Há quem critique com conhecimento de causa e o faça para com a intenção de ajudar as melhorar as coisas.
Há quem critique mas sem deixar de colaborar.
Há quem faça da crítica o seu modo de estar na vida, criticando toda a gente mesmo quando pouco ou nada conhece sobre os assuntos que critica.
Há quem critique para agradar, mas receber aplausos, achando-se o melhor, o mais engraçado, o mais popular.
Há quem critique porque ouviu criticar.
Há quem critique para se defender a si mesmo de participar, partilhar e ajudar.
Há quem critique para esconder a má consciência.
Há quem critique por vício ou mania doentia.
Há quem critique sem se informar, só porque sim...
"Antes que fales, pensa no que dizes."
"A boca fala da abundância do coração."
"Só tem autoridade para criticar quem tem disponibilidade para colaborar."
sábado, 30 de abril de 2016
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Indiferença perante a oferta...
"(...) essa misericórdia toda que agora se proclama e oferece a rodos, mas que a maior parte dos cristãos não procura, não quer, não agradece, nem aceita."
J. Correia Duarte
J. Correia Duarte
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Batismo – Inconsistências
Sinceramente, sinto que devo começar esta crónica reconhecendo-me publicamente pecador e imperfeito, muito longe de corresponder ao que Deus e a Igreja querem e esperam de mim.
Posto isto, continuo.
Diz o Papa Francisco que nós, os que fazemos parte da Igreja de Jesus, não somos nem temos que ser perfeitos, porque a Igreja não é necessariamente uma comunidade de justos, mas um povo de discípulos que procuram seguir Jesus o melhor possível.
É verdade. Sem dúvida. Contudo, não posso deixar de dizer que uma coisa é a falta de santidade e de perfeição que ainda não adquirimos, e outra, bem diferente, é a falta de seriedade e de coerência que mostramos: nos actos e nas palavras.
No tema em título e em análise, sempre me impressionou e incomodou a ligeireza e a imponderação com que a maior parte dos pais e dos padrinhos das crianças por eles apresentadas ao Baptismo respondem ao sacerdote que, à entrada do templo, os interroga sobre o compromisso que assumem nesse momento de educar os filhos e afilhados na fé e na vida cristã: os pais, de educar; os padrinhos, de ajudar.
Há cinquenta e três anos que venho fazendo essa pergunta e nunca algum pai, mãe, padrinho ou madrinha me respondeu que não. E no entanto, venho depois a verificar, da parte de muitos deles, um total e absoluto desleixo e desinteresse no cumprimento de tal compromisso. Incluídos muitos dos que assistem às reuniões de preparação.
Chegados depois à Pia Baptismal, e convidados os pais e os padrinhos a manifestarem a alegria da fé e a renúncia ao pecado, dizem todos a tudo que sim. E aqui vem a maior incongruência, de cortar o coração: pais e padrinhos que nunca põem os pés nas igrejas e só lá voltam quando os trouxerem numa urna ou num caixão, pais e padrinhos que vivem a vida inteira num contínuo afastamento da comunidade cristã e num total desleixo e desinteresse pela Eucaristia Dominical e pelos demais Sacramentos, pais e padrinhos que vivem em situação divergente e mesmo oposta às normas morais que o Evangelho ensina e a Igreja recomenda, dizem a tudo que sim: que crêem; que renunciam; que não querem nada com o demónio, nem com a mentira, nem com o pecado.
E toca a baptizar!
Mas se algum sacerdote, por imperativo dos cânones ou descargo de consciência, apresenta qualquer obstáculo ou manifesta qualquer dificuldade em baptizar uma criança, os pais recorrem ao bispo, ao papa se o bispo lhes não dá razão, e agora (está na moda…) até chamam a televisão e os jornais, para publicitar melhor o crime e amedrontar mais e melhor o “criminoso”!
Peço que os meus leitores me perdoem, mas não resisto a pôr aqui a expressão usada um dia por Cunhal: os sacerdotes são obrigados em alguns momentos a engolir mesmo “sapos vivos”.
Não é fácil. Mas, tal como as coisas estão, parece que nada mais há a fazer!
O Baptismo não é um rito mágico que tudo resolve e faz. Também não é um direito que todos temos, sem mais não. Também não é uma oportunidade para arranjar uns compadres simpáticos a quem devemos ou de quem esperamos favores. Também não é uma festa tradicional que se organiza para juntar a família e os amigos, num seleccionado restaurante, em data em que todos possam estar, mesmo que a criança tenha de esperar alguns anos, muitos. O Baptismo é um Dom de Deus e é uma dádiva da Igreja que nunca merecemos nem agradeceremos suficientemente, e é também um Compromisso de Vida com Jesus e com a Igreja, que se assume para sempre: os adultos, por si; os pais e os padrinhos pelas crianças.
Que Deus me perdoe, mas eu acho que a misericórdia divina não consegue cobrir tudo, e sobretudo estas nossas incoerências!
Nem sequer essa misericórdia toda que agora se proclama e oferece a rodos, mas que a maior parte dos cristãos não procura, não quer, não agradece, nem aceita.
Pe. J. Correia Duarte,
in Voz de Lamego
quarta-feira, 27 de abril de 2016
As mulheres-mães
Contava-me, há dias, uma senhora com uma criança de quatro anos:
– Ontem o meu filho disse-me: "Hoje ficas todo o dia comigo, pois ontem estiveste sempre a trabalhar".
O trabalho com horário completo das mães com filhos pequenos e sem folgas para estarem e brincarem com eles é uma violência contra elas e os próprios filhos. E sabemos que muitas mulheres continuam a ter ainda que fazer sozinhas toda a vida de casa. Cozinhar, limpar, arrumar – tudo é com elas.
Todos gostaríamos que houvesse mais filhos. "Economias fortes e sistemas geríveis de pensões de reforma dependem simultaneamente de taxas de fertilidade e de taxas de emprego mais altas". É a OCDE, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico, que o diz, ao apresentar a série "Bebés e Patrões".
O relatório daquela série sobre Portugal refere ser elevada a percentagem das portuguesas que trabalha: quase dois terços. Sublinha que mais de quatro quintos estão a tempo completo. É uma proporção muito elevada: na Suíça é 55 por cento. A OCDE diz ao Estado para dar mais dinheiro aos pais que tratam dos filhos em vez de o entregar a organizações. Sugere também que dê mais aos pais com menos dinheiro – através dos impostos ou da segurança social. A solução da OCDE para o trabalho feminino está no reforço do tempo parcial. A OCDE tem também uma palavra para os patrões. Como a maternidade encarece o trabalho feminino, ou o Estado compensa este encarecimento ou o empresário tem que discriminar as mulheres. Por isso esta organização manda-o dar mais benefícios às empresas que aceitam responsabilidade pela fertilidade. O relatório sugere ainda aos patrões que ofereçam horários mais flexíveis às mães ou aos pais que tomem conta dos filhos.
Outrora as mulheres trabalhavam em casa ou no campo, mas por conta própria. Assim, tinham mais disponibilidade para estar com os filhos. E as crianças ganhavam com isso. Hoje até há quem se esqueça de ir buscar o filho à creche ou tempos livres. De quem será a culpa?
