segunda-feira, 30 de maio de 2022

Era da modernidade líquida

 A era da modernidade líquida, onde a principal marca são as relações frouxas, flexíveis, sem um vínculo profundo com algo. 

“Eles (os jovens) podem consumir uma música evangélica, comprar um terço católico, usar um incenso budista. Eles não têm uma religião oficial, mas podem ter sua religiosidade particular”, explica Gerson Leite de Moraes, teólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Num mundo onde se busca liberdade de pensamento, os jovens querem mais é viver longe de amarras, opressões e definições.

Fonte: aqui

Tanta vez que a vontade de viver "longe de amarras" é o caminho mais perto para formas de dependência mais subtis, mas terrivelmente tirânicas!

quinta-feira, 26 de maio de 2022

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Porque está a Igreja a falhar no Ocidente?

 Da próxima vez que tivermos uma discussão sobre o porquê de a Igreja estar a falhar, não convidem os teólogos; convidem sociólogos, psicólogos, artistas, músicos e as pessoas que deixaram a Igreja.

Existem inúmeros sinais de que a Igreja Católica está a falhar nos países ocidentais. Há poucas vocações, a participação na igreja está em baixo e os jovens estão a deixar a igreja em massa. Há tantas teorias que explicam esse declínio quanto há comentadores, mas as teorias podem ser reunidas em dois pontos principais: aqueles que culpam a cultura e aqueles que culpam a própria igreja.

A hierarquia católica tende a culpar a cultura contemporânea pelos problemas da Igreja. Consumismo, individualismo e secularismo encabeçam a lista de forças negativas. Os média bombardeiam as pessoas com imagens e mensagens que são antitéticas ao cristianismo: a felicidade vem do sexo, dinheiro e poder. A vida está muito ocupada com trabalho e lazer para haver tempo para a religião.

As estruturas sociais que sustentavam a religião também enfraqueceram.

Os bairros étnicos que dantes reforçavam as comunidades e os valores religiosos viram um declínio à medida que os seus moradores foram deslocados para os subúrbios. À medida que os católicos aderiram ao mainstream, perderam as suas raízes. Menos crianças vão para escolas católicas. Os casamentos inter-religiosos aumentaram à medida que os jovens católicos socializam com não-católicos. À medida que se tornavam mais instruídos, eram menos propensos a seguir o clero sem fazer perguntas.

Há muita verdade nesta explicação cultural para as falhas da igreja, mas culpar a cultura é como culpar o clima. Este é o mundo em que vivemos; aprendam a lidar com isso. Retirarmo-nos para um gueto católico não é uma opção.

A teoria de que a própria Igreja é a culpada pelo seu declínio apresenta uma versão conservadora e outra liberal. Ambas culpam a hierarquia por não lidar adequadamente com a crise dos abusos sexuais. Os liberais sublinham a falta de responsabilidade e o envolvimento dos leigos, enquanto os conservadores apontam o dedo aos padres homossexuais.

Os conservadores também culpam as mudanças na Igreja ordenadas pelo Concílio Vaticano II. Antes do concílio, a Igreja era uma rocha de estabilidade e certeza num mundo tempestuoso. A mudança minou a credibilidade da Igreja porque a mudança foi uma admissão de que a Igreja estava errada no passado. Numa semana iria para o inferno por comer carne na sexta-feira; na semana seguinte estava tudo bem. Num ano ano disseram que a missa seria sempre em latim; no ano seguinte seria em inglês.

Os conservadores também culpam os teólogos por confundirem o povo ao debaterem publicamente questões morais e doutrinárias que a hierarquia diz serem ensinamentos definitivos. Também acreditam que a mensagem de justiça social da igreja distrai dos seus dogmas tradicionais. Alguns argumentam que o diálogo ecuménico e inter-religioso levou à crença de que todas as religiões são igualmente válidas. Sublinhar o papel dos leigos na Igreja tirou o padre do seu pedestal e tornou o sacerdócio menos atraente.

