DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES, EDUCAÇÃO E TRABALHO: INSTRUMENTOS PARA CONSTRUIR UMA PAZ DURADOURA
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
domingo, 19 de dezembro de 2021
TRISTE RECORD!
Gostávamos de ver o Concelho de Tarouca como aquele com maior taxa de:
- Iniciativa individual
- Empreendedorismo
- desenvolvimento económico
- Empregabilidade
- Rendimento familiar
- Desenvolvimento cultural
- Solidariedade
- Participação na Eucaristia Dominical
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
O 1º encontro do novo pároco com os paroquianos
Aquele pároco tinha acabado de chegar à nova paróquia. Decide convidar para um encontro as pessoas que integram grupos, irmandades, comissões, serviços e TODA a comunidade.
O velho salão paroquial ficou completamente cheio. Certamente pela curiosidade de conhecer, ouvir, falar e contactar com o novo pároco.
Depois da saudação e de um momento de oração, o padre pede que as pessoas se manifestem livre e francamente, solicitando que o façam, falando um de cada vez e de pé para que se faça ouvir melhor. Pede ainda que as pessoas se pudessem ouvir claramente sem ruídos.
“Como deve ser a vida da comunidade paroquial?”, propõe o sacerdote como tema de debate.
O sacerdote sentou-se, virada para o povo, munido de caneta e papel para registar as intervenções.
“Que o sr. Padre mantenha as nossas tradições. As procissões, novenas e festas, etc”. Muitas pessoas abanaran a cabeça em sinal de concordância.
Senhora, na casa dos 30:
“ Que se possa batizar quando a gente quer, onde quer e com os padrinhos que quer. Ah! E que acabem aquelas reuniões de preparação para o batismo que só servem para tirar tempo…”
Homem, na casa dos 40:
“Que o Conselho Económico seja eleito pelo povo.”
Senhora, na casa dos 70:
“Que possamos colocar as flores que quisermos nos altares e que o sr. Padre organize concursos para que as pessoas escolham qual a zeladora que tem o altar mais bonito.”
Jovem, 19 anos:
“Que o sr. Padre chame os jovens para a Igreja, lhes dê protagonismo e traga para a Igreja as novas tecnologias.”
Senhora, casa dos 50:
“Devia separar-se o folar da visita pascal. A cruz vai a nossas casas para a gente a beijar, não para recolher o dinheiro. Quem quisesse deixar o folar que o fizesse na Igreja.”
Adolescente, 14 anos:
“Acabar com tantos anos de catequese. São uma seca.”
Homem, na casa dos 40:
“Queremos que o padre acompanhe o farrancho. Vá ao café, apareça nas tainadas, nos arraiais, no desporto. O padre só é padre na Igreja; cá fora é um homem como os outros.”
Senhora, na casa dos 50:
“Sr. Padre, visite os doentes, vá a casa de quem o convidar, atenda os grupos. Mas cuidado! Não se exponha! Olhe que quem o avisa seu amigo é…”
Senhora, casa dos 80:
“O sr. Padre tem que vir muitas vezes rezar o terço e dar a Bênção do Santíssimo. O terço rezado pelo padre é outra coisa!...”
Presidente da Junta, casa dos 30:
Benvindo à nossa terra, caro padre! Espero que colabore connosco no esclarecimento do povo e que esteja de acordo connosco.”
Senhora, casa dos 60:
“Sr. Padre, há muitos associados do Apostolado da Oração que não pagam as quotas. O senhor tem que resolver o problema.”
Homem, casa dos 60 anos:
“A Irmandade das Almas precisa de umas opas novas, as que temos estão muito velhas. O senhor tem que tratar deste assunto.”
Jovem, na casa dos 20:
“Há que dar uma reviravolta nos casamentos. Acabar com as reuniões de preparação que não interessam, e podermos organizar a cerimónia de maneira moderna, com aquelas músicas de que gostamos…”
Senhora, casa dos 40:
“ Há que dar a comunhão a toda a gente. Que tem a Igreja a ver se a pessoa é casada, é solteira, divorciada ou recasada? Cada um é que sabe…”
Homem, 50 anos:
“Sou do conselho económico. As obras que temos que fazer são mais do muitas. A igreja precisa de uma mova bancada. A capela de Santo Agostinho deixa entrar água pelo telhado. Como vê, este salão necessita de uma pintura nova. A capela de Santa Engrácia tem o soalho todo podre. Já para não falar dos santos que precisam de restauro… O sr. Padre tem que mover influências para realizarmos as obras, precisamos que nos ajudem.”