Fonte: aqui
Se não houvesse Deus, não haveria ateus
Ateísmo é, suponho, o exemplo supremo de uma fé simples. O homem diz que não há Deus; se ele o diz de coração, é um tipo de homem assim designado na Escritura. Mas, de qualquer modo, quando o diz, disse-o; e parece não haver mais nada a dizer.
É como se a conversa se esvaziasse.
A verdade é que a atmosfera de excitação, pela qual o ateu vive, é uma atmosfera de desafiante e vibrante teísmo mas, de modo, nenhum, ateísmo; é uma atmosfera de desafio, mas não de negação. Irreverência é um parasita muito servil da reverência; e morre de fome como o seu senhor esfomeado.
Depois desta primeira excitação sobre o mero efeito estético da blasfémia a coisa some-se no seu próprio vácuo. Se não houvesse Deus, não haveria ateus."
G.K. Chesterton: "Where All Roads Lead."
terça-feira, 26 de abril de 2016
Deus e os problemas
Não diga a Deus que tem um grande problema, diga ao seu problema que você tem um grande Deus. Nunca se esqueça que Deus jamais lhe dá uma cruz maior do que a que pode carregar!
(Almir Santana Rios)
segunda-feira, 25 de abril de 2016
Tarouca comemorou o 42º aniversário do 25 de abril de forma diferente
Comemorou-se
o 42º aniversário do 25 de abril de forma diferente, sem discursos, mas com
muita música, poesia e palavras.
Após
a recção das Bandas Musicais e do Corpo de Bombeiros em frente aos Paços do
Município, teve lugar o hastear da Bandeira Nacional. Seguiu-se o
almoço-convívio no Quartel dos Bombeiros, após o qual se realizou o transporte
das Bandeiras.
No
Auditório Municipal, realizou-se o Concerto da Liberdade e foram entregues os
prémios Prof. Doutor José Leite de Vasconcellos.
O Concerto da Liberdade, dinamizado pela Academia de Música de Tarouca, tendo como vocalista o Dr. Luis Santos, foi um belo momento em que arte e liberdade caminharam de mãos dadas.
Diz-se muitas vezes que antigamente o povo fazia a festa e que atualmente o povo paga a festa. Não foi assim hoje. Artistas do povo do concelho fizeram a festa e a assembleia participou, aplaudindo, levantando-se, dando as mãos, gesticulando. Foi uma festa interativa que deu gosto sentir.
Pelo meio, representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal, o Presidente deste órgão e o Presidente da Câmara usaram da palavra. Os discursos inflamados, que por vezes dividem, foram substituídos pelo poema, pela mensagem positiva, pelas imagens do power point.
O 25 de Abril foi aqui comemorado como merece ser. A festa da liberdade e da união. Ou o sim de um povo ao futuro que sabe que também tem nas suas mãos.
Ficámos felizes na felicidade dos alunos que foram premiados e dos seus pais.
Parabéns à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal pela maneira como foi organizada esta comemoração.
Parabéns à Academia de Música de Tarouca e ao Dr. Luis pelos belos momentos que proporcionaram.
Foi uma comemoração de todos e para todos.
25 de abril - Marcelo não deseja eleições antecipadas e pede consensos de regime
Presidente pede entendimentos na Saúde, Justiça, Segurança Social, sistemas político e financeiro
Ver aqui
25 de Abril: Transição para a Democracia está por acabar, diz Manuel Braga da Cruz
Investigador lembra «constrangimentos» da Assembleia Constituinte e elogia papel da Igreja Católica
Manuel Braga da Cruz, investigador e antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), considera que a transição democrática portuguesa iniciada no 25 de Abril é “uma transição inacabada”.
“A nossa Constituição não é uma Constituição feita livremente pelos constituintes, há muitos aspetos que decorrem da natureza revolucionária da transição. Não creio que se possa dizer que esses constrangimentos sejam democráticos, pelo contrário”, sublinha, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Para o especialista, é preciso lembrar que uma parte da Constituição ficou definida pelo acordo firmado entre militares e os principais partidos políticos.
O pacto Movimento das Forças Armadas/Partidos estabelecia que dois dos seis órgãos de soberania a criar pela futura Constituição ficariam nas mãos dos militares: o Conselho da Revolução e a Assembleia do MFA.
“O afastamento dos militares da vida política só aconteceu em 1986, com a eleição do primeiro civil para a Presidência da República, Mário Soares”, realça Manuel Braga da Cruz.
Para o investigador, existe a necessidade de uma revisão constitucional que seja capaz de “expurgar” a Constituição Portuguesa dos “resquícios da limitação da liberdade dos constituintes” que o pacto MFA/Partidos implicou.
O antigo reitor da UCP elogia, por outro lado, o papel “decisivo” da Igreja Católica no pós-revolução, assumindo uma posição de “moderação” e de “redireccionamento democrático” da transição.
“A Igreja teve um papel muito importante na transição democrática e depois na consolidação da democracia”, recorda.
Braga da Cruz entende que as posições dos bispos no pós-25 de Abril ajudaram a travar excessos e ameaças às liberdades que teriam colocado em risco a construção da democracia.
A convocação dos católicos para “manifestações de massa” levou a uma “intensa mobilização para defender as liberdades públicas”.
O especialista recorda que já em 1972, no 10.º aniversário da ‘Pacem in Terris’, a Conferência Episcopal Portuguesa fazia a defesa da “participação e do pluralismo político”, numa nota pastoral.
A Igreja pretendia assim uma “mudança tranquila” e uma “transição pacífica” para a Democracia.
O antigo reitor da UCP assinala também que os chamados três ‘D’ - descolonização, democratização e desenvolvimento - não eram estranhos ao pensamento católico.
“A Igreja tinha vindo a insistir muito nessas três direções e tomou iniciativas para as preservar, algumas delas muito incisivas”, precisa.
O especialista observa que a grandes mudanças que ocorreram dentro da Igreja Católica não foram “tanto depois do 25 de Abril, mas antes”, dado que o Concílio Vaticano II (1962-1965) veio operar uma “mudança muito significativa da cultura política e social da Igreja”.
Em Portugal, o 25 de Abril veio “permitir uma maior liberdade à própria Igreja”, com o fim de alguns condicionamentos à sua atividade e à sua vida interna, por parte do Estado, provocando ainda uma “reestruturação da forma organizativa” do laicado católico
A consagração das “liberdades públicas”, por sua vez, veio favorecer um “maior aprofundamento da liberdade religiosa” em Portugal.
In agência ecclesia
sábado, 23 de abril de 2016
DOCAT – a Doutrina Social da Igreja Católica para os Jovens
Na Jornada Mundial da Juventude da Cracóvia o Papa Francisco presenteará os peregrinos, assim como o Papa Bento XVI fez na Jornada de 2011 em Madrid. Desta vez o presente não será o YOUCAT, mas o DOCAT, que contém a Doutrina Social da Igreja.