Os conservadores acreditam que o Papa Francisco está a caminhar na direcção errada e rezam por um regresso às políticas dos Papas João Paulo II e Bento XVI.

A versão liberal, por sua vez, aponta o dedo à hierarquia.

Os liberais acreditam que o Vaticano II foi apenas o começo das reformas necessárias à Igreja. Eles acreditam que a hierarquia, especialmente João Paulo II, temia o caos na Igreja e encerrou qualquer reforma adicional. Os documentos do Concílio foram interpretados por uma lente conservadora, e os teólogos foram rotulados de dissidentes e silenciados se não seguissem a linha do Vaticano.

Comentadores como o Pe. Andrew Greeley acreditavam que a hierarquia perdeu os leigos quando o Papa Paulo VI reafirmou a proibição da Igreja contra o controlo artificial da natalidade. O ensino foi rejeitado tanto pelos teólogos morais, quanto pelos leigos.

Negar a comunhão a católicos divorciados e recasados também tem sido problemático para os casais e para os seus filhos.

Os liberais também culpam a hierarquia pela crise vocacional porque, argumentam, haveria muitos padres se pudessem casar, e ainda mais se as mulheres tivessem permissão para serem ordenadas.

Os liberais também argumentam que a oposição da hierarquia ao aborto e aos direitos dos homossexuais alienaram muitas pessoas, especialmente os jovens. As pessoas também foram alienadas por bispos que negam a Comunhão a certos políticos democratas.

Os liberais dizem que a hierarquia está a seguir o mesmo caminho que escolheu na Europa, onde alienou as classes trabalhadoras no século XIX com a sua aliança com as classes altas. Durante grande parte do século XX, o anticlericalismo era inexistente na América porque os bispos estavam do lado dos sindicatos e das classes trabalhadoras. O anticlericalismo só floresceu quando os bispos se alinharam com o Partido Republicano contra o aborto e os direitos dos homossexuais.

Como cientista social, acredito que a preponderância de evidências apoia a explicação liberal do declínio da igreja, mas acho que os conservadores apontam alguns pontos positivos. Certamente que as mudanças após o Vaticano II não foram bem explicadas ou implementadas. O clero estava tão confuso quanto os leigos. E os liberais precisam de explicar o porquê de mais católicos se estarem a juntar a igrejas evangélicas do que a igrejas liberais.

Um dos problemas com todas essas teorias, no entanto, é que elas foram desenvolvidas por teólogos que acreditam que as ideias são o que motivam os humanos. As ideias são importantes, mas a experiência muitas vezes é mais importante.

Muitas pessoas permanecem na Igreja mesmo discordando de alguns ensinamentos da Igreja. Mas uma experiência má numa confissão, num casamento ou num funeral pode afastar as pessoas para sempre. Mais pessoas são expulsas da Igreja por padres arrogantes do que por divergências sobre teologia. É por isso que Francisco é tão crítico sobre o clericalismo.

E o facto é que perdemos mais pessoas por tédio do que por teologia. Agora que as pessoas não acreditam que vão para o inferno por faltar à missa ao Domingo, não irão a menos que beneficiem da experiência.

Se a pregação for monótona, se a música não os comover, se não se sentirem acolhidos, então não vão voltar. Se a Missa é vista como algo que o padre faz, se as Escrituras são de domínio do clero, se não há senso de comunidade, então porquê ir?

É por isso que muitos católicos são atraídos pelas igrejas evangélicas. As ideias são importantes, mas o catolicismo também deve ser uma experiência vivida que seja relevante para a vida dos fiéis. A igreja pré-Vaticano II proporcionou tais experiências nas devoções populares. Depois do Vaticano II, a liturgia deveria proporcionar essa experiência, mas muitas vezes isso não aconteceu.

Então, da próxima vez que tivermos uma discussão sobre o porquê de a Igreja estar a falhar, não convidem os teólogos; convidem sociólogos, psicólogos, artistas, músicos e as pessoas que deixaram a Igreja.

