quarta-feira, 28 de setembro de 2022

O MENINO POBRE

Era uma vez, há muitos anos, um menino muito pobre que frequentava a igreja, levando sempre uma roupa muito remendada e uns sapatos gastos. Certo dia, um homem sem fé, que o via passar todos os domingos diante da sua casa, quis brincar com ele. Quando regressava da igreja, perguntou-lhe:
- Olha lá, menino, tu acreditas mesmo em Deus?
A criança respondeu:
- Sim, acredito que Deus existe e que nos ama muito.
- E achas que Ele é mesmo teu amigo, que gosta muito de ti?
- Sim. É o meu maior amigo.
- Então, se Ele é teu grande amigo, por que é que não te dá uma roupa melhor e não te ajuda a comprar uns sapatos novos?
O menino, com um olhar de tristeza, olhou bem para esse homem e disse-lhe:
- Certamente que Deus encarregou alguém neste mundo de fazer isso para mim. Mas esse alguém ainda não me viu ou não me quis ver…

Fonte: aqui

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Finanças "atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar" (Mt, 23,4)

Chegou-me ao conhecimento esta situação.
Manhã do dia 19 de setembro. Tudo havia sido antecipadamente marcado, tendo em vista a celebração da escritura no Cartório Notarial.
Todos compareceram à hora marcada. Chega então a informação frustrante: O Portal das Finanças continua a não funcionar. Deste sexta-feira última que está inoperacional. E nem se sabe quando estará operacional.
Nos responsáveis havia esta perspectiva: as Finanças vão aproveitar o fim-de-semana para pôr o seu Portal em ordem. Engano.
Só que havia pessoas envolvidas na escritura que tinham vindo expressamente do estrangeiro para este efeito. E com viagem de regresso marcada. Enquanto outros, igualmente envolvidos na escritura, tinham vindo do sul do país. 
E agora? Quem pagaria as despesas, as faltas ao trabalho, as alterações nas viagens,  a angústia, a revolta, a decepção?
As Finanças - e outros organismos  públicos - são de extraordinária exigência para com os cidadãos, mas são de um laxismo confrangedor em relação a eles mesmos. Se um cidadão não paga no dia marcado, está tramado, sujeita-se a todas as contrariedades e penalizações. As Finanças falham, "lixam" a vida de multidões de portugueses e nada assumem nem reparam. Nem um explicação! É a ditadura dos órgãos do Estado.
Falta democratizar os serviços do Estado, para que o cidadão seja devidamente respeitado.
Mas não são só os serviços públicos que, muitas vezses, desrespeitam os cidadãos. Também há empresas privadas.  Cito, por exemplo, EDP, Seguradoras, Telecomunicações, etc.
Para pagar o seguro, a seguradora envia comunicaçãos imenso tempo antes. A cobrança tem que ser no dia marcado. Mas para a seguradora cumprir a sua parte... Ui! Eternidades de tempo, faz tudo para "fugir com o rabo à seringa..."
EDP. Nunca percebi porque esta empresa não assume os estragos que causa com os cortes na luz, quando a exigência, os preços quebrados e a pontualidade na cobranças são "à inglesa".
É assim, dando razão ao povo: Há uma medida para o Estado e para os grandes e outra bem mais estreita para os cidadãos. 
Senhores políticos, comecem já a democratizar o funcionamente dos serviços do Estado e ponham os cidadãos no centro das grandes empresas.