A expressão “Doutrina Social da Igreja” designa o conjunto de orientações da Igreja Católica para os temas sociais. Ela reúne os pronunciamentos do magistério católico sobre tudo que implica a presença do homem na sociedade e no contexto internacional. Trata-se de uma reflexão feita à luz da fé e da tradição eclesial. O ensinamento social católico tem o valor de um instrumento de evangelização. Anuncia e atualiza a mensagem de Jesus Cristo em campos fundamentais da vida do homem. Grandes temas da doutrina social são: a família, o trabalho, a vida econômica, a política, a comunidade internacional, a proteção do meio ambiente e a promoção da paz.
Transformar a sociedade com a força do Evangelho sempre foi um desafio para os cristãos. E é nessa esteira que surge para nós o DOCAT, com um estupendo e desafiante prefácio escrito pelo Papa Francisco. O conteúdo do DOCAT ensina numa linguagem dialógica com perguntas e respostas, atraente e ilustrativa como os jovens cristãos podem mudar o mundo através da ação social e política com critérios enraizados nos ensinamentos do Evangelho. O livro que teve também a participação de jovens de diferentes países na sua elaboração e ilustração, e segue a mesma estrutura dos 12 Capítulos e as 3 partes do Compêndio da Doutrina Social lançado em 2004 no pontificado de São João Paulo II.
Papa Francisco nos diz: “Um cristão que não é revolucionário em nossos tempos, não é um cristão de verdade”. O DOCAT é portanto, segundo o Papa, para os jovens um manual para a revolução, uma resposta para a pergunta “o que deve ser feito”. Este manual estará disponível gratuitamente durante a JMJ para todo o mundo no formato de aplicativo – “DOCAT App”. Com apenas um clique em seus smartphones os jovens estarão dentro do DOCAT! Depois da JMJ estima-se que o “DOCAT livro” esteja finalmente disponível para jovens de todo o mundo, traduzido inicialmente para mais de 15 idiomas.
São João Paulo II, em sua primeira Exortação Apostólica em 1979, já convidava os jovens a terem um olhar sobre “a importância duma catequese que inclua as exigências morais e pessoais requeridas pelo Evangelho, que se traduz também no rico património da Doutrina Social da Igreja”. Na sua Mensagem para a XXII JMJ, o Papa Emérito Bento XVI nos escreveu dizendo: “Queridos Jovens, vos convido a aprofundar a Doutrina Social da Igreja, para que a vossa ação no mundo seja inspirada e iluminada pelos seus princípios.” E nessa mesma esteira, nosso querido Papa Francisco nos revela seu sonho: “Eu sonho com uma nova geração de Cristãos – um milhão de jovens – que serão os evangelizadores da Doutrina Social da Igreja Católica.”
Somos essa geração! A Igreja é viva, é jovem e olha para nós com esperança! Com seu cuidado materno, catequético e doutrinário podemos todos juntos e com Cristo fazer grandes coisas! A humanidade espera colher os frutos dessa geração que é convidada a ser mais enraizada na fé e nas obras de misericórdia.
Fonte: aqui
sexta-feira, 22 de abril de 2016
O CASO DE VILA MARIM
Na passada semana, passou nos telejornais da SIC e da TVI e foi publicada no Jornal de Noticias a queixa e a revolta de um casal de Vila Marim, diocese de Vila Real, contra o pároco da sua paróquia, por colocar dificuldades em baptizar-lhe um filho, com ameaças de abandonar a Igreja e mostrando uma carta de recurso que já seguira para o Papa.
O pároco, como é habitual, não quis dar explicações à comunicação social, o que eu acho uma posição errada. O povo sempre disse que “quem não deve, não teme”.
No desenvolvimento da notícia, percebeu-se claramente que o problema estava na aceitação duns padrinhos programados há muito (tal como o almoço num restaurante da região), que, afinal, não estavam em condições canónicas para exercer essas funções, por não estarem casados pela Igreja.
Ora, o Código do Direito Canónico, pelo qual nos orientamos e regemos, no cânone 874, entre outras condições, diz o seguinte a tal respeito: para alguém exercer as funções de padrinho, requer-se que tenha completado dezasseis anos de idade, seja católico, crismado, já tenha recebido a Eucaristia, e leve uma vida consentânea com a Fé e o múnus que vai desempenhar.
Efectivamente, a situação de um casal em união de facto ou em casamento civil (pesem embora as suas qualidades humanas que até podem ser muitas) sempre foi considerada como estando em desacordo com os princípios ou valores da Fé e a normas disciplinares da Igreja.
Nos comentários ouvidos na televisão e lido nas redes sociais, a maior parte das pessoas chamaram aos sacerdotes “bandidos”, “salafrários”, e outros nomes que tenho a vergonha de aqui transcrever, dizendo que são uns teimosos que não fazem o que o Papa ensina e manda: – O Papa Francisco diz que todas as pessoas devem ser respeitadas e acolhidas pela Igreja, seja qual for o seu estado e a sua condição! – explicam !
De facto, o Papa repete, uma e outra vez, que todas as pessoas devem ser acolhidas e amadas pela Igreja. E está certo. E é isso o que se faz. Pelo menos, com o meu conhecimento. E não só agora, com o Papa Francisco. Até parece que o Papa nos veio “amansar” a todos! Eu, e todos os párocos que eu conheço, sempre acolhemos com bondade e simpatia os nossos paroquianos, seja qual for a sua situação, e sempre os aceitamos como elementos válidos na vida das nossas comunidades. Porém, que eu saiba, o Papa nunca disse nem escreveu claramente que os párocos devem aceitar as pessoas como padrinhos de Baptismo, seja qual for a sua situação moral ou religiosa.
Até este momento, os párocos não têm qualquer documento escrito, nem receberam qualquer ordem expressa, nem emanada dos Bispo da diocese, nem da Conferência Episcopal, nem do Papa, nesse sentido.
Assim sendo, em meu parecer, não resta aos párocos responsáveis e sérios, senão cumprir o Código em vigor, que determina o que acima ficou dito.
É que, se não existe uma norma comum, ou a interpretação dessa norma fica ao arbítrio de cada sacerdote, haverá (e já há, tal como indicam os comentários da redes sociais), quem, por comodismo, timidez ou magnanimidade pouco justificada, aceite tudo e seja um “passa-culpas”; e haverá quem, por respeito à Lei e à sua consciência, seja minimamente exigente, e será tido e tratado como “rigorista” e “autocrata”. Nós, os párocos não somos donos da Igreja. Temos normas para seguir e temos normas para cumprir, que são as mesmas para todos.
Se assim não for, e cada um fizer o que lhe parecer ou achar, transformar-nos-emos em franco-atiradores, e aumentará cada vez mais uma grande confusão na Igreja, que essa sim, nos descredibilizará a todos.
No caso em análise, e em todos os outros casos do género, não seria mais sensato e agradável que este e todos os casais, antes de marcarem o almoço no restaurante, ter combinado com o seu pároco a data do Baptismo e as condições que devem ter os padrinhos? É que os pais são quem são, e a criança não pode ser prejudicada por isso; mas os padrinhos são quem os pais escolherem. Em meu ver, era mais fácil e mais educado da parte dos pais de Vila Marim escolherem outros padrinhos, do que forçarem o seu pároco a desrespeitar as leis da Igreja e a desobedecer á sua consciência.
