terça-feira, 31 de dezembro de 2019

FELIZ 2020, AMIGOS!

Ano novo, vida nova.
Mas a mudança só é possível se começar
dentro do coração de cada um…

domingo, 29 de dezembro de 2019

Não nos deixemos catalogar...

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Não se debatem ideias. Catalogam-se pessoas de acordo com o que está em voga, com o politica, social e comunicacionalmente correto. Não se debatem ideias, cataloga-se o mensageiro.
Pessoas manifestam-se a contra o aborto e a eutanásia? São da extrema-direita.
Para mim, a vida humana é sagrada desde a conceção até à morte natural. Vida humana. Sagrada. No ventre materno, bebé, criança, adolescente, jovem, adulto, velhinho, doente…
Se defender a vida, toda a vida, é ser da extrema-direita, então eu sou.
Se lutar pela dignidade do trabalho, por ordenados justos, por melhores condições laborais é ser comunista, então eu sou.
Se lutar por uma Banca ao serviço da comunidade, transparente, controlada, sem fugas nem corrupção,  com banqueiros a prestar contas do seu exercício, respondendo  perante a justiça quando for o caso e repondo o que retiraram é ser bloquista, então sou sou.
Se lutar pela integração humana e social de todos, sem racismos, pela igual dignidade de todos os cidadãos é ser do Livre, então eu sou.
Se lutar para  pura uma sociedade não estatizada, onde a iniciativa privada tenha lugar, onde os cidadãos possam livremente criar, investir, dar o seu contributo à sociedade é ser do CDS,  então eu sou.
Se lutar pelo direito de escolha quanto à educação dos filhos e à saúde, sem imposição do Estado, mas pela  livre opção de cada cidadão é ser do PSD, então eu sou.
Se defender os animais e a natureza, lutando contra a carbonização e a favor de um meio-ambiente despoluído é ser do PAN, então sou.
Se exigir uma sociedade segura, onde ladrões, criminosos, vigaristas e parasitas prestem contas a sério com a justiça é ser do Chega, então eu sou.
Se defender que, numa sociedade democrática e plural, o trabalho tem primazia sobre o capital é ser do PS, então eu sou.


Nenhum partido me esgota, nenhuma catalogação me apouca. Até porque catalogar pode ser uma forma de calar, de intimidar.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Messenger - Evite a tentação de transmitir mensagens formatadas e repletas de lugares-comuns.

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MESSENGER DO FACEBOOK  … WHATSAPP … Outros
- Ele são gifs
- Ele são vídeos
- Ele são mensagens estereotipadas
- Ele são imagens mil vezes repetidas
- Ele são conteúdos pejados de lugares-comuns…
TUDO isto  se sucede e repete impiedosamente  no  Messenger que se vê invadido, matraquilhado, assaltado.
 
Uma sucessão interminável de mensagens iguais. Estilo, recebo e mando para o outro, mesmo que o outro receba  a mesma mensagens 500 vezes… Parece uma fábrica de laboração contínua!
 
- Zero pessoalidade (ou perto)
- Zero  mensagens pessoais
- Zero atenção à pessoa a quem é enviada a mensagem
 
Hoje tudo tende a ser formatado e o Natal é uma das maiores «vítimas» desta formatação pejada de lugares-comuns.
  
Há um gif, um vídeo, uma imagem, uma mensagem que gostava de partilhar com os outros?
É fácil. Coloque na sua página do facebook e assim toda a gente pode ver...
Invadir o messenger  do outro com coisas estereotipadas é falta de respeito para com esse outro.
 
Use o messenger para.
- Tratar de assuntos que tenham a ver com a pessoa a quem o messenger pertence
- Comunicar pessoalmente com a pessoa
- Ser uma forma bonita de proximidade, amizade, presença
 
EVITE SEMPRE a tentação de transmitir pelo messenger mensagens formatadas e repletas de lugares-comuns.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

“Não há festa nem festança a que não vá a dona Constança”

"Já nem posso ouvir falar em "ceias de Natal!" - dizia  uma pessoa minha amiga.
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Há pessoas que têm quase todos os dias "almoços de Natal" e "ceias de Natal".
Há pessoas que, no mesmo dia "passam por duas ou mais "ceias de Natal"...
Não há instituição, grupo, empresa, associação que não faça a sua "ceia de Natal".
E se a isto somarmos actuações, músicas, peças de teatro, concertos, exibições,... Então a panóplia é  basta.
CLARO, TUDO ISTO ANTES DO NATAL. Trocam-se os tempos, antecipam-se os tempos. Para não estarmos em tempo nenhum.


Por que razão há-de ser tudo nesta altura? Por que razão não se distribuem as festas e os convívios pelo ano fora? Será que o ano só tem o mês de dezembro!?
Começa a haver, felizmente, empresas e instituições que vão nesta linha. Poucas, mas começam a existir.
Um empresário amigo dizia que na sua empresa a festa/convívio havia sido deslocada desta época para outra altura do ano.
Na Paróquia de Tarouca, a festa da Catequese há muito que foi deslocada da época natalícia.


Gosto do convívio. A festa faz parte da vida. Mas nesta altura só vou mesmo àquelas em que tenho de estar. Não só por falta de tempo, mas também por saturação.
Penso que nada haveria de tirar a magia que a Consoada possui. Com tantas "ceias de Natal", a Consoada  acaba por ser mais uma...

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CONCURSO MONTRAS DE NATAL - VOTE NA SUA PREFERIDA


Nenhuma descrição de foto disponível.
Até 6 de janeiro pode eleger a sua montra favorita, colocando gosto na foto com a sua decoração preferida. Tarouca é Natal com o Comércio Tradicional! 

Pelo envolvimento nas redes sociais, percebe-se que esta iniciativa tem recebido bom acolhimento, não só do comércio tradicional como dos cidadãos.
Aplicando o provérbio inglês “charity begins at home”, podemos inferir que ajudar o comércio tradicional local é não só um acto de são bairrismo como uma maneira de fazer com que o nosso dinheiro fique entre nós em vez de o despejar nas grandes superfícies com partida garantida para outros locais. Também é desta maneira que se colabora com o desenvolvimento regional.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Então que decresçam os natais para que cresça o NATAl!



Ele são peditórios de todo o lado e pelas mais diversas formas... telefone, email, carta, redes sociais, à porta...
Ele são as famosas  ceias de Natal por todo o lado, associação, grupo, empresa...
Ele são todo o tipo de corridas por tudo o que é sítio...
Ele são as agressividades do comércio que não olha a meios para "dourar a pílula"...
Ele são as prendas como obsessão da época…
Ele são as iluminações públicas e das montras…
Ele são os preparativos obsessivos para a Consoada e a passagem de ano...
Azáfama... corre-corre...efervescência….Tanto que em outubro já se fala de Natal como se não houvesse outras etapas a percorrer.

