terça-feira, 27 de junho de 2023
sexta-feira, 23 de junho de 2023
ORAÇÃO DO SACERDOTE - NUMA TARDE DE DOMINGO - (ou num qualquer outro dia…)
Na Igreja, pouco a pouco, os ruídos calaram-se.
Foi-se embora toda a gente,
E eu voltei para casa,
Passo a passo,
Sozinho.
COERÊNCIA HUMANA
Admiro a extraordinária coerência dos humanos. De facto, toda a vida é única, inviolável e credora do uso de todos os meios em sua defesa. Fantástico, assim, o movimento de solidariedade e rápida mobilização de meios quando qualquer humano está em risco. Também no mar. Louvo, por isso, o investimento e envolvimento internacional na tentativa de salvar os cinco bimilionários, que se aventuraram, no pequeno submersível (Titan), para uma visita de cortesia ao falecido Titanic. Infelizmente, esforço inglório.
quarta-feira, 21 de junho de 2023
domingo, 18 de junho de 2023
“Sr. bispo e caros padres, a minha paróquia está morta. Para quê tantos discursos e reuniões quando a minha paróquia, volto a dizer, está morta.
Há dias, numa assembleia de vigararia( arciprestado) duma determinada diocese de Portugal, onde estava o bispo diocesano, alguns párocos e membros do povo de Deus, faziam-se grandes reflexões sobre como viver hoje a fé e como dinamizar a nossa Igreja. Entre bonitos discursos e palavras de ocasião, tentava-se olhar para o futuro e ver o que se podia melhorar.
Depois de quase duas horas de bons discursos e de algumas conclusões, há uma senhora da assembleia que pede a palavra, para, com voz forte, dizer o seguinte: “Sr. bispo e caros padres, a minha paróquia está morta. Para quê tantos discursos e reuniões quando a minha paróquia, volto a dizer, está morta.” Todos ficaram caladinhos por uns instantes e um silêncio gélido tomou conta da assembleia.
Leia aqui este importante artigo todo.
Bispos, responsáveis diocesanos, sacerdotes, religiosos e leigos. É tempo de menos discursos e de aterrarmos TODOS mesmo na realidade, porque "precisamos de deixar esquemas que já estão ultrapassados pelo tempo e pela actualidade. Precisamos de levar o altar ao mundo dos homens de hoje. Deixarmos os nossos palcos e mordomias clericais e não ter medo de sujar as mãos e os pés junto do povo que caminha."
segunda-feira, 5 de junho de 2023
PAGÃOS BATIZADOS? OBVIAMENTE…
É doloroso (intragável, doentio) assistir ao despudor com que muitos pais e padrinhos brincam com as “coisas de Deus” e enganam atrevidamente, logo nos procedimentos prévios, ao apresentar desculpas para tudo: “não temos tempo” (para Deus… porque têm tempo para desporto, caminhadas e passeios, jantares e fins de semana, viagens e festas à brava); “gostamos mais de rezar sozinhos, quando nos apetece” (se a fé se faz de apetites e gostos pessoais, porque precisam da igreja = “nós”?); “temos de batizar não vá acontecer alguma coisa”… Santa ignorância! O Papa Bento XVI teve o cuidado de escrever sobre o assunto (inexistência do “Limbo”), mas desconhecem ou não aceitam a sua doutrina (tão evoluídos intelectualmente!): “A esperança de salvação para as crianças que morrem sem batizar.” (19 de Janeiro de 2007)
A própria celebração não será um logro? Atendam ao diálogo entre o celebrante (em nome da igreja) e os pais: «Caríssimos pais: Pedistes o Batismo para o vosso filho (a vossa filha). Deveis educá-lo (educá-la) na fé, para que, observando os mandamentos, ame a Deus e ao próximo, como Cristo nos ensinou. Estais conscientes do compromisso que assumis?» Os pais respondem: “Sim estamos”. Ou seja, “somos católicos não praticantes, não concordamos com quase tudo na Igreja, não valorizamos os sacramentos da Eucaristia e/ou do Matrimónio, confessamo-nos diretamente a Deus, etc., mas queremos educar catolicamente na fé da Igreja! Uau! Assim mesmo! Magnífica coerência e honestidade!
Logo adiante, na renúncia ao pecado e na profissão da fé, é-lhes lembrado e perguntado: «Caríssimos pais e padrinhos: No sacramento do Batismo, a criança por vós apresentada vai receber do amor de Deus uma vida nova, pela água e pelo Espírito Santo. Procurai educá-la de tal modo na fé, que essa vida divina seja defendida do pecado que nos cerca e nela cresça de dia para dia. Se, guiados pela fé, estais preparados para assumir esta missão, recordai o vosso Batismo, renunciai agora, de novo, ao pecado e professai a vossa fé em Jesus Cristo, que é a fé da Igreja, na qual as crianças são batizadas.»