Pelos vistos, seguiu uma carta dos pais para o Vaticano. Fico curioso de saber qual vai ser a resposta do Papa. Tendo o Papa jurisdição universal (peço perdão aos canonistas se estou a dizer alguma asneira…), a sua decisão ou a sua interpretação do referido cânone, terá força de lei também universal, e será certamente cumprida de imediato por todos nós. Resolvia-nos muitos problemas e livrava-nos de muitas dores de cabeça.
Fico à espera.
Até lá, eu agirei como agiu o pároco de Vila Marim.
J. Correia Duartein Voz de Lamego
O pároco, como é habitual, não quis dar explicações à comunicação social, o que eu acho uma posição errada. O povo sempre disse que “quem não deve, não teme”.
No desenvolvimento da notícia, percebeu-se claramente que o problema estava na aceitação duns padrinhos programados há muito (tal como o almoço num restaurante da região), que, afinal, não estavam em condições canónicas para exercer essas funções, por não estarem casados pela Igreja.
Ora, o Código do Direito Canónico, pelo qual nos orientamos e regemos, no cânone 874, entre outras condições, diz o seguinte a tal respeito: para alguém exercer as funções de padrinho, requer-se que tenha completado dezasseis anos de idade, seja católico, crismado, já tenha recebido a Eucaristia, e leve uma vida consentânea com a Fé e o múnus que vai desempenhar.
Efectivamente, a situação de um casal em união de facto ou em casamento civil (pesem embora as suas qualidades humanas que até podem ser muitas) sempre foi considerada como estando em desacordo com os princípios ou valores da Fé e a normas disciplinares da Igreja.
Nos comentários ouvidos na televisão e lido nas redes sociais, a maior parte das pessoas chamaram aos sacerdotes “bandidos”, “salafrários”, e outros nomes que tenho a vergonha de aqui transcrever, dizendo que são uns teimosos que não fazem o que o Papa ensina e manda: – O Papa Francisco diz que todas as pessoas devem ser respeitadas e acolhidas pela Igreja, seja qual for o seu estado e a sua condição! – explicam !
De facto, o Papa repete, uma e outra vez, que todas as pessoas devem ser acolhidas e amadas pela Igreja. E está certo. E é isso o que se faz. Pelo menos, com o meu conhecimento. E não só agora, com o Papa Francisco. Até parece que o Papa nos veio “amansar” a todos! Eu, e todos os párocos que eu conheço, sempre acolhemos com bondade e simpatia os nossos paroquianos, seja qual for a sua situação, e sempre os aceitamos como elementos válidos na vida das nossas comunidades. Porém, que eu saiba, o Papa nunca disse nem escreveu claramente que os párocos devem aceitar as pessoas como padrinhos de Baptismo, seja qual for a sua situação moral ou religiosa.
Até este momento, os párocos não têm qualquer documento escrito, nem receberam qualquer ordem expressa, nem emanada dos Bispo da diocese, nem da Conferência Episcopal, nem do Papa, nesse sentido.
Assim sendo, em meu parecer, não resta aos párocos responsáveis e sérios, senão cumprir o Código em vigor, que determina o que acima ficou dito.
É que, se não existe uma norma comum, ou a interpretação dessa norma fica ao arbítrio de cada sacerdote, haverá (e já há, tal como indicam os comentários da redes sociais), quem, por comodismo, timidez ou magnanimidade pouco justificada, aceite tudo e seja um “passa-culpas”; e haverá quem, por respeito à Lei e à sua consciência, seja minimamente exigente, e será tido e tratado como “rigorista” e “autocrata”. Nós, os párocos não somos donos da Igreja. Temos normas para seguir e temos normas para cumprir, que são as mesmas para todos.
Se assim não for, e cada um fizer o que lhe parecer ou achar, transformar-nos-emos em franco-atiradores, e aumentará cada vez mais uma grande confusão na Igreja, que essa sim, nos descredibilizará a todos.
No caso em análise, e em todos os outros casos do género, não seria mais sensato e agradável que este e todos os casais, antes de marcarem o almoço no restaurante, ter combinado com o seu pároco a data do Baptismo e as condições que devem ter os padrinhos? É que os pais são quem são, e a criança não pode ser prejudicada por isso; mas os padrinhos são quem os pais escolherem. Em meu ver, era mais fácil e mais educado da parte dos pais de Vila Marim escolherem outros padrinhos, do que forçarem o seu pároco a desrespeitar as leis da Igreja e a desobedecer á sua consciência.
Pelos vistos, seguiu uma carta dos pais para o Vaticano. Fico curioso de saber qual vai ser a resposta do Papa. Tendo o Papa jurisdição universal (peço perdão aos canonistas se estou a dizer alguma asneira…), a sua decisão ou a sua interpretação do referido cânone, terá força de lei também universal, e será certamente cumprida de imediato por todos nós. Resolvia-nos muitos problemas e livrava-nos de muitas dores de cabeça.
Fico à espera.
Até lá, eu agirei como agiu o pároco de Vila Marim.
J. Correia Duartein Voz de Lamego
O sexo das palavras
Se o ridículo matasse, Portugal estava constantemente pejado de cadáveres. Não bastava a tolice do acordo ortográfico, tolice aliás que o Bloco de Esquerda abraça estoicamente, voltámos agora à mais tola e inútil das cruzadas: a da chamada “linguagem inclusiva”; o contrário da linguagem “sexista” e “discriminatória” onde se diz pais, irmãos, avós, primos, etc. Tudo discriminatório, naturalmente. Ora foi com base em tal pressuposto que, num momento de particular inspiração, o BE propôs que o Cartão de Cidadão passe a chamar-se Cartão de Cidadania. Talvez porque Cartão de Cidadão e Cidadã fosse demasiado comprido. Ricardo Araújo Pereira, no Governo Sombra, já caricaturou devidamente esta paranóia correctiva. Disse ele, imaginando um discurso bloquista: “Portugueses e portuguesas, estamos aqui reunidos e reunidas porque estamos todos e todas preocupados e preocupadas com a questão dos desempregados e desempregadas”. Pois. Mas mesmo assim não chegava. Era preciso nuns casos começar com o masculino e noutros com o feminino, para não ofender ninguém. E havia que olhar inquisitorialmente para outras palavras, muitas, milhares, que enchem livros, dicionários e gramáticas, antros de desigualdades com masculinos e femininos por todo o lado, olhem para criança (e não há o crianço?), para membro do partido (haverá a membra?), para polícia ou guarda (deveria haver o polício e o guardo?)… E então a toponímia? Ah, mas aqui imperam as “mulheres”: vejam a rua, a praça, a avenida, a travessa, a calçada, a estrada, a auto-estrada, enquanto para os “homens” sobra o beco, o largo, o passeio, o boqueirão! Querem mesmo acabar com a linguagem “sexista”? Acabem com o Português. Porque ele, que é língua no feminino e idioma no masculino, está impregnado de sexo por tudo quanto é letra. É que até o Bloco soa no masculino. Deveria ser Bloc@? Ou Bloca?
