domingo, 27 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
"Ainda sem ganhar a guerra contra a pandemia temos o pandemónio da guerra". (Amaro Gonçalo)
Madrugada de quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022. A Rússia invade a Ucrânia. O poder da força vence a força da razão. O imperialismo atenta contra a paz.
O mundo condena tão vil e ignóbil ato de Putin, o presidente russo. Há excepções: os regimes venuzuelano e cubano e um partido político português que durante 6 anos apoiou o governo de Costa.
Crianças ucranianas rezam pela paz.
"Quem precisa mesmo de ser 'desnazisado' é Putin
Sempre a mesma retórica dos ditadores: "queremos libertar o povo ucraniano"... Claro que o querem «libertar» da sua liberdade, para os submeter ao jugo do seu império, dos seus interesses. Outros quiseram «libertar» o povo do ´ópio' da religião, para se endeusarem e imporem como senhores absolutos a si mesmos.
Outros diziam, à entrada dos campos de concentração,
que "o trabalho liberta".
O argumento é sempre o mesmo.
Quem precisa mesmo de ser 'desnazisado' é Putin."
"Quaresma de vodka ou de volta?
Em março de 2020 tivemos a pandemia a pôr de quarentena mesmo aqueles que não ligavam nada à Quaresma.
Tivemos muitos aliados inesperados neste combate.
Ainda não recuperámos do trauma e do susto.
E parece que pouco aprendemos.
O desejo da normalidade confunde-se
com a ilusão do tempo que volta para trás.
Em março de 2021 estávamos num segundo confinamento.
O primeiro fora para muitos uma bênção.
O segundo uma perdição.
Ninguém queria uma segunda quarentena
e a Quaresma foi apenas um suspiro pela Páscoa.
Em março de 2022, a menos de uma semana do início da quaresma, temos uma guerra, da qual se sabe apenas
por onde e como começou. O porquê é o de sempre.
O jejum e a oração pela paz na Ucrânia,
na quarta-feira de cinzas,
que o Papa nos pede,
vão dar-nos o fôlego que precisávamos
para não deixar passar em vão
o tempo favorável da Quaresma?
Ou vamos afogar as mágoas nos muitos "Vodkas"
com que enganamos a sede de Paz?
Se não é este o «tempo favorável»
para desarmar o coração,
que raio de tempo o será?
Teremos a quaresma de vodka ou de volta?"
(Amaro Gonçalo)
Papa na Embaixada da Rússia para expressar preocupação
A Sala de Imprensa da Santa Sé informou nesta sexta-feira que devido à uma gonalgia (dor aguda no joelho), para a qual o médico prescreveu um período de maior descanso para a perna, o Papa Francisco não poderá ir a Florença no domingo, 27 de fevereiro, onde participaria do encontro "Mediterrâneo, fronteira de paz", nem presidir as celebrações da Quarta-feira de Cinzas, em 2 de março.
Apesar do seu estado de saúde, o Papa quis manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia dirigindo-se por volta do meio-dia desta sexta-feira, à sede da Embaixada da Federação Russa junto à Santa Sé, chefiada pelo embaixador Alexander Avdeev. O Papa chegou em um veículo utilitário branco e permaneceu no prédio na Via della Conciliazione por mais de meia hora, como confirmou o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni.
Fonte: aqui
As amplas liberdades do sr. Putin!
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022
UM TEXTO NÃO ASSINADO. PARA LER, REFLECTIR E DISCUTIR.
Quando os bárbaros chegaram ao Sul da Europa e à Península Ibérica, no início do século IV, encontraram povos num estádio superior de civilização.
Os romanos tinham implantado na sua zona de influência estruturas políticas, administrativas, sociais e económicas que geravam modos de vida que os bárbaros desconheciam.
Caído o império romano, a Igreja Católica ‘substituiu-o’ no papel de consolidar e fazer funcionar essas estruturas, defendendo ao mesmo tempo o cumprimento de regras essenciais à vida em sociedade.