O Modernismo e os tradicionalistas paranoicos

Leia aqui
 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

A FAZER FÉ NOS CHICOS-ESPERTOS: TEMOS MAUS PADRES E BONS FIÉIS

Dizia-se que, após a pandemia, as pessoas iriam sair diferentes (melhores) e, no que respeita a Deus, mais convencidas da sua impotência (finitude) ao ponto de voltarem de novo às igrejas. Havia quem assinasse de cruz esta profecia. Sempre fui dizendo ser uma esperança infundada, porque os nossos “pios crentes”, debaixo da desculpa cínica e intrujona de “católicos não praticantes” rapidamente arranjariam outros motivos para a sua “fezada à distância” e usada somente “à la carte”, segundo “os interesses e costumes pessoais e sociais”.
Alguns dos mais velhos dizem que têm medo de voltar e, por isso, satisfazem-se a “ver a missa na televisão”. É o famigerado medo seletivo: vão de autocarro à praia, passeios e peregrinações; passam manhãs e/ou tardes em centros de saúde e convívio para idosos; visitam feiras, hipermercados e restaurantes e só têm medo de ir à Igreja! A maioria dos adultos ocupa-se a servir outros deuses: trabalho, desporto, caminhadas, lazer, festas e convívios. Não têm tempo (nem vontade) para Deus. Os jovens há muito que não querem nada com Deus, por razões óbvias: “não cabem dois galos no mesmo poleiro”…
Santa paciência! Mandam Deus, a Igreja e os padres às favas – e fazem-no de peito feito! – mas quando precisam de algum serviço, papel ou sacramentos são capazes de tudo: mentir, enganar, deitar mão a testemunhos falsos, manipular, ocultar, usar todos os meios ilícitos e desonestos e até “invocar o santo nome de Deus em vão”. E exigem que os pastores (padres e bispos) - quando precisados - sejam acolhedores, respeitadores, disponíveis, serviçais, simpáticos, isto é, lacaios e bonecos sempre ao dispor das suas intentonas.
No pensar da maioria, os padres não passam de saloios (néscios, burros, limitados, retrógrados) facilmente levados na cantiga (enganados) com “duas de retórica”. Cruzo-me diariamente com isto, seja nas lides diárias, seja nas publicações (comentários, gostos e partilhas) das redes sociais. E, por incrível que pareça, há quem esteja convencido levar-me na cantiga: “Às vezes finjo-me de burro que é para não ser incomodado pelos que fingem ser inteligentes!”. E insistem na lengalenga: “vou à Missa ao Alívio, à Abadia, ao Sameiro, ali ou acolá, mas nunca à paróquia...”; “não preciso de ir à Missa para ser católico”; “não vou à Missa porque quem lá vai é pior que eu”; “não estamos a viver juntos, só ao fim de semana”; “são padres como o senhor que acabam com a fé”! Olhe que não… acha mesmo que posso acabar com aquilo que há muito não tem?
(P. António Magalhães Sousa, Sopro e Vida)

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Novos bispos para Angra, Bragança e Setúbal estão para breve

 Vinte por cento dos padres em todo o mundo estão a recusar ser nomeados para bispos. E em Portugal também já houve pelo menos três casos, nos últimos meses. Uma situação que pode ajudar a explicar o atraso na nomeação de novos bispos para Angra, Bragança e Setúbal – que, finalmente, estará para breve.

Imagem do Senhor Santo Cristo, Ponta Delgada

Imagem do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada: os Açores deverão ter finalmente um novo bispo, após um ano sem o principal responsável da diocese de Angra. Foto © António Marujo/7Margens

  

Está para breve, finalmente e após largos meses de espera, a nomeação de novos bispos católicos para as dioceses de Angra (há um ano à espera, quando João Lavrador foi nomeado para Viana), Bragança (desde Dezembro, com a nomeação de José Cordeiro para arcebispo de Braga) e Setúbal (desde Janeiro, com José Ornelas a ser nomeado para Leiria-Fátima.)

A concretizar-se, esta informação, vinda de fontes eclesiásticas, porá fim a uma espera de meses, que padres das três dioceses consideram excessiva, atribuindo responsabilidades ao núncio do Vaticano em Portugal, Ivo Scapolo. Mas o 7MARGENS sabe que a razão pode estar também noutro lado: em todo o mundo, há cerca de 20% de presbíteros a recusar ser nomeados para bispos, conforme terá confidenciado o prefeito do Dicastério para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet, a vários clérigos; e em Portugal, há já pelo menos três – dois de dioceses do Norte e um de uma do Centro – que também disseram que não ao convite para serem bispos.

De acordo com as informações recolhidas, Angra pode ser a primeira a ter novo responsável máximo da diocese. Talvez ainda este mês, é a expectativa de vários padres na diocese. Mas há quem diga que já não acredita na brevidade da resolução: “Nunca houve uma demora assim e não há razão para que tal aconteça, porque já houve processos a correr”, diz um presbítero de uma das dioceses ao 7MARGENS. “Não se percebe o que o núncio está a fazer para que haja esta demora toda”, acrescenta outro. Sobretudo, diz, sabendo-se que o bispo João Lavrador já manifestara nos Açores a sua vontade de ir para Viana do Castelo, antes de ser nomeado; que o actual arcebispo de Braga chegou a manifestar em privado, em Bragança, o seu desejo de, após meia dúzia de anos, transitar para outra diocese; e que José Ornelas saiu de Setúbal e foi para Leiria muito pelo empurrão do cardeal António Marto. Acrescenta aquele padre: “Se é para ter soluções das quais já se falava há muito, não era preciso esperar quase um ano em cada um daqueles casos e demorar outra vez este tempo todo com Angra, Bragança e Setúbal.”

