sexta-feira, 30 de abril de 2021

Olha para a Estrela, invoca Maria!

 NOS PERIGOS, nas angústias, em todos os momentos de dúvida, pensa em Maria, invoca Maria. Que este nome sagrado não se afaste do teu coração e não falte jamais nos teus lábios. Seguindo esta Estrela, não te desviarás. Se a invocares com humildade, não desesperarás. Se pensares em Maria, não errarás. Se ela estiver contigo, não cairás. Se te proteger, nada temerás. Com ela, como guia, não te fatigarás. Se te for propícia, chegarás à meta, firme e seguro. Quem quer que sejas, sacudido pelo vendaval das tempestades deste mundo, sentindo a terra como um mar devorador, não afastes os olhos do fulgor desta Estrela. Quando soprar o vento tempestuoso e traiçoeiro da tentação, quando te sentires batido contra os escolhos perigosos da tribulação, olha para a Estrela e invoca Maria. Se te açoitarem as ondas da soberba, da inveja, da maledicência, olha para a Estrela, invoca Maria. Quando sentires a ira, a avareza, a carne e a tristeza tentarem fazer soçobrar a barquinha frágil de tua alma, olha para a Estrela, invoca Maria…

(São Bernardo de Claraval)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

No público ou no privado?

A gratidão é a memória do coração

Confesso que, ao longo da minha vida, se me  pôs sempre a questão: "Em caso de doença, onde queres ser tratado"? De acordo com testemunhos vários de amigos e com a minha - felizmente fugaz - experiência, senti-me  sempre dividido, embora os últimos contactos com o privado não me tenham deixado particularmente satisfeito.
Ouvi dizer que, em casos mais graves, o público é recomendável. Mas também ouvi pessoas que tiveram situações graves e se deram muito bem com o privado. Como diz o povo, é uma questão de sorte...
Com  autorização do autor, partilho  um belo texto de alguém que, numa situação delicada, passou pelo público.

"Agradecimento
Depois de muitos anos a recorrer, assim como os meus filhos, aos hospitais privados, sempre que um problema de saúde surgia, um estado de saúde um pouco mais grave trouxe-me, por insistência da minha sobrinha, profissional no SNS, à urgência do hospital de Sta. Maria, em Lisboa.
Vim muito pouco crente, até receoso, mas a situação obrigava a não facilitar.
Passados nove dias de internamento, e na hora de sair, sinto ser meu dever expressar a minha profundíssima gratidão pela forma como, desde a triagem até à alta hospitalar, fui tratado.
Que enormes profissionais!
Numa época em que a falta de pessoal é tantas vezes utilizada para justificar a falta de produtividade dos serviços públicos, neste hospital, essa carência, também evidente, é usada para incentivar as equipas que são inexcedíveis para que nada falta aos doentes.
Pela primeira vez na minha vida, tive oportunidade de vivenciar por inteiro o princípio da igualdade, num lugar onde, independentemente da cor, da idade, da religião, das convicções, das habilitações, das condições económicas, todos são tratados com o mesmo carinho, com o mesmo zelo, com a mesma dedicação e muito profissionalismo.
Sendo o suposto, não é o que encontramos no nosso dia-a-dia nos serviços públicos, infelizmente.
Dos auxiliares, aos enfermeiros, aos médicos, encontrei profissionais que não vou esquecer e com quem tanto aprendi, enquanto ser humano.
Profissionais que em vez de se desculparem com a falta de algumas condições, valorizam as que dispõem e fazem as coisas acontecer, a cada hora, todos os dias.
Para mais, num tempo em que os doentes não podem ter visitas, um sorriso, um carinho, um momento de atenção, fazem-nos sentir que nunca estamos sós e que nada do mais essencial nos falta, mesmo doentes e acamados.
Que exemplo, o destes profissionais da urgência e da Medecina I-F do Hospital de Santa Maria!
A todos, sem exceção, o meu muito, muito o obrigado.