NUNO PACHECO, Público 22/04/2016, aqui
NUNO PACHECO, Público 22/04/2016, aqui
quinta-feira, 21 de abril de 2016
Lisboa é uma cidade encantadora
Sentia-me muito cansado, a precisar mesmo de "respirar"!
Aproveitando a ida de familiares meus a Lisboa, acompanhei-os. E valeu apena. Foram 3 dias maravilhosos.
O carinho, acolhimento e preocupação de outros familiares que residem na capital, o esmero dos que me acompanharam na viagem e a amizade de outras pessoas amigas com quem estive fizeram-me sentir muito bem.
O carinho, acolhimento e preocupação de outros familiares que residem na capital, o esmero dos que me acompanharam na viagem e a amizade de outras pessoas amigas com quem estive fizeram-me sentir muito bem.
Quer dizer que as preocupações me abandonaram? Nada disso. Então o Centro Paroquial fazia o favor de me bater à porta constantemente. Que carracinha!
Mas deu para arejar e conhecer um pouco melhor essa cidade extraordinária que é Lisboa e de que sempre gostei.
Levaram-me a visitar a capital de dia e de noite e sempre a mesma admiração. É linda!
Muita gente. Gente, gente e mais gente. Encontrar lugar para estacionar? Nada fácil e então nalgumas zonas nem lhes conto nem lhes digo...
Lisboa é sempre surpreendente, há sempre mais alguma coisa para visitar e admirar. Por exemplo, até para admiração dos meus familiares, não conhecia a Sé. Gostei muita daquela bela obra arquitetónica.
Lisboa tem uma luminosidade fantástica, que nos invade e eleva, realçando ainda mais e beleza da grande urbe.
Lá tudo se paga, mas há de tudo, seja no campo da cultura, do divertimento, do espetáculo... Até no campo laboral é aí que mais facilmente se pode encontrar trabalho...
Até a nível climático se experimenta a diferença. Apanhámos bom tempo e uma temperatura muito agradável que me fez sentir que a roupa de inverno não era necessária.
Um sentido obrigado aos familiares e amigos por estes "rápidos" momentos de que sentia mesmo necessidade. Maio, Junho e Julho nesta Paróquia são tremendos a nível de atividades. Algum esvaziamento do balão das preocupações, vai certamente ajudar.
domingo, 17 de abril de 2016
Pinto da Costa foi hoje eleito para o seu 13.º mandato como presidente do FC Porto
Pinto da Costa foi hoje eleito para o seu 13.º mandato como presidente do FC Porto, com 79% dos votos, enquanto os restantes 21% foram nulos, anunciou o secretário da mesa da assembleia-geral, Sardoeira Pinto.
Segundo o dirigente, num sufrágio que teve a participação de 2.403 sócios, muitos dos votos foram considerados nulos porque continham frases de apoio ao FC Porto e a Jorge Nuno Pinto da Costa, que concorreu à liderança do clube sem oposição.
“Sinto muito força com o apoio que os sócios me deram, mas também sinto muita força com a vontade que muitos jornais demonstraram para que eu fosse hostilizado neste ato eleitoral”, disse Pinto da Costa ao Porto Canal.
Como portista, naturalmente desejo que seja um mando novo repleto de êxitos para o Clube. Mas tenho muitas reservas. Os últimos anos não deixam grande saída para grandes otimismos.
Os sócios que foram às urnas exerceram o seu conatural direito, fosse qual fosse a opção de voto. Mas assumem igualmente as consequências pelo êxito ou inêxito deste mandato.
Comunicar com o estilo do Papa Francisco
Em 8 de abril, a Santa Sé publicou a Exortação Apostólica ‘Amoris
Laetitia’ (AL) (A alegria do amor: sobre o amor na família). O documento do
Papa surpreende por sua beleza e estilo comunicativo.
A linguagem de Papa Francisco, desde o início do seu Pontificado,
caracteriza-se pela simplicidade e está repleta de expressões populares. Nninguém pode duvidar que, com o Papa Francisco, introduziu-se na Santa Sé um
estilo familiar e direto, alcançando assim repercussões universais.
Na prefação do livro “O Vocabulário do Papa Francisco”, aos cuidados do
jornalista salesiano Antonio Carriero, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de
Estado do Vaticano, assim fala do novo estilo comunicativo do Papa: “A única
verdadeira estratégia de comunicação de Francisco é a adesão confiante e serena
ao Evangelho”.
A forma de conversar de Bergoglio é um ‘sermo humilis’, capaz de falar a todos.
Há “no seu modo de falar – acrescentou o mesmo Cardeal Parolin – a sabedoria de
ministrar conteúdos altos”, “fazendo uso de vocabulário e imagens que retiram
toda a sua força da vizinhança com a vida quotidiana”, pondo deste modo “o
interlocutor, seja ele quem for, em posição de paridade e não de
distância”.
Para muitos católicos o estilo de comunicação do Papa representa uma
novidade total: é que estavam habituados a um modo de ensinar na Igreja que
costumeiramente usava uma linguagem difícil, seleta, replena de conceitos
frequentemente complicados. Nas suas falas o Papa acompanha o estilo de pregação
de Jesus: rico de imagens e de exemplos da vida quotidiana, relidos segundo os
olhares de Deus.
O estilo do Papa traz-nos à memória também o jeito com que Dom
Bosco costumava comunicar-se, buscando fazer-se compreender de todos, sobretudo
da gente simples: a sua comunicação partia sempre de uma atitude de profundo
respeito para com o interlocutor e a sua realidade, sempre pronto a adaptar a
sua linguagem para fazer-se compreender do outro e passar-lhe a sua mensagem.
Outra característica comum a ambos é que aprenderam, antes de falar, a
ouvir o seu interlocutor, conseguindo desse modo estabelecer conexões que podem
construir novas pontes de compreensão e superar diferenças.
Enfim, no modo de comunicar do Papa Bergoglio depreende-se a capacidade
de escutar, não só com o ouvido mas também com o coração: não tem medo de
mostrar que se sente comovido, ou interpelado pela realidade circunstante.
A tecnologia permite-nos hoje ter acesso aos milhares de mensagens em
diversos formatos e suportes. Mas quando deparamos com alguém com a capacidade de
comunicar com transparência e verdade, instintivamente se vão abaixando as
nossas defesas e os nossos temores. O Papa Francisco realiza isso com o povo:
todos de algum modo se sentem acolhidos. E esse é o resultado de um estilo de
comunicação amistosamente empático.
Fonte: aqui
sábado, 16 de abril de 2016
Papa em Lesbos para denunciar «maior tragédia humana» desde a II Guerra Mundial
*Papa teve «vontade de chorar» perante situação dos refugiados
*Papa visitou campo de refugiados entre lágrimas e gritos de «liberdade»
*12 refugiados sírios rumaram ao Vaticano com o Papa
*Papa despediu-se com homenagem a migrantes e refugiados que morreram no mar
*Papa e líderes ortodoxos alertam para «situação trágica»
Pode ver aqui aqui toda a informação sobre esta profética visita do Papa a Lesbos.
sexta-feira, 15 de abril de 2016
Eutanásia: Se legitimar «negócio da morte», humanidade «bate no fundo»
A cronista e professora universitária Laurinda Alves afirmou que a eutanásia exige “um debate sério” na sociedade portuguesa, por considerar que o tema está a ser conduzido com base em “pressupostos pouco claros”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a jornalista salientou que em causa não está apenas “uma questão de compaixão, de quem está mais pelo lado da dignidade”, ou de “quem é mais humano e humanitário”.Segundo a cronista, a legalização ou não legalização desta prática vai também além da discussão do “valor da vida” que “é um valor sem valor” pelo qual é preciso lutar “coletivamente”.