Senhora, casa dos 60:
“Sou catequista. Os miúdos estão insuportáveis e os pais não querem saber. O sr. Padre tem que meter a catequese na ordem!”
Catequista, casa dos 30:
“Sou catequista. Estou cheia de pedir dinheiro ao conselho económico para modernizarmos a catequese. Sem resultado. O sr. Padre tem que resolver este assunto.”
Criança, 9 anos:
- A minha catequista é uma chata. Queremos um catequista novo que brinque connosco e jogue connosco, que seja bué de fixe.”
Senhora, casa dos 40 anos:
“Trabalho no Centro de Dia. Precisamos que o Padre apareça para entreter os idosos.”
Homem, casa dos 50:
“O padre não pode demorar muito na Igreja, temos a nossa vida. Vale mais falar pouco e bem. Depois é preciso que o coral não demore tanto nas músicas…”
Senhora, casa dos 50:
“Nos funerais, casamentos e batismos, tem que elogiar muito as pessoas, encher-lhes o coração, e não estar lá com aquelas coisas da Bíblia…”
Jovem, 28 anos:
“Eu acho que o senhor deve falar-nos da Palavra de Deus. As cerimónias religiosas não são nenhum laudatório de pessoas.
Terminada a intervenção das pessoas, o novo pároco levanta-se e faz a sua intervenção.
“ Parabéns pelas vossas intervenções. Manifestaram-se e isso é bom. Mas quero comunicar-vos o que me vai na alma:
- Um homem, que é casado, só é casado quando está com a sua esposa? Um homem, que é pai, deixa de ser pai quando não está com os seus filhos? Assim o padre, é sempre padre, esteja onde estiver.
- Vim para vos servir. Mas não chego para ser escravo de ninguém, nem dos caprichos, manias, preconceitos de alguém.
- Não venho para ser um funcionário da religião. Venho como padre. Somos todos Igreja pelo batismo, onde, na igualdade de filhos de Deus, cada um exerce o seu serviço a favor de todos.
- Falaram de conservar as tradições. Eu ando aqui a tentar não acabar com uma Tradição que já vem de há muito mais tempo do que aquelas que vós enumerastes, e com a qual, pelos vistos, as pessoas se preocupam cada vez menos, a Eucaristia. Sem Eucaristia não há comunidade. Desejo que a partir de hoje a Eucaristia esteja no centro das nossas preocupações. De todos!
- Não vi grandes referências à Pessoa e à Mensagem de Jesus Cristo. Ora sem Cristo a Igreja não passa de uma ONG, sem importância, Precisamos de recentrar toda a vida da nossa comunidade em Cristo. É que a Igreja existe por causa de Cristo.
- Indicastes várias áreas onde julgais importante a minha intervenção. Mas ninguém solicitou acções de formação cristã sobre a Palavra de Deus, a doutrina da Igreja… Ora precisamos de cristãos formadas, com razões de acreditar…
- Ninguém referiu a importância do Sacramento da Confissão. Nunca melhoraremos sem não tivermos consciência dos nossos pecados e não recorrermos à misericórdia de Deus.
- Somos diferentes uns dos outros e ainda bem. Nem sempre estaremos de acordo. Mas as nossas diferenças terão que enriquecer a comunidade e não afastarmo-nos uns dos outros. Cristo, que nos une, é muito mais do que as pequenas coisas que nos possam separar.”
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
o padre e o casado
Faz-me confusão pensar que, quando um padre está em ambiente descontraído de convívio, as pessoas possam ter a sensação de que naquele momento o padre não está a ser padre. Como se o mundo do padre, como padre, fosse um mundo à parte. O mundo aparte das pessoas comuns. Que o padre não é comum. Não é bem homem como os homens que não são padres.
Mas este colega respondeu-lhe à letra. Olhe uma coisa, o senhor, que é casado, só é casado quando está com a sua esposa? O senhor, que é pai, deixa de ser pai quando não está com os seus filhos?
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
Isto é o cúmulo da ignorância: Não distinguir Missa de Celebração da Palavra!