Há mais de um mês, no dia 4 de Agosto, o 7MARGENS perguntou ao núncio, por correio electrónico, se seria possível ter uma perspectiva de até quando poderia haver novos bispos em cada uma das três dioceses, tendo em conta o ambiente de desânimo que reina entre boa parte do clero. Dias depois, ao insistir por telefone, uma das funcionárias da representação diplomática do Vaticano disse ao 7MARGENS que o núncio Ivo Scapolo dera instruções para que email não fosse respondido.

Para baralhar o problema, surgiu entretanto a questão de uma eventual mudança em Lisboa, conforme o 7MARGENS noticiou, caso o Papa decida antecipar a saída do patriarca, tendo em conta a proximidade da Jornada Mundial da Juventude, que decorre na capital de 1 a 6 de Agosto do próximo ano, aceitando a disponibilidade do cardeal para sair. 

Angra: “Temos fama de não sermos fáceis”
Nuno Almeida, bispo auxiliar Braga

Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, um dos nomes de quem se fala para Bragança-Miranda. Foto: Direitos reservados.

Enquanto se espera pelas nomeações, faz-se a dança dos nomes que correm em conversas entre o clero ou entre alguns leigos com responsabilidade em dioceses.

Para Angra, tem aparecido o nome do actual administrador da diocese, Hélder Fonseca, mas um dos membros do clero açoriano diz que ele tem alguns “anticorpos” entre os padres da diocese. “Não é fácil ser bispo aqui nas ilhas”, diz um outro clérigo dos Açores. “A dispersão geográfica reforça os bairrismos, que infelizmente também existem na Igreja”. De qualquer modo, este presbítero está confiante que até final do mês surja a notícia da nomeação. “Talvez no dia litúrgico dos arcanjos”, a 29 de Setembro, diz.

Um outro padre diz que “a relação entre o clero e o bispo nunca é fácil”, mas que uma “condição essencial para se ser nomeado bispo deveria ser a de não o querer ser, ao contrário do que acontece com alguns que foram nomeados nos últimos anos”.

Outros dos nomes de que se fala nos Açores são os dos bispos das Forças Armadas, Rui Valério, e de São Tomé e Príncipe, Manuel António Mendes dos Santos – que é apontado também como hipótese para Setúbal. Mas comenta-se igualmente que poderá haver um jesuíta a ser nomeado ou António Manuel Saldanha, que trabalha em Roma, mas é visto por alguns padres como não estando na linha do Papa Francisco.

“Também sabemos que a alguns não agrada vir para os Açores”, diz um outro padre. “Temos fama de não sermos um clero fácil e a dispersão não ajuda.” Mas este clérigo acrescenta outras razões, mais históricas e de fundo: “No pós-Concílio [Vaticano II, na década de 1960], apareceu uma grande divisão teológica, pastoral e moral em toda a parte, mas aqui ela foi extremamente aguerrida. Alguns dos melhores abandonaram o ministério, por causa da [encíclica do Papa Paulo VI] Humanae Vitae [sobre o planeamento familiar].”

Desde essa crise, acrescenta, vários dos que têm um pensamento crítico abandonam o ministério, e por isso também o panorama de uma parte da hierarquia e do clero é “sofrível”, diz outro dos padres açorianos. “Angra é a segunda diocese com mais pessoas a estudar fora, depois de Braga”, acrescenta o mesmo clérigo. “E tínhamos um seminário aberto, onde se ensinava Psicologia, Sociologia, Nietzsche, Erasmo – não era ler sobre eles, éramos incentivados a ler autores como esses.”

Já para Bragança-Miranda, o actual bispo auxiliar de Braga, Nuno Almeida, é um dos nomes apontados, a par dos padres Joaquim Dionísio e João Morgado, ambos de Lamego, António Jorge Almeida (de Viseu, mas com o cargo de reitor do Seminário Interdiocesano em Braga) e Delfim Gomes, de Bragança. 

Desconforto entre bispos

Pelos vistos, adiantam fontes eclesiásticas da diocese, o processo terá ido directamente para Roma depois de feita a auscultação inicial. Ou seja, a nunciatura (embaixada) do Vaticano em Lisboa, que coordena estes processos, reuniu informação e, em vez fazer a lista com três nomes que sujeita depois à apreciação dos padres da diocese, terá enviado directamente a lista para Roma. Nessa auscultação inicial, vários presbíteros e outras pessoas são chamados a pronunciar-se, a propósito de um questionário que tenta averiguar as qualidades morais e a disciplina eclesiástica do candidato, mas que nunca fala do Evangelho, como o 7MARGENS já contou, quando publicou o questionário na íntegra.