“Não pode haver relativismo quando falamos de vida, a vida ao nascer e ao morrer. Dar como única resposta a eutanásia é dar muito pouco”, sustentou Laurinda Alves.
Para a professora de Comunicação, Liderança e Ética na Universidade Nova de Lisboa, é essencial “pôr todas as cartas na mesa” e perceber que do resultado desta reflexão à volta da eutanásia depende também determinar a quem pertence “a decisão última de terminar uma vida”.
“Quem não pode pagar, ir à clinica, quem não pode sequer decidir, ou seja, um doente do foro psiquiátrico, um doente mental, vai decidir sobre a sua própria vida e morte?”, questiona a jornalista.
Legitimar a eutanásia, prossegue Laurinda Alves, seria abrir as portas a “um negócio, o negócio da morte” que traz consigo toda “uma lógica comercial que tem de estar dentro da discussão”.
“Como é que se gera lucro, como é que se fidelizam clientes, se levam pessoas a uma clínica destas. Quem seriam estes profissionais que, sob a aparência de médicos e a capa da medicina”, seriam “os profissionais da morte?”, aponta Laurinda Alves, convicta de que quando forem iluminadas estas “zonas de sombra”, talvez “mais pessoas não queiram a eutanásia”.
Sobre o argumento de que a eutanásia será uma forma de acabar com o sofrimento das pessoas mais doentes e debilitadas, a jornalista salienta que “não existem vidas indignas de serem vividas” e que a humanidade, ao considerar isto, “bate no fundo”.
“Conheço pessoas que atravessaram não um, nem dois mas três cancros. Pessoas que são pais e mães de filhos, que vivem felizes, que atravessaram esse massacre e porque o atravessaram se fortaleceram, apesar da fragilidade toda. Imagine que ao primeiro cancro só eram confrontadas com a possibilidade de acabar com a vida”, complementa.
Para Laurinda Alves, exemplos como estes mostram que é possível querer mais do que a eutanásia, que é possível “abrir para outras perspetivas para além de uma morte imediata ou de uma morte a pedido”.
Porque “existem outras maneiras de minimizar, às vezes até eliminar o sofrimento físico”, lembra a também tradutora, apontando para os cuidados paliativos que existem apenas para possibilitar a “estas pessoas viverem com dignidade até à hora da morte”.
“Não há vida sem sofrimento, e não é por masoquismo, é porque ele existe. E no dia em que acharmos que descartando o sofrimento, descartando os velhos, os feios, os gordos, os magros, os que têm qualquer coisa fora do padrão, acho isto muito perigoso”, conclui.
Laurinda Alves é uma das entrevistadas do próximo programa ‘70x7’ (RTP2), que vai ser transmitido no domingo, às 13h30, tendo como pano de fundo a recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Eutanásia, tema em destaque na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.
Sobre o apadrinhamento do Batismo
O
Jornal de Notícias de hoje, dia 14 de
abril, releva o caso do padre responsável de uma paróquia da diocese de Vila
Real que recusa batizar uma criança porque os padrinhos escolhidos pelos pais
são casados meramente pelo civil. Pelos vistos, qualquer um dos párocos a quem
recorreram, em outras paróquias, exige uma declaração de idoneidade para serem
padrinhos, passada pelo pároco da freguesia onde residem, no caso, a mesma dos
pais da criança.
Acresce
a estes factos, segundo o JN, a
informação de que a escolhida para madrinha, casada civilmente, está grávida e
teme também não poder batizar a sua criancinha. Não me referirei ao caso, já
que a admissão ao batismo em razão das condições da paternidade e da
maternidade é diferente da problemática ligada ao apadrinhamento. E aqui o Papa
Francisco assumiu, na solenidade da Epifania de 2014, um gesto que, sem o ser,
parecia inovador, pelo que deu brado na comunicação social em diversos cantos
do mundo – o que, na ocasião, comentei.
A
mãe da criança que os aludidos párocos não batizam, enviou esta semana uma
carta ao Papa Francisco a pedir ajuda, pois, como cristã, diz que tem “uma
palavra a dizer”. Além disso, os pais da criança a batizar alegam que o Papa
“apelou, há dias, a que os casais em união de facto e divorciados sejam ‘mais
integrados’ na Igreja” e lamentam a referida atitude dos ditos padres.
Penso
que se referem à publicação da exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, a 8 de abril, embora o
Papa e os Sínodos já tivessem dado a conhecer ao mundo o seu pensamento sobre a
matéria. No entanto, se o documento papal configurasse uma nova legislação
canónica, ela só teria efeitos imperativos após a publicação. Por outro lado,
admito que os párocos ainda não tenham disposto de tempo suficiente para ler e
assimilar a orientação do novo documento papal. Ademais, o Papa diz
expressamente que não há aqui nova doutrina nem “uma nova normativa geral de
tipo canónico aplicável a todos os casos” (vd AL,300).
Mas isto refere-se ao caso dos
casados catolicamente que se divorciaram e ora são recasados civilmente. À
situação do casal vila-realense aplica-se a reflexão feita no n.º 294 da Al, em
que se encaram as uniões de facto e o casamento civil motivados não tanto por
oposição à doutrina da Igreja, mas por razões culturais, psicológicas e sociais.
Assim, cresce a onda cultural de que o casamento que vale e basta é o civil; os
jovens unem-se de facto ou casam civilmente por receio de compromisso com a
permanência matrimonial, pela espera de emprego estável ou pelo preconceito
social de que o casamento pela Igreja é visto como um luxo, comportando grandes
despesas e responsabilidades com a sociedade. Embora se aplique
subsidiariamente a reflexão do n.º 300, a exortação pós-sinodal recomenda,
antes de mais, a remediação do estado familiar, ou seja, tentar que a situação
seja encarada como oportunidade de acompanhamento com vista à “sua evolução
para o sacramento do matrimónio” (vd AL,293).
E toda a postura do capítulo
VIII, designadamente o n.º 299 e seguintes, impõe um processo de acompanhamento,
discernimento e integração nem sempre breve, em diálogo reflexivo entre
pastores e fiéis.
Além
disso, o Pontífice é claro ao enunciar, para da lá da misericórdia gratuita,
mas imerecida:
“Obviamente, se alguém
ostenta um pecado objetivo como se fizesse parte do ideal cristão ou quer impor
algo diferente do que a Igreja ensina, não pode pretender dar catequese ou
pregar e, neste sentido, há algo que o separa da comunidade (cf
Mt 18,17).