Não matar, não roubar, não cobiçar a mulher do próximo nem o seu servo nem o seu boi, não usar o homem como mulher, etc., eram princípios sem os quais a vida em comunidade se tornaria um inferno.
Além disso, ao defender a família, o cristianismo dava um passo determinante para a estruturação das sociedades.
Uma família supunha uma casa.
E precisava de terra para cultivar e de animais para ajudar no trabalho do campo.
E de animais de criação.
E o conjunto de bens que a família acumulava – casa com o seu recheio, terra, animais, alfaias agrícolas – constituía um património que passava de pais para filhos, assim surgindo o conceito de herança.
E a herança supunha a monogamia, sem a qual se tornava difícil identificar os herdeiros. Com uma família estável – um pai, uma mãe e filhos – os beneficiários da herança não ofereciam dúvidas. Sobre as famílias assim organizadas construíram-se os municípios e sobre os municípios construiu-se o Estado, que, com a sua burocracia, garantia o funcionamento daquilo que era colectivo, pertença de todos.
Assim se construíram sociedades organizadas.
Os bárbaros, quando chegaram ao Sul da Europa, estavam noutro patamar civilizacional.
Vinham em hordas por aí abaixo, homens mulheres e crianças, e desconheciam as leis que regulavam a vida dos povos do Sul.
Matavam, roubavam, violavam as mulheres, não cultivavam a monogamia, viviam em promiscuidade sexual: tinham relações uns com os outros, não sabiam de quem eram os filhos. Como povos nómadas, não tinham o sentido da propriedade nem da posse da terra. Não conheciam as artes de cultivo.
Não sabiam o que era a herança. Não se organizando em famílias, toda a construção social daí para cima era caótica.
Obedeciam a chefes omnipotentes que impunham uma ordem rudimentar.
Durante vários séculos, atravessando a Idade Média, a Idade Moderna e entrando na Idade Contemporânea, a organização social que vinha dos romanos, consolidada pela Igreja Católica, manteve-se relativamente estável no Sul da Europa.
Com a chegada da revolução industrial, porém, este mundo vai entrar em crise.
Quase tudo muda.
A posse da terra torna-se secundária em relação à produção industrial.
As cidades crescem enormemente. As mulheres entram no mercado de trabalho. A vida em família altera-se.
O homem perde protagonismo, as mulheres ganham independência, os filhos deixam parcialmente de ser criados em casa e vão para creches ou para colégios internos, a estabilidade familiar é abalada, os divórcios aumentam.
O positivismo avança, com o consequente recuo da influência da Igreja Católica. Todos os mandamentos entram em crise. As mulheres começam a ter uma vida social que as faz arranjarem-se mais.
Tornam-se mais sedutoras.
Deixa de ser proibido cortejar a mulher do próximo.
A liberdade sexual cresce muitíssimo.
Tudo aquilo que era considerado ‘conquistas da civilização’ subitamente é posto em causa.
A crise da família, ou seja, da célula-base em cima da qual se fazia a construção social, abala tudo o resto.
O conceito de património familiar, a educação dos filhos, as questões sucessórias, tudo isto fica em causa.
O próprio respeito pela vida humana, a ideia de que a vida é o valor supremo – não matarás – entra em crise.
A despenalização do aborto é a primeira machadada neste princípio.
A liberdade da mulher para fazer o que quer do seu corpo (ou do que transporta dentro de si) sobrepõe-se à inviolabilidade da vida.
E seguir-se-á a eutanásia.
Chega-se ao extremo de se achar que a distinção entre homens e mulheres é artificial.
Os meninos aprendem que o ‘género’ é uma construção social, que um menino pode afinal ser uma menina e vice-versa, que o facto de ter um órgão assim ou assado não quer dizer nada.
A diferença entre homem e mulher, cuja união permite a reprodução da espécie e cuja associação estável possibilita uma sociedade organizada, perdeu-se.
Estas mudanças reflectem-se hoje em todas as manifestações humanas.