Artigo do Pe. Thomas Reese, sj, publicado no National Catholic Reporter a 13 de Maio de 2022.

Fonte: aqui

sexta-feira, 13 de maio de 2022

O sexo não é o centro do cristianismo

Jesus não nos disse nada sobre sexualidade, mas disse-nos que não devemos julgar os outros.

Fátima, na noite de 12 de maio 2022
Rainha da paz, daí a paz ao mundo. Tocai e iluminai as mentes, os corações e as vontades dos homens para que cessem as guerras, e os conflitos sejam resolvidos pelo diálogo e a justa negociação. (Jorge Guarda)
Mãe do puro amor, ensina-nos que não devemos julgar os outros. 

Por vezes, é muito cansativo assistir à consagração da ideia de que o sexo – em qualquer das suas variantes ou temáticas – é o centro da moral cristã. Não é. Não há nada na Bíblia e sobretudo no Evangelho que permita dizer que a sexualidade é o alfa da ética cristã.

Se lermos o Evangelho com atenção, vamos perceber que Jesus não está nem aí para o sexo; Ele nada nos diz sobre o tema, porque o tema é secundário, não é o centro.

Aliás, até se pode dizer que Jesus é bastante irreverente e alternativo na questão. Quem é que O vê ou sente pela primeira vez após a ressurreição? Madalena, prostituta. E o que dizer dos telhados de vidro e das pedras? É bom que se saiba que, para Jesus, um fariseu (isto é, um beato de coração frio) pode estar mais perto do inferno do que uma prostituta. Sim, é certo que convém não ser nenhuma das duas opções (prostituta e fariseu), mas convém perceber que os espíritos que se julgam virtuosos e sexualmente perfeitos do ponto de vista moral e que julgam os outros considerados “impuros” estão mais fundos no inferno do que uma call girl. Jesus não nos disse nada sobre sexualidade, mas disse-nos que não devemos julgar os outros.

É por isso que concordo em absoluto com este belo artigo da Inês Teotónio Pereira. A ideia de que o sexo é o centro da ética cristã é uma confusão veiculada e mantida por boa parte dos cristãos, que perdem mais tempo com este tema do que com todos os outros juntos.

Como sair disto? Não temos aqui espaço para discutir a curva errada de Santo Agostinho, mas lá chegaremos. Por ora era importante que igreja e fiéis percebessem uma coisa: há que desenvolver uma abordagem à questão que seja realista em relação aos jovens de hoje e que seja sobretudo um eco da mensagem de Jesus. Não fazer isto é deixar os jovens cristãos num vazio.

OPINIÃO DE HENRIQUE RAPOSO, aqui

sábado, 7 de maio de 2022

Futebol Clube do Porto, Campeão Nacional 2021/2022


Vencendo o jogo com o Benfica no Estádio da Luz por uma bola a zero, os portistas confirmaram a vitória neste campeonato que termina no próximo fim-de-semana.
O F. C. Porto pode ainda conquistar a dobradinha se vencer o jogo da final da Taça de Portugal daqui a 15 dias.
Na minha modesta opinião, foi uma vitória justa, sem espinhos. Os portistas foram a melhor equipa no cômputo geral da época. Ora se tivermos em conta que em janeiro o Porto perdeu o considerado melhor jogador da Liga, o Diaz, além de S. Oliveira e Corona, percebe-se o enorme trabalho desenvolvido pela equipa técnica e pelos atletas, num quadro de grandes dificuldade4s económiucas pelas quais passa o Clube.
Saliento ainda o lançamento de um grupo de jovens vindos da formação: João Mário, Diogo Costa, Fábio Vieira, Vitinha, Francisco Conceição que singraram e deram qualidade à equipa.
Parabéns, Futebol Clube do Porto!
Parabéns a todas as outras equipas que deram o melhor que puderam em prol da dignidade da competição!

