sábado, 30 de dezembro de 2023
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Boas Festas Natalícias! Que os "presépios" não sejam vistos só nesta altura...
Nesta altura do ano, é tudo muito melífluo, muito macio ... Muita paz, muita harmonia, muito afeto, muitas mensagens de Natal carregadas de boas e agradáveis palavras... Parece um campeonato para ver quem faz o melhor arranjo gráfico ou verbal.
Mas Natal é algo muito mais sério e vital. É Deus que nasce num curral de animais! É Deus que desce ao fundo da nossa miséria e limitação! É Deus que nos leva muito a sério para nós levarmos a sério a sua proposta de libertação da humanidade!
Na esperança de que as belas palavra de circunstancia desta época natalícia se transformem em compromisso sério e vivencial em prol da libertação de todas as espécies de pobreza,
desejo-lhe um Santo e Feliz Natal!
sábado, 16 de dezembro de 2023
MÁSCARAS HÁ MUITAS!
Se dúvidas houvesse… as máscaras vieram para ficar. Já não para proteger de algum coronavírus, mas para facilitar, legitimar e entronizar a hipocrisia (falsidade, cinismo, oportunismo, perfídia) que grassa na maioria das relações (humanas, sociais, eclesiais…) e aproveitar o momento/oportunidade para chular ou xingar os outros. Tudo acontece numa estratégia desenhada ao pormenor, onde cada ator desfila com a máscara mais apropriada ao lugar e ao momento, aos presentes e às conveniências.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
quinta-feira, 7 de dezembro de 2023
Esperança numa nova geração de padres
No passado mês de Outubro o The Catholic Project, que eu dirijo na Universidade Católica da América, publicou os primeiros resultados da maior sondagem sobre padres católicos americanos em mais de 50 anos, o Estudo Nacional de Padres Católicos (ENPC). O primeiro relatório olhava para várias questões, incluindo se os padres estão ou não a ser bem-sucedidos (estão) e como é que a crise dos abusos, e a resposta da Igreja a essa crise, têm afectado os níveis de confiança entre padres e bispos (tem, sim, de forma negativa).
Em Novembro a nossa equipa publicou um segundo relatório, demonstrando algumas perspectivas adicionais da ENPC, olhando mais de perto para a polarização intergeracional entre o presbiterado.
Os padres mais velhos tendem a descrever-se mais como teologicamente “progressistas” e politicamente “liberais” enquanto os mais novos tendem a descrever-se como sendo teologicamente “ortodoxos” e politicamente “conservadores”.
O resultado em si não é especialmente surpreendente. Temos visto sinais a apontar nesta direcção há décadas, e estudos recentes sobre padres americanos têm demonstrado uma tendência conservadora semelhante entre jovens padres. É de notar que recentemente tanto o Papa Francisco como o Cardeal Christophe Pierre indicaram que Roma está inquieta com aquilo que considera ser uma tendência conservadora entre o clero americano mais novo.
Resumindo, o nosso estudo demonstra com provas concretas aquilo que já todos sabiam: os padres jovens americanos tendem a ser mais conservadores que os seus pares mais velhos. Mas há mais. Parece que a narrativa de que o presbiterado americano está a ser tomado de assalto por jovens conservadores não é tão simples como possa parecer à primeira vista.
Em primeiro lugar, mais do que um dilúvio triunfante de vocações conservadoras, o que os nossos dados demonstram é um colapso quase total de vocações sacerdotais entre homens que se consideram teologicamente progressistas ou politicamente liberais. Mais, esse colapso não é repentino ou recente, mas parece ser constante e contínuo, radicando nas coortes que foram ordenadas logo a seguir ao Concílio Vaticano II. Se eu fosse bispo, ou director vocacional, quereria muito poder compreender melhor este colapso.
Uma possível explicação pode ser encontrada numa homilia feita pelo já falecido Cardeal Francis George. Um quarto de século mais tarde, as suas palavras mantêm uma relevância surpreendente:
O Catolicismo Liberal é um projecto cansado. Essencialmente uma crítica, uma crítica até necessária em dada altura da nossa história, tornou-se agora parasítica de uma substância que já não existe. Revelou-se incapaz de passar a fé na sua integridade, e por isso desadequada para fomentar a entrega alegre que é pedida no casamento cristão, na vida consagrada e no sacerdócio ordenado. Já não vivifica.