A arte tornou-se rude. Boa parte da literatura perdeu o nexo, a música tornou-se ruído, a pintura é caótica, a escultura é abstrusa. Mesmo quem gosta de arte moderna, como eu, não pode deixar de reconhecer que entre uma pintura de Rubens e um quadro abstracto com meia dúzia de pinceladas ao acaso, ou entre uma sinfonia de Beethoven e uma música techno, vai um abismo. Umas são manifestações de uma civilização no seu apogeu, outras são produtos de um mundo decadente.
E na forma de vestir manifesta-se a mesma regressão.
Até há uma duas gerações as pessoas procuravam arranjar-se, parecer bem; agora passa-se o contrário: a moda são os cabelos despenteados ou as cristas imitando tribos primitivas, a roupa sem formas, as calças rotas.
Esta sociedade doente, que esqueceu as regras e os princípios que lhe deram superioridade, aproxima-se da barbárie.
Pode matar-se em certas circunstâncias, a monogamia é uma coisa do passado, a família desfez-se, a promiscuidade sexual instalou-se (já se fala em ‘policasamentos’, ou seja, casamentos em grupo), o património familiar perdeu sentido, as heranças complicaram-se.
Adoptamos costumes e práticas de povos que estavam num estádio de civilização muito inferior ao nosso quando entraram na Península.
Todas as civilizações têm uma ascensão, um apogeu e uma queda.
E a queda, normalmente, é para patamares inferiores aos do início. E é nessa fase que nos encontramos.
Claro que temos a tecnologia, os computadores, os telemóveis, os satélites, as naves espaciais, etc. Mas também Roma tinha uma tecnologia muito superior à dos bárbaros e caiu às mãos destes.
Porquê?
Porque desenvolvera a técnica, mas perdera a alma. Aquilo que estava na origem de tudo.
Fonte: aqui
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
POBRES, SEMPRE OS TEREMOS. MAS NÃO PODEMOS FAZER MAIS POR ELES?
«Perdi o que guardei, mas tenho o que dei».
São Ricardo de Chichester
Sucede que, enquanto muitos penam e sofrem, o mundo analisa o problema e vai diferindo a sua resolução.
2. Infelizmente, Portugal não é excepção a este fenómeno que — à guisa de tumor — se «metastiza» pela humanidade.
O nosso país persiste inclusive em ser um dos mais desiguais. Estudos recentes referem que 5% dos cidadãos acumula 42% da riqueza.
3. Acresce que nos acomodamos a um fenómeno que nos devia ruborizar de vergonha.
Até porque meios não faltam para o combater e superar. O que parece é faltar vontade efectiva de os aplicar devidamente.
4. É certo que o próprio Jesus asserou que «pobres, sempre os teremos» (Mt 26, 11).
Mas jamais insinuou que não fizéssemos nada por eles. Pelo contrário, foi ao ponto de assumir que tudo o que for feito aos mais pequenos é como se fosse feito a Ele mesmo (cf. Mt 25, 40).
5. E o certo é que os primeiros cristãos não permitiam que alguém passasse necessidade. Quem dispunha de bens repartia-os com aqueles que pouco — ou nada — tinham (cf. Act 4, 34).
Neste tempo de distopias em catadupa, facilmente catalogaremos este procedimento como utopia impraticável.
6. Dado que o mundo se tornou uma plutocracia — em que as pessoas ricas e nas nações ricas decidem tudo —, dificilmente os pobres acederão a mais do que (encolhidas) sobras.
Em alguns casos, pouco faltará para que se materialize o (sarcástico) presságio vertido num cartaz, algures no Brasil: «Haverá um dia em que os pobres só terão os ricos para comer».
7. Para que a voz do desespero não colha eco, é urgente que algumas assimetrias sejam corrigidas. E que a circulação de rendimentos não «estacione» sempre nos mesmos.
No fundo, trata-se de combinar — como propugna a Doutrina Social da Igreja — a propriedade privada com o destino universal dos bens. Cada um tem direito a possuir. Mas não pode haver qualquer «cesura» entre tal direito a possuir e o dever de repartir.
8. É sabido que a igualdade — postulada como um valor — acaba por se tornar uma impossibilidade.