Nuno"

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A História da História

"O Presidente da República deu uma excelente lição sobre uma correta hermenêutica da História de um país. Isto é, deu-nos critérios de leitura e interpretação da história, na assunção plena de tudo o que a constitui, sem anacronismos, sem glorificações, sem julgamentos descontextualizados. A Lição também serve para uma leitura da História da Igreja. Os demolidores de estátuas e os acusadores apressados ganhariam muito em reler o discurso. Deles a história poderá dizer que não percebiam nada de História. Aprender a fazer a História da História... isso é outra História." (Amaro Gonçalo)

No seu discurso, proferido na Assembleia da República na comemoração do 25 de Abril, o Presidente afirma que há, no olhar de hoje uma “densidade personalista, de respeito da dignidade da pessoa humana, da condenação da escravatura e do esclavagismo, na recusa do racismo e das demais xenofobias que se foi apurando, representando um avanço cultural e civilizacional irreversível”, considerando que é “uma missão ingrata a de julgar o passado com os olhos de hoje sem exigir, nalgumas situações, aos que viveram esse passado, que pudessem antecipar valores ou o seu entendimento para nós agora tidos como evidentes, intemporais e universais”.

sábado, 24 de abril de 2021

25 de Abril - sentir, viver e proclamar a liberdade


Proclamemos a liberdade:

- aos que se sentem presos, muitas vezes de si próprios

- aos prisioneiros do egoísmo, de preconceitos, do medo, dos respeitos humanos

- aos cativos de modas, de tantas ideologias ultrapassadas e de um modernismo anticientífico.

- às vítimas da fome, da perseguição, do analfabetismo, da intolerância

- aos escravos do tráfego humano, do poder do dinheiro, da bajulação, do materialismo, dos estutefacientes

- aos imcompreendidos, não amados, rejeitados, desrespeitados

- aos que sofrem por causa do desemprego, dos baixos salários, da exclusão

- aos que se veem privados do direito de expressão, de liberdade religiosa, do direito à diferença...

Da minha parte, expresso a minha gratidão àqueles que, em 25 de Abril de 1974, restituíram aos portugueses o direito à liberdade, ao sonho e ao projecto!

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Segredos...

 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

AMORIS LAETITIA (A Alegria do Amor) - As normas e o discernimento

304. É mesquinho deter-se a considerar apenas se o agir duma pessoa corresponde ou não a uma lei ou norma geral, porque isto não basta para discernir e assegurar uma plena fidelidade a Deus na existência concreta dum ser humano. Peço encarecidamente que nos lembremos sempre de algo que ensina São Tomás de Aquino e aprendamos a assimilá-lo no discernimento pastoral: «Embora nos princípios gerais tenhamos o carácter necessário, todavia à medida que se abordam os casos particulares, aumenta a indeterminação (…). No âmbito da acção, a verdade ou a rectidão prática não são iguais em todas as aplicações particulares, mas apenas nos princípios gerais; e, naqueles onde a rectidão é idêntica nas próprias acções, esta não é igualmente conhecida por todos. (...) Quanto mais se desce ao particular, tanto mais aumenta a indeterminação».[347] É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma. Isto não só geraria uma casuística insuportável, mas também colocaria em risco os valores que se devem preservar com particular cuidado.[348]

305. Por isso, um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações «irregulares», como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas. É o caso dos corações fechados, que muitas vezes se escondem até por detrás dos ensinamentos da Igreja «para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas».[349] Na mesma linha se pronunciou a Comissão Teológica Internacional: «A lei natural não pode ser apresentada como um conjunto já constituído de regras que se impõem a priori ao sujeito moral, mas é uma fonte de inspiração objectiva para o seu processo, eminentemente pessoal, de tomada de decisão».[350] Por causa dos condicionalismos ou dos factores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio duma situação objectiva de pecado – mas subjectivamente não seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver em graça de Deus, possa amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a ajuda da Igreja.[351] O discernimento deve ajudar a encontrar os caminhos possíveis de resposta a Deus e de crescimento no meio dos limites. Por pensar que tudo seja branco ou preto, às vezes fechamos o caminho da graça e do crescimento e desencorajamos percursos de santificação que dão glória a Deus. Lembremo-nos de que «um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correcta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades».[352] A pastoral concreta dos ministros e das comunidades não pode deixar de incorporar esta realidade.