Entre pelo menos alguns bispos portugueses, este método provoca algum desconforto, por concentrar toda a decisão nas mãos de uma pessoa só – no caso, o núncio. “Ele pode consultar quem entender na diocese ou fora e mandar a lista para Roma, sem que se saiba se ela corresponde às pessoas mais consensuais”, lamenta um deles.

Em Setúbal, finalmente, no quadro de “uma diocese sem rosto, sem liderança, em que cada um neste momento faz o que entende”, há um sentimento de “orfandade”, diz um padre ouvido pelo 7MARGENS. Outro pensa que, pelo contrário, a diocese “vai funcionando”. Fala-se, também aqui, dos nomes do bispo auxiliar do Porto, Armando Esteves, e do de São Tomé, Manuel Mendes dos Santos.

Mas um membro do clero setubalense também admite que não é fácil para alguém aceitar ser bispo na diocese: caracterizada por ter um importante grupo de padres ligados ao movimento Comunhão e Libertação, de pendor mais conservador, o clero está “muito dividido”, diz.

Um outro padre açoriano confirma a observação, contando que há cerca de dois anos esteve com um grupo de padres de Setúbal que visitaram a região, acompanhados do bispo Ornelas: “Só havia dois sem cabeção e um deles era o bispo. Um deles andava de cabeção e calções, não percebendo sequer o ridículo.” Mas este padre não se admira: “O que atrai hoje mais muitos seminaristas e padres novos é uma estrutura psicossocial única, uma orientação sexual que não se entende bem e um estilo tridentino”, lamenta.

In 7 Margensaqui. O negrito é nosso

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Testemunho sem nome e sem medida

 A filha mais nova morrera com meningite. Tinha pouco mais de três anos quando o fatídico sucedeu. Os pais ficaram destroçados, como é de imaginar, e esqueceram que tinham outro filho, um pouco mais velho, com a idade suficiente para pensar estes acontecimentos e achar que os pais estavam perdidos e focados na morte da filha, esquecendo que eles próprios tinham uma vida e outro filho a precisar deles. 

Um dia, já lá iam vários meses da morte da irmã, o filho decidiu confrontar os pais com estes pensamentos, pedindo-lhes que não se esquecessem que ele existia, estava vivo e precisava deles. No seguimento da conversa, rogou-lhes que fossem ao jogo de futebol que ele tinha no dia seguinte, para o aplaudir e para o acompanharem num momento que lhe era muito importante. Os pais, caindo em si, decidiram acompanhar o filho. E lá estavam, naquele dia, na bancada do campo de futebol para se fazerem presentes na vida do seu filho, quando uma trovoada irrompeu pelo meio do jogo e um raio atingiu o filho que lhes restava, acabando por lhe tirar a vida. Ficaram sem chão, sem tecto, sem paredes, sem nada. 
A mãe contava tudo com os olhos lacrimejantes. Mas vivos. Haviam passado muitos anos. E ela não tinha deixado morrer a sua vida. A conversa que estava a ter com outras mães versava sobre a fé, sobre a sua necessidade, sobre os seus frutos e sobre a importância de Deus nas nossas vidas mesmo, e sobretudo, no meio das adversidades e afrontas. Quem a escutava perguntava como é que ela e o marido haviam conseguido ultrapassar e lidar com isto. E aquela mãe explicava que só a fé a ajudara a viver com esta dor. Ela que, antes da morte dos filhos, não tinha fé, passara a tê-la. Mais, dizia que não tínhamos nada e sabia que os filhos que trouxera ao mundo eram mais de Deus que dela. No entanto, sempre que rezava, os filhos voltavam a ela. Voltavam com Deus. E assim, em Deus, continuava a ter muito dos filhos.
Fonte: AQUI

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Não sou monárquico, mas simpatizo com a monarquia britânica

8 de setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, partiu deste mundo Isabel II, a rainha do Reino Unido que reinou durante 70 anos.

Tinha 96 anos e cumpriu até ao fim o que prometera aos 21 anos de idade:  dedicar a vida — “seja longa ou curta" — a servir o país.

Então o que aprecio em Isabel II?

- Após o seu falecimento, os comentadores assinalam que esta rainha pôs sempre o país à frente dos seus interesses e da sua família. Não é isto que todos queremos que aconteça com os governantes?