E ela falava abertamente como se fosse a mais culta no assunto. Pois, sim
senhor, eu casei-me numa missa sem missa. Que a diferença é ser muito mais
curta e não fazer os convidados aguentar tanto tempo na missa. Só não tem a
parte da comunhão e do ofertório. Txaraaaaaaaaaan! Disse, como se tivesse
destapado a mais curiosa verdade que a Igreja permite. Quer dizer, pelo menos
nalguns lados, dizia. Assim como a possibilidade de casar sem estar baptizado.
Que isso dependia de padre para padre. Pois ela casou com um não baptizado. Bem
vistas as coisas, a Igreja até está mais moderna do que alguns pensam, dizia. E
dizia e dizia, e dizia mais coisas como se tivesse tirado um curso de
sacramentologia. O que ela não sabia é que a missa sem missa, a que ela se
referia, não era uma missa. Era uma celebração da Palavra. E que a grande
diferença entre a primeira e a segunda, é que esta última não tem o momento da
consagração. Na verdade até pode ter distribuição da comunhão. E também não
sabia que já há muitos, mas muitos anos, a Igreja prevê a possibilidade de
casamentos mistos ou com disparidade de culto. Ela casou como se a Igreja fosse
uma boutique ou um híper-mercado, isso é que foi.
Fonte: aqui
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Precisam-se bispos que amem as periferias
As duas dioceses mais periféricas do país estão sem bispo: Angra, a mais ocidental; e Bragança-Miranda, a mais oriental. Ambas ficaram sem bispo para prover as dioceses minhotas de Viana do Castelo e a metropolita Braga.
Ser enviado às periferias, ou aos contextos eclesiásticos menos relevantes é por vezes assumido - contrariamente aos critérios evangélicos e do Papa Francisco - como uma provação à espera de uma melhor colocação ou trampolim para uma diocese dita de "primeira".Ora, Jesus Cristo incarnou para demonstrar a proximidade de um Deus que se preocupa particularmente com os marginalizados, os mais pobres e os mais pequenos. Aquilo que viria a ser definido como "a opção preferencial pelos mais pobres", em linha com a reflexão eclesiológica do Concílio Vaticano II.
O Papa tem traduzido essa dinâmica que se pretende característica da Igreja, com o conceito da atenção às "periferias geográficas e existenciais". Por isso, os mais distantes e irrelevantes devem merecer uma maior atenção.
Em relação aos bispos, o Papa tem-se até insurgido contra os que estão sempre a olhar para a diocese vizinha e a aspirar a uma diocese melhor, em vez de se dedicarem à que lhes foi confiada. Em 2013, no seu primeiro encontro com os bispos recém-ordenados, o Papa sublinhou a importância da estabilidade e pedia-lhes para permanecerem nas suas dioceses, "sem procurar mudanças ou promoções".
No ano seguinte recomendou que não fossem "bispos a prazo, que têm necessidade de mudar sempre de direção, como remédios que perdem a capacidade de curar, ou como aqueles alimentos insípidos que devem ser deitados fora porque já se tornaram inúteis".
Aquilo que se espera dos bispos que venham a ser nomeados, tanto para Angra como para Bragança-Miranda, é que não as considerem como dioceses de "passagem", sempre à espreita de uma melhor, mas procurem antes amá-las nas suas especificidades e, até, nas dificuldades resultantes da sua situação periférica. Como Jesus amou os que eram considerados os mais desprezíveis e irrelevantes. E sintam alegria em ir às periferias anunciar um Deus próximo dos mais afastados.
Fernando Calado Rodrigues, aqui
quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
VERDADE E TESTEMUNHO
(A)FAZERES PELOS DEFUNTOS…
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
CATÓLICOS DE CARIMBOS
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
DESILUSÕES NA IGREJA
"A desilusão é proveniente de um conjunto de ilusões:
1- Todos serem Igreja (papa, bispos, padres, leigos). Mas prevalece a distinção entre hierarquia e povo; quem decide e quem obedece; quem promove e quem assiste; quem pratica e quem vive à margem. E dá jeito: permite apontar o dedo e sacudir a água do capote.
2- Viver fundeados em Deus. Logro. A maioria das decisões relativas à vida humana, à justiça, ao casamento, à promoção do outro ou do bem comum são tomadas ao arrepio da moral cristã, tida por retrógrada.