“Se, guiados pela fé, estais reparados”? Claro! Preparadíssimos. Aliás, até se dispõem a renunciar ao pecado, a Satanás, às suas obras e seduções… E embalados (entusiasmados) nesta renúncia até acabam por renunciar também às perguntas sobre a fé em Deus: “Credes em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra?” “Sim, renuncio”, a talho de foice… Também pouco importa que a oração conclusiva lhes fale da fé no plural: “Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos gloriamos de professar, em Jesus Cristo, Nosso Senhor”. Entrou a cem, saiu a duzentos: “eu cá tenho a minha fé”, retrucam interiormente.
E a veste branca? “Sr. Padre, não pode ser um fatinho “à marinheiro” ou um vestidinho mais colorido? Ficava bem mais engraçado…” Pois… Ponha lá o que quiser… afinal já há muito que a sua palavra e as palavras de Deus são desprovidas de conteúdo, palavras mortas a enfeitar tão-só uma encenação social. Mesmo assim, não deixe de pensar no que diz a oração sobre a veste branca, a palavra, o exemplo: «Filhinho, Agora és nova criatura e estás revestido de Cristo. Esta veste branca seja para ti símbolo da dignidade cristã. Ajudado pela palavra e pelo exemplo da tua família, conserva-a imaculada até à vida eterna.»
Em muitos batismos, como em outras celebrações, lembro-me muitas vezes das palavras de Jesus: «Não deis o que é santo aos cães, nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, não aconteça que eles as espezinhem com as suas patas e, voltando-se, vos destrocem» (Mt 7, 6). Não andaremos a brincar, (gozar, abusar) com/de Deus?
É engraçado assistir à antipatia/simpatia (até revanchismo, anticlericalismo) à volta de padres e bispos em virtude de serem melhores ou piores facilitadores de serviços, satisfazerem ou não os mais (a)variados gostos, caprichos, interesses dos clientes do sagrado. A Igreja está a tornar-se numa loja de conveniências, Jesus (o Evangelho, os valores, a Fé enquanto relação/encontro de amor plural) um produto caído em desuso e os padres os novos merceeiros. Quanto mais solícitos, melhores. E alguns, curiosamente, até faturam bem e com a aprovação dos benditos fregueses.
O mandato de Jesus foi outro: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado.» (Mc 16, 15-16)
(1) Proclamar o Evangelho. A vocação (prioridade, missão) será sempre o Evangelho: dar a conhecer (divulgar, espalhar) ações, pensamentos, modo de viver, critérios, verdades, valores e opções de Jesus. Anúncio por palavras e obras. Anúncio que não é feito ao sabor dos interesses do mundo, para satisfazer caprichos ou gostos pessoais, mas por fidelidade à missão.
(2) Quem acreditar será batizado. O Batismo – administração – é consequência da adesão pela fé: “quem acreditar (aceitar, aderir a Jesus) seja batizado”. Ora, se hoje a grande maioria não acredita (não se identifica com Cristo, não aceita/vive o Evangelho), por que razão a Igreja continua obcecada em administrar sacramentos a pessoas sem fé? Só por interesse (humano, material, mundano): sem clientela não há receitas; sem soldados não há generais; sem organização empresarial não há dividendos e encómios para repartir.
Se evangelizar é colocar o Evangelho no centro da ação pastoral, pastorear tem levado a colocar o pastor em vez do Evangelho. O evangelizador procura servir Cristo e levar as pessoas a Cristo; o pastoralista (mestre de cerimónias) usa o Evangelho como trampolim; o evangelizador, como João Baptista, tudo faz para que “Ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30), o pastoralista tudo faz para crescer à custa d’Ele.
