Os mineiros chilenos estiveram cerca mais de 2 meses a 700 metros de profundidade devido a um deslizamento de terras na mina onde trabalhavam.
No início do desastre, conselheiros disseram ao Presidente do Chile que as probabilidades de salvar os mineiros eram ínfimas, 2 %. O Presidente terá exclamado: "Há 2% de probavilidades de os salvar? Então vamos em frente!"
Esta caso dos mineiros chilenos faz-me lembrar tantas situações de pessoas dos nossos dias. Recorda-me também a situação do país.
Portugal está também a 700 metros de profundidade! A falta de valores, o individualismo, a perda da ideia de Pátria, a ausência de projectos mobilizadores, um povo que se tem deixado enganar pelos políticos sem escrúpulos que desdizem hoje o que afirmaram ontem, a ganância que leva ao lucro fácil, a terrível injustiça social reinante, a dependência dos cidadãos em relação ao Estado, a burocracia, a corrupção e o arranjismo, a inépcia, a falta de arrojo e de criatividade, as mordomias de uns e a pobreza de outros ... Camadas e camadas de granito que se vão criando, estratificando e atirando a população cada vez para mais fundo e longe da luz do dia...
Só nos restam 2 % de provabilidades de nos salvarmos? Até poderá ser, não sei. Mas se ainda há essas hipóteses, então vamos em frente.
Os mineiros chilenos não deixaram morrer a esperança. Superaram questões entre eles, foram capazes de se unir, agarraram-se indelevelmente à esperança. Ajudados fortemente pela solidariedade nacional e internacional? Sem dúvida. Mas eles fizeram bem a sua parte.
Só vejo uma diferença. Neste momento, ao contrário dos mineiros chilenos, não contaremos assim com tanta solidariedade exterior. Mas enquanto os mineiros nunca poderiam sair das profundidades sem a ajuda externa, Portugal pode. Basta querer!
Quando acordarmos como nação e obrigarmos os nossos políticos a "suecizar-se" (pode ver noutro post deste blog o que acontece aos políticos na Suécia...);
Quando exigirmos que terminem em Portugal aqueles ordenados de escândalo de gestores e quejandos;
Quando premiarmos os políticos que tem a dignidade de nos dizer só a verdade e castigarmos nas urnas pesadamente quem nos mente e nos engana;
Quando exigirmos uma escola que ensine e prepare a sério os nossos jovens para o futuro em vez de os entreter;
Quando lutarmos pela família e rejeitarmos liminarmente todas as leis e propostas atentatórias da dignidade familiar;
Quando formos capazes de deixar de viver para aparências e assumirmos a realidade que somos;
Quando aprendermos a ser mais poupados e mais investidores;
Quando deixarmos de permitir o parasitismo social daqueles que nada querem produzir porque se habituaram a viver à custa de quem produz;
Quando formos mais solidários, mais fraternos e nos conscializarmos de que não pertence ao Estado fazer tudo, porque pertence à sociedade civil fazer muito mais;
Quando educarmos para o essencial e não para o supérfluo...
Tenho pensado nisto. As manifestações em Portugal estão ligados a interesses de grupos (por exemplo, pilotos, enfermeiros, professores, polícias, etc) ou aos sindicatos (fala-se numa greve geral convocada pelas 2 centrais sindicais).
Não seria importante uma manifestação nacional, pacífica e pacificante, porque a violência só complica tudo e todos? Uma manifestação não por interesses de grupos, mas por Portugal e pelas propostas acima enunciadas. Uma manifestação não ligadas a grupos e sindicatos, mas ligada a todos os portugueses por Portugal.
E a título de exemplo. A última grande manifestação dos professores, foi muito e muito para além dos sindicatos, daí a sua força.
Não esqueçamos que a razão está do lado dos não violentos, mas perde-a quem não faz nada.