306. Em toda e qualquer circunstância, perante quem tenha dificuldade em viver plenamente a lei de Deus, deve ressoar o convite a percorrer a via caritatis. A caridade fraterna é a primeira lei dos cristãos (cf. Jo 15, 12; Gal 5, 14). Não esqueçamos a promessa feita na Sagrada Escritura: «Acima de tudo, mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor cobre a multidão de pecados» (1 Ped 4, 8); «redime o teu pecado pela justiça; e as tuas iniquidades, pela piedade para com os infelizes» (Dn 4, 24); «a água apaga o fogo ardente, e a esmola expia o pecado» (Sir 3, 30). O mesmo ensina também Santo Agostinho: «Tal como, em perigo de incêndio, correríamos a buscar água para o apagar (...), o mesmo deveríamos fazer quando nos turvamos porque, da nossa palha, irrompeu a chama do pecado; assim, quando se nos proporciona a ocasião de uma obra cheia de misericórdia, alegremo-nos por ela como se fosse uma fonte que nos é oferecida e da qual podemos tomar a água para extinguir o incêndio».[353]

(Amoris Laetitia, Capítulo.8, 304, 305, 306)

terça-feira, 20 de abril de 2021

Para descontrair...


Um cidadão morreu e foi para o céu. Enquanto estava em frente a São Pedro nas Portas Celestiais, viu uma enorme parede cheia de relógios. Curioso, perguntou:
- O que são todos aqueles relógios?
E São Pedro respondeu:
- São Relógios da Mentira… Toda a gente na Terra tem um Relógio destes. Cada vez que você mente, os ponteiros movem-se.
Vendo um relógio parado, pergunta:
- De quem é aquele relógio ali?
E o São Pedro:
- É o da Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.
- E aquele, é de quem? – Pergunta o homem.
- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros moveram-se duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida. – respondeu S. Pedro.
Intrigado o homem, pergunta:
- E o Relógio do José Sócrates também está aqui?
Responde São Pedro:
- Ah! O do Sócrates está na minha sala.
Espantado o homem:
- Ai sim? Então porquê?
E São Pedro, rindo:
- Com este calor todo, uso-o como ventoinha de tecto!

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Puxar as orelhas ao Espírito Santo

A propósito da Semana de Oração pelas Vocações que está a decorrer

"Esta não é uma semana para puxar as orelhas ao Espírito Santo e reclamar mais padres ou mais religiosos, como se o dom das vocações ou de mais vocações consagradas fosse apenas sintoma da nossa preguiça orante ou ou o triste resultado de não insistirmos tanto quanto devíamos no pedido. Obviamente que é preciso rezar. E rezar mais. E rezar melhor. Mas também é preciso rezar bem. Porque esta não uma semana para pedirmos vocações na vida dos outros, que não em nós nem nos nossos! Esta não é uma semana para "protestarmos" por mais padres ou mais religiosos. Não. É uma semana para rezarmos, para cada um se pôr à escuta do que o Senhor lhe pede, no concreto da sua vida, e do que pede que faça, para despertar em cada cristão a capacidade de responder aos sonhos de Deus para a vida de cada um. Esta é uma semana para nos pormos à escuta do que o Espírito Santo diz à Igreja, sobre os padres que quer, sobre os religiosos que quer e... se Ele não quererá mesmo uma Igreja com menos vocações consagradas e mais vocações laicais... Quem sabe?! Pedir padres ou diáconos permanentes sem ativar a séria a prática dos ministérios laicais (de leitor, de acólito, de catequista, de animador da caridade, e de tantos outros) é clericalizar os dons de serviço da Igreja ao mundo e confinar a graça do Espírito Santo no Sacramento da Ordem. Pedir padres para preencher o mapa das necessidades sem prover o cuidado e a corresponsabilidade dos leigos em serviços de acolhimento, de orientação da oração, de presidência da palavra, etc, é pedir ao Espírito Santo milagres para os quais não estará, por certo, virado. Pedir mais padres e não questionar nada sobre o estilo de vida e de formação, as condições de acesso e de exercício do ministério, é estarmos a ouvir apenas os nossos lamentos e não os suspiros do Espírito. Para que conste, vou, de seguida, rezar pelas vocações. E hoje até começo pela vocação matrimoninal. Se valorizarmos as vocações, carismas e ministérios ligados ao Batismo, Confirmação e Matrimónio, talvez nem precisemos tanto de «chatear» o Espírito Santo com as nossas piedosas preces de «muitas e santas vocações sacerdotais». Serão as que ele entender. E se não são tantas quantas achamos que devíamos ter, o melhor é o ouvir o Espírito Santo e não puxar-lhe as orelhas. Quem está a precisar desse puxão-empurrão sou eu, és tu, somos todos nós."