Note-se que o Cardeal George disse “cansado” e não “morto”. Justamente, pode-se dizer que os anos recentes demonstraram que as notícias da morte do catolicismo liberal têm sido muito exageradas. Não obstante, se o cansaço do catolicismo liberal explica, pelo menos em parte, a quebra de vocações de certas alas na Igreja, o aviso que o Cardeal George faz sobre certo tipo de “Catolicismo conservador” é igualmente pertinente. “A resposta, porém, não se encontra num tupo de catolicismo conservador obcecado com práticas particulares e tão sectária na sua mundivisão que não pode servir de sinal de unidade para todos os povos em Cristo”.
Jesuítas americanos ordenados em 2023 |
Junte-se a isto o facto de a coorte mais nova de padres ser também a mais diversa, étnica e racialmente, de todas as que sondámos e aquilo que emerge é um retrato de jovens padres americanos que contradiz muitos estereótipos persistentes. Os jovens padres americanos são mais teologicamente ortodoxos, politicamente moderados e etnicamente diversos do que qualquer coorte de padres desde antes do Concílio Vaticano II.
Se estivéssemos à procura de padres que pudessem evitar o “cansaço do catolicismo liberal” e ao mesmo tempo evitar formas de conservadorismo “obsessivo” e “sectário” – se estivéssemos com esperança de encontrar padres que fossem “sinal de unidade de todos os povos em Cristo” – então provavelmente procuraríamos uma geração de padres que, pelo menos no papel, fosse muito semelhante à geração de padres mais novos que temos hoje nos Estados Unidos.
Mas o sacerdócio, como todas as vocações, não se desenrola no papel. Tem de ser vivido por entre todas as armadilhas do mundo. Contudo, o Cardeal George também tinha algo a dizer sobre isso na sua homilia:
A resposta é, simplesmente, o Catolicismo, em toda a sua plenitude e profundidade, uma fé capaz de se distinguir de qualquer cultura e de se envolver com todas, transformando-as, uma fé alegre em todos os dons que Cristo nos quer dar e aberta a todo o mundo que ele morreu para salvar. A fé católica molda uma Igreja com muito espaço para diferentes abordagens pastorais, para discussão e debate, para iniciativas tão variadas como os povos que Deus ama. Mas, mais profundamente, uma Igreja capaz de distinguir entre aquilo que encaixa na tradição que a une a Cristo e o que é uma falsa partida ou uma tese distorcida, uma Igreja unida aqui e agora, porque é sempre una com a Igreja pelos séculos e com os santos no Céu.
O Cardeal Francis George viu claramente o que significa ser fiel, mas também unido em tempos de conflito e divisão. Os nossos jovens padres – bem como o resto de nós todos – devem ter em conta a sabedoria das suas palavras.
Stephen P. White é investigador em Estudos Católicos no Centro de Ética e de Política Pública em Washington.
(Publicado em The Catholic Thing na Quinta-feira, 30 de Novembro de 2023)
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Fonte: aqui
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
"Muitos seminaristas parecem jovens de um mundo à parte"
Seminários que formam clérigos e não pastores
terça-feira, 31 de outubro de 2023
"O clericalismo é um chicote, é um flagelo, é uma forma de mundanidade que suja ..."
(Papa Francisco, 25.10.2023)
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
A NOVA EDUCAÇÃO DAS NOSSAS CRIANÇAS E DOS NOSSOS JOVENS. PORNOGRAFIA DESDE OS 9 ANOS
Nova “pandemia assustadora” tem consequências imprevisíveis (e há pais em pânico)
Os jovens começam a ver
pornografia cada vez mais cedo, logo a partir dos 9 anos de idade. Está, assim,
a criar-se uma “Geração Porno” e há pais “em pânico”, sem saberem o que fazer,
perante o que já é referido como uma nova “pandemia”.
O documentário “Geração
Porno” do canal espanhol TV3 alerta para uma nova realidade que ainda não está
a merecer a devida atenção, mas que pode ter consequências trágicas nos
próximos anos.
Há cada vez mais
adolescentes a usarem a pornografia para se educarem. E o pior é que tentam
transferir aquilo que veem nos vídeos porno para a vida real.
A pornografia tornou-se fundamental
para esta nova geração, com as crianças a terem contacto com ela cada vez mais
cedo.
