"A África é mártir da exploração dos outros.”
Esta foi a primeira vez que o Papa esteve em África em toda a sua vida. Francisco, que esteve no Quénia, Uganda e República Centro-Africana – para onde viajou apesar dos riscos – não escondeu o seu amor pelo continente que, diz, tem sido sistematicamente vítima de exploração. “A África é uma vítima, sempre foi explorada por outras potências. Era da África que vendiam os escravos para a América. Há potências que só procuram ficar com as grandes riquezas de África – que é, talvez o continente mais rico – mas não pensam em ajudar. É a exploração! A África é mártir da exploração dos outros.”
“E aqueles que dizem que em África só há calamidades e guerras, não percebem bem os danos que causam à humanidade certas formas de desenvolvimento. Por isso amo a África, porque foi vítima de outras potências”, concluiu.
Tal como já tinha acontecido com Bento XVI quando visitou África, os jornalistas pediram a opinião do Papa sobre a contracepção. Francisco, porém, não respondeu directamente, apontando antes o dedo ao que diz ser o verdadeiro problema. “É a malnutrição, a exploração das pessoas, o trabalho escravo, a falta de água potável, esses é que são os problemas! Não falemos se se pode usar um ou outro penso-rápido para uma certa ferida, a grande ferida é a injustiça social”.
Desinformação, calúnia e difamação.
Os três pecados do jornalismo, segundo o Papa
O Papa no avião, a conversar com jornalistas. Foto: EPA/Alessandro di Meo
Segundo o Papa, estes três pecados são a desinformação, a calúnia e a difamação.
O Papa não tinha apenas críticas a fazer ao trabalho dos jornalistas, cuja importância para a sociedade também sublinhou. “Numa imprensa livre, o importante é que sejam profissionais de verdade, e que não manipulem as notícias. A denúncia da injustiça e da corrupção é um belo trabalho porque, nesses casos, os responsáveis devem fazer alguma coisa e ir a tribunal”.
“A imprensa profissional deve dizer tudo, sem cair nos três pecados mais comuns: a desinformação – dizer a metade e não dizer a outra metade –, a calúnia e a difamação. Precisamos deste profissionalismo. E se um jornalista for um verdadeiro profissional, se errar, pede desculpa”, referiu ainda Francisco.
As palavras do Papa surgem numa altura em que o Vaticano se encontra sob forte pressão internacional e mediática pelo facto de ter levado a tribunal dois jornalistas italianos que escreveram livros com base em documentos confidenciais.
Os dois jornalistas contestam o processo, que decorre num tribunal civil da Santa Sé, uma vez que o direito à liberdade de imprensa é reconhecido em Itália, mas no código civil do Vaticano não.
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