(P. António Magalhães Sousa, aqui)
quinta-feira, 1 de junho de 2023
O roteiro do Vaticano para o uso das redes sociais
O Dicastério para a Comunicação do Vaticano expôs suas ideias
sobre o uso cristão das redes sociais em um documento intitulado "Rumo à
presença plena", publicado em 29 de maio de 2023. Afirmando que
"todo cristão é um microinfluenciador", o texto convida todos -
inclusive os bispos - a se absterem de escrever ou compartilhar conteúdo que
possa provocar mal-entendidos ou exacerbar divisões. Resultado de uma reflexão coletiva envolvendo especialistas,
professores, leigos, padres e religiosos, esse documento de 20 páginas,
traduzido em 5 idiomas, tem como objetivo dar sentido à presença dos cristãos
nas redes sociais. "Muitos cristãos estão pedindo inspiração e
conselhos", diz o texto, assinado por Paolo Ruffini, Prefeito do
Dicastério para a Comunicação, e Dom Lucio Ruiz, Secretário do mesmo
Dicastério. Os autores começam fazendo uma retrospectiva da desilusão gerada
pela era digital, que "deveria ser uma 'terra prometida' onde as pessoas
poderiam confiar em informações compartilhadas com base na transparência, na
confiança e na experiência". Em vez disso, os ideais deram lugar às leis
do mercado, e os usuários da Internet foram transformados em
"consumidores" e "mercadorias", com seus perfis e dados
sendo vendidos. Outra armadilha identificada pelo departamento é que, no mundo
digital, um grande número de pessoas continua marginalizado devido à
"exclusão digital". As redes que deveriam unir as pessoas, em vez
disso, "aprofundaram várias formas de divisão". Paolo Ruffini e
Monsenhor Ruiz apontam para a criação de "bolhas de filtro" por
algoritmos que impedem que os usuários "encontrem o 'outro' que é
diferente", mas incentivam pessoas semelhantes a se encontrarem. No
final, "as redes sociais estão se tornando um caminho que leva muitas pessoas
à indiferença, à polarização e ao extremismo". Mas o documento não é fatalista. "A rede social não é
imutável. Nós podemos mudá-la", dizem os autores, que esperam que os
cristãos possam se tornar "impulsionadores da mudança" e
"incentivar as empresas de mídia a reconsiderar seu papel e permitir que
a Internet se torne um espaço público genuíno". Em uma escala diferente, o usuário cristão da Internet também
deve ser capaz de realizar um "exame de consciência", para mostrar
"discernimento" e "prudência". Nas redes, trata-se de garantir
que "transmitamos informações verdadeiras, não apenas quando criamos
conteúdo, mas também quando o compartilhamos", insiste o documento, que
nos convida a fazer a nós mesmos a pergunta "Quem é meu próximo?"
na Internet. "Todos nós devemos levar a sério nossa 'influência'",
adverte o dicastério, assegurando-nos de que "todo cristão é um
microinfluenciador". Quanto maior o número de seguidores, maior a
responsabilidade. Eles alertam contra a publicação ou o compartilhamento de
"conteúdo que possa provocar mal-entendidos, exacerbar divisões, incitar
conflitos e aprofundar preconceitos". Os autores não hesitam em expressar sua tristeza pelo fato de
que "bispos eminentes, pastores e líderes leigos" às vezes também
se entregam a uma comunicação "polêmica e superficial". Diante
disso, "o melhor curso de ação é, muitas vezes, não reagir ou reagir com
o silêncio para não dar peso a essa falsa dinâmica", apontam. Sobre o tema do silêncio, o texto reconhece que a cultura
digital, "com a sobrecarga de estímulos e dados que recebemos",
está desafiando os ambientes educacionais e de trabalho, bem como as famílias
e as comunidades. O "silêncio" pode, portanto, ser comparado a uma
"desintoxicação digital", que não é simplesmente "abstinência,
mas sim um meio de estabelecer um contato mais profundo com Deus e com os
outros". Outros conselhos incluem não fazer "proselitismo" na
internet, mas sim ouvir e dar testemunho. A comunicação não deve ser
simplesmente uma "estratégia", diz o documento, e a busca por um
público não deve ser um fim em si mesma. O texto lembra a atitude de Jesus,
que não hesitou em se retirar e fugir das multidões para descansar e orar.
"Seu objetivo […] não era aumentar sua audiência, mas revelar o amor do
Pai", analisa o dicastério. E quanto à liturgia digital? "Não se pode compartilhar uma refeição através de uma
tela". Reconhecendo que as redes sociais desempenharam um papel
essencial e reconfortante na divulgação das celebrações litúrgicas durante a
pandemia, o Dicastério para a Comunicação acredita que "ainda é
necessária muita reflexão […] sobre como aproveitar o ambiente digital de uma
forma que complemente a vida sacramental". De fato, "questões
teológicas e pastorais foram levantadas", particularmente em relação à
"exploração comercial da retransmissão da Santa Missa". A era digital não deve apagar a atenção à "Igreja
doméstica", insiste-se, a "Igreja que se reúne em casa e ao redor
da mesa". Em outras palavras: a Internet pode complementar, mas não
substituir, porque "a Eucaristia não é algo que podemos simplesmente
'assistir', é algo que realmente nos nutre". In Aleteia |