O Advento resume-se a viver antecipadamente o Natal…

O presépio foi chutado para canto ou remetido a mero objeto de adorno…
As referências bíblicas ao nascimento de Jesus ficam esquecidas na gaveta.
A contemplação do Deus da Paz que se faz Menino não tem espaço no coração da correria.
A solidariedade como um natal de todos os dias é despejada nesta altura como quem alivia a consciência.
As pessoas deixam-se escravizar por uma propaganda comercial sem escrúpulos que as conduz ao que pretende.
A sensação do momento, o êxtase do ter e do gozar encharcam o natal de muita gente. A tal ponte que o pai ou a mãe ficam no Lar para não estorvar o clima lá em casa.
A noite de passagem de ano baila com ímpeto no coração e na cabeça de muitos. Vale tudo. Importa a extravagância, a nova sensação, o diferente, o excesso.
O Deus do Natal  serve só de ocasião para natais pagãos.


Enquanto assim for, continuaremos alienados e a leste do essencial, do verdadeiramente humano, do que realmente importa, do que é importante que permaneça.
Precisamos de voltar a aprender a ler e a escutar um Deus que nos fala e Se nos mostra a partir de uma manjedoura.
Urge a simplicidade, a riqueza de afetos, o estreitar dos laços familiares, a disponibilidade para os outros.
Importa fazer da revolução do Natal o convite permanente à desinstalação, ao compromisso com a vida e com a pessoa humana.


É desafiante a paz do Presépio e que ela encharque corações, famílias e povos.
Natal não é lirismo ou “consolo de alma”. É compromisso com a vida e com a transformação das estruturas, rumo a um mundo mais justo, mais transparente, mais solidário.
Então que decresçam os natais para que cresça o NATAl!