Muitos jovens começam a
ver vídeos pornográficos logo aos 9 anos de idade. Com 12 anos, quase metade veem
pornografia e aos 15 anos, a percentagem sobe para os 90%, conforme dados
divulgados pelo documentário da TV3.
“Tal como existe uma
Geração Z ou os Milenial, é razoável pensar que estamos a criar uma geração de
meninos e meninas pornográficos “, destaca o psicólogo e sexólogo José Luis
García no documentário.
Para estes jovens, a
pornografia é como “uma droga”, uma verdadeira adição. “Porno e pijama” é a
solução para lidar com o aborrecimento e o sexo real já parece “pouca coisa”.
Estamos na “origem de uma
pandemia assustadora“, de acordo com a análise do psicólogo Juan Carlos Prieto
que é especializado em dependências e que também foi ouvido para o
documentário.
A pornografia é parte
relevante da vida destes jovens, e está a moldar a forma como vivem a sua
sexualidade com outras pessoas. E isso acaba por afectar também os jovens que
não têm contacto com o universo porno.
Há 800 milhões de sites
pornográficos, cada um com uma média de 12 milhões de vídeos porno, de acordo
com dados da revista The Economist.
E “88% dos vídeos porno
contêm violência física“, com mulheres a serem estranguladas ou a terem os
cabelos puxados, como nota o El Mundo. Mas há coisas ainda piores!
No documentário da TV3,
quando perguntam aos jovens qual foi “a coisa mais aberrante” que já viram na
pornografia, um rapaz refere “uma miúda esquartejada a ser f*****“.
É o que se chama a
“pornografia de abutre”, como explica o realizador de filmes pornográficos Antonio
Marcos ao El Mundo, salientando que o objectivo, neste caso, é oferecer “algo
que seja o mais nojento possível para chamar a atenção” e os cliques dos
jovens.
Pais chocados e em pânico
“O que faço?” “O que lhe
digo?” “Como posso controlar isto?” Estas são as dúvidas dos pais que se
apercebem do que se passa com os seus filhos. E é “pânico” o que sentem na
desorientação sobre como lidar com o assunto.
Alguns pais “não dão
crédito ao que os seus filhos contam” porque “não o podiam imaginar”, realça a realizadora
Oiane Sagasti.
Em outros casos, os pais
ficam em choque com as respostas dos filhos que dizem que assistem a filmes
porno porque estão “aborrecidos” ou “stressados”.
Mais espantados ficam
quando referem que tentam reproduzir nas suas relações amorosas, as cenas
pornográficas que são protagonizadas por actores e que, quase sempre, ilustram
o sexo de forma irreal.
Há relatos de miúdas que vão a sex shops em busca de sprays para desensibilização da garganta porque os namorados querem que elas façam sexo oral como as estrelas porno.
O grande problema é que a
pornografia está à mão de semear na Internet. É muito fácil de aceder, é
gratuita, “dá prazer” e tem “um poder aditivo superior à cocaína“, “o que
incentiva o consumo”, como destaca o sexólogo José Luis García.
É “um super estímulo” e
quando se consome de forma continuada, chega-se a um dado momento em que uma
relação real já “não resulta suficientemente satisfatória”, acrescenta o
sexólogo.
Então, os jovens esperam e
querem o que o porno mostra – sexo em grupo, sexo anal, violência, humilhações
– e tudo isso sem preservativo.
“Se constróis o teu desejo
a ver sempre violência, depois vais precisar dela para te excitares”, conclui o
documentário.
Mais crimes sexuais cometidos por menores
Nos últimos tempos, têm
sido reportados vários casos de crimes sexuais cometidos por menores em países
como Espanha e Itália, nomeadamente com violações em grupo.
Em Espanha, o número de
crimes sexuais cometidos por jovens com idades entre os 14 e os 17 anos
aumentou 14% num ano, de acordo com a Euronews.
Em Itália, o número é mais
elevado, com um aumento de 15,7%, segundo dados da mesma fonte.
Ainda recentemente foi
notícia o caso de seis adolescentes, com idades a rondar os 14 anos, que
violaram uma menina de 11 anos na casa de banho de um centro comercial da
cidade espanhola de Badalona.
Há “cada vez mais rapazes
nos centros de detenção juvenil por crimes contra a liberdade sexual e cada vez
mais condenações por este tipo de crime”, revela na Euronews o juiz de menores
em Toledo (Espanha), José Ramón Bernácer, que trabalha com este tipo de casos
há 17 anos.
