(Papa Francisco, 25.10.2023)
terça-feira, 31 de outubro de 2023
"O clericalismo é um chicote, é um flagelo, é uma forma de mundanidade que suja ..."
(Papa Francisco, 25.10.2023)
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
A NOVA EDUCAÇÃO DAS NOSSAS CRIANÇAS E DOS NOSSOS JOVENS. PORNOGRAFIA DESDE OS 9 ANOS
Nova “pandemia assustadora” tem consequências imprevisíveis (e há pais em pânico)
Os jovens começam a ver
pornografia cada vez mais cedo, logo a partir dos 9 anos de idade. Está, assim,
a criar-se uma “Geração Porno” e há pais “em pânico”, sem saberem o que fazer,
perante o que já é referido como uma nova “pandemia”.
O documentário “Geração
Porno” do canal espanhol TV3 alerta para uma nova realidade que ainda não está
a merecer a devida atenção, mas que pode ter consequências trágicas nos
próximos anos.
Há cada vez mais
adolescentes a usarem a pornografia para se educarem. E o pior é que tentam
transferir aquilo que veem nos vídeos porno para a vida real.
A pornografia tornou-se fundamental
para esta nova geração, com as crianças a terem contacto com ela cada vez mais
cedo.
Muitos jovens começam a
ver vídeos pornográficos logo aos 9 anos de idade. Com 12 anos, quase metade veem
pornografia e aos 15 anos, a percentagem sobe para os 90%, conforme dados
divulgados pelo documentário da TV3.
“Tal como existe uma
Geração Z ou os Milenial, é razoável pensar que estamos a criar uma geração de
meninos e meninas pornográficos “, destaca o psicólogo e sexólogo José Luis
García no documentário.
Para estes jovens, a
pornografia é como “uma droga”, uma verdadeira adição. “Porno e pijama” é a
solução para lidar com o aborrecimento e o sexo real já parece “pouca coisa”.
Estamos na “origem de uma
pandemia assustadora“, de acordo com a análise do psicólogo Juan Carlos Prieto
que é especializado em dependências e que também foi ouvido para o
documentário.
A pornografia é parte
relevante da vida destes jovens, e está a moldar a forma como vivem a sua
sexualidade com outras pessoas. E isso acaba por afectar também os jovens que
não têm contacto com o universo porno.
Há 800 milhões de sites
pornográficos, cada um com uma média de 12 milhões de vídeos porno, de acordo
com dados da revista The Economist.
E “88% dos vídeos porno
contêm violência física“, com mulheres a serem estranguladas ou a terem os
cabelos puxados, como nota o El Mundo. Mas há coisas ainda piores!
No documentário da TV3,
quando perguntam aos jovens qual foi “a coisa mais aberrante” que já viram na
pornografia, um rapaz refere “uma miúda esquartejada a ser f*****“.
É o que se chama a
“pornografia de abutre”, como explica o realizador de filmes pornográficos Antonio
Marcos ao El Mundo, salientando que o objectivo, neste caso, é oferecer “algo
que seja o mais nojento possível para chamar a atenção” e os cliques dos
jovens.
Pais chocados e em pânico
“O que faço?” “O que lhe
digo?” “Como posso controlar isto?” Estas são as dúvidas dos pais que se
apercebem do que se passa com os seus filhos. E é “pânico” o que sentem na
desorientação sobre como lidar com o assunto.
Alguns pais “não dão
crédito ao que os seus filhos contam” porque “não o podiam imaginar”, realça a realizadora
Oiane Sagasti.
Em outros casos, os pais
ficam em choque com as respostas dos filhos que dizem que assistem a filmes
porno porque estão “aborrecidos” ou “stressados”.
Mais espantados ficam
quando referem que tentam reproduzir nas suas relações amorosas, as cenas
pornográficas que são protagonizadas por actores e que, quase sempre, ilustram
o sexo de forma irreal.
Há relatos de miúdas que vão a sex shops em busca de sprays para desensibilização da garganta porque os namorados querem que elas façam sexo oral como as estrelas porno.