3- Cristãos catequizados e comprometidos. Tão só sacramentados e consumidores diplomados de serviços que a igreja - qual agência – há de prestar, sob o risco de protesto, denúncia, chantagem ou achincalhamento.
Quem desilude quem? A igreja, que não quer ser mera agência de serviços ou os pseudocrentes, cuja fé está fatalmente arredada da vida?"
(P. António Magalhães Sousa)
sábado, 27 de novembro de 2021
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
“Não se pode confundir o dedo que aponta para a lua com a própria lua”
Confundir o símbolo com o simbolizado
Aquela imagem é que era. Aquela imagem de Nossa Senhora é que era tudo para a senhora Almerinda. Pedia-me para a benzer. Mas sem estragar a pintura. E abraçava-a. Tinha mais amor à sua Nossa Senhora de barro do que à sua filha que morava na casa dos trinta e lhe dava muitos problemas. Devo estar a exagerar. Mas não tanto como ela. E como ela tantos outros cristãos que confundem os símbolos com o simbolizado, confundem o símbolo com a realidade que este quer simbolizar. Não vejo mal que alguém beije uma foto de um ente que ama e partiu ou que está longe há muito tempo. Contudo não é a mesma coisa. Não podemos confundir a foto com a pessoa. Não podemos confundir o dedo apontado com aquilo que o dedo aponta. Grande parte dos fundamentalismos nascem deste modo. Como dizia Tomas Halik, “não se pode confundir o dedo que aponta para a lua com a própria lua”.
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
Temos de nos sentir honrados com aquilo que somos
"Quanto à Igreja Católica, é fundamental em Portugal e temos de a respeitar, faz parte da história de Portugal, e muitas vezes não tem sido tida em conta como devia ser. Temos de nos sentir honrados com aquilo que somos, nós somos uma país católico, com uma cultura católica, a igreja presta um serviço, e prestou, um serviço ao longo da nossa história, e continua a prestar e nomeadamente ainda prestam os católicos, que é uma coisa que eu admiro muito e nunca me esqueço de frisar, que é aos sem-abrigo. Em frente a minha casa eu tenho isso todos os dias. Quem é que dá apoio? São essas associações de voluntários à volta da Igreja que dão apoio a essas pessoas. Aí o Estado social não funciona e devia funcionar mais."
Álvaro Beleza: médico, dirigente do PS, presidente da SEDES, maçom assumido, aqui
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Uma Igreja mais corresponsável
Algo parecido tenciona fazer o arcebispo de Lima, no Perú, Carlos Castillo. Afirmou-o publicamente, e já foi a Roma tentar perceber a real possibilidade de que famílias, casais, grupos de esposos ou leigos adultos mais velhos possam assumir a liderança de paróquias. Não ficariam sem eucaristia, porque os padres iriam passando para as celebrar.
Esta última notícia encontrei-a, por acaso, partilhada numa rede social e, imaginem, a maioria dos comentários era contra a ideia do prelado. Até diziam que estava louco.
Nos próximos tempos creio que será difícil dar este tipo de passos, porque o clericalismo ainda está muito presente, e as leis da Igreja também não o facilitam. O Código de Direito Canónico no cânone 515 refere: “a paróquia é uma certa comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco, como a seu pastor próprio”. Ainda assim, li e vi estas notícias pelo lado mais positivo. Quem sabe um dia, a verdadeira Igreja de Cristo, apesar de se esvaziar de pessoas, vá crescendo na sua essência, como corresponsabilidade de discípulos de Cristo, como comunhão de irmãos com igual dignidade, como corpo de Cristo do qual a cabeça é somente Cristo."
domingo, 14 de novembro de 2021
“Do Complot à Traulitânia, Lamego 1911-1919”
O lançamento decorreu ontem, dia 13, no salão nobre do Teatro Ribeiro Conceição, cidade de Lamego.
Perante uma assistência interessada que encheu a sala, o acto, agradável e gratificante, teve como ponto alto a sábia dissertação do Dr. Miguel Nunes Ramalho, convidado para a apresentação do livro, para além de momentos musicais e da intervenção do autor.