Bernácer revela que o
número de casos que ouviu duplicou nos últimos seis anos, lamentando a “falta
de educação sexual” que se reflecte em comportamentos agressivos e “machistas”.
“As crianças que não têm
educação ou experiência sexual veem filmes pornográficos feitos para adultos e
confundem o que é o sexo“, repara a psicóloga especializada em violência de
género e stress pós-traumático María Rosario Gomis, também em declarações à
Euronews.
“Como não têm nada com que comparar, assimilam a pornografia agressiva e pensam que a sexualidade é isso“, conclui, reforçando a importância da educação sexual nas escolas e defendendo legislação no âmbito do acesso livre à pornografia por parte de menores.
Susana Valente, ZAP, 25
OUTUBRO, 2023
Os Heróis nacionais de Dom Américo
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Dúvidas manhosas!
Nos últimos cinquenta anos, não houve um Papa tão contestado, dentro da Igreja, como o Papa Francisco. Aliás, o Papa Francisco é claramente mais contestado dentro da hierarquia e leigos comprometidos da Igreja, do que pelos fiéis leigos, sem compromisso ou mesmo pelos não batizados. Algo que, seguramente, nunca aconteceu nos últimos 50 anos e arriscava-me a dizer (podendo estar a proferir uma asneira), que há alguns séculos que não havia tais sentimentos em relação a um Sumo Pontífice, com a particularidade de, neste caso, o mesmo ter uma enorme aceitação e unanimidade junto do Povo Cristão e, até, não Cristão.
Para mim, isto deve-se verdadeiramente a dois aspetos essenciais: diria que um deles é o facto de o Papa Francisco ser o primeiro Papa da História a falar diretamente para as pessoas e com as pessoas. Ao contrário dos seus antecessores, não precisa de intermediários. Na verdade, dispensa-os. Antes dele, os documentos da Igreja, as mensagens papais e outro tipo de intervenções do Santo Padre necessitavam de ser explicadas pelo restante clero ou católicos empenhados na pastoral.
Pelo contrário, as palavras de Francisco são claras e compreendidas por todos e, os que outrora faziam dessa interpretação papal, não só um trabalho, mas sobretudo um poder, sentem-se, agora, desautorizados e, também, usando um eufemismo, “desempregados”. Um sinal disto torna-se visível na quantidade de gente que, em todos os fóruns contemporâneos, a começar nas redes sociais, vem explicar e complexificar as palavras do Papa Francisco, assim que ele lança um documento ou profere uma simples homilia. Ainda há dois meses, quando em Lisboa pronunciou o famoso “todos, todos, todos”, foram mais aqueles que nas redes sociais vieram explicar e complexificar o que o Papa Francisco queria dizer com isso, do que aqueles que vieram louvar a simplicidade profunda das suas palavras – fortemente assentes no Evangelho e no legado de Cristo Jesus –, que todos as pessoas que escutaram e perceberam. O que o Papa diz não precisa de explicação, precisa de aceitação!
O outro aspeto tem a ver com as redes sociais e o ambiente digital. Sendo Francisco o primeiro Papa da era da generalização e utilização massiva destes media, há que pensar em várias características novas. O conteúdo das suas palavras, não só é ponderado em termos do seu valor comunicativo, como é de fácil e de largo alcance. Se noutros tempos as palavras dos papas eram mediadas por várias pessoas (Bispos, Padres ou catequistas), agora chegam, em direto, a todos e a mediação existe, não está fora de causa, mas é uma mediação específica, com caraterísticas que importa conhecer. A iliteracia mediática e falta de honestidade intelectual e de sinceridade nas relações de algumas dessas mesmas pessoas, também provoca, não só um mal-estar, como um desvio do que é essencial, como do consenso que é necessário a Igreja Católica ter, para continuar a ser uma voz e uma presença credível no Reino de Deus.
