da sua própria experiência. São pessoas que, pouco a pouco, foram empurrando Deus para um canto da sua vida. Hoje Deus não conta absolutamente para elas na hora de orientar e dar sentido à sua existência. Deus não lhes diz nada. Para que crer? Esta pergunta só é possível quando alguém “foi batizado com água”, mas não descobriu o que significa “ser batizado com o Espírito de Jesus Cristo”. Quando alguém continua a pensar erroneamente que ter fé é crer numa série de coisas muito estranhas, que nada têm a ver com a vida, e não conhece ainda a experiência viva de Deus.» (J. Pagola)
(P. António Magalhães Sousa), aqui

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 


sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O AGRADÁVEL ODOR DO PECADO [E quem cala consente…]

Cheio de entusiasmo, o compadre Joaquim contou ao compadre Manel que tinha comprado um porco lá para casa. Surpreendido perguntou-lhe:
- Não tens corte para ele. Onde o vais pôr?!
- No meu quarto!
- Oh Joaquim! E o cheiro?
- O porco habitua-se!
Quando nos habituamos ao cheiro, estamos conversados. Assim vivem muitos católicos: habituados ao agradável odor (sabor) do pecado. Respiram-no sem tão pouco se darem conta e até o acham bom, prazenteiro! “Tempos novos, senhor padre. Temos de ser modernos!" Também na porcaria...
«O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado.» (Pio XII) «A perda do sentido do pecado deriva em última análise da perda mais radical e profunda do sentido de Deus.» (Bento XVI) «Vejo a soberba humana, o perigo de perder o sentido do pecado, como a mediocridade cristã: a tentação de colocar o “poder humano” no lugar da “glória de Deus”, porque a salvação não depende da “astúcia” ou da capacidade de “fazer negócios”, mas da “graça de Deus”.» (Papa Francisco)
Há católicos a faltar sistematicamente à Missa ao Domingo e Dias Santos (alguns com responsabilidades diretas na liturgia!)… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos a viver em união de facto ou casados civilmente e a comungar… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que oprimem, exploram e abusam dos mais frágeis… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que se abeiram da Sagrada Comunhão sem quaisquer condições, a tresandar miséria moral e espiritual… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que celebram o Natal ou a Páscoa pomposamente em suas casas sem porem os pés na igreja… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que vão à missa se a intenção for pelos seus defuntos, mesmo à semana, mas ao Domingo têm outras prioridades (caça, desporto, ciclismo, passeios, descanso, trabalho)… já estão habituados: “já não é pecado”!
Surpreendentemente (ou não), também não ouvimos os nossos pastores (padres e bispos) a denunciar estas condutas de pecado grave/mortal: “Amar a Deus sobre todas as coisas”; “Não invocar o santo Nome de Deus em vão”; “Santificar Domingos e Festas de Guarda”. Papagueiam amor, promovem festinhas e bazares (e sabe-se porquê), publicam programas e pasquins pastorais, alimentam os egos (pessoais e/ou dos escaparates sociais) e esquecem-se (não sabem?) que a Profecia se exerce tanto no anúncio como na denúncia. Este silêncio pode sempre ser interpretado de dois modos: «quem cala, consente» ou, então, como o compadre Joaquim, também eles já se habituaram ao cheiro. Isto também é hipocrisia, oportunismo, má-fé. Também cheira a pecado… grave.
(P. António Magalhães Sousa)
Fonte: aqui