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2020


“A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”
O Vaticano publicou neste dia 12 de dezembro a mensagem do Papa Francisco por ocasião do Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1º de janeiro de 2020, com o tema “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”.
Na mensagem, o Santo Padre afirmou que “a fratura entre os membros de uma sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa de empregar os meios para um desenvolvimento humano integral colocam em perigo a prossecução do bem comum. Inversamente, o trabalho paciente, baseado na força da palavra e da verdade, pode despertar nas pessoas a capacidade de compaixão e solidariedade criativa”.
A seguir, o texto completo da mensagem do Papa Francisco:
1. A paz, caminho de esperança face aos obstáculos e provações
A paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a humanidade. Depor esperança na paz é um comportamento humano que alberga uma tal tensão existencial, que o momento presente, às vezes até custoso, «pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros dessa meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho»[1]. Assim, a esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis.
A nossa comunidade humana traz, na memória e na carne, os sinais das guerras e conflitos que têm vindo a suceder-se, com crescente capacidade destruidora, afetando especialmente os mais pobres e frágeis. Há nações inteiras que não conseguem libertar-se das cadeias de exploração e corrupção que alimentam ódios e violências. A muitos homens e mulheres, crianças e idosos, ainda hoje se nega a dignidade, a integridade física, a liberdade – incluindo a liberdade religiosa –, a solidariedade comunitária, a esperança no futuro. Inúmeras vítimas inocentes carregam sobre si o tormento da humilhação e da exclusão, do luto e da injustiça, se não mesmo os traumas resultantes da opressão sistemática contra o seu povo e os seus entes queridos.
As terríveis provações dos conflitos civis e dos conflitos internacionais, agravadas muitas vezes por violências desalmadas, marcam prolongadamente o corpo e a alma da humanidade. Na realidade, toda a guerra se revela um fratricídio que destrói o próprio projeto de fraternidade, inscrito na vocação da família humana.
Sabemos que, muitas vezes, a guerra começa pelo facto de não se suportar a diversidade do outro, que fomenta o desejo de posse e a vontade de domínio. Nasce, no coração do homem, a partir do egoísmo e do orgulho, do ódio que induz a destruir, a dar uma imagem negativa do outro, a excluí-lo e cancelá-lo. A guerra nutre-se com a perversão das relações, com as ambições hegemónicas, os abusos de poder, com o medo do outro e a diferença vista como obstáculo; e simultaneamente alimenta tudo isso.
Como fiz notar durante a recente viagem ao Japão, é paradoxal que «o nosso mundo viva a dicotomia perversa de querer defender e garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança, que acaba por envenenar as relações entre os povos e impedir a possibilidade de qualquer diálogo. A paz e a estabilidade internacional são incompatíveis com qualquer tentativa de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação total. São possíveis só a partir duma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço dum futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira de hoje e de amanhã»[2].
Toda a situação de ameaça alimenta a desconfiança e a retirada para dentro da própria condição. Desconfiança e medo aumentam a fragilidade das relações e o risco de violência, num círculo vicioso que nunca poderá levar a uma relação de paz. Neste sentido, a própria dissuasão nuclear só pode criar uma segurança ilusória.
Por isso, não podemos pretender manter a estabilidade no mundo através do medo da aniquilação, num equilíbrio muito instável, pendente sobre o abismo nuclear e fechado dentro dos muros da indiferença, onde se tomam decisões socioeconómicas que abrem a estrada para os dramas do descarte do homem e da criação, em vez de nos guardarmos uns aos outros[3]. Então como construir um caminho de paz e mútuo reconhecimento? Como romper a lógica morbosa da ameaça e do medo? Como quebrar a dinâmica de desconfiança atualmente prevalecente?
Devemos procurar uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua. O desejo de paz está profundamente inscrito no coração do homem e não devemos resignar-nos com nada de menos.
2. A paz, caminho de escuta baseado na memória, solidariedade e fraternidade
Os sobreviventes aos bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki – denominados os hibakusha – contam-se entre aqueles que, hoje, mantêm viva a chama da consciência coletiva, testemunhando às sucessivas gerações o horror daquilo que aconteceu em agosto de 1945 e os sofrimentos indescritíveis que se seguiram até aos dias de hoje. Assim, o seu testemunho aviva e preserva a memória das vítimas, para que a consciência humana se torne cada vez mais forte contra toda a vontade de domínio e destruição. «Não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, aquela memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno»[4].
Como eles, há muitos, em todas as partes do mundo, que oferecem às gerações futuras o serviço imprescindível da memória, que deve ser preservada não apenas para evitar que se voltem a cometer os mesmos erros ou se reproponham os esquemas ilusórios do passado, mas também para que a memória, fruto da experiência, constitua a raiz e sugira a vereda para as opções de paz presentes e futuras.
Mais ainda, a memória é o horizonte da esperança: muitas vezes, na escuridão das guerras e dos conflitos, a lembrança mesmo dum pequeno gesto de solidariedade recebida pode inspirar opções corajosas e até heroicas, pode colocar em movimento novas energias e reacender nova esperança nos indivíduos e nas comunidades.
Abrir e traçar um caminho de paz é um desafio muito complexo, pois os interesses em jogo, nas relações entre pessoas, comunidades e nações, são múltiplos e contraditórios. É preciso, antes de mais nada, fazer apelo à consciência moral e à vontade pessoal e política. Com efeito, a paz alcança-se no mais fundo do coração humano, e a vontade política deve ser incessantemente revigorada para abrir novos processos que reconciliem e unam pessoas e comunidades.
O mundo não precisa de palavras vazias, mas de testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões nem manipulações. De facto, só se pode chegar verdadeiramente à paz quando houver um convicto diálogo de homens e mulheres que buscam a verdade mais além das ideologias e das diferentes opiniões. A paz é uma construção que «deve estar constantemente a ser edificada»[5], um caminho que percorremos juntos procurando sempre o bem comum e comprometendo-nos a manter a palavra dada e a respeitar o direito. Na escuta mútua, podem crescer também o conhecimento e a estima do outro, até ao ponto de reconhecer no inimigo o rosto dum irmão.
Por conseguinte, o processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória das vítimas e abre, passo a passo, para uma esperança comum, mais forte que a vingança. Num Estado de direito, a democracia pode ser um paradigma significativo deste processo, se estiver baseada na justiça e no compromisso de tutelar os direitos de cada um, especialmente se vulnerável ou marginalizado, na busca contínua da verdade[6]. Trata-se duma construção social em contínua elaboração, para a qual cada um presta responsavelmente a própria contribuição, a todos os níveis da comunidade local, nacional e mundial.
Como assinalava o Papa São Paulo VI, «a dupla aspiração – à igualdade e à participação – procura promover um tipo de sociedade democrática. (...). Isto, de per si, já diz bem qual a importância de uma educação para a vida em sociedade, em que, para além da informação sobre os direitos de cada um, seja recordado também o seu necessário correlativo: o reconhecimento dos deveres de cada um em relação aos outros. O sentido e a prática do dever são, por sua vez, condicionados pelo domínio de si mesmo, pela aceitação das responsabilidades e das limitações impostas ao exercício da liberdade do indivíduo ou do grupo»[7].
Pelo contrário, a fratura entre os membros duma sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa de empregar os meios para um desenvolvimento humano integral colocam em perigo a prossecução do bem comum. Inversamente, o trabalho paciente, baseado na força da palavra e da verdade, pode despertar nas pessoas a capacidade de compaixão e solidariedade criativa.
Na nossa experiência cristã, fazemos constantemente memória de Cristo, que deu a sua vida pela nossa reconciliação (cf. Rm 5, 6-11). A Igreja participa plenamente na busca duma ordem justa, continuando a servir o bem comum e a alimentar a esperança da paz, através da transmissão dos valores cristãos, do ensinamento moral e das obras sociais e educacionais.
3. A paz, caminho de reconciliação na comunhão fraterna
A Bíblia, particularmente através da palavra dos profetas, chama as consciências e os povos à aliança de Deus com a humanidade. Trata-se de abandonar o desejo de dominar os outros e aprender a olhar-se mutuamente como pessoas, como filhos de Deus, como irmãos. O outro nunca há de ser circunscrito àquilo que pôde ter dito ou feito, mas deve ser considerado pela promessa que traz em si mesmo. Somente escolhendo a senda do respeito é que será possível romper a espiral da vingança e empreender o caminho da esperança.
Guia-nos a passagem do Evangelho que reproduz o seguinte diálogo entre Pedro e Jesus: «“Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”» (Mt 18, 21-22). Este caminho de reconciliação convida-nos a encontrar no mais fundo do nosso coração a força do perdão e a capacidade de nos reconhecermos como irmãos e irmãs. Aprender a viver no perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de paz.
O que é verdade em relação à paz na esfera social, é verdadeiro também no campo político e económico, pois a questão da paz permeia todas as dimensões da vida comunitária: nunca haverá paz verdadeira, se não formos capazes de construir um sistema económico mais justo. Como escreveu Bento XVI, «a vitória sobre o subdesenvolvimento exige que se atue não só sobre a melhoria das transações fundadas sobre o intercâmbio, nem apenas sobre as transferências das estruturas assistenciais de natureza pública, mas sobretudo sobre a progressiva abertura, em contexto mundial, para formas de atividade económica caraterizadas por quotas de gratuidade e de comunhão»[8].
4. A paz, caminho de conversão ecológica
«Se às vezes uma má compreensão dos nossos princípios nos levou a justificar o abuso da natureza, ou o domínio despótico do ser humano sobre a criação, ou as guerras, a injustiça e a violência, nós, crentes, podemos reconhecer que então fomos infiéis ao tesouro de sabedoria que devíamos guardar»[9].
Vendo as consequências da nossa hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais – considerados como instrumentos úteis apenas para o lucro de hoje, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza –, precisamos duma conversão ecológica.
O Sínodo recente sobre a Amazónia impele-nos a dirigir, de forma renovada, o apelo em prol duma relação pacífica entre as comunidades e a terra, entre o presente e a memória, entre as experiências e as esperanças.
Este caminho de reconciliação inclui também escuta e contemplação do mundo que nos foi dado por Deus, para fazermos dele a nossa casa comum. De facto, os recursos naturais, as numerosas formas de vida e a própria Terra foram-nos confiados para ser «cultivados e guardados» (cf. Gn 2, 15) também para as gerações futuras, com a participação responsável e diligente de cada um. Além disso, temos necessidade duma mudança nas convicções e na perspectiva, que nos abra mais ao encontro com o outro e à recepção do dom da criação, que reflete a beleza e a sabedoria do seu Artífice.
De modo particular brotam daqui motivações profundas e um novo modo de habitar na casa comum, de convivermos uns e outros com as próprias diversidades, de celebrar e respeitar a vida recebida e partilhada, de nos preocuparmos com condições e modelos de sociedade que favoreçam o desabrochar e a permanência da vida no futuro, de desenvolver o bem comum de toda a família humana.
Por conseguinte a conversão ecológica, a que apelamos, leva-nos a uma nova perspectiva sobre a vida, considerando a generosidade do Criador que nos deu a Terra e nos chama à jubilosa sobriedade da partilha. Esta conversão deve ser entendida de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos com as nossas irmãs e irmãos, com os outros seres vivos, com a criação na sua riquíssima variedade, com o Criador que é origem de toda a vida. Para o cristão, uma tal conversão exige «deixar emergir, nas relações com o mundo que o rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus»[10].
5. Obtém-se tanto quanto se espera[11]
O caminho da reconciliação requer paciência e confiança. Não se obtém a paz, se não a esperamos.
Trata-se, antes de mais nada, de acreditar na possibilidade da paz, de crer que o outro tem a mesma necessidade de paz que nós. Nisto, pode-nos inspirar o amor de Deus por cada um de nós, amor libertador, ilimitado, gratuito, incansável.
O medo é, frequentemente, fonte de conflito. Por isso, é importante ir além dos nossos temores humanos, reconhecendo-nos filhos necessitados diante d’Aquele que nos ama e espera por nós, como o Pai do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-24). A cultura do encontro entre irmãos e irmãs rompe com a cultura da ameaça. Torna cada encontro uma possibilidade e um dom do amor generoso de Deus. Faz-nos de guia para ultrapassarmos os limites dos nossos horizontes estreitos, procurando sempre viver a fraternidade universal, como filhos do único Pai celeste.
Para os discípulos de Cristo, este caminho é apoiado também pelo sacramento da Reconciliação, concedido pelo Senhor para a remissão dos pecados dos batizados. Este sacramento da Igreja, que renova as pessoas e as comunidades, convida a manter o olhar fixo em Jesus, que reconciliou «todas as coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as que estão na terra como as que estão no céu» (Col 1, 20); e pede para depor toda a violência nos pensamentos, nas palavras e nas obras quer para com o próximo quer para com a criação.
A graça de Deus Pai oferece-se como amor sem condições. Recebido o seu perdão, em Cristo, podemos colocar-nos a caminho para ir oferecê-lo aos homens e mulheres do nosso tempo. Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz.
Que o Deus da paz nos abençoe e venha em nossa ajuda.
Que Maria, Mãe do Príncipe da paz e Mãe de todos os povos da terra, nos acompanhe e apoie, passo a passo, no caminho da reconciliação.
E que toda a pessoa que vem a este mundo possa conhecer uma existência de paz e desenvolver plenamente a promessa de amor e vida que traz em si.
Vaticano, 8 de dezembro de 2019.
Franciscus