O exemplo perfeito disto está nas perguntas manhosas que cinco cardeais fizeram, publicamente, ao Papa, sobre matérias que estão a ser faladas no atual sínodo. O Papa Francisco respondeu sinceramente às primeiras, mas como a resposta não agradou a esses senhores (tal como fazem as crianças, até arrancar dos seus pais a resposta que querem), voltaram a perguntar ao Papa Francisco de outra forma, como se o Santo Padre tivesse reprovado no primeiro exame e tivesse de repeti-lo, numa época de recurso. Não é liberdade de expressão; é mesmo discurso de ódio contra o Santo Padre. E nunca ninguém gosta de ouvir desavenças familiares, sobre heranças, quer seja na taberna da aldeia ou em alguma rede social. Aqui a situação é clara: há cinco pessoas que, não tendo o destaque desejado nas habituais salas onde trocam coscuvilhices e nos espaços onde Francisco, no presente, promove trabalho árduo e importante para a Igreja e para o mundo, vieram para o espaço mediático, dizer mal do seu Pai, da sua família. No mínimo, não é bonito; no máximo não é o que se espera de gente que se diz seguidora de Cristo – mas só da maneira que convém. Em suma: não é de boas pessoas, porque as boas pessoas têm a capacidade de perceber que não são infalíveis e que a sua visão do mundo não deve ser imposta aos demais. Esses, costumam ter outro nome: ditadores.
Será mais útil que rezemos e peçamos ao Espírito Santo que acompanhe todos os participantes no Sínodo, de modo que a Igreja possa crescer, unida e forte e capaz de acolher todos, todos, todos, pois essa seria a maior graça que poderíamos receber. Como diz a Oração Adsumus Sancte Spiritus.
“Nós somos débeis e pecadores: não permitais que sejamos causadores da desordem; que a ignorância não nos desvie do caminho, nem as simpatias humanas ou o preconceito nos tornem parciais. Que sejamos um em Vós, caminhando juntos para a vida eterna, sem jamais nos afastarmos da verdade e da justiça. Amen”.
Fonte: aqui
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
A minha expectativa do sínodo
sábado, 7 de outubro de 2023
Os cardeais começaram no segundo milénio, podem acabar no terceiro?
Só um pequeno excerto:
"Os títulos de cardeais, cónegos, monsenhores ou outras “dignidades” são muitas vezes vistos como uma espécie de prémio de carreira. Servem para fazer distinção de cargos, honrarias e pessoas. Tal como as formas de tratamento: eminências, reverendos ou suas reverências (ou seja, que devem ser reverenciados), “Dom” (abreviatura do Domini, os senhores com os seus domínios)… Uns e outras são uma negação absoluta de princípios do Evangelho no qual a Igreja se funda: “Não vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é Cristo.” (Mateus 23, 10); “Reconheço que Deus não faz acepção de pessoas” (Actos dos Apóstolos 10, 34).
Ainda mais, o cardinalato é uma instituição que vem dos séculos XI/XII. O próprio nome de consistório tem origem na antiga Roma: era “o conselho privado do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos”, como se explica na página do Pontifício Instituto Superior de Direito Canónico, do Rio de Janeiro (Brasil)."
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
CATEQUESE DIFERENTE = AUTÊNTICA - “SÊ A MUDANÇA QUE QUERES
A catequese continua a ser para a maioria dos encarregados de educação e catequizandos uma “escola/escala de sacramentos”: levar os filhos à catequese para fazer a primeira comunhão ou a comunhão solene e obrigá-los a continuar até ao 10º ano para fazer o Crisma, senão “não podem ser padrinhos”.
Quando procuram os catequistas não é (tanto) para conversar sobre o crescimento espiritual e humano dos seus, dialogar sobre o seu crescimento (maturidade humana e espiritual) e a sua condição de discípulos/cristãos (seguidores/imitadores de Cristo), mas para saber a data da festa (“temos de mandar convites”) e como deve ser (roupa, lugar, intervenientes). Passado o dia, passou a romaria: fezadas e festinhas.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – são os primeiros a reclamar e a fazer a vida negra aos catequistas se o horário ou o lugar da catequese não lhes convém: “não temos tempo”, “não vamos andar sempre a correr para a igreja”, “no meu tempo não era assim”, “quem me paga o gasóleo?”. Os mesmos pais que, pródigos de (in)coerência, não regateiam esforços e fazem semanalmente dezenas de quilómetros para levarem os filhos ao futebol, à música ou, pasme-se, à discoteca, aniversários dos amigos e convívios de várias ordens…
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – exigem uma mudança na Igreja, mas não querem participar na Eucaristia dominical (mesa/refeição da família cristã) e levar os filhos consigo: “não posso obrigá-lo”; “ao fim de semana precisa descansar”; “aproveito para dar um passeio com eles”; “vão quando lhes apetecer”; “a Missa é para as beatas”.