O grande problema é que a
pornografia está à mão de semear na Internet. É muito fácil de aceder, é
gratuita, “dá prazer” e tem “um poder aditivo superior à cocaína“, “o que
incentiva o consumo”, como destaca o sexólogo José Luis García.
É “um super estímulo” e
quando se consome de forma continuada, chega-se a um dado momento em que uma
relação real já “não resulta suficientemente satisfatória”, acrescenta o
sexólogo.
Então, os jovens esperam e
querem o que o porno mostra – sexo em grupo, sexo anal, violência, humilhações
– e tudo isso sem preservativo.
“Se constróis o teu desejo
a ver sempre violência, depois vais precisar dela para te excitares”, conclui o
documentário.
Mais crimes sexuais cometidos por menores
Nos últimos tempos, têm
sido reportados vários casos de crimes sexuais cometidos por menores em países
como Espanha e Itália, nomeadamente com violações em grupo.
Em Espanha, o número de
crimes sexuais cometidos por jovens com idades entre os 14 e os 17 anos
aumentou 14% num ano, de acordo com a Euronews.
Em Itália, o número é mais
elevado, com um aumento de 15,7%, segundo dados da mesma fonte.
Ainda recentemente foi
notícia o caso de seis adolescentes, com idades a rondar os 14 anos, que
violaram uma menina de 11 anos na casa de banho de um centro comercial da
cidade espanhola de Badalona.
Há “cada vez mais rapazes
nos centros de detenção juvenil por crimes contra a liberdade sexual e cada vez
mais condenações por este tipo de crime”, revela na Euronews o juiz de menores
em Toledo (Espanha), José Ramón Bernácer, que trabalha com este tipo de casos
há 17 anos.
Bernácer revela que o
número de casos que ouviu duplicou nos últimos seis anos, lamentando a “falta
de educação sexual” que se reflecte em comportamentos agressivos e “machistas”.
“As crianças que não têm
educação ou experiência sexual veem filmes pornográficos feitos para adultos e
confundem o que é o sexo“, repara a psicóloga especializada em violência de
género e stress pós-traumático María Rosario Gomis, também em declarações à
Euronews.
“Como não têm nada com que comparar, assimilam a pornografia agressiva e pensam que a sexualidade é isso“, conclui, reforçando a importância da educação sexual nas escolas e defendendo legislação no âmbito do acesso livre à pornografia por parte de menores.
Susana Valente, ZAP, 25
OUTUBRO, 2023
Os Heróis nacionais de Dom Américo
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Dúvidas manhosas!
Nos últimos cinquenta anos, não houve um Papa tão contestado, dentro da Igreja, como o Papa Francisco. Aliás, o Papa Francisco é claramente mais contestado dentro da hierarquia e leigos comprometidos da Igreja, do que pelos fiéis leigos, sem compromisso ou mesmo pelos não batizados. Algo que, seguramente, nunca aconteceu nos últimos 50 anos e arriscava-me a dizer (podendo estar a proferir uma asneira), que há alguns séculos que não havia tais sentimentos em relação a um Sumo Pontífice, com a particularidade de, neste caso, o mesmo ter uma enorme aceitação e unanimidade junto do Povo Cristão e, até, não Cristão.
Para mim, isto deve-se verdadeiramente a dois aspetos essenciais: diria que um deles é o facto de o Papa Francisco ser o primeiro Papa da História a falar diretamente para as pessoas e com as pessoas. Ao contrário dos seus antecessores, não precisa de intermediários. Na verdade, dispensa-os. Antes dele, os documentos da Igreja, as mensagens papais e outro tipo de intervenções do Santo Padre necessitavam de ser explicadas pelo restante clero ou católicos empenhados na pastoral.