Amaro Gonçalo, Facebook

domingo, 18 de abril de 2021

 


sexta-feira, 16 de abril de 2021

José Sócrates... Desconfinamento... Igreja Matriz de Tarouca... Semana de Oração pelas Vocações

O caso José Sócrates

As televisões não têm falado de outra coisa. Parece uma novela mexicana. A decisão do Juiz Ivo Rosa de levar o arguido a julgamento apenas por poucos dos muitos crimes pelos quais estava acusado pelo Ministério Público, tem dado pano para mangas na comunicação social.
Gente que concorda com o citado juiz, dizendo que é a justiça a seguir o seu caminho; pessoas que discordam do magistrado e o contestam frontalmente; milhares a subscrever um baixo-assinado pedindo o afastamento de Ivo Rosa da magistratura; comentadores a apontarem aspectos formais não plausíveis no pronuncionamento do magristrado; outros que apontam questões de fundo como prescrições...
Mas a procissão ainda vai a meio. O Tribunal da Relação pode manter, alterar, corrigir o pronunciamento de Ivo Rosa. Sendo assim, parece fora de contexto o júbilo manifestado por Sócrates, como outros posições radicais da sociedade civil. Aguardemos a decisão do Tribunal da Relação.

DESCONFINAMENTO

Segundo o Governo, o desconfinamento arranca no dia 19 de abril conforme o previsto. Há, contudo, alguns concelhos que não passam a esta nova fase de desconfinamento e outros que regridem. São aqueles em que a situação pandémica é grave ou muito grave.
Neste concelho e nos vizinhos, o desconfinamento segue o percurso previsto. E ainda bem.
Há que fale numa quarta vaga a partir de meados de maio. Que Deus nos livre! Compete imenso à sociedade civil evitar que tal não aconteça.

Igreja Matriz de Tarouca
Monumento de Interesse Nacional
Estão praticamente concluídas as obras de restauro interno do templo.
Um ano e três meses depois, foi ali celebrada a Eucaristia no dia de ontem. Para alegria dos presentes.
Por mais algum tempo, as celebrações dos fins-de-semana ocorrerão no Centro Paroquial por razões que têm a ver com a pandemia. No Centro há mais espaço, outras condições para se observarem as normas de saúde em vigor. Vamos ver se no início de maio já é possível celebrar na Igreja. Olaxá a COVID-19 o permita!
Nos próximos ntempos, o templo vai levar:
- novo sistema de som
- novo sistema de transmissão interna
- nova passadeira
- colocação de reposteiros
Estamos à espera que nos chegue o prometido projecto para o altar da celebração. Enquanto tal não acontece, celebraremos no atual.
PARA DEUS SEMPRE O MELHOR!

Semana de Oração pelas Vocações


Se a vocação é um dom de Deus, então todas as vocações são igualmente importantes e indispensáveis ao projecto do Senhor. Seja a vocação laical, seja a vocação sacerdotal, seja a vocação religiosa. Leigos, sacerdotes e consagrados são mesma Igreja de Cristo na diversidade enriquecedora de carismas e serviços.Como Deus fala no santuário do coração, ajudemos os filhos, os netos, os colegas, os amigos a estar atentos à voz meiga e suave do Senhor. Seguir o Senhor pela vocação que Ele nos dá, é percorrer o caminho da felicidade, é viver uma vida pascal, é sonhar o sonho de Deus.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A Anália, o Zé e o Ricardo ousam questionar-se vocacionalmente