Estes pais que seriam, porventura, bons educadores pelo exemplo e verdade, não têm problemas em mentir ao padre e aos catequistas (ou arranjar desculpas falsas) afiançadas e assinadas, sem pejo, pelos próprios filhos. A verdade usa-se como adereço, a pôr de parte quando não serve ou não dá jeito aos interesses próprios.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – reivindicam mudança, mas não têm tempo (vontade, disponibilidade, generosidade) para colaborar como catequistas, leitores, coralistas, visitadores ou membros de grupos de formação e evangelização. No entanto, são os mesmos que semanalmente levam o/a menino/a ao futebol (“ronaldite” aguda e sistémica) e ficam por lá horas a fio a pressionar e insultar treinadores, árbitros, colegas, entre outros.
Estes pais – primeiros educadores dos filhos – sem tempo/vontade para colaborar na catequese ou qualquer “serviço paroquial”, não se coíbem de exigir a catequese para os filhos, à hora e dia que lhes convém, fazendo dos catequistas escravos dos seus interesses e caprichos, esquecendo (talvez por míngua de caridade e/ou educação/respeito) que a maioria deles são pais e mães, têm emprego e encargos familiares e ainda têm de gramar com exigências e malcriadez de quem não contribui absolutamente para nada.
Em vez de bramir por mudança nos outros, não seria oportuno pensar em mudança pessoal? Converte-te a ti mesmo para que os outros acreditem em ti! Não seria evangélico arrastar os outros pelo exemplo e sinais claros de mudança pessoal e familiar? Se a sabedoria do povo diz (e bem) que “pimenta no rabo dos outros é refresco”, Ghandi também pedia para “sermos a mudança que queremos ver no mundo”. Da minha parte, tenho pensado e cada vez levado mais a sério: “quem não estiver bem que se mude”… Ou seria evangélico mudar (adulterar ou onerar a minha consciência/fidelidade) para agradar a interesses meramente pessoais e alinhar em trejeitos puramente mundanos?
P. António Magalhães Sousa, aqui
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
Nada disto interessa!
Os cristãos perseguidos, torturados e mortos por toda a África, Nicarágua, etc., não interessam à comunicação social.
Nigéria: Seminarista morre queimado após ataque a paróquia católica
Fundação AIS denuncia onda de violência no país africano
Na’aman Ngofe Danlami, seminarista nigeriano, morreu queimado na sequência de um ataque a uma paróquia na Diocese de Kafanchan, informou a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
A organização católica considera que a Igreja “está a ser alvo de constantes ataques e agressões” no país africano.
Na’aman Ngofe Danlami, de 27 anos, morreu quando “bandidos fulani atacaram e incendiaram a reitoria da paróquia de São Rafael, na Diocese de Kafanchan”, cerca de 160 quilómetros a leste da capital nigeriana.
“Quando falharam a tentativa de entrar na casa do padre, deitaram-lhe fogo. Os dois sacerdotes conseguiram escapar, mas, terrivelmente, o seminarista foi devorado pelas chamas”, relata o bispo de Kafanchan, D. Julius Kundi.
O responsável católico questiona a falta de resposta “por parte das forças militares”.
“Os cidadãos nigerianos estão desprotegidos”, lamenta.
Agência Ecclesia
terça-feira, 5 de setembro de 2023
Agrados e desagrados do momento
Apesar da carestia em geral, apesar dos preços nos restaurantes serem chocantes, estes espaços estavam sempre cheios, obrigando sempre a marcação prévia. E não venham com a história dos estrangeiros... Era claro que a maioria dos frequentadores eram portugueses. A desigualdade de ordenados em Portugal é ofensiva e permite estas situações.
terça-feira, 15 de agosto de 2023
As Jornadas Mundiais da Juventude - Uma desilusão
Recomendo ao Santo Padre que devolva aos jovens o seu natural desejo de melhorar o mundo com paus e pedras nas mãos e diga-lhes que só quer ver Seul a arder.