Precisa de voltar a ouvir o anúncio do Evangelho e o convite à conversão.
***
Mas
vejamos o que estipula o código de Direito Canónico sobre a matéria de
apadrinhamento do Batismo. Este documento fundamental da estrutura eclesiástica
dedica ao caso três cânones, que se transcrevem
“Cân. 872 – Dê-se, quanto possível, ao
batizando um padrinho, cuja missão é assistir na iniciação cristã ao adulto
baptizando, e, conjuntamente com os pais, apresentar ao baptismo a criança a
batizar e esforçar-se por que o batizado viva uma vida cristã consentânea com o
batismo e cumpra fielmente as obrigações que lhe são inerentes.
Cân. 873 – Haja
um só padrinho ou uma só madrinha, ou então um padrinho e uma madrinha.
Cân. 874 – § 1.
Para alguém poder assumir o múnus de padrinho requer-se que:
1.° Seja
designado pelo próprio baptizando ou pelos pais ou por quem faz as vezes destes
ou, na falta deles, pelo pároco ou ministro, e possua aptidão e intenção de
desempenhar este múnus;
2.° Tenha
completado dezasseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido
determinada pelo Bispo diocesano, ou ao pároco ou ao ministro por justa causa
pareça dever admitir-se exceção;
3 ° Seja
católico, confirmado e já tenha recebido a santíssima Eucaristia, e leve uma
vida consentânea com a fé e o múnus que vai desempenhar;
4.° Não esteja
abrangido por nenhuma pena canónica legitimamente aplicada ou declarada;
5.° Não seja o
pai ou a mãe do baptizando.
§ 2. O batizado
pertencente a uma comunidade eclesial não católica só se admita juntamente com
um padrinho católico e apenas como testemunha do batismo.
O que está em causa na informação
do JN são os n.os 3.º e
4.º do parágrafo § 1 do cânone 874. Segundo o pensamento do Papa, do Sínodo e
agora da AL, os casados meramente pelo civil e os divorciados e recasados
civilmente não estão abrangidos por qualquer pena legitimamente aplicada ou
declarada. E “não só não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar
como membros vivos da Igreja” (vd AL,299).
Um bispo de umas das dioceses de
Portugal, tendo em conta que não é obrigatório haver padrinhos de Batismo –
veja-se que o cânone 872 estabelece que se dê, quanto possível, ao batizado um
padrinho – recomendou que não se exponham estas pessoas à rejeição.
Admitindo-as como testemunhas, aplicando por analogia o estatuído no parágrafo §
2 do cânone 874.
Repito-me ao dizer que os pais
são o que são e como são, mas os padrinhos são objeto de escolha e a escolha
deve, em tese, recair em pessoas que, mais do que pela letra do cânone 874,
estejam formatadas com as condições do cânone 872, ou seja, a capacidade de
cumprir a missão educativa em relação ao batizado e ao estímulo à sua vivência
em consonância com as exigências do batismo. E pergunto-me porque é que
normalmente se põe objeção apenas aos casados civilmente e divorciados
recasados. Serão apenas estes quem não leva “uma vida consentânea com a fé e o
múnus que vai desempenhar”? Além disso, têm os bispos procurado ter os fiéis
capacitados para o cumprimento da condição de serem confirmados quando são
candidatos a padrinhos? Ou a condição de confirmado será uma simples figura de
adorno canónico?
***
Se os sagrados cânones estabelecem
que haja um padrinho ou uma madrinha ou um padrinho e uma madrinha, como é que
se faz tanta questão em que haja sempre dois? É óbvio que todos sabem
responder. É que, o mais das vezes, os padrinhos são escolhidos, não em razão
da responsabilidade batismal, mas em função da amizade, obrigação social e
prestígio de quem é convidado e de quem convida. Abrenúncio do negócio que se
mete tanto com a religião!
Por isso, já vi dois rapazes ou
varões a servirem de padrinhos, sendo que o ministro do sacramento decidiu, em
conformidade com a informação que lhes prestou, que o segundo que fora indicado
figuraria nos livros como testemunha. Já vi batismo ministrado com dois
padrinhos e duas madrinhas, sendo que um casal era casado civilmente. Já vi
batismo ministrado com padrinho e madrinha casados catolicamente, mas não um
com o outro (um com o outro eram casados civilmente). Já vi batismo em que a
madrinha era bruxa profissional. Já vi batismo com padrinho e madrinha, unidos
de facto, que não declararam a situação. Já vi batismo em que o pároco rejeitou
s padrinhos, mas outro os aceitou. Já vi batismo em que padrinho e madrinha
viviam em união de facto, mas não um com o outro.
A razão social torna-se tão
marcante que a nossa legislação prevê a figura do apadrinhamento civil para o
caso daqueles e daquelas que não são batizados. Aliás, as testemunhas do
matrimónio, que são, pelo menos duas, são habitualmente tratadas por padrinhos.
***
Por outro lado e de acordo com
informação do JN, a mãe da criança
teme ter de abandonar a Igreja. Porquê? A fé será assim tanta ou tão pouca que
cede ao amuo, que aqui parece vir a tornar-se instrumento de retaliação contra
a Igreja, porque homens da Igreja se limitam a cumprir a lei esquecendo-se da
misericórdia? Ser padrinho e/ou madrinha, em vez de serviço eclesial e familiar
que implica deveres, constitui-se em direito de alguém e moeda de troca, com
base em que doutrina ou misericórdia? Evidentemente, que a Igreja é para todos,
mas sê-lo-á para tudo, nomeadamente para satisfação de caprichos pessoais e/ou
sociais?
Por fim, não contesto o direito
de escrever ao Papa. Penso que o Papa fará bem em responder. Porém, tudo
depende do teor da resposta, que eu queria ver publicada. Embora saiba que o
Romano Pontífice tem jurisdição sobre toda a Igreja e sobre o território em que
ela vive, não creio que, embora manifeste compreensão e afeto, formule
instruções num caso concreto ultrapassando ou desautorizando os párocos e o
bispo diocesano. Caso contrário, seria motivo para perguntar como o semanário O
Diabo, na sua mais recente edição, Também
tu, Francisco? – a propósito da eliminação da utilização da língua
portuguesa na Congregação para as Causas dos Santos.
2016.04.14
– Louro de Carvalho
quinta-feira, 14 de abril de 2016
O sentimento de ser órfãos
" sentimento de ser órfãos, que hoje experimentam muitas crianças e
jovens, é mais profundo do que pensamos. Hoje reconhecemos como plenamente
legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar,
desenvolver as suas capacidades e ter objectivos pessoais.
Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorara necessidade que as crianças
têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. A realidade
é que « a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida
humana, que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo ». O
enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um
risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a
uniformidade nem a negação da maternidade.
Com efeito, a grandeza das mulheres implica todos os direitos
decorrentes da sua dignidade humana inalienável, mas também do seu génio
feminino, indispensável para a sociedade.
As suas capacidades especificamente femininas – em particular a
maternidade – conferem-lhe também deveres, já que o seu ser mulher implica também
uma missão peculiar nesta terra, que a sociedade deve proteger e preservar para
bem de todos.