As diferenças tornam-se inevitáveis e nem sequer contendem com a justiça. Tratar diferentemente o que é diferente é tão justo como avaliar igualmente o que se afigura igual.
9. O problema surge quando as diferenças se transformam em disparidades insuportáveis.
Mudam os ciclos políticos, alteram-se os fluxos económicos, mas o cenário de fundo mantém-se praticamente inalterável.
10. Uma minoria da população concentra uma significativa maioria de recursos.
Até quando? Também está nas nossas mãos inverter este (des)caminho!
João António Teixeira
domingo, 6 de fevereiro de 2022
Rayan e a homilia que não tinha preparado
Este é o domingo dos mais pequeninos. De Isaías, o profeta de lábios impuros; de Paulo, o menor dos apóstolos; de Pedro, o pescador pecador. É o domingo que exalta a preferência de Deus, pelos que não apostam na sua força, na sua grandeza, na sua capacidade, na sua presunção, mas põem a sua confiança inteira no Senhor e nas redes tecidas pelos fios da unidade, da fraternidade, da comunhão.
Mas hoje é também o dia de outro pequenino, de um menino, de nome Rayan, a criança do Norte de Marrocos, que tinha cinco anos e caíra num poço de 30 metros de profundidade e 28 centímetros de diâmetro. O mundo inteiro pôs os olhos num pequenino.
As imagens do resgate são, por isso, o melhor comentário ao Evangelho deste domingo para esta homilia que não tinha preparado. Vi uma imagem na net e logo me veio à mente: «lançai as redes», mesmo que a tarefa vos pareça “de loucos” e «farei de vós pescadores de homens».
Para quem não compreenda o que seja esta sagrada vocação de “pescadores de homens”, as imagens do resgate do pequeno Rayan são bem elucidativas: uma rede de colaboração, de pessoas, de serviços, tecida por uma rede invisível de oração, de solidariedade, de comoção à escala mundial, coloca-se ao serviço do resgate de uma só vida caída num poço.
Tirar alguém do fundo de um poço, da escuridão, da solidão, do abandono, do desespero, resgatar alguém do abismo, da tristeza, do desespero, não é mais do que isso de ser “pescadores de homens”, pessoas capazes de resgatar pessoas, de iluminar as suas vidas, de as trazer à luz, de as reconduzir à vida verdadeira.
Poderíamos dizer, como Pedro, «andámos vários dias e noites e não pescamos nada». À rede sobreveio uma criança sem vida. É verdade. Mas não morreu por desamor, não morreu só, não morreu sem saber que era amada, não morreu sem que nos ensinasse o valor de cada vida humana, essa vida que vale mais do que o ouro, mais do que o resto do universo inteiro.
O pequeno Rayan foi resgatado, sem vida humana, mas o seu resgate pôs em evidência o melhor da nossa humanidade, fixou os nossos olhos no que realmente mais importa, acordou-nos, despertou-nos e ressuscitou-nos, para aquilo que vale a pena: vida por vida.
Não é uma história com final feliz, como os contos de fadas, como não foi a de Isaías, a de Pedro e de Paulo e a de Jesus, na Cruz. Mas é uma história que hoje nos une e reúne, na comoção, na fraternidade, na gratidão. E que nos deve recordar que há crianças nos campos de refugiados da Síria e em tantas partes do mundo que precisam de resgate, que estão a morrer de fome, de frio.
É uma história que nos vem recordar que há hoje, tão perto de nós, muita gente atulhada no poço ou no mar das suas misérias e que precisa de uma rede de salvação, de irmãos e irmãs, que arrisquem tudo para resgatar e salvar as suas vidas, mesmo se parecem inúteis os esforços.
Quando descobrirmos que o resgate da vida dos outros é a única coisa que nos tira dos poços onde nos atulhamos e resguardamos, então teremos salvo também a nossa vida. Lancemos as redes, dêmos as mãos, por um mundo de irmãs, de irmãos.
Pe. Amaro Gonçalo, aqui
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022
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