Pelo contrário, as palavras de Francisco são claras e compreendidas por todos e, os que outrora faziam dessa interpretação papal, não só um trabalho, mas sobretudo um poder, sentem-se, agora, desautorizados e, também, usando um eufemismo, “desempregados”. Um sinal disto torna-se visível na quantidade de gente que, em todos os fóruns contemporâneos, a começar nas redes sociais, vem explicar e complexificar as palavras do Papa Francisco, assim que ele lança um documento ou profere uma simples homilia. Ainda há dois meses, quando em Lisboa pronunciou o famoso “todos, todos, todos”, foram mais aqueles que nas redes sociais vieram explicar e complexificar o que o Papa Francisco queria dizer com isso, do que aqueles que vieram louvar a simplicidade profunda das suas palavras – fortemente assentes no Evangelho e no legado de Cristo Jesus –, que todos as pessoas que escutaram e perceberam. O que o Papa diz não precisa de explicação, precisa de aceitação!
O outro aspeto tem a ver com as redes sociais e o ambiente digital. Sendo Francisco o primeiro Papa da era da generalização e utilização massiva destes media, há que pensar em várias características novas. O conteúdo das suas palavras, não só é ponderado em termos do seu valor comunicativo, como é de fácil e de largo alcance. Se noutros tempos as palavras dos papas eram mediadas por várias pessoas (Bispos, Padres ou catequistas), agora chegam, em direto, a todos e a mediação existe, não está fora de causa, mas é uma mediação específica, com caraterísticas que importa conhecer. A iliteracia mediática e falta de honestidade intelectual e de sinceridade nas relações de algumas dessas mesmas pessoas, também provoca, não só um mal-estar, como um desvio do que é essencial, como do consenso que é necessário a Igreja Católica ter, para continuar a ser uma voz e uma presença credível no Reino de Deus.
O exemplo perfeito disto está nas perguntas manhosas que cinco cardeais fizeram, publicamente, ao Papa, sobre matérias que estão a ser faladas no atual sínodo. O Papa Francisco respondeu sinceramente às primeiras, mas como a resposta não agradou a esses senhores (tal como fazem as crianças, até arrancar dos seus pais a resposta que querem), voltaram a perguntar ao Papa Francisco de outra forma, como se o Santo Padre tivesse reprovado no primeiro exame e tivesse de repeti-lo, numa época de recurso. Não é liberdade de expressão; é mesmo discurso de ódio contra o Santo Padre. E nunca ninguém gosta de ouvir desavenças familiares, sobre heranças, quer seja na taberna da aldeia ou em alguma rede social. Aqui a situação é clara: há cinco pessoas que, não tendo o destaque desejado nas habituais salas onde trocam coscuvilhices e nos espaços onde Francisco, no presente, promove trabalho árduo e importante para a Igreja e para o mundo, vieram para o espaço mediático, dizer mal do seu Pai, da sua família. No mínimo, não é bonito; no máximo não é o que se espera de gente que se diz seguidora de Cristo – mas só da maneira que convém. Em suma: não é de boas pessoas, porque as boas pessoas têm a capacidade de perceber que não são infalíveis e que a sua visão do mundo não deve ser imposta aos demais. Esses, costumam ter outro nome: ditadores.
Será mais útil que rezemos e peçamos ao Espírito Santo que acompanhe todos os participantes no Sínodo, de modo que a Igreja possa crescer, unida e forte e capaz de acolher todos, todos, todos, pois essa seria a maior graça que poderíamos receber. Como diz a Oração Adsumus Sancte Spiritus.
“Nós somos débeis e pecadores: não permitais que sejamos causadores da desordem; que a ignorância não nos desvie do caminho, nem as simpatias humanas ou o preconceito nos tornem parciais. Que sejamos um em Vós, caminhando juntos para a vida eterna, sem jamais nos afastarmos da verdade e da justiça. Amen”.
Fonte: aqui
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
A minha expectativa do sínodo
sábado, 7 de outubro de 2023
Os cardeais começaram no segundo milénio, podem acabar no terceiro?
Só um pequeno excerto:
"Os títulos de cardeais, cónegos, monsenhores ou outras “dignidades” são muitas vezes vistos como uma espécie de prémio de carreira. Servem para fazer distinção de cargos, honrarias e pessoas. Tal como as formas de tratamento: eminências, reverendos ou suas reverências (ou seja, que devem ser reverenciados), “Dom” (abreviatura do Domini, os senhores com os seus domínios)… Uns e outras são uma negação absoluta de princípios do Evangelho no qual a Igreja se funda: “Não vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é Cristo.” (Mateus 23, 10); “Reconheço que Deus não faz acepção de pessoas” (Actos dos Apóstolos 10, 34).