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Grato a um mestre e amigo


Teve lugar neste último domingo, na Igreja Matriz de Tarouca, o lançamento do livro "SIMÃO PEDRO, Testemunho e memória do discípulo de Jesus Cristo", da autoria de Monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso. Apresentou a Obra D. António Couto, Bispo de Lamego.
Década de setenta do século passado. O Concílio Vaticano II, que  terminara em meados da década de sessenta, trouxera uma verdadeira tempestade, bela e transformadora, não só à Igreja mas também ao mundo. O "Maio de 68" estava muito presente ainda. O 25 de Abril, lufada de ar fresco numa sociedade  a tresandar  de ranço.
Claro que foi na juventude, por definição, que todas estas realidades encontravam maior eco. Os jovens seminaristas do meu tempo não deixavam de ser jovens do seu tempo.
Foi neste contexto que chegou ao Seminário o P.e Dr. Arnaldo Cardoso, vindo de Roma onde fizera estudos especializados em Sagrada Escritura. Então um jovem sacerdote.
Para mim, este professor foi um autêntico mestre. E se perguntassem à maioria dos alunos, terminado o curso, em que área gostariam de se especializar, não duvido que a resposta seria: "Sagrada Escritura."
Mas a acção do Dr. Arnaldo foi muito mais além. Em cada sábado, pegava nos alunos mais velhos e reunia com eles para a preparação da liturgia de domingo. Nesse encontro era, claro, dada especial ênfase à homilia.  Nos encontros bíblicos semanais que realizava na cidade, levava consigo seminaristas para estarem junto dos leigos, aprenderem com eles, partilharem. Nos grandes encontros realizados na Casa de S. José, abertos às pessoas de toda a diocese, lá estavam seminaristas para animar, escutar, aprender, colaborar.
Muitas vezes presidiu à Eucaristia para alunos mais velhos. Também aí era diferente, porque a homilia baseava-se muito na explicação bíblica contextualizada e na aplicação da Palavra à nossa vida (segundo a ideia de Paulo VI: Bíblia numa mão e jornal na outra…).
Lançou com serenidade, persistência e determinação o Secretariado Diocesano da Juventude. Deu grande ênfase ao Dia Diocesano onde a comunidade diocesano se abria  à missão dos leigos na Igreja, numa colaboração com o Bispo de então.
Não esqueço uma cadeira que ele lecionou, Eclesiologia. O que eu aprendi e como gostei!
Pouquinho tempo depois de eu ter terminado o curso, o Dr. Arnaldo partiu para a Alemanha para fazer o seu doutoramento, seguindo depois o seu percurso de serviço à Igreja em Lisboa e na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé. Vivendo presentemente em Lisboa, vai continuando também a escrever livros, o último dos quais indicado acima.
Enquanto estive na equipa de Mondim, o Dr. Arnaldo apareci nas férias de Verão para uma visita, pois os três o estimávamos muito. Amigos mesmo.
Porque a vida é o que é, há muito, muito tempo que não o via. De tal modo que, quando ele me contactou para lançar o seu último livro em Tarouca, apesar das muitas ocupações e preocupações, não hesitei em aderir. Fundamentalmente e antes de tudo, era uma forma prática de expressar a minha gratidão para com o mestre e o amigo.
Não deu para estarmos muito tempo a conversar, mas deu para nos vermos. Só isso foi muito bom.
Com a ajuda e a colaboração amiga de leigos desta comunidade, sinto que foi um belo momento cultural que foi proporcionado a quem quis estar presente. Gostei.
Obrigado por tudo, Mons. Arnaldo!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Atinos e desatinos deste tempo

Há tanta gente que não guarda nenhum jejum antes de comungar.
Há tanta gente que vai comungar em pecado grave.
Há tanta gente que nunca se confessa mas aparece para comungar.
Há tanta gente que vai comungar só porque os outros também comungam.
Há tanta gente que muito raramente vai à Missa dominical mas quando aparece vai logo comungar.
Há tanta gente que vai comungar sem saber o que vai comungar.
Sem perceber que é Deus que entra em nós para entrar em comunhão connosco.
As quatro condições necessárias para aceder com frequência e fruto à Sagrada Comunhão são: 1) estar em estado de graça; 2) ter uma intenção reta e piedosa; 3) não estar apegado ao pecado, no sentido de ter o propósito de não mais pecar no futuro; e 4) preparar-se antes e dar graças depois.




quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

"Tenho uma profunda admiração por Malala, tenho uma enorme preocupação com Greta"

Tenho evitado comentar sobre Greta, por ser uma jovem, com claros problemas de saúde, mas que parece bem intencionada. Antes de tudo, a batalha contra as alterações climáticas é o combate das nossas vidas. Não há dúvidas sobre isto. É bom o ativismo nos mais jovens, mas há diferentes tipos de ativismo e sem dúvidas, uns são melhores do que outros. Nesse sentido, Malala e Greta são os opostos uma da outra. Enquanto Malala defende que todo o ser humano independentemente da sua origem, raça ou religião tem o direito ao conhecimento e a estudar, Greta começa a sua ação por prescindir da sua própria educação.
Malala tem sido uma agente ativa na emancipação da Mulher no Paquistão, Greta tem insistido numa guerra geracional e incentivado milhares de jovens a manifestarem-se, onde muitas vezes resultam desacatos com as autoridades.
Enquanto Malala aponta a educação como a maior arma ao combate do terrorismo, Greta queixa-se que apesar de todo o barulho que tem feito, os líderes mundiais não a ouvem.
Greta apela ao pânico, Malala apela à razão.
Malala foi aceite em Oxford, onde foi estudar para um dia seguir uma carreira política no Paquistão e fazer a diferença. Greta anda há vários meses a faltar às aulas, ao abrigo de uma agenda pouco clara e de interesses económicos que a instrumentalizaram.
É uma diferença gigantesca. Tenho uma profunda admiração por Malala, tenho uma enorme preocupação com Greta.

José Maria Matias, Facebook

domingo, 1 de dezembro de 2019

Pároco de Tarouca e Administrador Paroquial de Almofala

Por Provisão do senhor Bispo de Lamego, de 27 de novembro de 2019, o Pároco da Paróquia de S. Pedro de Tarouca foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia do Divino Espírito Santo de Almofala (Almofala e Bustelo).
No dia 30 de novembro, teve lugar na Igreja Paroquial de Almofala o Jubileu das Almas.  No início da Eucaristia, foi lida ao povo a referida Provisão, correspondendo a assembleia com uma carinhosa salva de palmas.
Por aquela comunidade paroquial, o agora nomeado Administrador Paroquial tinha passado nos inícios do presente século. Foi um período curto, mas bonito e realizador (recorde-se o restauro da Igreja Paroquial). Ficou a amizade.
Porque nesta altura a diocese não tinha outra possibilidade de resolver a situação daquela comunidade,  então o convidado aceitou. Por uma questão de serviço eclesial. Por uma questão de amizade às pessoas.
A idade vai passando, as várias limitações tornam-se mais evidentes, o trabalho aumenta. Confiamos em Deus, na Sua Graça e graças, nas duas comunidades e no trabalho dos leigos.
Pedimos ao Senhor pelo P.e Matias, Pároco desta Paróquia,  para que, recuperando a saúde, possa voltar ao seu serviço pastoral.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

“Vamos dar tempo ao tempo”

PARAR PARA REFLECTIR
Resultado de imagem para Jorge Jesus ganha a libertadores
Estamos sempre a aprender!... No jogo da Taça dos Libertadores da América Latina, realizado no dia 24 de Novembro de 2019, a equipa de futebol do Flamengo (Rio de Janeiro), liderada pelo treinador português Jorge Jesus, saiu vencedora em Lima (Perú)! Foi uma ‘loucura’ para os adeptos do Flamengo e uma ‘honra’ para os portugueses pelo feito alcançado pelos jogadores do Flamengo com o seu treinador Jorge Jesus e a sua equipa técnica. Foi uma honra para todos nós, portugueses, vermos o Jorge Jesus ‘passear’ com a nossa bandeira nacional, no ambiente da festa!...
Eu assisti a uma grande parte deste evento importante, a nível desportivo mundial. E aproveitei uma grande lição que fica para a história, vinda das palavras que Jorge Jesus proferiu sobre o seu futuro: “Sobre o futuro, Jorge Jesus deixou tudo em aberto: «Estou apaixonado pelo Flamengo, mas a minha vida é esta e as paixões passam com o tempo. Vamos dar tempo ao tempo, como também diz a música da Mariza.»
Reparemos: “A minha vida é esta e as paixões passam com o tempo”... Só o Jorge Jesus é que poderá explicar o verdadeiro sentido desta expressão... Mas também nos é permitido tecer algum comentário a esta grande verdade: “as paixões passam com o tempo”... Expressão ou frase simples, mas muito rica da conteúdo... Fica ao critério de cada um pensar bem na realidade de que as ‘paixões passam com o tempo’... Aprendo a viver com os pés bem assentes na terra e centrar-me mais no que é essencial e perene na minha vida... O resto, tudo passa com o tempo!... E quem não está preparado para esta realidade, pode vir a sofrer desgostos mortíferos!... Aprendamos a viver felizes com o que o dia a dia nos presenteia, preparando o futuro que desconhecemos...
E “vamos dar tempo ao tempo”, disse de seguida o Jorge Jesus. Pois é: a frase também tem muito que se lhe diga, pois não somos nós que damos tempo ao tempo... O tempo ‘encarrega-se’ do tempo presente e futuro... E nós, envolvidos no tempo presente, nem sempre tempo temos para pensar no tempo futuro... Diz o nosso povo, ou o aforismo clássico, que “o tempo a Deus pertence”! Vivamos felizes o momento (tempo presente) pois nisso reside a felicidade! A felicidade, já o disse várias vezes, consiste em vivermos intensamente o momento (tempo presente) ou o ‘hoje’ de que nos fala a Sagrada Escritura!... Assim sendo, aprendamos a ‘contornar’ todas as situações adversas e dolorosas que o tempo nos presenteia!...