- Nunca deu uma entrevista e sempre preservou a sua privacidade. Como que a dizer que o importante era o bem comum para o qual reservava a sua "voz".

- Os problemas que enfrentou - como qualquer mortal - nunca a afastaram da sua tarefa de magistrada suprema da nação. Ela chegou a referir-se a 1992 como o seu "annus horribilis", tantos os problemas familiares que a afectaram nesse ano.

- Embora não seja a minha opinião pessoal, compreendo a sua decisão de permanecer até ao fim em funções. Foi o que prometeu aos 21 anos, foi o que cumpriu até à morte.   Pessoalmente entendo que até aos setentas, somos nós que mandamos; a partir dos setentas, quem manda é a idade.  Há tempo para tudo. Tempo para o trabalho e tempo para a reforma; tempo para estar à frente e tempo para apoiar na retaguarda. 

- Era uma pessoa de fé profunda, que não escondia ou tinha vergonha da sua fé.  “Foi nas suas mensagens à nação que assistimos de forma crescente ao testemunho público da sua fé cristã. Fazia-o com naturalidade e elegância, sem imposição, prestando também nisso um serviço”, explica o padre Peter Stilwell. 

- O respeiro e carinho do seu povo, manifestados em vida e após a morte, que a rainha sempre soube conquistar e manter com o seu aprumo, dedicação, competência e espírito de serviço à causa pública.

- Se olharmos bem para a Europa, praticamente todas as nações que estão na linha da frente do bem-estar e do progesso social vivem em regime monárquico. Claro que também há repúblicas - sendo republicano, digo-o com satisfação - que vivem em avançado estado de desenvolvimento.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Governo aprova programa de 2400 milhões para apoiar rendimentos das famílias

 Ver aqui

A cadeira de rodas e o bispo de Roma

 "O papa claudicante que saudou os liturgistas italianos é a imagem do profeta no meio do povo. Eu gostaria que todos pudéssemos caminhar assim", escreve o teólogo italiano Andrea Grillo, professor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, em artigo publicado no blog Come Se Non, 03-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini. 

Eis o artigo. 

Esta semana realizou-se em Roma, em Santo Anselmo, a 50ª Semana de Estudos da APL (Associação dos Professores de Liturgia). No último dia do encontro, os participantes foram recebidos pelo Papa Francisco em audiência privada. 

Um amigo me enviou o vídeo da chegada do papa na sala: o papa caminha com dificuldade, um pouco curvado, e tem dificuldade para subir o degrau em que está colocada a sua poltrona. Todos os comentários dos amigos destacaram o esforço que transpirava naquela entrada. No entanto, quem como eu que estou há mais de um mês privado do uso das pernas, pensei o contrário: “pudesse eu caminhar assim'! 

Dá espaço a muitas reflexões o ponto de vista muito diferente com o qual é possível julgar um mesmo gesto. Mas a ocasião pode nos fazer pensar melhor em como existe uma estreita ligação entre o exercício do ministério petrino do bispo de Roma e seu andar. 

Um papa em cadeira de rodas é uma espécie de papa na cadeira de gestatória reduzida aos mínimos termos. Ele é um papa que se faz conduzir. Isso não é necessariamente um mal, mas certamente constitui um forte limite à iniciativa do papa. Por outro lado, um papa que caminha, embora com dificuldade, sofrimento e dor, ainda escolhe ele mesmo para onde ir. E se, além disso, o papa superar seus problemas e voltar a caminhar livremente, eis que ninguém mais o segura. 

Essas três condições diferentes (na cadeira, claudicante ou em forma) correspondem a três posições do bispo em relação ao seu povo. Um bispo na cadeira de rodas está no fundo do povo de Deus e se deixa arrastar pelo sensus fidei. Um bispo claudicante, por outro lado, fica no meio da sua própria caravana, no meio do povo, e se apoia ora em um, ora no outro para ir adiante. 

Um bispo em forma está na frente, lidera, guia e discerne primeiro. O rei está na frente, o profeta está no meio e o sacerdote está no fundo. Talvez quando vemos o papa na cadeira de rodas esquecemos que ele não é apenas rei. Talvez quando o vemos em plena forma diante de todos, devemos lembrar que ele também é profeta e sacerdote. Ser conduzido pelo povo não é de modo algum um vício, como seria ser conduzido pela cúria. 

Assim, o papa claudicante que saudou os liturgistas italianos é a imagem do profeta no meio do povo. Eu gostaria que todos pudéssemos caminhar assim.

Fonte: aqui