De facto, « as mães são o
antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta. (...) São
elas que testemunham a beleza da vida ». Sem dúvida, « uma sociedade sem mães
seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo
nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães transmitem,
muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas
primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende
(...). Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa
parte do seu calor simples e profundo. (...) Queridas mães, obrigado, obrigado por
aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo ».
A mãe, que ampara o filho com a sua ternura e compaixão, ajuda a
despertar nele a confiança, a experimentar que o mundo é um lugar bom que o
acolhe, e isto permite desenvolver uma auto-estima que favorece a capacidade de
intimidade e a empatia. Por sua vez, a figura do pai ajuda a perceber os
limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o
mundo mais amplo e rico de desafios, pelo convite a esforçar-se e lutar. Um pai
com uma clara e feliz identidade masculina, que por sua vez combine no seu
trato com a esposa carinho
e o acolhimento, é tão necessário como os cuidados maternos. Há funções e
tarefas flexíveis, que se adaptam às circunstâncias concretas de cada família,
mas a presença clara e bem definida das duas figuras, masculina e feminina,
cria o âmbito mais adequado para o amadurecimento da criança."
A Alegria do Amor, Papa Francisco
quarta-feira, 13 de abril de 2016
A Igreja só cresce "em partida"
A água fechada durante muito tempo no tanque acaba por apodrecer e estragar-se.
Para se manter viva e sãzinha precisa de estar ligada à fonte que a alimenta e renova; precisa de sair para irrigar os campos que são, afinal, a razão de ser do tanque.
A Igreja é esse "tanque", alimentado e renovado pela fonte que é Cristo. Os campos são os mundos vários a que essa Igreja é enviada.
Uma Igreja a "coçar para dentro", apenas e só entretida com as suas coisas, os seus movimentos, a sua organização, a sua estrutura, a sua doutrina, as suas questões, etc, será a Igreja de Cristo?
O Papa Francisco bem fala de "periferias existenciais" às quais a Igreja é enviada constantemente. Mas, tanta vez, tenho a impressão que nós não o ouvimos!
Nós?
Sim, nós. Cada batizado. Todos os batizados. Bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos.
A impressão geral que se tem é que a Igreja está muito fechada sobre si mesma, instalada. Por isso, à defesa! Uma Igreja que reage e pouco pro-age. Por exemplo, se verificarmos os títulos das notícias da Agência Ecclesia, tiramos facilmente esta conclusão. Estilo, o Bispo tal, o Papa, este ou aquele "condena", "está contra", "não aceita"...
Há claramente um deserto de profecia neste tempo que é o nosso. Hoje não temos Hélder Câmara, Raoul Follereau, António Ferreira Gomes, Teresa de Calcutá, Óscar Romero, João XXIII, Manuel Martins(felizmente ainda vivo, mas sem 'palco', como ele mesmo diz).
No campo da profecia, no tocante à visibilidade universal, resta-nos o Papa Francisco. Mas que não tem tido seguidores à altura. Oxalá não tardem a aparecer!
Muitas vezes, quando nos referimos a uma Igreja a "coçar para dentro", apontamos logo o dedo aos bispos e aos padres.
Sem retirar qualquer responsabilidade a estes - mormente aos bispos - temos que perguntar: os leigos sentem a preocupação da abertura? Das periferias? Não sentirão antes a tentação do choque, das "guerrinhas" entre grupos e movimentos?
Há uns tempos, passou por Santa Helena uma excursão. Servi de guia. Depois estive durante um tempo à conversa com o casal responsável do qual ouvi:
- Sabe, este passeio teve uma finalidade, contribuir para a unidade dos vários grupos da comunidade. Somos de uma paróquia com mais de 50 mil pessoas, mas cuja prática dominical não chega aos 10%. E qual a preocupação dos vários grupos paroquiais? Garanto-lhe que não são os que estão fora. Os grupos dividem-se, criticam-se, rivalizam, olham-se de lado, e até obstruem o trabalho uns dos outros...
E continuou o casal:
- Este passeio visa unir, estreitar afetos, para, como diz o nosso pároco, partirmos todos unidos ao encontro de todos os que estão fora.
Arrepia ver os cristãos divididos por questiúnculas em vez de gastarem as energias na missão, e esta está fora e para ela urge a mobilização.
Para se manter viva e sãzinha precisa de estar ligada à fonte que a alimenta e renova; precisa de sair para irrigar os campos que são, afinal, a razão de ser do tanque.
A Igreja é esse "tanque", alimentado e renovado pela fonte que é Cristo. Os campos são os mundos vários a que essa Igreja é enviada.
Uma Igreja a "coçar para dentro", apenas e só entretida com as suas coisas, os seus movimentos, a sua organização, a sua estrutura, a sua doutrina, as suas questões, etc, será a Igreja de Cristo?
O Papa Francisco bem fala de "periferias existenciais" às quais a Igreja é enviada constantemente. Mas, tanta vez, tenho a impressão que nós não o ouvimos!
Nós?
Sim, nós. Cada batizado. Todos os batizados. Bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos.
A impressão geral que se tem é que a Igreja está muito fechada sobre si mesma, instalada. Por isso, à defesa! Uma Igreja que reage e pouco pro-age. Por exemplo, se verificarmos os títulos das notícias da Agência Ecclesia, tiramos facilmente esta conclusão. Estilo, o Bispo tal, o Papa, este ou aquele "condena", "está contra", "não aceita"...
Há claramente um deserto de profecia neste tempo que é o nosso. Hoje não temos Hélder Câmara, Raoul Follereau, António Ferreira Gomes, Teresa de Calcutá, Óscar Romero, João XXIII, Manuel Martins(felizmente ainda vivo, mas sem 'palco', como ele mesmo diz).
No campo da profecia, no tocante à visibilidade universal, resta-nos o Papa Francisco. Mas que não tem tido seguidores à altura. Oxalá não tardem a aparecer!
Muitas vezes, quando nos referimos a uma Igreja a "coçar para dentro", apontamos logo o dedo aos bispos e aos padres.
Sem retirar qualquer responsabilidade a estes - mormente aos bispos - temos que perguntar: os leigos sentem a preocupação da abertura? Das periferias? Não sentirão antes a tentação do choque, das "guerrinhas" entre grupos e movimentos?
Há uns tempos, passou por Santa Helena uma excursão. Servi de guia. Depois estive durante um tempo à conversa com o casal responsável do qual ouvi:
- Sabe, este passeio teve uma finalidade, contribuir para a unidade dos vários grupos da comunidade. Somos de uma paróquia com mais de 50 mil pessoas, mas cuja prática dominical não chega aos 10%. E qual a preocupação dos vários grupos paroquiais? Garanto-lhe que não são os que estão fora. Os grupos dividem-se, criticam-se, rivalizam, olham-se de lado, e até obstruem o trabalho uns dos outros...
E continuou o casal:
- Este passeio visa unir, estreitar afetos, para, como diz o nosso pároco, partirmos todos unidos ao encontro de todos os que estão fora.
Arrepia ver os cristãos divididos por questiúnculas em vez de gastarem as energias na missão, e esta está fora e para ela urge a mobilização.
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