Os amigos/as interessados em adquirir o livro poderão contactar o autor através do Messenger ou pelo tel. 967 368 493 onde serão tratados pormenores relativos ao modo de entrega e pagamento (10€ unidade, via correio acrescem despesas de portes).
No próximo fim de semana, dias 19, 20 e 21, o autor estará em Lisboa pelo que os amigos/as residentes na capital podê-lo-ão contactar para eventual entrega de livros.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
O homem que queria dormir durante a homilia
Num domingo, numa zona da Igreja, as pessoas deixaram de ter som perceptível durante a homilia. Pensaram os presentes que fosse um qualquer problema com a instalação sonora. Veio o domingo seguinte e exatamente o mesmo. No domingo seguinte, perante a repetição do facto, alguns resolveram dirigir-se a um elemento da comissão da Igreja. Este, boquiaberto, foi pesquisar o que se estava a verificar. Muito simples. O botão da coluna estava desligado. Mal lhe carregou, o som ecoou normalmente. Toda a gente ficou convencida que o problema estava ultrapassado. Engano. No domingo a seguir, a mesma situação. Voltaram as queixas. Verificada a situação, o botão estava desligado. O elemento da comissão da Igreja indagou junto das zeladoras do altar se tinham mexido, mesmo que involuntariamente na coluna. Resposta decididamente negativa.
sexta-feira, 5 de novembro de 2021
POR FIM (NÃO) MATARÁS
Da minha parte, há “verdades” (perspetivas? intolerâncias?) de que não abdicarei. A liberdade sem limites é libertinagem. A ideologia sem princípios é despotismo. Hoje, em vez de encarar e atenuar as causas, é mais prático eliminar o problema. Se o contexto esconjura o sofrimento e deifica a imagem faz sentido arrumar(-se) de vez: deixar de sofrer, não ser empecilho para os mais próximos e até contribuir para aumentar o erário pelas despesas e reformas poupadas. E nem sequer será perversidade designar “morte digna” o que manifesta tão-só egoísmo cómodo: pôr termo ao sofrimento, físico ou psicológico, seu ou de outros.
Etimologicamente, eutanásia significa “boa morte” e abrange três realidades: pessoal (vontade de viver), relacional (afetos, humanismo) e terapêutica (eliminação do sofrimento). A falta de carinho (tempo e atenção), o abandono em lares e hospitais, a poupança na medicação ou os maus-tratos (físicos e psicológicos) levam ao pedido: “quero morrer”. A morte física é o corolário da morte afetiva.
Diz o povo: “Até para morrer é preciso ter sorte”; “não tenho medo de morrer, mas de sofrer”; “teve uma morte santa” (durante o sono); “coitadinho, sofreu tanto”; “bem que Deus o podia levar”. A procura/desejo de uma “boa morte” parece ser resposta razoável para tais inquietudes. As péssimas condições de auxílio (omissão de socorro, negligência, escassez de camas, médicos e fármacos) associadas à morte precoce dos afetos (abandono, solidão, exclusão) e de autonomia (cama, cadeira de rodas, higiene) atiçam o amor-próprio: “não estou a fazer nada; só dou trabalho; não quero passar/causar vergonhas; antes morrer com dignidade”.
Gabriel Marcel escreveu: “amar alguém é dizer-lhe: tu não morrerás”. Para a maioria dos nossos deputados, paladinos de humanidade, o slogan será certamente outro: “não é bom que sofras, nem te arrastes ou estejas dependente (fere o amor-próprio!): põe fim à vida”. Apesar da distância temporal, a semelhança de razões e resultados em vista até traz à memória alguns “ismos” sombrios de antanho. Entretanto, a quem “escolhe morrer”, provemos que vale a pena continuar a viver, não reféns de teorias abstratas, demagogas e acintosas de políticos ideologicamente colonizados, mas pela compaixão, presença e ternura acopladas às boas práticas de Cristo.
(P. António Magalhães Sousa), aqui
Semana dos Seminários: alerta vermelho!
"Cuidado com a ditadura do eu. Nos tempos que correm, dá a impressão de que só o eu decide"
"Acontece que, por vezes, em lugar de vivermos à imagem de Cristo, ficcionamos um Cristo à nossa imagem.
E é assim que vamos idealizando uma espécie de «self cristianism», um Cristianismo à medida de cada um."
