terça-feira, 3 de setembro de 2024

Marcas das férias

 

Divinizar os animais, desumanizar as pessoas

A praia é um microcosmos. Por ali passam marcas evidentes do mundo que somos.

Gosto de caminhar na praia, sozinho no meio da multidão. Gosto de observar, não por cusquice, mas para perceber o mundo de hoje.

Numa tarde, passava pela praia um carrinho de mão. Gente ainda nova acompanhava-o. O homem puxava o carrinho, duas senhoras acompanham o veículo com indisfarçáveis cuidados e esmeros. Quem ia dentro do carrinho? Exatamente, um cão, daqueles de raça pequenina.

Na mesma tarde e na mesma praia, uma família numerosa estendia-se debaixo de alguns guarda-sóis abertos. Pais, filhos e netos. Com eles estava uma pessoa deficiente que  se encontrava ao Sol. A família convivia, falava, ria-se, bebia em alta festa cúmplice. Mas a deficiente não era tida nem achada. Só. Abandonada. Desprezada.

No fim do dia, a pergunta vulcanizava a alma: Que sociedade é esta que diviniza os animais e desumaniza as pessoas? 

Vai lá colocar a bola!

Era um troço de praia com pouca gente. Uma família passeava à minha frente.  Nisto uma das crianças, que caminhava ainda mais à frente, volta atrás para mostrar aos pais uma bolinha de Ténis que encontrava à beira da água.   

- Olha o que encontrei! - exclamou o petiz. 

- Filho, essa bola não nos pertence. Vais  colocá-la onde a encontraste.

- Mas não vejo aqui mais ninguém à nossa frente! O dono de certeza que a perdeu...

- Filho, não é nossa. Pode ser que o dono dê pela falta dela e venha procurá-la - sentenciava afavelmente o pai perante o acenar de cabeça confirmativo da mãe. 

O que o berço dá, a tumba o leva, diz o povo. A educação pertence à família. Educar não é dizer ámen a tudo, é saber contrariar no tempo certo e com modos certos.

A idade não perdoa!

Costumo participar na Eucaristia dominical com a família. Em férias não presido, participo  no meio da assembleia.

Há vários anos que o sacerdote que paroquia aquela comunidade é o mesmo. Embora não o demonstre, caminha para os oitenta! E de ano para ano, os sinais são evidentes. Por exemplo, este ano, na 1ª Eucaristia em que participei e a que ele presidiu, não percebi nada da homilia. Cá fora, os que me acompanhavam disseram o mesmo.

É preciso saber sair! Padres e Bispos tenham  isto muito em conta. Lembremo-nos que até aos setenta, somos nós que mandamos; a partir dos setenta é a idade que manda em nós! Vale muito mais ser um bom colaborante do que um mau líder.

Obrigado, família!

Aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos a minha gratidão. Pela atenção, carinho, gratuitidade, amizade.

Gosto muito de vós!