Para o crente, a vocação é um dom de Deus - seja que vocação for. A iniciativa é sempre d'Ele. Só que Deus chama, mas "não pega pela orelha" para obrigar ninguém a seguir o caminho que propõe. Criou o homem livre e respeitará sempre a liberdade concedida. Deus manifesta-se no santuário do coração e nos sinais dos tempos. Ele não grita nem agride. A Sua voz é suave, meiga, acolhedora, envolvente.Diz o povo que "ninguém é feliz se não seguir a sua vocação."Logo é importante descobrir e assumir a vocação que Deus propõe a cada um. Conhecemos pessoas que seguiram um caminho difícil, exigente e espinhoso, mas são felizes. Conhecemos outras pessoas que seguiram caminhos economicamente rentáveis, socialmente prestigiados, mas sentem vazios interiores, não se sentem de bem com elas e com o mundo.
Apenas três casos.
A Anália era filha única e seus pais estavam bem na vida. Sonhavam para ela um curso de fama e a chegada, a seu tempo, de netinhos. A rapariga, apesar da indiferença religiosa dos pais, começou a sentir o chamamento à vida religiosa. Com o tempo, essa inquietante voz interior torna-se mais forte e clara. Recorre à ajuda do diretor espiritual que alguém lhe indicara. Finalmente comunica a decisão aos pais que a receberam como um raio fulminante sobre a sua vida.
Os pais - ainda mais o pai - não aceitam. Reagem com alguma violência psicológica. Ameaçam, chantageiam, aliciam. Nada. A rapariga vai em frente. Aguenta o corte de relações por parte do pai e a frieza cortante da mãe. No dia dos votos perpétuos, as cadeiras destinadas aos pais ficaram vazias...
Um dos trabalhos da congregação religiosa de que agora a Anália fazia parte era a dedicação e trabalho com crianças abandonadas. A Irmã Anália era uma mulher feliz, realizada, de bem consigo e com os outros. E essa felicidade toca os pais que, lentamente, se vão aproximando da filha. Às tantas, começam a visitar e a ajudar as crianças de que a filha tratava com tanto amor. Tornam-se como que os avós daquelas crianças.
Tanto que a mãe, exclama: "Deus tirou-me a filha para me dar a bênção de tantos netinhos!"

O Zé era um rapaz inteligente, respeitador, alegre, com carisma de liderança, de fé sólida. No Seminário era querido por todos, colegas e formadores. As pessoas da sua terra tratavam-nos carinhosamente por "nosso Zezito". Toda a gente lhe vaticinava uma bela carreira sacerdotal.
Da dúvida da adolescência, à certeza da juventude, voltou à inquietação em jovem maduro. De início a dúvida, depois a inquietação, por fim a convicção. "Não é por aqui que Deus me chama". Depois de longas conversas com o Director Espiritual e com os formadores e, apesar da tristeza destes, resolve abandonar o Seminário. Pais completamente abatidos; conterrâneos desiludidos.
O Zé completa os seus estudos na Universidade, vai para o mundo do trabalho, casa. É um marido dedicado e um ótimo pai. Na comunidade cristã onde está inserido, realiza a sua vocação laical. Responsável pelo coral, vai integrando grupos, associações, conselhos. A alegria, o espírito de liderança, a capacidade de acolher, fazem com que as pessoas comentam." Grupo onde esteja o Dr. Zé, é grupo forte e em crescimento."
Em nome da sua fé - como sempre faz questão de assinalar - é igualmente um leigo presente na vida da sociedade. Dos bombeiros à política local; da associação de pais ao grupo desportivo. Em tempos diferentes e em colaboração diversa, o Zé tem contribuído para o desenvolvimento da sociedade. Sempre em nome dos valores em que acredita.