"Evitemos conjugar unicamente o verbo impor. Habituemo-nos a conjugar mais o verbo abrir e também o verbo acolher. Urge compreender que a vida não começa em mim nem termina agora.
Já cansa a fereza devoradora de tanto eu, tanto eu, tanto eu. Um dia, veremos que aquilo que nos chega dos outros também é válido."
"Cuidado com a ditadura do eu. Nos tempos que correm, dá a impressão de que só o eu decide. Afinal, onde está a abertura? Afinal, onde está a diferença?"
"Cuidado com um certo populismo eclesial, que insinua que se pode ser cristão à medida de cada um.
Importa porta perceber que, no Evangelho, não há autarquia, mas cristarquia. O Cristianismo não se constrói à imagem de cada um, mas só - e sempre - à imagem de Cristo.
"É cristão quem quer, mas não da forma que quer. Só se é cristão vivendo como Cristo quer (cf. Mt 6,10)."
In "A alegria de não ser (apenas) eu"
Li o livro "A alegria de não ser (apenas) eu", que recebi amavelmente do seu autor, João António Pinheiro Teixeira. Gratidão pelo gesto amigo.***
É um pequeno-grande livro. Pequeno no tamanho, grande nas ideias, desafios, interrogações, inquietações saudáveis que lança.
Pensei lê-lo de uma só vez. Mas desisti logo ao fim dos primeiros parágrafos. É livro para ler, saborear, refletir, voltar a ler, questionar e questionar-nos. Foi o que fiz e ainda bem. Muitos dias durou a leitura. Penso reler, do mesmo modo, no próximo Advento.
Contextuado no ambiente pandémico donde ainda não saímos completamente, o autor levamo-nos da ditadura do EU até à liberdade do NÓS com, em, por CRISTO.
No campo dos crentes, refere um «self cristianism», cuja medida é cada um. Um cristianismo a gosto pessoal, onde Cristo é apenas ocasião e não razão, motivo, força, modelo. "Só se é cristão vivendo como Cristo quer."
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
domingo, 31 de outubro de 2021
Celebraram serenamente as suas Bodas de Prata
Casais que celebram estas datas não são "do outro mundo". São desta realidade humana e deste tempo. Com problemas, dificuldades, egoísmos, vazios ocasionais, desânimos, situações difíceis a vários níveis. Mas são igualmente pessoas para quem as dificuldades se transformam em oportunidades; as alegrias e êxitos são valorizados; a compreensão, perdão, compreensão do outro e ajuda mútua enraizam no quotidiano; Deus é acolhido como fonte perene de amor, graça e apoio.
Neste domingo, o Dr. Luís Sarmento e a Drª Lurdes Duarte celebraram as suas Bodas de Prata Matrimoniais.
Rodeados de familiares e alguns amigos, optaram por um cerimónia simples, enolvente, participada. Sem extravagâncias mundanistas. Centrados no importante: celebrar com gratidão o amor conjugal como dom de Deus, confiar-lhe o seu futuro e da família, partilhar com serenidade com os presentes a beleza de uma vida a dois.
Encantador foi o gesto com sabor espontâneo das suas duas filhas, jovens universitárias, antes da refeição fraterna. Pediram que os presentes se juntassem a elas num momento de oração. Agradeceram a Deus o dom de seus pais, salientaram com gratidão a satisfação que sentiam pelos pais que tinham, manifestaram gratidão pela presença amiga de familiares e amigos, trouxeram a memoria dos falecidos, seus familiares.
Parabéns, casal amigo. Pelas vossas Bodas de Prata, pela vossa família, pela vossa intervenção na vida paroquial e social
Parabéns, jovens filhas! Obrigado pela experiência que tão belamente proporcionastes.
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Que jovens?
Há vários anos diversas instituições académicas europeias lançam inquéritos aos jovens. O quadro do futuro é assustador. A juventude europeia não se pode confundir com Greta Thunberg e alguns poucos interessados no futuro do planeta. A grande maioria vive centrada em si, sem interesse pela política, como lugar da defesa do bem-comum. Os jovens vivem o dia-a-dia, com reduzido apreço pela família e sem querer ter filhos, alguma pouca ligação à religião, ligados aos que pensam como eles e escasso sentido crítico. O futuro não está nas suas preocupações, tudo é percebido a curtíssimo prazo.