sexta-feira, 6 de maio de 2022

 


 

quarta-feira, 4 de maio de 2022

"os ‘voltares’ à Igreja"

"O Manuel e a Maria casaram pela Igreja. Escolhi-lhes estes nomes para significarem os outros nomes daqueles que ainda se casam pela Igreja e nunca mais foram vistos na Igreja. Não são assim tantos. São cada vez menos. Mas são quase uma maioria dentro daqueles que ainda se casam pela Igreja. Casam e voltam novamente para baptizar o filho que agora trazem ao colo. Acham que tem de ser assim e são honestos no seu achar. Voltam porque ainda há uma ligação com a Igreja, mesmo que seja como um supermercado. Isso é o que fazem no resto das suas vidas numa sociedade que fomenta o consumo de bens, de coisas, de pessoas, de vidas, de espiritualidades. E os que estão à frente das nossas comunidades cristãs, os padres, vamos aceitando estas intermitências e tentamos - ao menos eu tento - fazer destes ‘voltares’ um momento de acolhimento e de gestação. Contudo, por dentro, o que mais me apetecia era dizer umas palavras indignas de serem palavras, vociferar e gritar que Deus nos ama e que isso é muito mais forte e intenso que um baptismo, um casamento ou qualquer outra expressão sacramental ou ritual que a Igreja tem à disposição. O Deus que nos ama é o que a Igreja deveria ter para oferecer e o que as pessoas deveriam buscar quando se abeiram da Igreja."

Fonte: aqui

segunda-feira, 2 de maio de 2022

A FALÊNCIA DO DOMINGO (Do trabalho aos não praticantes)

Por que razão os deputados da Assembleia não votam o fim do trabalho ao domingo, mormente em hipermercados e centros comerciais? A cruzada contra o abuso do sal e açúcar ou do consumo de carnes não devia alargar-se à promoção do tempo e dignidade do ser humano? O descanso (lazer, convívio) é essencial para o bem-estar.
O medo de afrontar os tubarões do capital (subsidiários dos partidos) ou de baixar a colheita de impostos tolhe-os. O domingo, em vez de facilitar a convivência e paz familiares, é uma máquina de tortura: desespero pela vinda de uns, diligência na partida de outros. Verdadeiro corrupio de agentes laborais.
A solução, numa sociedade culta e madura, poderia passar pelo boicote dos cidadãos = consumidores. Se o domingo, em vez de ser dia de “ir às compras” ou “passear no shopping”, fosse empregue para visitar familiares e amigos ou jardins e espaços de lazer, dormir a sesta ou “pôr a conversa em dia”, não haveria necessidade de legislar. Mas, mudar mentes e hábitos em Portugal, só mesmo por decreto.
O domingo foi, na história do cristianismo, um pilar da sua identidade, por celebrar o descanso após a criação e a vitória pascal de Jesus sobre a morte. Os cristãos, fiéis aos Mandamentos, guardavam-no para ir à missa (reunir-se à volta da Mesa) desfadigar e reunir a família.
Todos os papas têm insistido no sentido, lugar e importância do “Dia do Senhor”. No entanto, alguns cristãos preferem curtir a noite de sábado e dormir no dia seguinte. Outros ocupam-no com caminhadas, passeios de bicicleta, futebol e iniciativas diversas. E há quem faça dele mais uma jornada de trabalho.
Invertidas as prioridades, falta tempo (vontade?) para o essencial: missa, convívio familiar, descanso. Sem a comunhão das mesas (igreja e família), arrefecem os afetos, esbanja-se o simbólico e a fé definha. Uma militância lúgubre, sem deferência pela doutrina e tradição, vergada a modas e ambições, dando de barato que “santificar domingos e festas de guarda” é cantilena de sacristia… E até ousam uivar, de peito feito e insultando a inteligência, “sou católico não praticante”, numa confissão sublime de hipocrisia e demagogia.
(P. António Magalhães Sousa, Facebook)