O Ricardo, rapaz normal, a quem a mãe dizia às vezes a brincar "és o meu querido doidivanas", praticava desporto, tinha uma ligação forte às novas tecnologias, gostava de pregar partidas, alinhava numas borgas, era "engatadiço". Depois do Crisma, abandonou a Igreja.
Por mero acaso, encontra na internet um site. Por curiosidade passou por lá. Riu-se. Era um site vocacional. Pensou para si mesmo: "Onde esta gente gasta tempo!"
O que é certo é que aquilo começou a remoer dentro dele. Voltou, leu mais e sentia cada maior vontade de regressar àquele espaço. Começou a interrogar-se. "E se eu fosse padre!" Para logo a seguir concluir: "Oh! Que tontice! Eu, Ricardo, padre!? Só posso estar a delirar!" Por mais que tentasse, a ideia de ser padre voltava sempre.
Um dia confidencia à mãe o que se estava a passar com ele. A reacção materna foi fulminante: "Padre? Deves estar sob efeito da droga... Logo tu, meu doidivanas!"
Decidiu que expulsaria de dentro de si tal ideia quando ela o voltasse a apoquentar. Em vão. Era mais forte.
Na escola, ouviu falar a uma amiga de Convívios Fraternos, ela que era uma convicta conviva. Começou a fazer mais e mais perguntas à colega que, certa vez, lhe pergunta: "Queres fazer um Convívio? Garanto-te que vais gostar. Disse que sim a medo.
Foi. Gostou. Encontrou a luz. Regressou à Igreja. Continuou o discernimento vocacional. Sentia-se cada vez melhor consigo mesmo. Até que vai ter com o pároco e diz que achava que Deus o queria padre e estava disposto a fazer a vontade de Deus.
Está a acabar o curso. Querendo Deus, será ordenado sacerdotal dentro de pouco tempo. É feliz!

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Saber parar, saber recomeçar

Por vezes, estamos tão cansados que a melhor coisa que podemos fazer é mesmo dormir. E se Deus te ajudar a descansar e no outro dia acordares, recomeça a labutar. O sono pode ser reparador, mas a manhã é uma porta aberta à vida. O sol também precisa deitar-se todos os dias. Há sabedoria em saber parar. Há sabedoria em recomeçar.

Há esperança!


 (In Canto do Jo)

sábado, 3 de abril de 2021

JESUS RESSUSCITOU!

Santa Páscoa!

 

A todos os visitantes deste Blog, o desejo sincero de uma Santa Páscoa!

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Aprender com Cristo a viver a mortalidade

Devemos aprender com Cristo a viver a mortalidade. E aprender a viver a mortalidade com Cristo é reconhecer a nossa vida, o que a sustém, o que ela vale. Deste-me esta vida. Não a vida, mas esta vida. E dizê-lo com gratidão, num exercício de amor. E isto é que é morrer com Cristo. Aprender a ser mortal, a ser limitado, é aprender a amar. Nunca somos da vida, mas participamos dela. 

Era uma vez um rei que estava à beira da morte por causa de uma doença incurável. Já estava nas últimas. Porém, cada vez que a rainha lhe dizia que ia morrer, ele afirmava que não. Quando o príncipe insistia, ele insistia que não. Quando, por fim, o médico lhe explicava que ia morrer, ele persistia no seu rotundo Não. Que havia de durar mais quarenta anos, porque ele era o rei e era ele quem decidia. 
Olhamos para a personagem principal desta pequena história, o rei, e o mais provável é rirmo-nos da sua tolice. Mas esta atitude, com mais ou menos obviedade, é uma atitude recorrente nas nossas vidas. Também nós vivemos como se a nossa vida e a nossa morte fossem decisões exclusivamente pessoais. E alimentamos uma esperança vazia de que há-de ser como queremos que seja. Por isso, diante do sofrimento, entusiasmamo-nos uns aos outros com expressões do tipo “vai correr tudo bem”, “deus vai ajudar”, “a esperança é a última a morrer”. 
O drama humano começa quando tomamos consciência de que somos e não somos. A consciência de que não podemos decidir sobre nós. Sabemos que a morte nos vai encontrar, mas não sabemos como será nem como a conseguiremos afrontar. O que podemos fazer é ir configurando o nosso ser mortal, o nosso ser limitado. É preciso aprender a ser mortais. Que é quase o mesmo que aprender a amar e a ser amado. A dar consistência à vida que temos. 
Devemos aprender com Cristo a viver a mortalidade. E aprender a viver a mortalidade com Cristo é reconhecer a nossa vida, o que a sustém, o que ela vale. Deste-me esta vida. Não a vida, mas esta vida. E dizê-lo com gratidão, num exercício de amor. E isto é que é morrer com Cristo. Aprender a ser mortal, a ser limitado, é aprender a amar. Nunca somos da vida, mas participamos dela.