João A Bezerra, Facebook

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

STOP, VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

25 de novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
STOP, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!!!
Este ano já morreram mais de 30 mulheres vítimas de violência doméstica.
Esta data serve para alertar a sociedade para os vários casos de violência contra as mulheres, nomeadamente casos de abuso ou assédio sexual, maus tratos físicos e psicológicos.
A violência doméstica contra as mulheres é transversal a todas as condições e a todos os estratos sociais e económicos.
É tempo de não permitirmos mais que este horror continue! Não se cale, denuncie!

sábado, 23 de novembro de 2019

O padrinho do noivo

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Era o padrinho do noivo. Era a pessoa que se encontrava mais perto do noivo na hora da comunhão que distribuí nas duas espécies, a espécie do pão e a espécie do vinho. Eh lá, não mames tudo, disse, que é como dizer ‘não bebas tudo’. Não me recordo se também disse para deixar para os outros. Talvez tivesse dito. É comum a observação. Mas distraí-me nas palavras. Era o padrinho do noivo. Típico padrinho que é apenas um amigo dos copos. Serve bem como testemunha, é certo. Os padrinhos de casamento são apenas testemunhas do casamento. Assinam como testemunhas. Não têm, portanto, senão que testemunhar que o acto aconteceu. Não precisam requisitos especiais. Mas dizer isso no meio da cerimónia de casamento, em voz audível o suficiente para que alguns se deixassem rir, e enquanto o noivo comunga o Sangue do Senhor, é o mesmo que banalizar toda a cerimónia ou transformá-la num acto de aparência e de adorno de festa. Por mais engraçado que tenha sido. Por mais cool que tenha sido. É transformar a comunhão do Senhor, na espécie do vinho, em mais um copo numa noite de copos. É transformar a Última Ceia numa Tainada à boa maneira do norte.
Fonte: aqui

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

SIMÃO PEDRO, Testemunho e memória do discípulo de Jesus Cristo

O presente livro da autoria de Mons. Arnaldo Pinto Cardoso, é, antes de mais, um testemunho, fruto de uma meditação sobre o testemunho de vida do Apóstolo. Ao longo dos vários anos de estadia romana, o “facto de Pedro” impôs-se ao autor quase quotidianamente, sob as mais diversas manifestações: história, arte, religião, cultura, teologia, exegese, liturgia, arqueologia, vida eclesial.


Pelas 15.30h do dia 8 de dezembro de 2019,  este Livro será apresentado ao Público na Igreja Paroquial de Tarouca.
Com a presença do autor, Mons. Arnaldo Cardoso, do Bispo de Lamego, D. António Couto, da Dr.a Zita Seabra e da Editora. Contará também com a atuação do Coro Benedictus.
É um momento cultural do maior interesse.
S. Pedro é uma figura incontornável da nossa fé, da nossa cultura, da nossa identidade.
Venha conhecer melhor o GRANDE APÓSTOLO.
Venha viver um bom momento cultural que o vai fazer sentir-se bem.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Morreu José Mário Branco


Morreu José Mário Branco, uma das vozes maiores da música de intervenção. "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" é um dos seus maiores êxitos.
Tinha 77 anos e era um dos ícones da canção da intervenção no ante e pós 25 de Abril de 1974.
Foi forçado a exilar-se em França em 1963 por força das perseguições que lhe moveu a polícia política, tendo regressado depois da revolução dos cravos.
(Armando Rica)


José Mário Branco, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais, o grande Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros mais…
Músicas que rondaram a minha juventude e a puxaram para o sonho. Mesmo que ideologicamente divergisse deles.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

No encerramento da Semana dos Seminários, celebra-se o III Dia Mundial dos Pobres

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D. Hélder Câmara
D. Manuel Martins
Padre Américo, fundador do Gaiato
Padre Pio de Pietrelcina
Papa João XXIII
Papa Francisco
Padre Aníbal Rebelo Bastos
P.e Daniel Comboni
Etc, etc, etc
Apenas um grupinho entre o infindável número de sacerdotes apaixonados pelos pobres e sofredores. Lute-se sem cessar contra a pobreza e a miséria, mas salve-se sempre o pobre.
Uma homenagem justa e grata a tantos e tantos sacerdotes que fizeram da dignidade humana um lema da vida, lutando por ela onde é especialmente espezinhada: pobres, doentes, marginalizados…
Neste Mês das Almas, é sempre bom recordar a cada homem e a cada mulher: "Desta vida, só levamos o que damos, nunca o que temos."

terça-feira, 12 de novembro de 2019

"Só é feliz quem segue a sua vocação"

Semana dos Seminários. Entrava numa das capelas da paróquia para a celebração da Eucaristia. Num dos bancos vi uma avó ajoelhada diante do sacrário. A seu lado, um netinho ajoelhava também. A mesma postura, a mesma elevação, a mesma serenidade. Encantador.
Hoje os avôs são "louquinhos" pelos netos. Ainda bem.
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Levam-nos à escola, ficam com eles em casa na ausência dos pais, mimam-nos, dão-lhes prendinhas, fazem-lhes as comidas de que gostam, passeiam com eles, brincam, contam histórias… Tudo bonito.
Só que para muitos avós cristãos isso não chega. Falta o melhor. Falta Deus.
Os pais, refugiam-se nos muitos trabalhos. Andam muitas vezes demasiado ocupados com o mundanismo, esquecendo o importante: a educação cristã dos filhos, que passa, em primeiro lugar, pelo testemunho.
É nestas circunstâncias que os avós - pais duas vezes - devem levar muito a sério a educação cristã dos netos, que passa, desde o berço, pela abertura ao transcendente. Pela experiência de admiração e contemplação do divino. Pela oração. Pelo elementar conhecimento da História da Salvação.
Uma avó, que costumava ficar algumas noites com um netinho seu, contou-me que, ao adormecer o pequeno, lhe contava uma história bíblica. O miúdo ficava fascinado e queria sempre mais uma, afirmando: "Vovó, as tuas histórias são muito mais giras do que as do papá e da mamã!"
A voz de Deus escuta-se no coração. Como se pode ouvi-l'O  se não estamos habituados à sua voz? Se a voz de Deus é pura e simplesmente desconhecida? A habituação à voz de Deus começa a partir do berço.
"Só é feliz quem segue a sua vocação", diz o povo. Então se os pais e os avós querem filhos e netos felizes, habituem-nos a escutar a voz do Senhor, entusiasmem-nos a segui-la, ajudem-nos, seja qual for o caminho a que os Senhor os chame e não aquele que gostavam que seguisse.
E se Deus chamar o seu filho/neto ao sacerdócio e ele não escutar porque você não soube ser despertador?
Pense nisso.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Crise vocacional na Igreja