Desde o Maio de 68 que a juventude que os intelectuais admiram está empenhada em salvar o mundo, ou melhorar o mundo, ou transformar o mundo, ou então, se nada disso for possível, pegar fogo ao mundo. Para tal, vai para as ruas protestar contra alguma coisa, partir montras, incendiar carros e apedrejar a polícia. Essa alguma coisa é, na verdade, o Capitalismo e as suas ramificações: o colonialismo, o racismo, a discriminação sexual, o aquecimento global, os direitos dos animais, os bifes, e a violência policial. O protesto pacífico à moda de Gandhi há muito que passou de moda. O mais pacífico que os jovens conseguem é vandalizar obras de arte ou mostrar as mamas. Ou, então, ir para a rua culpar o Capitalismo pelas alterações climáticas, sendo eles próprios os principais consumidores que financiam esse mesmo sistema. Também o sonho de Luther King de a cor da pele desaparecer e todos os seres humanos serem iguais passou de moda. Pior ainda, tornou-se uma ideia racista. A guerra racial e o juste de contas histórico é que são modernos e recomendáveis.
Portanto, a juventude que os intelectuais admiram protesta, culpa os outros, é violenta, e, não raras vezes, faz figuras tristes.
É por isso mesmo que estas Jornadas Mundiais da Juventude foram uma profunda desilusão. O início até parecia prometedor: um grupo de jovens egípcios desatou à porrada num bar; os herdeiros de Torquemada invadiram uma missa LGBTQIA+ com zurros em latim; havia uma mistura potencialmente explosiva de religiões diferentes; e havia freiras à solta. Demais, alguns daqueles jovens tinham mesmo cara de quem gosta de se meter nos copos e armar desacatos. E algumas meninas até tinham belos seios católicos, decerto virginais, para mostrar ao mundo. Mas, infelizmente, nada disso aconteceu: nem cabeças rachadas, nem mamas ao léu, naturalmente a apontar para o céu.
Onde estavam os jovens de todas as religiões a lutarem entre si? Onde estavam os jovens com cartazes contra as injustiças sociais, contras as alterações climáticas, contra a falta de habitação e as rendas altas? Onde estavam os esvaziadores de pneus? Aqueles que idolatram ditaduras? As boinas Guevara e os lenços árabes? As ambulâncias e os carros da polícia? Em suma, onde estavam os jovens a protestar contra o Capitalismo, o Patriarcado e a Bruxa Má do Oeste? Nem um cocktail de água benta se viu.
E onde estavam os bêbedos e os drogados? Os grafitis e as borratadas? Valha-me Deus, que desilusão. Ao menos, podiam grafitar um peixinho e uma pombinha na peruca do Marquês de Pombal.
Além disso, e a santa Greta? Porque não apareceu para tentar corrigir este desvio de uma juventude pacífica que substituiu o amor pelo ódio?
Foi por isso que os intelectuais se enfureceram tanto. Porque esta aberração dos jovens pacíficos que substituíram a religião moderna das guerras culturais pelas religiões antigas nunca deveria ter acontecido. Os intelectuais sabiam que aquele milhão de jovens que não protestou contra nada, que não partiu montras nem atirou pedras à polícia, que não deixou as ruas cheias de lixo só poderia ter sido vítima de uma lavagem ao cérebro com fins políticos. O Vaticano, a CIA, o Grande Capital e algumas tascas de bifes estão por detrás disto.
Por isso, recomendo ao Santo Padre que da próxima vez que organizar as Jornadas Mundiais da Juventude planifique a coisa como deve ser. Peça ajuda à Greta, aos mentores das guerras raciais, às feministas radicais, aos atacantes de obras de arte e, mais que tudo, aos intelectuais que admiram Cuba e a Venezuela, a Lula da Silva, assim como a todos os que consideram que foi a Ucrânia quem começou a guerra contra a Rússia. Apesar da sua extraordinária capacidade para escutar, ao Santo Padre não lhe será fácil ouvir este charivari de intolerância, ódio e charlatanice. Mas, com a ajuda do Espírito Santo e alguns ansiolíticos, lá conseguirá aguentar.
Por fim, bem aconselhado, devolva aos jovens o seu natural desejo de melhorar o mundo com paus e pedras nas mãos e diga-lhes que só quer ver Seul a arder.
Os intelectuais ficarão então satisfeitos e considerá-lo-ão um Papa moderno, defensor dos oprimidos e amigo do planeta.
Se este elogio lhe vai agradar ou envergonhar, isso só Deus sabe.
João Cerqueira, aqui