Ainda mais, o cardinalato é uma instituição que vem dos séculos XI/XII. O próprio nome de consistório tem origem na antiga Roma: era “o conselho privado do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos”, como se explica na página do Pontifício Instituto Superior de Direito Canónico, do Rio de Janeiro (Brasil)."
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
CATEQUESE DIFERENTE = AUTÊNTICA - “SÊ A MUDANÇA QUE QUERES
A catequese continua a ser para a maioria dos encarregados de educação e catequizandos uma “escola/escala de sacramentos”: levar os filhos à catequese para fazer a primeira comunhão ou a comunhão solene e obrigá-los a continuar até ao 10º ano para fazer o Crisma, senão “não podem ser padrinhos”.
Quando procuram os catequistas não é (tanto) para conversar sobre o crescimento espiritual e humano dos seus, dialogar sobre o seu crescimento (maturidade humana e espiritual) e a sua condição de discípulos/cristãos (seguidores/imitadores de Cristo), mas para saber a data da festa (“temos de mandar convites”) e como deve ser (roupa, lugar, intervenientes). Passado o dia, passou a romaria: fezadas e festinhas.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – são os primeiros a reclamar e a fazer a vida negra aos catequistas se o horário ou o lugar da catequese não lhes convém: “não temos tempo”, “não vamos andar sempre a correr para a igreja”, “no meu tempo não era assim”, “quem me paga o gasóleo?”. Os mesmos pais que, pródigos de (in)coerência, não regateiam esforços e fazem semanalmente dezenas de quilómetros para levarem os filhos ao futebol, à música ou, pasme-se, à discoteca, aniversários dos amigos e convívios de várias ordens…
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – exigem uma mudança na Igreja, mas não querem participar na Eucaristia dominical (mesa/refeição da família cristã) e levar os filhos consigo: “não posso obrigá-lo”; “ao fim de semana precisa descansar”; “aproveito para dar um passeio com eles”; “vão quando lhes apetecer”; “a Missa é para as beatas”.
Estes pais que seriam, porventura, bons educadores pelo exemplo e verdade, não têm problemas em mentir ao padre e aos catequistas (ou arranjar desculpas falsas) afiançadas e assinadas, sem pejo, pelos próprios filhos. A verdade usa-se como adereço, a pôr de parte quando não serve ou não dá jeito aos interesses próprios.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – reivindicam mudança, mas não têm tempo (vontade, disponibilidade, generosidade) para colaborar como catequistas, leitores, coralistas, visitadores ou membros de grupos de formação e evangelização. No entanto, são os mesmos que semanalmente levam o/a menino/a ao futebol (“ronaldite” aguda e sistémica) e ficam por lá horas a fio a pressionar e insultar treinadores, árbitros, colegas, entre outros.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – sem tempo/vontade para colaborar na catequese ou qualquer “serviço paroquial”, não se coíbem de exigir a catequese para os filhos, à hora e dia que lhes convém, fazendo dos catequistas escravos dos seus interesses e caprichos, esquecendo (talvez por míngua de caridade e/ou educação/respeito) que a maioria deles são pais e mães, têm emprego e encargos familiares e ainda têm de gramar com exigências e malcriadez de quem não contribui absolutamente para nada.
Em vez de bramir por mudança nos outros, não seria oportuno pensar em mudança pessoal? Converte-te a ti mesmo para que os outros acreditem em ti! Não seria evangélico arrastar os outros pelo exemplo e sinais claros de mudança pessoal e familiar? Se a sabedoria do povo diz (e bem) que “pimenta no rabo dos outros é refresco”, Ghandi também pedia para “sermos a mudança que queremos ver no mundo”. Da minha parte, tenho pensado e cada vez levado mais a sério: “quem não estiver bem que se mude”… Ou seria evangélico mudar (adulterar ou onerar a minha consciência/fidelidade) para agradar a interesses meramente pessoais e alinhar em trejeitos puramente mundanos?
P. António Magalhães Sousa, aqui