Há falta de vocações sacerdotais e de consagração em muitos locais do mundo. É o caso de Portugal.
Cada vez mais paróquia a cargo do mesmo pároco. Mosteiros e conventos que fecham. Casas religiosas que encerram.
Perante a crise, muitos pugnam pelo regresso de velhas e bafientas receitas que a História guarda no baú. Como se fosse possível o "tempo voltar atrás" ou como se quisessem guardar "vinho novo em odres velhos".
A mensagem bíblica aponta noutra direção. Para tempos novos, respostas novas. Ouçamos Cristo: «Quando vedes uma nuvem levantar-se do poente, dizeis logo: 'Vem lá a chuva'; e assim sucede. E quando sopra o vento sul, dizeis: 'Vai haver muito calor'; e assim acontece. Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis reconhecer o tempo presente?» (Mt 16,1-4)
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas…" (Ap 2,7)


 Há sinais que apontam para respostas novas. O último Sínodo sobre a Amazónia propôs ao Papa que, para aquela zona do mundo, pudessem ser ordenados padres diáconos casados. O Papa anunciou em finais de outubro a reabertura de comissão para debater diaconado feminino.
A meu ver, falta ainda que a Igreja como um todo, valorize mais e mais a missão dos leigos e que estes queiram assumir o seu serviço na comunidade eclesial e no mundo. Nisso o Concílio Vaticano II foi claro. Penso que passará muito por este campo a Igreja dos tempos atuais e futuros.
Numa família, quando um familiar está doente, incapacitado, ausente, os outros membros, na medida do possível e sempre que possível, procuram supri-lo.
Leigos, que são Igreja pelo batismo, têm um enorme e belo desafio pela frente. Que tenham todo o apoio, confiança e incentivo da hierarquia. Que despertem para a sua nobre missão! Menos clericalização e mais comunidade.
Nesta Semana dos Seminários, temos consciência de que todos somos Igreja?
Se as vocações sacerdotais e de consagração são indispensáveis, também é indispensável a vocação laical.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

III DIA MUNDIAL DOS POBRES

17 DE NOVEMBRO DE 2019
«A esperança dos pobres jamais se frustrará»
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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O III DIA MUNDIAL DOS POBRES
1. «A esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sal 9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da vida será restabelecida.
O salmista descreve a condição do pobre e a arrogância de quem o oprime (cf. Sal 10, 1-10). Invoca o juízo de Deus, para que seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade (cf. Sal 10, 14-15). Parece ecoar nas suas palavras uma questão que atravessa o decurso dos séculos até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigualdade? Como pode permitir que o pobre seja humilhado, sem intervir em sua ajuda? Por que consente que o opressor tenha vida feliz, enquanto o seu comportamento haveria de ser condenado precisamente devido ao sofrimento do pobre?
No período da redação do Salmo, assistia-se a um grande desenvolvimento económico, que acabou também – como acontece frequentemente – por gerar fortes desequilíbrios sociais. A desigualdade gerou um grupo considerável de indigentes, cuja condição aparecia ainda mais dramática quando comparada com a riqueza alcançada por poucos privilegiados. Observando esta situação, o autor sagrado pinta um quadro realista e muito verdadeiro.
Era o tempo em que pessoas arrogantes e sem qualquer sentido de Deus espiavam os pobres para se apoderar até do pouco que tinham, reduzindo-os à escravidão. A realidade, hoje, não é muito diferente! A numerosos grupos de pessoas, a crise económica não lhes impediu um enriquecimento tanto mais anómalo quando confrontado com o número imenso de pobres que vemos pelas nossas estradas e a quem falta o necessário, acabando por vezes humilhados e explorados. Acodem à mente estas palavras do Apocalipse: «Porque dizes: “sou rico, enriqueci e nada me falta”, e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu?» (3, 17). Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem respeito ao passado, mas ao nosso presente submetido ao juízo de Deus.
2. Também hoje devemos elencar muitas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças.
Todos os dias encontramos famílias obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; órfãos que perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração brutal; jovens em busca duma realização profissional, cujo acesso lhes é impedido por míopes políticas económicas; vítimas de tantas formas de violência, desde a prostituição à droga, e humilhadas no seu íntimo. Além disso, como esquecer os milhões de migrantes vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e a igualdade? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas das nossas cidades?
Quantas vezes vemos os pobres nas lixeiras a catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou vestir! Tendo-se tornado, eles próprios, parte duma lixeira humana, são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo. Aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desânimo: simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou incapazes.
Drama dentro do drama, não lhes é consentido ver o fim do túnel da miséria. Chegou-se ao ponto de teorizar e realizar uma arquitetura hostil para desembaraçar-se da sua presença mesmo nas estradas, os últimos espaços de acolhimento. Vagueiam duma parte para outra da cidade, esperando obter um emprego, uma casa, um afeto… Qualquer possibilidade que eventualmente lhes seja oferecida, torna-se um vislumbre de luz; e mesmo nos lugares onde deveria haver pelo menos justiça, até lá muitas vezes se abate sobre eles violentamente a prepotência. Constrangidos durante horas infinitas sob um sol abrasador para recolher a fruta da época, são recompensados com um ordenado irrisório; não têm segurança no trabalho, nem condições humanas que lhes permitam sentir-se iguais aos outros. Para eles, não existe fundo de desemprego, liquidação nem sequer a possibilidade de adoecer.
Com vivo realismo, o salmista descreve o comportamento dos ricos que roubam os pobres: «Arma ciladas para assaltar o pobre e (…) arrasta-o na sua rede» (cf. Sal 10, 9). Para eles, é como se se tratasse duma caçada, na qual os pobres são perseguidos, presos e feitos escravos. Numa condição assim, fecha-se o coração de muitos, e leva a melhor o desejo de desaparecer. Em suma, reconhecemos uma multidão de pobres, muitas vezes tratados com retórica e suportados com fastídio. Como que se tornam invisíveis, e a sua voz já não tem força nem consistência na sociedade. Homens e mulheres cada vez mais estranhos entre as nossas casas e marginalizados entre os nossos bairros.
3. O contexto descrito pelo salmo tinge-se de tristeza, devido à injustiça, ao sofrimento e à amargura que fere os pobres. Apesar disso, dá uma bela definição do pobre: é aquele que «confia no Senhor» (cf. 9, 11), pois tem a certeza de que nunca será abandonado. Na Escritura, o pobre é o homem da confiança! E o autor sagrado indica também o motivo desta confiança: ele «conhece o seu Senhor» (cf. 9, 11) e, na linguagem bíblica, este «conhecer» indica uma relação pessoal de afeto e de amor.
Encontramo-nos perante uma descrição verdadeiramente impressionante, que nunca esperaríamos. Assim faz sobressair a grandeza de Deus, quando Se encontra diante dum pobre. A sua força criadora supera toda a expetativa humana e concretiza-se na «recordação» que Ele tem daquela pessoa concreta (cf. 9, 13). É precisamente esta confiança no Senhor, esta certeza de não ser abandonado, que convida o pobre à esperança. Sabe que Deus não o pode abandonar; por isso, vive sempre na presença daquele Deus que Se recorda dele. A sua ajuda estende-se para além da condição atual de sofrimento, a fim de delinear um caminho de libertação que transforma o coração, porque o sustenta no mais profundo do seu ser.
4. Constitui um refrão permanente da Sagrada Escritura a descrição da ação de Deus em favor dos pobres. É Aquele que «escuta», «intervém», «protege», «defende», «resgata», «salva»… Em suma, um pobre não poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração. É Aquele que faz justiça e não esquece (cf. Sal 40, 18; 70, 6); mais, constitui um refúgio para o pobre e não cessa de vir em sua ajuda (cf. Sal 10, 14).
Podem-se construir muitos muros e obstruir as entradas, iludindo-se assim de sentir-se a seguro com as suas riquezas em prejuízo dos que ficam do lado de fora. Mas não será assim para sempre. O «dia do Senhor», descrito pelos profetas (cf. Am 5, 18; Is 2 – 5; Jl 1 – 3), destruirá as barreiras criadas entre países e substituirá a arrogância de poucos com a solidariedade de muitos. A condição de marginalização, em que vivem acabrunhadas milhões de pessoas, não poderá durar por muito tempo. O seu clamor aumenta e abraça a terra inteira. Como escrevia o Padre Primo Mazzolari: «O pobre é um contínuo protesto contra as nossas injustiças; o pobre é um paiol. Se lhe ateias o fogo, o mundo vai pelo ar».
5. Não é possível jamais iludir o premente apelo que a Sagrada Escritura confia aos pobres. Para onde quer que se volte o olhar, a Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário para viver, dependem dos outros. São o oprimido, o humilde, aquele que está prostrado por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus não teve medo de Se identificar com cada um deles: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a revelação. O Deus que Jesus quis revelar é este: um Pai generoso, misericordioso, inexaurível na sua bondade e graça, que dá esperança sobretudo a quantos estão desiludidos e privados de futuro.
Como não assinalar que as Bem-aventuranças, com que Jesus inaugurou a pregação do Reino de Deus, começam por esta expressão: «Felizes vós, os pobres» (Lc 6, 20)? O sentido deste anúncio paradoxal é precisamente que o Reino de Deus pertence aos pobres, porque estão na condição de o receber. Encontramos tantos pobres cada dia! Às vezes parece que o transcorrer do tempo e as conquistas da civilização, em vez de diminuir o seu número, aumentam-no. Passam os séculos, e aquela Bem-aventurança evangélica apresenta-se cada vez mais paradoxal: os pobres são sempre mais pobres, e hoje são-no ainda mais. Mas, colocando no centro os pobres ao inaugurar o seu Reino, Jesus quer-nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou-nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos.
6. Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de salvação. A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização. A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que os seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma intimidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 183).
Recentemente, choramos a perda dum grande apóstolo dos pobres, Jean Vanier, o qual, com a sua dedicação, abriu novos caminhos à partilha promotora das pessoas marginalizadas. Jean Vanier recebeu de Deus o dom de dedicar toda a sua vida aos irmãos com deficiências profundas, que muitas vezes a sociedade tende a excluir. Foi um «santo da porta ao lado» da nossa; com o seu entusiasmo, soube reunir à sua volta muitos jovens, homens e mulheres, que, com o seu empenho diário, deram amor e devolveram o sorriso a tantas pessoas vulneráveis e frágeis, oferecendo-lhes uma verdadeira «arca» de salvação contra a marginalização e a solidão. Este seu testemunho mudou a vida de muitas pessoas e ajudou o mundo a olhar com olhos diferentes para as pessoas mais frágeis e vulneráveis. O clamor dos pobres foi ouvido e gerou uma esperança inabalável, criando sinais visíveis e palpáveis dum amor concreto, que podemos constatar até ao dia de hoje.
7. «A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora» (ibid., 195), é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho.
O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia Mundial e sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em iniciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias, devem tender a aumentar em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se encontra em dificuldade. «Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação» (ibid., 199) pelos pobres, buscando o seu verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a aumentar um bem-estar superficial e efémero. Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus.
A esperança comunica-se também através da consolação que se implementa acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um compromisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos concedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um ato de amor gratuito que não procura recompensa.
8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos pobres, peço para crescerem na sua dedicação. Queridos irmãos e irmãs, exorto-vos a procurar, em cada pobre que encontrais, aquilo de que ele tem verdadeiramente necessidade; a não vos deter na primeira necessidade material, mas a descobrir a bondade que se esconde no seu coração, tornando-vos atentos à sua cultura e modos de se exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diálogo fraterno. Coloquemos de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas, fixemos o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual» (ibid., 200).
Antes de tudo, os pobres precisam de Deus, do seu amor tornado visível por pessoas santas que vivem ao lado deles e que, na simplicidade da sua vida, exprimem e fazem emergir a força do amor cristão. Deus serve-se de tantos caminhos e de infinitos instrumentos para alcançar o coração das pessoas. É certo que os pobres também se aproximam de nós porque estamos a distribuir-lhes o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor...
9. Por vezes, basta pouco para restabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.
Aos olhos do mundo, é irracional pensar que a pobreza e a indigência possam ter uma força salvífica; e, todavia, é o que ensina o Apóstolo quando diz: «Humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus» (1 Cor 1, 26-29). Com os olhos humanos, não se consegue ver esta força salvífica; mas, com os olhos da fé, é possível vê-la em ação e experimentá-la pessoalmente. No coração do Povo de Deus em caminho, palpita esta força salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa verdadeira peregrinação de conversão para reconhecer os pobres e amá-los.
10. O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos O invocam; «não esquece o clamor dos pobres» (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza não lhe tira a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma ser-lhe-á restabelecida plenamente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente à sorte dos seus filhos mais frágeis; pelo contrário, observa as suas fadigas e sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá-lhes força e coragem (cf. Sal 10, 14). A esperança do pobre torna-se forte com a certeza de que é acolhido pelo Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica revigorado no coração para continuar a amar (cf. Sal 10, 17).
Aos discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes impõe para serem evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de esperança. A todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança e conforto aos pobres, peço que se empenhem para que este Dia Mundial possa reforçar em muitos a vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade. Acompanhem-nos as palavras do profeta que anuncia um futuro diferente: «Para vós, que respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios» (Ml 3, 20).
Vaticano, na Memória litúrgica de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2019.
Francisco